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CIÊNCIA E ACOLHIMENTO
Vanilda Lima Madruga e Eliane Soares Xavier: histórias que sustentam o cuidado
Rio Grande (RS) – Nos bastidores da linha de frente, há profissionais que garantem que o cuidado chegue de forma acolhedora, organizada e humana a cada paciente. No HU-Furg/Ebserh, o SAE Infectologia completa 35 anos celebrando histórias que refletem o compromisso de quem, diariamente, dá continuidade à missão de cuidar. Confira as narrativas:
Vanilda Lima Madruga: a coragem de cuidar
Com quase 30 anos de serviço no HU-Furg e cerca de 20 dedicados ao SAE Infectologia, a auxiliar de Enfermagem Vanilda Lima Madruga é uma das profissionais que acompanharam de perto a transformação do cuidado em doenças infecciosas. Atualmente, Vanilda trabalha na triagem do SAE e relata momentos marcantes da sua caminhada.
Há quanto tempo você trabalha aqui no SAE Infectologia?
“Estou há uns 20 anos na Infectologia. Eu trabalhava na Clínica Médica. E antes mesmo de existir o Hospital-Dia, já tinha uma estrutura pequena onde atendíamos os pacientes e, de certa forma, foi o começo do que seria o Hospital-Dia. A Maiba, que era enfermeira, me convidou para trabalhar na Infectologia. Eu disse: ‘Ai, eu quero!’, mas ainda não tinha vaga. Na época, a Dercy trabalhava de manhã, e estavam organizando o turno da tarde. Enquanto isso, fui para Ala Verde. Depois, comecei a cobrir férias no Hospital-Dia. Quando a Dercy saiu, porque precisava trabalhar à noite, acabei ficando fixa no Serviço. E nessa brincadeira já se passaram 20 anos.”
Teve alguma situação nesses 20 anos que marcou?
“Teve uma coisa que me impactou muito: a primeira vez que precisei aplicar medicação em uma criança. Aquilo mexeu comigo, porque a criança tinha o tamanho dos meus filhos. Eu nunca tinha trabalhado com crianças e fiquei trêmula, com o coração acelerado. Pensei: ‘Ai, meu Deus, e agora?’ Respirei fundo e fui. Deu tudo certo. Hoje, aquele menino já é um homem, tem sua família, e isso é o mais bonito: ver que aquelas crianças que passaram por nós, hoje, estão bem, seguindo a vida delas. É muito gratificante.”
Como era o atendimento?
“Naquela época tinha muitos pacientes que faziam medicação intravenosa. Era um fluxo bem diferente do que é hoje. A gente trabalhava até sábado, porque o horário era de 36 horas semanais. Tinha pacientes que vinham diariamente para fazer medicação. A gente criava um vínculo grande, era quase uma família. Teve um ano que a gente até fez amigo secreto com os pacientes. Era uma convivência muito próxima. Alguns se tornaram amigos mesmo, a gente se encontrava na rua, conversava. Tinha uma paciente costureira que fazia consertos para mim, outra que recolhia garrafas PET na rua e eu guardava para ela. Essas relações ficam. Nem todos os pacientes a gente consegue se aproximar, mas alguns ficam para sempre no coração. Cada paciente que passa por aqui deixa uma história. E eu sigo acreditando que o cuidado, o carinho e o respeito fazem toda a diferença.”
E como é a equipe de vocês?
“É um trabalho multiprofissional, todo mundo se ajuda. Quando entrei, éramos só eu, a secretária Eliane, a enfermeira Maiba e os médicos. Trabalhávamos junto no mesmo espaço. Se eu precisasse montar uma pasta, eu sabia como fazer porque aprendi olhando. Todo mundo falava a mesma língua. Se um paciente solicitava algo que não era possível, todos explicávamos da mesma forma. Isso criava um ambiente muito organizado. Hoje tem mais gente, mais funções, mas o espírito de equipe continua. Graças a Deus, a gente se dá muito bem.”
E olhando para o futuro do Serviço, o que você sonha?
“Acho que o SAE vai crescer. Precisa crescer, porque tem muita gente que precisa desse atendimento. A gente já vê muitas mudanças, muitas coisas novas surgindo para ajudar os pacientes. Quando comecei, o paciente internava e usava duas bombas de infusão, além de muitos comprimidos por dia. Hoje, muita gente toma somente um comprimido, e não precisa mais internar. Só se a pessoa não se tratar mesmo e pegar alguma doença oportunista. Fora isso, o tratamento evoluiu muito. Acredito que a tecnologia vai continuar avançando. Quem sabe um dia tenhamos uma vacina, algo que previna de vez. Acho que vai chegar esse tempo. Tem muita pesquisa e muita ideia boa surgindo para melhorar a vida das pessoas.”
Eliane Soares Xavier: agilidade e acolhimento no SAE
Por 16 anos (2003 a 2019), a hoje técnica em secretariado Eliane Soares Xavier foi o rosto que acolheu e a força organizadora do SAE Infectologia. Atuando na recepção do Serviço, foi a primeira voz e o primeiro sorriso que os pacientes encontravam ao chegar. Hoje, Eliane atua na área de faturamento do HU-Furg e relembra, com carinho, os anos dedicados à Infectologia.
Como você chegou ao Hospital e, especialmente, ao Hospital-Dia (atual SAE Infectologia)?
“Entrei no Hospital por intermédio de uma colega. Entrei como bolsista, depois para a Fundação de Apoio ao Hospital de Ensino de Rio Grande (Faherg) e agora como terceirizada. Fiz a entrevista e comecei em outros setores, como o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) e a Clínica Cirúrgica. Uma colega foi designada para o Hospital-Dia, mas ficou lá uma semana, ela se emocionava muito com os pacientes e acabou não se adaptando. Então, trocamos de lugar, e eu fui para lá. Foi onde conheci as técnicas, as enfermeiras, os médicos... e começamos a colocar o Serviço em dia, porque havia muita papelada e exames para digitar. Toda a equipe se uniu e organizamos o Serviço.”
Como era o trabalho naquela época, sem sistemas informatizados?
“Era tudo feito manualmente. Muita papelada, muito registro em papel mesmo. Mas, apesar da correria, era um trabalho muito bom de fazer. Eu gostava de lidar com os pacientes, de me solidarizar com eles. Claro, tinha momentos emocionantes, mas eu sempre fui muito prática. Gosto de agilizar as coisas, então ia fazendo uma coisa e outra, e o serviço andava. Tudo o que eu podia fazer em prol dos pacientes e para facilitar a assistência, eu fazia: agendava consultas, marcava exames e avaliações, enfim toda a parte burocrática. Fui ficando, e o meu serviço foi crescendo.”
Você era a primeira pessoa que os pacientes encontravam ao chegar ao Hospital-Dia. Como era esse contato?
“Era muito bom. Criei muitas amizades com pacientes. Como eu digitava tantos exames e documentos, que acabava decorando os nomes. Quando o paciente chegava, eu ligava o nome ao rosto. Era natural. A gente via as mesmas pessoas com frequência, acompanhava suas histórias. Então, quando eu os encontrava fora do Hospital, reconhecia na hora. E eles também lembravam de mim. Isso é muito gratificante, porque mostra que o vínculo era verdadeiro.”
Essa convivência próxima devia trazer muitas histórias marcantes. Há alguma lembrança especial?
“Sim, tem um paciente que me marcou muito. Foi um dos primeiros que conheci no Hospital-Dia. Ele era uma pessoa muito querida, e acredito que tenha sido um dos motivos que fez minha colega se emocionar tanto quando trabalhou lá. Infelizmente, ele já faleceu, mas guardo um carinho enorme por ele e por tantos outros que passaram pelo Serviço.”
Gostaria de deixar uma mensagem para os colegas que continuam trabalhando no SAE Infectologia?
“Que continuem fazendo o excelente trabalho que já fazem. É um Serviço de referência e de grande importância para o Hospital. Que mantenham o acolhimento, porque os pacientes precisam muito disso. O acolhimento faz toda a diferença. E que sigam com o mesmo comprometimento e humanidade que sempre caracterizaram o SAE.”
Sobre a Ebserh
O HU-Furg faz parte da Rede Ebserh desde julho de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Apoio de Leonardo Andrada de Mello/UCR15 e Alan Bastos/UAO5
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh