Discurso do presidente Lula durante sanção de projetos de lei sobre Pronaf, Plano Safra e criação do Selo Doador de Alimentos
Hoje não tem discurso. Eu vou falar apenas para dizer o seguinte, eu duvido que em algum lugar do mundo um Congresso votou tantos projetos num só tempo e um presidente tenha assinado cinco projetos em meia hora aqui, eu duvido. Quem diz que deputado e senador não trabalha, precisa começar a reavaliar o discurso. Mas aqui é para agradecer a vocês, agradecer aos deputados e deputadas, aos senadores e senadoras. Agradecer a querida companheira Gleisi Hoffmann [ministra das Relações Institucionais] que tem trabalhado para tentar ser a ligação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo.
Agradecer às entidades da sociedade civil que tanto têm brigado e acreditado que é possível a gente fazer as coisas acontecerem, às vezes demora mais do que a gente gostaria, mas as coisas acontecem. Agradecer aos ministros que trabalharam nisso, eu estava pensando que a companheira Macaé [Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania] ia fazer um discurso, mas não deram a palavra para Macaé e eu queria convidar você como ministra dos Direitos Humanos para falar um pouquinho naquela tribuna lá, porque não é justo que você, a ministra dos Direitos Humanos, não fale.
Fala da ministra Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e da Cidadania.
O nosso querido Wellington [Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome] não está aqui porque ele está de férias. Chegou de uma viagem. Ele foi a Cuba com o Paulo Teixeira [ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar], tentar ver se é possível ajudar na produção de alimentos para fortalecer a produção de alimentos em Cuba e ele é um dos responsáveis pelo sucesso das nossas políticas de inclusão social.
Eu queria dizer para vocês que nós estamos chegando ao próximo dos três anos de governo. E eu não sei se na história do Brasil teve um presidente eleito, presidente da República com uma bancada de apenas 70 deputados, conseguisse aprovar, num Congresso de 513 deputados e deputadas, tudo o que nós conseguimos aprovar nesses três anos. Eu acho que pouca vez na história teve um governo que teve uma relação exitosa com a Câmara e com o Senado como nós tivemos aqui.
Às vezes, a gente tem rusga, às vezes a gente tem divergência, mas na essência, na essência, o Congresso Nacional votou tudo aquilo que a gente precisava que fosse votado, tudo. Por isso, meus parabéns ao Congresso Nacional, à Câmara. O companheiro Hugo [possivelmente o Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal] não pode estar aqui, mas eu almocei com ele e com Hugo [Motta, presidente da Câmara dos Deputados]. E eu queria falar para vocês que democracia é um pouco isso. A gente não tem que ser do mesmo partido, a gente não tem que ser da mesma religião, a gente não tem que torcer para o mesmo time.
A gente só tem apenas que ter o bom senso de saber o que é as coisas boas para atender aos interesses da maioria das pessoas no Brasil. Combater a pobreza e a fome não existe outra possibilidade se essa gente não for incluída no orçamento da União. Não é com política de proselitismo que a gente faz as coisas acontecerem, é colocando no orçamento. E vocês estão percebendo que a quantidade de recursos que nós temos de inclusão social, talvez seja a maior de toda a história republicana do nosso país.
O único objetivo é fazer com que o pobre não seja invisível. As pessoas querem ser vistas, as pessoas querem ser enxergadas, as pessoas querem participar do chão em que ele nasceu e quer ajudar a construir, mas ele tem que participar. Então, eu quero dizer para vocês que foi muito importante a aprovação desse projeto. Nós ainda temos mais coisas para aprovar, porque eu acho que nós estamos chegando num momento em que as pessoas vão aprendendo a gostar de coisas boas e vão cada vez mais querendo coisas boas.
E isso é bom, porque isso demonstra que as pessoas gostam de viver bem, gostam de ganhar bem, gostam de trabalhar bem, gostam de se vestir bem. E as pessoas gostam de ter acesso às coisas e a Câmara pode contribuir. Os deputados e as deputadas podem contribuir com isso, fazendo um projeto como esse, um projeto simples que, se você olha, não tem nenhum gasto excepcional. Isso é um dinheiro que é plenamente possível a gente priorizar e colocar no orçamento.
Eu ainda sonho que a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] tenha a maior política de segurança alimentar, porque é importante que a gente tenha a noção de que a arma mais poderosa para um país, em qualquer situação, é saber que tem comida garantida para o seu povo comer. E é isso que nós queremos fazer nesse país. Nós temos terra, temos sol, temos chuva, temos gente para trabalhar, temos gente para comer e tem países que querem comprar o que a gente está querendo vender.
Então, aquilo que parecia impossível, João Paulo, você vê que não tem nada impossível.
Parecia impossível eu e o Trump [Donald, presidente dos Estados Unidos] ter uma química e aconteceu a química. Aconteceu, parecia impossível. Não tem nada impossível quando a gente tem disposição de fazer as coisas. Não tem nada impossível. Portanto, hoje, o dia é de agradecimento aos deputados, aos que apresentaram, aos que foram, aos que relataram, mas, sobretudo, aos que votaram.
Agradecer a vocês. A vida de político é que nem jogador de futebol. Você viu o que aconteceu com o Yuri Alberto [jogador de futebol] domingo contra o Flamengo. Ele foi dar uma cavadinha e ele mostrou para o mundo que ele não sabe dar cavadinha. Era melhor ter dado uma bicuda e ter marcado logo o gol. Mas foi fazer o que só o craque faz. Eu dei muita cavadinha na minha vida. Você não tem noção como eu era bom de cavadinha. Aprendi com um jogador chamado Djalminha, que já se aposentou.
Mas você percebe que o cara não conseguiu dar uma cavadinha e vocês deram uma cavadona. Vocês conseguiram dar uma cavada que a gente pode dizer para o povo mais humilde desse país que as coisas vão acontecer. Os agricultores familiares vão ter o sustento que precisam, o dinheiro que necessitam, os empréstimos que necessitam. Porque, se não for assim, a gente não sai da mesmice.
Se a gente não tomar cuidado, daqui a pouco a gente volta à fome outra vez. Por isso é que essas políticas têm que ser perenes e continuadas. Tem que ser perene e contínua.
Tem que ser perene e contínua até que um dia a gente não precise ter tanta política. Quem sabe a gente tenha a sociedade vivendo sem precisar de política de favores, mas vivendo às custas do seu trabalho e do seu salário e da sua capacidade de empreendedor, esteja no campo da cidade.
Parabéns, Gleisi [Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República]. Parabéns, Paulo [Teixeira]. Parabéns, Osmar [Júnior, secretário-executivo do MDS] que está aqui no lugar do Wellington [Dias]. Parabéns, querido Hugo Motta. E parabéns a vocês, deputados e deputadas, que deram um dia de presente para o povo brasileiro que precisa mais do que nós.
Um beijo no coração de todos vocês.