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"Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir", afirma Lula em Conferência Internacional em Nova York
Presidente Lula durante a Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, na Sede das Nações Unidas, em Nova York (EUA) - Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta segunda-feira, 22 de setembro, da segunda sessão da Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados. Convocado por França e Arábia Saudita, o encontro ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, e antecede a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU).
>> Discurso do presidente Lula na Conferência Internacional
O Governo do Brasil defende que o único caminho para a paz e a estabilidade no Oriente Médio passa pela implementação da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, coexistindo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, com Jerusalém Oriental como capital.
“O conflito entre Israel e Palestina é símbolo maior dos obstáculos enfrentados pelo multilateralismo. Ele mostra como a tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se repitam”
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
“O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação. Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir”, ressaltou o presidente Lula.
Em seu discurso, Lula recordou que o Brasil foi enfático ao condenar os atos terroristas cometidos pelo Hamas, mas pontuou que o direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis. “Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças, destruir 90% dos lares palestinos e usar a fome como arma de guerra, nem alvejar pessoas famintas em busca de ajuda”, disse.
Lula também lembrou que a questão da Palestina surgiu há 78 anos, quando a Assembleia Geral da ONU adotou o Plano de Partilha, originando a perspectiva de dois Estados. No entanto, apenas um se materializou: Israel. “O conflito entre Israel e Palestina é símbolo maior dos obstáculos enfrentados pelo multilateralismo. Ele mostra como a tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se repitam”, assinalou.
RECONHECIMENTO — Durante a Conferência, o presidente da França, Emmanuel Macron, formalizou o reconhecimento do Estado da Palestina, unindo-se a Austrália, Canadá, Reino Unido e Portugal, que anunciaram a mesma decisão no domingo (21). “Saudamos os países que reconheceram a Palestina, como o Brasil fez em 2010. Já somos a imensa maioria dos 193 membros da ONU”, afirmou Lula.
“Apoiamos a criação de um órgão inspirado no Comitê Especial contra o Apartheid, que teve papel central no fim do regime de segregação racial sul-africano. Assegurar o direito de autodeterminação da Palestina é um ato de justiça e um passo essencial para restituir a força do multilateralismo e recobrar nosso sentido coletivo de humanidade”, concluiu o líder brasileiro.
80ª AGNU — Como é tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do Debate Geral. Lula fará a intervenção nesta terça-feira (23) pela manhã, logo após as falas do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidenta da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock, da Alemanha. A abertura é considerada uma oportunidade para apresentar à comunidade internacional as prioridades da política externa do Brasil.
MELHOR JUNTOS — O tema da 80ª sessão é “Melhor Juntos: 80 anos e mais para paz, desenvolvimento e direitos humanos”, em celebração às oito décadas de existência da organização. À margem do Debate Geral, aproveitando a presença dos líderes mundiais, Lula manterá encontros com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e com chefes de Estado e de governo de outras nações.
OITO DÉCADAS – A 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas marca os 80 anos de fundação da ONU, criada em 1945 com a assinatura da Carta de São Francisco. O Brasil foi um dos 51 signatários originais. A criação da ONU representou não apenas o fim da Segunda Guerra Mundial, mas o compromisso da comunidade internacional com a paz, os direitos humanos, a igualdade soberana entre os Estados e o desenvolvimento sustentável. Atualmente, a organização reúne 193 Estados-membros e dois Estados observadores: a Palestina e a Santa Sé.
