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CIÊNCIA E ACOLHIMENTO
Sandra Crippa Brandão e Fábio de Aguiar Lopes: a visão da gestão do HU-Furg sobre os 35 anos de história do SAE Infectologia
Rio Grande (RS) – Em 2025, o SAE Infectologia do HU-Furg/Ebserh celebra 35 anos de história. Ao longo desse tempo, o Serviço se consolidou como referência no atendimento a pacientes vivendo com HIV e outras doenças infecciosas, integrando ciência, cuidado humanizado, ensino e pesquisa. Para a gestão do Hospital Universitário, representada pela superintendente Sandra Crippa Brandão e pelo gerente de Atenção à Saúde Fábio de Aguiar Lopes, o SAE é muito mais que um serviço: é um marco histórico que fortaleceu a saúde pública da região e a identidade do HU como instituição de referência. Confira os relatos:
Sandra Crippa Brandão: pioneirismo, impacto social e cuidado humanizado
Para a superintendente, o SAE é um exemplo de coragem e inovação desde seus primeiros anos.
Qual foi seu primeiro contato com o SAE Infectologia?
“Minha chegada oficial ao Hospital foi em 1994, como Residente de Cirurgia. Desde então, atuei também como médica plantonista, professora e gestora, e tive contato com o SAE, especialmente na época em que a epidemia de Aids estava no auge e sem tratamento eficaz. Ver aqueles pacientes impactou profundamente minha formação. Foi ali que percebi a dimensão e a importância desse Serviço, que hoje é referência em tratamento de HIV e doenças infecciosas de alta complexidade.”
Qual a importância histórica do SAE para o Hospital e a região?
“O SAE foi o primeiro grande serviço a estruturar-se no Hospital Universitário, e isso foi fundamental para construir a identidade do HU como referência em ensino, pesquisa e assistência de alta complexidade. Na época, o Hospital ainda estava se consolidando, saindo da estrutura da Santa Casa e se instalando em um prédio novo. O SAE não só se estruturou enquanto espaço físico, mas também construiu uma equipe assistencial coesa e comprometida, capaz de implementar protocolos e habilitações que ampliaram a capacidade de atendimento e a qualidade dos serviços. Hoje, o HU atende 21 municípios da 3ª e outros da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS/SES), e o SAE desempenha um papel central nesse atendimento regional. Ele não se limita apenas à assistência direta aos pacientes: é um polo de formação de recursos humanos, capacitando profissionais da atenção básica, promovendo ensino e pesquisa e servindo de referência para outros serviços de Infectologia da região.”
Como você avalia o papel do SAE durante emergências sanitárias?
“O SAE sempre se destacou na linha de frente durante epidemias e emergências sanitárias, desde seu surgimento, durante a epidemia da Aids, na década de 1990, até a recente pandemia de Covid-19. Nesses momentos, o Serviço mostrou não apenas capacidade de adaptação, mas também liderança, inovação e excelência no cuidado. Durante a pandemia, o SAE demonstrou um protagonismo impressionante: estruturou um laboratório de testagem que descentralizou os diagnósticos por RT-PCR, montou uma área de internação semi-intensiva que se tornou referência na região e, posteriormente, criou um ambulatório pioneiro para o acompanhamento de pacientes que tiveram Covid-19. Essas ações refletem a visão e o compromisso da equipe — e também dos idealizadores do Serviço anos atrás — de oferecer atenção de alta qualidade, aliando ciência, tecnologia e cuidado humanizado. O histórico do SAE mostra que ele é muito mais do que um serviço de referência: é um modelo de inovação e de gestão eficiente que impacta diretamente a saúde pública de toda a região.”
E sobre a integração entre ensino, pesquisa e assistência existente no SAE?
“O Serviço proporciona novos cenários para acadêmicos de Medicina, Enfermagem e demais áreas da saúde. Há estágios curriculares, residências médicas e multiprofissionais, além de pós-graduação e laboratórios vinculados à Faculdade de Medicina/Furg ou ao próprio HU. A extensão também é um ponto forte, com capacitação regular de profissionais da Rede de Atenção Básica. A assistência é reconhecida pela qualidade, com mais de cinco mil pacientes cadastrados, e a satisfação de usuários e gestores reforça o valor do Serviço.”
Ao olhar para o futuro, quais são seus desejos para o SAE?
“Devemos nos inspirar na coragem e na visão daqueles que idealizaram o SAE. Para o futuro, é fundamental fortalecer tudo o que já foi conquistado: solidificar o núcleo do Serviço, qualificar ainda mais os profissionais e ampliar os espaços físicos. Um exemplo concreto desse avanço é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que permitirá melhorias significativas na infraestrutura do Hospital, oferecendo novos ambientes para atendimento, expansão de leitos, áreas de apoio e tecnologias modernas para assistência e pesquisa. Mas não basta apenas isso: é essencial continuar buscando recursos para manter o crescimento contínuo. As demandas em saúde são permanentes e complexas, e o SAE precisa estar sempre preparado para se reinventar, garantindo que a população receba atendimento de qualidade, eficiente e humanizado, sem perder de vista o protagonismo científico e educacional do Serviço.”
Mensagem para a equipe do SAE Infectologia:
“É um orgulho enorme ter um Serviço desse porte. Ele faz parte do cartão de visitas do Hospital, prestando atendimento de excelência à população no âmbito do SUS. Só posso agradecer a todos que fizeram e fazem parte dessa história, e torcer para que continuem a servir de exemplo e inspiração para as próximas gerações. Renovar e se reinventar é sempre necessário, e o SAE tem feito isso com maestria.”

