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CIÊNCIA E ACOLHIMENTO
O SAE Infectologia do HU-Furg celebra 35 anos cuidando e transformando vidas
Rio Grande (RS) – O Serviço de Atendimento Especializado em Infectologia (SAE Infectologia) do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), completa 35 anos em 2025. Uma história que começou com o atendimento de um paciente infectado pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), antes de 1990, e que, até hoje, é marcada pelo acolhimento, pela ciência e pela dedicação de quem acredita que cada vida importa.
A celebração alusiva aos 35 anos será realizada em 12 de novembro, das 13h às 17h, no Anfiteatro Prof. Vicente Mariano Pias, na Área Acadêmica Prof. Newton Azevedo. Participe!
Um vírus desconhecido
O HIV teve origem entre 1890 e 1920, quando um vírus que infectava macaco na África Central passou para os humanos. O primeiro caso confirmado foi registrado em 1959, na República Democrática do Congo, e nas décadas seguintes o vírus se espalhou silenciosamente pela bacia do Congo. Em 1981, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, mais conhecida como Aids, foi identificada nos Estados Unidos. Basicamente, o que ocorre é: o vírus ataca as defesas do corpo humano e, sem tratamento, evolui para a síndrome, transformando vidas em uma luta constante.
Foi nesse contexto de medo, desinformação e preconceito que o Serviço de Aids foi criado no HU-Furg, em 1990. Tornou-se pioneiro no cuidado, oferecendo diagnóstico, tratamento e, principalmente, um espaço de acolhimento e esperança para pessoas vivendo com HIV. Quatro anos depois, o Serviço avançou com a implantação do Hospital-Dia. Isso permitiu ampliar o acompanhamento, disponibilizando cuidado contínuo e multidisciplinar aos pacientes.
Já, em 1998, foi inaugurada a Ala Rosa, com estrutura para atendimento adulto e pediátrico. No mesmo ano, o credenciamento do Laboratório de Apoio à Aids, pelo Ministério da Saúde, reforçou a importância do HU-Furg como referência para 21 municípios da Região Sul do Rio Grande do Sul. Mais tarde, o nome mudou, passou a ser Serviço de Atendimento Especializado em Infectologia (SAE Infectologia), mas a essência permaneceu: a missão de oferecer cuidado integral, enfrentar o estigma e transformar vidas com base na ciência, no respeito e no acolhimento.
Assim, o HU-Furg consolidou-se como referência regional pelo diagnóstico e tratamento, mas também pelo acolhimento. Cada consulta, cada acompanhamento, cada hospitalização, cada medicamento dispensado é um gesto de cuidado, escuta e atenção.
O SAE Infectologia hoje
Três décadas e meia depois, o SAE Infectologia vai além do HIV/Aids. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), disponibiliza atendimento especializado para diversas doenças infectocontagiosas, como tuberculose, hepatites virais e esporotricose. Reinventa-se constantemente, integra saberes, forma novas gerações de profissionais e mantém-se referência em um mundo que não para de mudar. As frentes de trabalho são:
- HIV/Aids: São mais de 5 mil pacientes cadastrados; e conta com ambulatório multidisciplinar para acompanhamento clínico, adesão ao tratamento e prevenção.
- Infecções fúngicas: é parte da Rede de Assistência de Esporotricose do Laboratório de Micologia da Famed/Furg; e possui atendimento ambulatorial para micoses sistêmicas.
- Tuberculose: Oferta tratamento preventivo da infecção latente, liderado por equipe de Enfermagem.
- Saúde da Mulher: Disponibiliza o rastreio de neoplasia de colo do útero; e a triagem de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) em mulheres vivendo com HIV.
- Pré-natal de alto risco e Pediatria: Conta com atendimento especializado para gestantes vivendo com HIV; e acompanhamento de crianças expostas ao vírus ou com infecções congênitas.
- Ambulatório Pós-Covid-19: Com atendimento multidisciplinar para pacientes com sequelas da doença.
- Prevenção e profilaxia: Disponibiliza Profilaxia Pré-exposição (PrEP) e Pós-exposição (PEP); e participa de campanhas de vacinação, como Covid-19 e influenza.
- Apoio integral: Conta com atendimento psicológico, nutricional e de educação física para pacientes encaminhados.
- Farmácia ambulatorial: É a Unidade de Distribuição de Medicamentos (UDM) que dispensa antirretrovirais, medicamentos para infecções oportunistas e fórmulas lácteas com prescrição médica.
- LADI: O Laboratório de Apoio Diagnóstico em Infectologia é referência em exames para HIV, hepatites, SARS-CoV, gonorreia, clamídia e vírus respiratórios.
- Ensino, pesquisa e extensão: Atua na capacitação de profissionais da rede básica de saúde; em ações externas de prevenção e informação à população; e participa de pesquisas nacionais e internacionais em HIV, infecções fúngicas, tuberculose e ISTs.
- Equipe multiprofissional: O SAE é composto por enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem; médicos de diversas especialidades (Infectologia, Medicina Interna, Pediatria, Nefrologia, Neurologia, Pneumologia, Hepatologia e Obstetrícia); farmacêuticos; psicólogos; nutricionistas; profissionais de Educação Física; além de profissionais administrativos e de apoio.
Muito além da técnica
São 35 anos de ciência e de afeto caminhando lado a lado. Uma trajetória marcada por pessoas que chegaram em busca de atendimento e encontraram dignidade, respeito e esperança. Um legado construído por inúmeros profissionais que entregaram mais do que conhecimento técnico, que ofereceram tempo, escutaram e cuidaram. Assim, o SAE Infectologia é feito de vínculos que atravessam o tempo, de coragem que não recua diante dos desafios e de humanidade que transforma. É feito de pessoas que acreditam, todos os dias, que cuidar também é sonhar e que resistir também é amar.
O impressionante é que essa história continua sendo escrita. Ao longo de uma série de reportagens, você vai conhecer os relatos de quem ajudou a construir o Serviço e de quem, hoje, segue garantindo que ele seja esse espaço de tratamento e transformação.
Confira as entrevistas que dão voz a essa trajetória:
- Maria Gabriela Mendoza Sassi: pioneirismo e desafios no SAE Infectologia
- Jussara Maria Silveira: dos primeiros atendimentos ao legado de 35 anos do SAE Infectologia
- Cláudio Moss da Silva: cuidado e dedicação que transformaram vidas na Infectologia
- Nildo Eli Marques D´Avila: entre desafios e afeto no atendimento pediátrico do HIV
- Paulo Ricardo Nunes: a construção de redes de apoio no enfrentamento ao HIV/Aids
- Maiba Mikhael Nader: cuidado, dedicação e humanidade na Infectologia
- Elaine Miranda Pinheiro: o acolhimento que marcou o SAE Infectologia
- Vanilda Lima Madruga e Eliane Soares Xavier: histórias que sustentam o cuidado
- Rossana Basso: “O SAE é vida, esperança e compromisso com o ser humano.”
- Márcia Rodrigues: uma trajetória de cuidado e transformação no SAE Infectologia
- Tatiane Alonso Arrieche: trazendo confiança e dignidade a cada paciente
- Heruza Einsfeld Zogbi: o olhar sensível e científico da Infectologia no SAE
- Joice Simionato Vettorello: “Trabalhar com HIV é trabalhar com vulnerabilidade.”
- Melissa Xavier e Karine Ortiz Sanchotone: a força da parceria entre o Laboratório de Micologia e o SAE Infectologia
- Luísa Dias da Mota: paixão e compromisso no diagnóstico clínico do Ladi
- Letícia Machado Nunes: segurança e humanização na Farmácia do SAE Infectologia
- Bianca dos Santos Blan: unindo ciência e empatia para tocar vidas
- Abraão Rosa de Lima Machado: “O SAE mostra que ciência, educação e cuidado caminham juntos.”
- Sandra Crippa Brandão e Fábio de Aguiar Lopes: a visão da gestão do HU-Furg sobre os 35 anos de história do SAE Infectologia
Sobre a Ebserh
O HU-Furg faz parte da Rede Ebserh desde julho de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Apoio de Leonardo Andrada de Mello/UCR15 e Alan Bastos/UAO5
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh