Acervo Cultural
Painel de Roberto Burle Marx, localizado no Salão Leste do Palácio do Planalto (Foto: Leonardo Prado)
A Presidência da República mantém um rico e diversificado acervo artístico e histórico, composto por cerca de 2.000 obras — entre pinturas, esculturas, gravuras, tapeçarias, mobiliário e outros objetos de grande valor simbólico e estético. Esse patrimônio está distribuído entre o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Residência Oficial da Granja do Torto.
As obras foram criadas por alguns dos nomes mais relevantes das artes visuais no Brasil, como Alfredo Volpi, Athos Bulcão, Di Cavalcanti, Djanira, Daiara Tukano, Sérgio Rodrigues, Anna Maria Niemeyer e Oscar Niemeyer, entre muitos outros. O acervo, de natureza pública, inclui também móveis históricos datados a partir do século XVII.
Conservação e restauração
A Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais, vinculada ao Gabinete Pessoal do Presidente da República, é responsável pelo inventário, identificação, conservação, restauração, destinação e difusão do acervo artístico e histórico sob sua guarda.
Esse trabalho de preservação teve início em 2009, com o resgate de obras até então esquecidas em depósitos ou armazenadas de forma inadequada em órgãos públicos federais. Desde então, essas obras passaram a receber tratamento técnico especializado, com base em seu valor histórico, artístico e material. Muitas foram reintegradas aos espaços públicos dos palácios, permitindo acesso da sociedade ao seu patrimônio cultural.
Trabalho de conservação das obras de arte
(Fotos: DCPP/Presidência da República
Identificação e difusão
A Presidência da República realiza o levantamento, a catalogação e a sistematização das informações relativas às obras que compõem o acervo. Além da identificação, são desenvolvidas ações de difusão, com o objetivo de ampliar o acesso público e fomentar o conhecimento sobre a importância histórica e artística desse patrimônio.
Um exemplo dessa iniciativa foi a exposição “8 de Janeiro: Restauração e Democracia”, realizada entre janeiro e fevereiro de 2025. A mostra apresentou obras restauradas após os ataques de 8 de janeiro de 2023, além de fotografias que documentam o processo de restauro. A ação foi viabilizada por meio de parceria entre a Presidência da República, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Além da exposição, também foi elaborado o livro "Restauração: democracia, preservação e memória", que apresenta depoimentos, bastidores e as articulações feitas para tornar possível a recuperação das obras de arte.
Livro "Restauração: democracia, preservação e memória" (download)
No subsolo do Palácio do Planalto, está aberta à visitação uma exposição permanente que apresenta sete plantas baixas projetadas por Oscar Niemeyer e Burle Marx, além de um estudo para azulejo de Athos Bulcão. Esses projetos, relacionados à construção ou reforma dos palácios presidenciais, são acompanhados de fotografias históricas que contribuem para a preservação do imaginário palaciano.
Exposição Estruturas - Mostra de plantas dos palácios presidenciais, no subsolo do Palácio do Planalto (Fotos: DCPP/Presidência da República)
Fotos e azulejos de Athos Bulcão
As visitas gratuitas ao Palácio do Planalto podem ser agendadas pelo público. O serviço, promovido pela Coordenação de Relações Públicas da Presidência da República, ocorre aos domingos, das 9h às 14h. Os roteiros incluem a apresentação dos principais salões e das obras de arte expostas. O agendamento deve ser feito pelo site: https://visitapr.presidencia.gov.br/
Diversificação do acervo
Com o objetivo de refletir a pluralidade da sociedade brasileira, a Presidência da República tem investido na ampliação e diversificação de seu acervo, incorporando obras de artistas pretos, indígenas, mulheres, pessoas LGBTQIAPN+ e outros grupos historicamente marginalizados.