Fábio de Aguiar Lopes: ciência, gestão e referência regional
Para o gerente de Atenção à Saúde, o SAE representa um marco histórico e um exemplo de integração entre assistência, ensino e pesquisa.
Como começou sua relação com o SAE?
“Meu contato com o SAE começou ainda como aluno, no final da década de 1990, acompanhando os primeiros tratamentos disponíveis para pacientes vivendo com HIV. Alguns professores que estiveram à frente do Serviço, como a Dra. Gabriela, a Dra. Jussara e o Dr. Nildo, marcaram profundamente minha formação. Ao retornar como servidor e, posteriormente, na gestão do Hospital, observo que ao longo deste anos os atuais servidores que consolidaram um grupo de assistência altamente qualificado e uma referência para toda a região.”
O Serviço nasceu de uma emergência sanitária e se reinventou ao longo das décadas. Qual o papel do SAE nessas situações críticas?
“O SAE sempre se destacou por sua capacidade de resposta rápida e inovadora diante de crises sanitárias. Desde o enfrentamento da epidemia de HIV/Aids nos 1990, quando ainda não havia tratamentos consolidados e o número de casos crescia rapidamente, até a pandemia de Covid-19, o Serviço mostrou resiliência e liderança. Durante a Covid-19, em tempo recorde, foi estruturado o Laboratório de Diagnóstico em Infectologia (Ladi), que descentralizou a testagem de RT-PCR e ampliou o acesso ao diagnóstico para toda a região. Além disso, foi montada uma unidade de atendimento qualificada, com profissionais atuando diretamente na linha de frente, atendendo pacientes de diversos municípios, inclusive vindos de fora da cidade, em momentos críticos da pandemia. Mais do que infraestrutura, o que marcou foi a dedicação da equipe: médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais trabalharam com extrema competência, garantindo que cada decisão fosse baseada em ciência, protocolos atualizados e atenção humanizada. Esse histórico de proatividade, inovação e cuidado integrado mostra a essência do SAE: um serviço capaz de unir conhecimento, estratégia e empatia, mantendo seu compromisso com a saúde pública e salvando vidas em situações que exigem rapidez, organização e coragem.”
Como o SAE contribui para a missão do HU-Furg?
“O SAE é um pilar essencial do Hospital Universitário, atuando nas três dimensões da nossa missão: assistência, ensino e pesquisa. Na assistência, o Serviço não apenas atende pacientes internamente, mas também atua de maneira articulada com a Rede de Atenção Básica, levando protocolos, orientações e suporte técnico para municípios da região, fortalecendo a saúde pública amplamente. No ensino, o SAE é um verdadeiro laboratório de aprendizagem para acadêmicos de Medicina, Enfermagem e outras áreas da saúde, oferecendo estágios curriculares, oportunidades em residências multiprofissionais e atividades de extensão que aproximam a ciência da comunidade. Já na pesquisa, o Serviço participa de estudos multicêntricos e mantém bancos de dados valiosos que subsidiam pós-graduações, teses e protocolos clínicos, contribuindo para avanços no conhecimento sobre HIV, doenças infecciosas e inovação terapêutica. O que torna o SAE singular é a integração desses três eixos: cada decisão clínica é informada pela pesquisa e guiada por princípios de cuidado humanizado, enquanto o ensino se nutre das experiências do dia a dia, formando profissionais capacitados e conscientes do impacto social da saúde. Esse modelo multiprofissional, estruturado e inovador transforma o SAE em referência não apenas para o Hospital, mas para toda a região, fortalecendo a missão do HU-Furg com resultados concretos para a população e a academia.”
E quais são as perspectivas para o futuro do SAE?
“Devemos nos inspirar na história e nos pioneiros do Serviço, fortalecendo tudo o que foi conquistado. É preciso qualificar profissionais, ampliar espaços físicos e investir em infraestrutura. O Hospital está inserido em projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que permitirá melhorias na estrutura ambulatorial e de internação, garantindo atendimento de qualidade. Além disso, a expansão da pesquisa, do ensino e da formação de novos infectologistas é essencial para manter o SAE como referência.”
Que mensagem deixa para os profissionais do SAE?
“Quero parabenizar cada integrante do SAE Infectologia, desde os precursores até os profissionais que hoje dedicam seu talento e energia ao Serviço. É inspirador observar como ciência, cuidado humanizado e dedicação caminham lado a lado em cada ação do grupo. O SAE não se limita a tratar doenças: acolhe pessoas que chegam fragilizadas, enfrenta desafios sanitários complexos e transforma vidas com competência e empatia. Esse Serviço é referência regional, não apenas pela assistência a milhares de pacientes vivendo com HIV e outras doenças infecciosas, mas também pela formação de novos profissionais, pelo ensino multiprofissional, pela pesquisa científica e pelo compromisso contínuo com a saúde pública. Vida longa ao SAE Infectologia, que segue sendo um exemplo de união, inovação e excelência, e parabéns a todos os que dedicam talento, coração e ciência para manter viva esta história de cuidado e transformação.”
Sobre a Ebserh
O HU-Furg faz parte da Rede Ebserh desde julho de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Apoio de Leonardo Andrada de Mello/UCR15 e Alan Bastos/UAO5
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh