O Estado Imperial brasileiro foi construído, a partir de 1822, não por D. Pedro I e seu entorno, mas sim através da atuação de diversos grupos situados nos inúmeros municípios do Império. Entre esses grupos estavam as elites locais, que viram no apoio ao novo imperador uma chance de obterem benesses e prestígio.
Especial Bicentenário da Independência
Os momentos festivos evidenciavam a importância que a ideia do constitucionalismo teve na cultura política do Pernambuco Oitocentista. Tal princípio liberal esteve no centro de várias reorganizações institucionais ocorridas no mundo Atlântico e teve destaque na linguagem festiva.
Um “engano”, “crença em uma ilusão”. Foi dessa forma que sacristão arrependido, o português João Caetano de Faria Vieira, justificou seus posicionamentos políticos no passado próximo e que agora lhe cobrava explicações. Foram exigidas explicações sobre sua conduta política, em razão de novo cenário que se instalava na dinâmica política e ia sedimentando o caminho pela autonomia, emanado do centro-sul, liderado pelo príncipe regente, d. Pedro, apoiado por poderosos grupos (alta nobreza, burocracia, comerciantes e traficantes de escravos) da corte no Rio de Janeiro e do seu entorno.
A visão tradicional convencionada de um rompimento singular e pacífico com Portugal, protagonizado por d. Pedro I e seu brado retumbante de independência ou morte, vem sendo desconstruída pela historiografia contemporânea. O estudo das várias independências do Brasil lança luz sobre diferentes agentes históricos, com projetos e interesses cambiantes, que atuaram nas mais diversas regiões e temporalidades.
Se no início de sua carreira acadêmica dedicou-se ao Direito Canônico, à Filosofia, às línguas grega e hebraica, Silva Lisboa se destaca perante o regente pelos seus conhecimentos adquiridos através da leitura dos escritos de Adam Smith. Torna-se um pensador econômico, aos poucos, como bom representante do Iluminismo, vai agregando novos interesses nas áreas da História, Sociologia, Religião, Educação e Política.
O processo de independência do Brasil teve desenvolvimentos diversos em cada província do território. Se houve regiões onde a adesão ao governo de d. Pedro foi mais tranquila e imediata, houve províncias onde as disputas chegaram a se tornar guerras longas e sangrentas, como o caso baiano.
Após a Independência do Brasil e no curso das guerras que lhe foram contemporâneas, a consolidação do novo Estado exigiu uma organização dos códigos legais e estruturas governamentais.