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Onde há problema, há oportunidade: a inovação no serviço público
Se existe um lugar onde os problemas são abundantes, esse lugar é o setor público brasileiro. Processos burocráticos demorados, serviços ineficientes, falta de integração entre sistemas, servidores desmotivados.
Mas, e se em vez de enxergarmos isso apenas como desafios, começássemos a vê-los como oportunidades?
A Teoria do Oceano Azul é uma abordagem estratégica desenvolvida por W. Chan Kim e Renée Mauborgne, apresentada no livro A Estratégia do Oceano Azul (2005)[1]. Essa teoria propõe que empresas devem buscar mercados inexplorados (oceanos azuis), criando espaços de mercado livres de concorrência, em vez de competir em mercados saturados (oceanos vermelhos).
Inovação é faminta de problemas. E não há terreno mais fértil para a inovação do que o serviço público. O serviço público é um baita oceano azul a ser explorado!
Com o avanço da inteligência artificial, a transformação digital deixou de ser um conceito abstrato e se tornou uma necessidade real. E, ao contrário do que alguns temem, a IA não veio para emburrecer as pessoas. Não! Ela está aqui para torná-las superprodutivas, mais eficientes e, sim, mais felizes no trabalho.
Imagine um serviço público onde servidores não precisem gastar horas preenchendo formulários manuais, procurando informações em sistemas desatualizados, criando e atualizando manualmente tabelas infindáveis. E o pior, para dificilmente utilizar esses dados de forma inteligente e estratégica.
Agora imagine um serviço público no qual processos burocráticos sejam automatizados e bem delineados, permitindo que as pessoas foquem no que realmente importa: compreender e atender melhor o cidadão, tomar decisões estratégicas e desenvolver políticas públicas mais eficazes.
Isso não é um sonho distante. A tecnologia já existe. O que falta? Capacitação. Letrar esse povo todo! Ferramentas já existem e são muitas.
Para que a inteligência artificial seja uma aliada real, os servidores precisam estar preparados. A alfabetização digital deve ser prioridade. Treinamentos práticos, oficinas de inovação, capacitações em ferramentas tecnológicas. Tudo isso é fundamental para que o servidor não veja a IA como uma ameaça, mas como ela é, um suporte que potencializa seu trabalho.
A boa notícia é que esse movimento já começou. Iniciativas de transformação digital no governo estão ganhando força. Um exemplo é o projeto Caravanas de Inovação, do Laboratório de Inovação da Advocacia Geral da União (Labori). Essa iniciativa se propõe a identificar, ressignificar e resolver problemas comuns à advocacia pública nacional, transformando-a em um verdadeiro agente da transformação digital do sistema de justiça.
Há muito a fazer. É preciso democratizar o acesso ao conhecimento, mostrar que a inovação não é um luxo, mas uma necessidade para um serviço público mais ágil, transparente e eficiente.
No fim das contas, inovar no serviço público não é apenas melhorar processos. É melhorar vidas. Tanto dos servidores, que ganham mais qualidade no trabalho, quanto da população, que recebe serviços mais rápidos e eficazes.
O serviço público brasileiro tem problemas? Muitos. Mas onde há problema, há oportunidade. E talvez estejamos vivendo o momento perfeito para saber lidar com problemas e transformar desafios em soluções inovadoras.
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[1] https://www.blueoceanstrategy.com/what-is-blue-ocean-strategy/