As obras, doadas pelos próprios artistas, contribuem para a construção de um acervo mais democrático e representativo da contemporaneidade. Exemplo disso são as obras “A queda do céu e a mãe de todas as lutas”, da artista indígena Daiara Tukano, e “Luiz”, de Alexandre Ignacio Alves, que evocam, respectivamente, a cosmovisão indígena e a ancestralidade preta brasileira.
A queda do céu e a mãe de todas as lutas, Daiara Tukano, 2022 (Fotos: DCPP/Presidência da República)
Luiz, Alexandre Alves, 2017
Outro destaque recente foi o projeto de confecção de novos tapetes para o Palácio do Planalto, realizado em 2024. Três tapetes passaram a integrar a ambientação do terceiro andar do edifício, renovando os espaços e incorporando elementos da arte e da cultura nacionais. O projeto foi desenvolvido pela equipe da Diretoria Curatorial, com inspiração no único tapete desenhado por Oscar Niemeyer — para o Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro — e nas formas do espelho d’água do Palácio do Planalto, além de dialogar com o painel de Burle Marx localizado no Salão Leste.
Tapetes e ambientação do 3º andar do Palácio do Planalto
Ambientações do 2º andar do Palácio do Planalto
Reparação histórica
A recente atualização da coleção de arte da Presidência da República, conduzida pela Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais, representa um gesto simbólico e estrutural de grande importância para a memória visual do Brasil. Trata-se de uma operação estética, política e histórica que reposiciona os palácios do Planalto e Alvorada não apenas como sedes de poder, mas como espaços de representação plural e crítica da nação brasileira.
Durante décadas, a coleção palaciana refletiu um recorte estreito da arte moderna brasileira, calcado na monumentalidade institucional de nomes consagrados, predominantemente brancos, do sudeste do país. A atualização ora promovida — com a incorporação de obras de artistas indígenas, negros, LGBTQIA+, periféricos, mulheres e vozes historicamente marginalizadas — não apenas corrige distorções de representatividade, como reposiciona o olhar institucional em relação ao presente.
A presença de obras de Daiara Tukano, Alexandre Inácio Alves, Antônio Kushinir, Alex da Hora, Corina Ishikura, Adriana Rocha, Moema Dourado, Cadeh Juaçaba, Reynaldo Candia e Patricia Bagniewski, entre outros, não deve ser lida como gesto meramente simbólico, mas como inserção efetiva de novas epistemologias no coração da República. Há uma mudança de paradigma: o Brasil que antes se via em moldes eurocêntricos e modernistas agora se revê em sua diversidade cosmopolita, sul‑global e profundamente mestiça.
Além disso, a escolha por curadorias temáticas, por vezes críticas e reflexivas, dentro dos palácios, sinaliza uma transformação no próprio papel da arte nas instituições do Estado: ela não apenas embeleza ou legitima o poder, mas o interroga, o tensiona, o humaniza.
É importante notar que esta atualização não apaga o acervo histórico já existente, mas o reposiciona. A fricção entre o moderno e o contemporâneo, entre o cânone e a ruptura, entre a memória oficial e as memórias insurgentes, compõe um novo campo de forças estético‑político que se quer mais honesto com a complexidade brasileira.
Esta é, enfim, uma curadoria que não teme a contradição — antes, a incorpora como parte essencial do Brasil real, em constante reinvenção. A arte não é adereço do poder, mas espelho crítico da nação que pretendemos construir.
Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais
Onde estamos
Palácio do Planalto, Subsolo – Sala 31 – 70150-900 - Brasília (DF)
Presidência da República
Quem somos
Rogério Carvalho
Diretor Curador
Telefone: 3411-1168
E-mail: dcpp@presidencia.gov.br
Marly Licassali
Coordenadora-Geral Administrativa
E-mail: marly.licassali@presidencia.gov.br
Daniele Dias
Coordenadora-Geral Técnica
E-mail: daniele.cunha@presidencia.gov.br
Rosângela Nuto
Coordenadora de Identificação e Difusão
E-mail: rosangela.nuto@presidencia.gov.br