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Presidente Lula amplia diálogo político e cooperação técnica com Moçambique
Briefing à imprensa no Itamaraty sobre a viagem do presidente Lula a Moçambique, nos dias 23 e 24: estreitar parcerias. Foto: Vitor Vasconcelos / Secom / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realiza visita a Maputo, em Moçambique, nos dias 23 e 24 de novembro de 2025, em um momento marcado pela comemoração, em 15 de novembro, dos 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. A agenda consolida o novo ciclo de aproximação do Brasil com o continente africano e reforça a prioridade dada ao fortalecimento das parcerias históricas, culturais e políticas construídas desde a independência moçambicana, em 1975.
Coincidimos em muitas questões internacionais, em aspirações de países em desenvolvimento e na valorização da inclusão, da ação contra a fome e a pobreza”
Embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário de África e de Oriente Médio do Itamaraty
Nesse período, os dois países construíram cooperação expressiva em saúde, agricultura e educação, além de atuarem de forma convergente em foros internacionais — como demonstra atualmente o apoio moçambicano às iniciativas brasileiras na COP30.
A visita se insere no contexto de parceria madura e em expansão, orientada para ampliar a cooperação técnica, o intercâmbio educacional, o desenvolvimento sustentável e a integração econômica. Moçambique é um dos principais interlocutores do Brasil na África, e a agenda aprofundará essa trajetória estratégica.
“É uma relação profunda com Moçambique, um país que tem uma série de identidades com o Brasil. Coincidimos em muitas questões internacionais, em aspirações de países em desenvolvimento e na valorização da inclusão, da ação contra a fome e a pobreza”, afirmou o secretário de África e de Oriente Médio do Itamaraty, embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, durante briefing a jornalistas nesta quarta-feira, 19 de novembro. “É uma cooperação muito profunda e que pode se desenvolver ainda mais, com imensas potencialidades também na área comercial”, completou o embaixador.
COOPERAÇÃO - Segundo a coordenadora-geral de Cooperação Técnica Multilateral do Itamaraty, embaixadora Luiza Ribeiro Lopes da Silva, Moçambique abriga uma das parcerias mais diversificadas e duradouras do Brasil no continente. Ela explicou que, desde os anos 2000, os projetos contemplam educação, saúde, agricultura e desenvolvimento urbano.
“Trabalhamos com Moçambique em programas de alfabetização, educação com esporte, fortalecimento do órgão regulador de medicamentos, prevenção de câncer, segurança alimentar, horticultura e capacitação em ciências florestais”, listou.
Ao longo das últimas duas décadas, a cooperação entre Brasil e Moçambique também se expandiu para áreas como direitos trabalhistas, formação de professores e fortalecimento institucional. Projetos voltados à inspeção do trabalho, à capacitação de servidores públicos e ao aprimoramento de políticas educacionais tornaram-se frentes relevantes, contribuindo para o desenvolvimento local e para a disseminação de práticas brasileiras reconhecidas internacionalmente.
CAMPO PRODUTIVO - No campo produtivo, o algodão ganhou destaque como um dos setores mais emblemáticos da cooperação brasileira na África, por seu potencial de geração de renda, impacto na agricultura familiar e benefícios diretos às comunidades.
ECONOMIA - O eixo econômico da visita inclui a realização de um seminário empresarial com a participação estimada de 150 a 200 empresários brasileiros e moçambicanos. O secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, embaixador Laudemar Neto, explicou que a ação integra a estratégia de fortalecimento das relações com o continente. “A visita do presidente Lula se insere em uma política ampla de promoção comercial com a África. A ideia é prosseguir e ampliar a diversificação comercial, com destaque para setores de indústria, inovação e saúde”, afirmou.
EDUCAÇÃO – Ele acrescentou ainda que a área educacional ocupa papel estratégico, especialmente com a retomada do Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG) e a relevância histórica do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que já recebeu, nos últimos 20 anos, mais de 300 estudantes moçambicanos em graduação e mais de 500 em pós-graduação. “Hoje temos pelo menos 100 estudantes moçambicanos no PEC-G, e Moçambique é o país africano com maior participação no programa”, pontuou.
Outro vetor de cooperação destacado por Laudemar Neto é a Unilab, universidade criada no governo Lula voltada à integração com países africanos de língua portuguesa. “A Unilab tem mais de 300 estudantes moçambicanos em áreas como agronomia, medicina, administração e pós-graduação. É um marco da colaboração acadêmica entre Brasil e África”, afirmou.
HONORIS CAUSA – O presidente Lula também receberá, durante a visita, o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Pedagógica de Maputo, uma das principais instituições de formação superior do país. A homenagem reconhece sua trajetória pública, além da contribuição do Brasil ao avanço da cooperação educacional e científica com Moçambique.
FLUXO COMERCIAL - O comércio bilateral apresenta margem expressiva de expansão. O intercâmbio entre Brasil e Moçambique foi de US$ 40,5 milhões em 2024, com exportações brasileiras totalizadas em US$ 37,8 milhões, e importações de US$ 2,7 milhões. Os produtos exportados são sobretudo carnes de aves, congeladas ou resfriadas (41%), produtos de perfumaria ou toucados (4,7%) e móveis e suas partes (5%). Já as importações são compostas por tabaco descaulificado ou desnervado (95%).