Discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia alusiva aos 164 anos da CAIXA, em 13 de janeiro de 2025
Muito bem. Bem, meus amigos e minhas amigas.
Antes de fazer o meu discurso, companheiro Carlos [Carlos Vieira, presidente da Caixa], eu quero te dizer que eu tenho dois momentos de muita alegria nesse país com relação aos bancos e, sobretudo, com a Caixa.
Nos meus dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010, nós bancarizamos 70 milhões de pessoas nesse país, ou seja, o que equivalia à população na época da Argentina e da Colômbia juntos. Um dos momentos mais extraordinários que eu vivi dentro da Caixa foi aqui em Brasília, quando nós fomos fazer a ficha bancária de uma catadora de material reciclável.
E essa mulher começou a chorar porque ela nunca imaginou que ela pudesse entrar no banco e, mais importante, ela nunca imaginou que ela pudesse ter uma conta no banco. E isso marcou a minha vida porque, muitas vezes, as pessoas que têm melhor qualidade de vida não têm noção do valor que as pessoas mais humildes dão às coisas que parecem elementar para quem já nasce com a conta bancária e não tem noção do significado de uma conta bancária para as pessoas mais pobres.
Então, Carlos, meus parabéns a você, parabéns aos convidados, parabéns aos funcionários da Caixa, e eu quero dizer algumas coisas para vocês.
Primeiro, eu acredito num mundo melhor, onde todos os povos, sem exceção, possam viver livres das guerras, da fome, das desigualdades e dos desastres naturais provocados pela mudança do clima.
Quando eu vejo a propaganda de aniversário da Caixa, eu sou obrigado a concordar. Porque se tem um povo que merece ser feliz é o brasileiro.
Um povo que nunca desiste, mesmo quando tentam lhe roubar o sonho e a esperança. Um povo que não foge à luta, que trabalha de sol a sol, e acredita que amanhã vai ser melhor. Me refiro, em especial, à parcela mais sofrida da nossa população.
Ao longo desses cinco séculos de história, foram poucos os momentos em que o povo brasileiro recebeu de seus governantes o cuidado que merece.
Acabamos de completar dois anos de governo com a certeza de que estamos vivendo um desses momentos. Nossa economia cresce acima das previsões do mercado, e cresce para todos. A geração de empregos bate recordes. A renda das famílias continua crescendo. Temos as menores taxas de pobreza e extrema pobreza da história.
É uma felicidade extraordinária poder contar mais uma vez com a parceria da Caixa na construção de um Brasil mais desenvolvido, mais justo, mais inclusivo e mais feliz.
Há 164 anos, a Caixa trabalha pelo povo brasileiro. Foi assim mesmo nos períodos mais sombrios da nossa história, a exemplo da escravidão. Eu penso no sofrimento de milhões desses seres humanos africanos arrancados do continente africano, desumanizados e vendidos como mercadoria.
A história conta que algumas dessas pessoas escravizadas eram liberadas pelos seus “donos” para outros tipos de trabalho, mas tinham que entregar a eles quase tudo o que recebiam. Ficavam com uns poucos trocados, que iam juntando para um dia, quem sabe, comprar a carta de alforria.
Certamente foi esse o caso da Joanna e da Margarida, cujas histórias estão sendo contadas aqui: duas mulheres escravizadas que abriram poupança na Caixa e todos os meses depositavam o pouquinho que ganhavam.
Eu penso na felicidade da Joanna e da Margarida no dia em que cada uma delas juntou tudo o que tinha poupado na Caixa e realizou o sonho da liberdade.
Um século e meio depois, penso na felicidade de milhões de brasileiros e brasileiras que podem contar com a Caixa nos momentos mais importantes de suas vidas.
Lembro que sem a Caixa – e os demais bancos públicos – nós não teríamos transformado numa simples marolinha o tsunami da crise financeira que varreu o mundo em 2008.
Penso na felicidade de mais de 24 milhões de famílias livres da fome, com a ajuda do Bolsa Família. Nas famílias que recebem as chaves de uma unidade do Minha Casa, Minha Vida, e ficam livres do aluguel. Nos milhões de estudantes carentes do ensino médio que todos os meses recebem o Pé-de-Meia e ficam livres da obrigação de abandonar os estudos para trabalhar. Nos filhos dos trabalhadores que se tornam doutores, com a ajuda do FIES.
Nos agricultores familiares e nos pequenos empreendedores individuais que podem contar com o microcrédito da Caixa para financiar a produção rural e manter seus pequenos negócios.
Sem falar na gestão operacional de quase mil projetos do Novo PAC: creches, escolas de tempo integral, hospitais, maternidades, policlínicas e outros equipamentos de infraestrutura que melhoram a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Sem falar na retomada de quase 1.700 obras que estavam paralisadas, e nos investimentos em esporte e cultura.
E sem falar também na esperança de milhões e milhões de brasileiros e brasileiras que toda semana fazem a sua fezinha numa das loterias da Caixa.
Eu quero, Carlos, terminar fazendo uma saudação especial aos mais de 80 mil trabalhadores e trabalhadoras da Caixa, responsáveis pelo atendimento de mais de 153 milhões de clientes, em praticamente todos os municípios do Brasil.
Cada uma e cada um de vocês pode ter consciência que pode dormir à noite com a consciência tranquila, sabendo que ajudou a fazer o povo brasileiro ser mais feliz.
Eu quero, Carlos, dar os parabéns a você, parabéns aos convidados e dar parabéns a todos os funcionários da Caixa e todos os colaboradores.
Porque a Caixa é um exemplo de instituição que ajuda de verdade a fazer esse país muito mais feliz.
Um abraço, parabéns, Carlos, e muito obrigado.