Notícias
Brasil avança em Geodésia Espacial com instalação de nova antena do Rádio Observatório Espacial do Nordeste
Antena do Rádio Observatório Espacial do Nordeste (ROEN). Foto: Mackenzie.
Na última sexta (31), foi inaugurada, em Eusébio–CE, a antena do Rádio Observatório Espacial do Nordeste (Roen) e seu novo terminal VGOS (VLBI Global Observing System), iniciativa do Space Geodesy Program (SGP).
O SGP é fruto de um Memorando de Entendimento entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), para a cooperação em Geodésia Espacial, com ênfase em Interferometria de Linha de Base Muito Longa (VLBI).
A antena integra uma rede global de antenas similares, cujos dados e produtos são utilizados em aplicações e serviços que incluem Observação da Terra, Posicionamento, Navegação e Medição do Tempo.
O novo equipamento substituirá gradativamente a antena de 14 metros de diâmetro, instalada em meados dos anos 90. Com a mudança será possível prover, com precisão e estabilidade a longo prazo, um referencial terrestre capaz de sustentar pesquisas em ciências da Terra, estudos climáticos e navegação por satélite, como a elevação do nível do mar, a perda de gelo e o movimento da crosta terrestre. Além disso, permitirá estudos sobre fenômenos como atividade sísmica, variações atmosféricas, enchentes, meteorologia e telecomunicações.
“Negociar este Acordo de Implementação, fruto de mais de 20 anos de cooperação entre a AEB e a NASA, foi uma experiência gratificante. Trata-se de um instrumento que possibilitará o desenvolvimento de aplicações e serviços em áreas como observação da Terra, posicionamento global, navegação e medição do tempo. Os resultados fortalecem a rede global de geodésia e, ao mesmo tempo, impactam diretamente a vida dos cidadãos, evidenciando de forma clara os benefícios que as atividades espaciais proporcionam à sociedade”, afirma a Assessora de Cooperação Internacional da AEB, Márcia Alvarenga.
Em 2023, a AEB assinou um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie para impulsionar as atividades de pesquisa, desenvolvimento e formação de recursos humanos no Roen.
Atualmente, o Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), instituição anfitriã do observatório, coordena as operações científicas por meio de um contrato bilateral com a NASA. Já o Instituto Nacional de Atividades Espaciais (INPE) é responsável pela manutenção da área e suporte técnico, enquanto a UFERSA e outras universidades locais contribuem com pesquisa e formação acadêmica.
O objetivo é ampliar o número de pessoas com capacidade de operar esse sistema, além de disseminar o conhecimento agregado nessas tecnologias que vão desde a criogenia, eletrônica, telecomunicações, mecânica de precisão, até engenharia de software. Estes temas e iniciativas são de interesse do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) 2022-2031, em especial o Objetivo Estratégico de Espaço 5 – Fomentar o desenvolvimento de competências científica, tecnológica e de inovação para o setor espacial.
“A inauguração do novo terminal do Roen é um marco para a ciência brasileira e para a presença estratégica do Nordeste na rede global de geodésia espacial. Com tecnologia de ponta e cooperação internacional, fortalecemos a capacidade do Brasil de abrir novas oportunidades para a formação de jovens pesquisadores e o avanço do conhecimento em áreas estratégicas para o país e para o mundo”, explica o Coordenador do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie, Dr. Jean Pierre Raulin.
Em 2022, o International VLBI Service (IVS) reconheceu o Roen pela contribuição essencial ao referencial terrestre global ITRF2020. Com o novo terminal VGOS, o observatório passa a operar com maior velocidade e eficiência, aumentando a taxa de observações e a qualidade dos dados gerados. Instituições como IFCE, UFC e Uece já colaboram com o Mackenzie e o INPE em programas de iniciação científica, mestrado e doutorado, promovendo a integração entre ensino superior e pesquisa aplicada.
As atividades conduzidas atualmente em Fortaleza, também compõem o NASA Space Geodesy Network (NSGN). As outras localidades no Hemisfério Sul que fazem parte do NSGN são: Arequipa (Peru), Tahiti (Polinésia Francesa), Hartebeesthoek (África do Sul) e Yarragadee (Austrália).
Saiba mais sobre a iniciativa:
Acordo de Cooperação Técnica impulsiona Pesquisa em Geodésia Espacial no Brasil
Presidente da AEB participa da abertura da Escola de verão: Geodésia Espacial (VLBI)
Sobre a AEB
A Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão central do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), é uma autarquia pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira.
Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.
