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Terceiro dia do Arquivo em Cartaz discute memória indígena, música popular e a preservação da cultura brasileira
Na manhã desta quarta-feira (22), o Arquivo Nacional recebeu mais uma edição do Arquivo Faz Escola, que integra a programação do festival e busca aproximar o público jovem do universo do cinema e da preservação da memória. Com exibições de documentários e rodas de conversa, o projeto estimula a reflexão sobre temas sociais, culturais e ambientais a partir da linguagem cinematográfica.
Nesta edição, o filme exibido foi “A Terra não termina” (2012), de Marcelo Bichara, que revisita o retorno do povo Xavante ao Rio de Janeiro, vinte anos após a Rio+20, para relembrar a expulsão de seu território durante a ditadura militar. O curta provocou um debate com a presença de Katia Zephiro, professora da UFRRJ e integrante do Movimento de Ressurgência Puri, e Maria Elizabeth Brêa Monteiro, antropóloga e coordenadora de Pesquisa e Difusão do Acervo do Arquivo Nacional.
À tarde, o auditório do Arquivo Nacional se transformou em um espaço de escuta e reflexão musical com a oficina e lançamento do livro “Na trilha dos fonogramas com Charles Gavin: o álbum como artefato de memória da música no Brasil”, de Sabrina Dinola. A atividade contou com a presença da autora do livro e de Charles Gavin, músico, produtor e ex-integrante dos Titãs.
A doutora em Memória Social (Unirio) Sabrina Dinola discorreu sobre a importância de revisitar sempre a pesquisa para atualizá-la, inclusive num fazer em conjunto com outros pesquisadores. Sobre o garimpo que foi realizado nos discos do acervo do Arquivo Nacional, ela ressaltou que fez o caminho inverso, "primeiro procuramos no site, no catálogo da instituição, e depois passamos para os discos físicos, invertendo a ordem que pareceria natural". Sabrina refletiu, também, sobre o fato de que "a gente fala e pesquisa muito sobre música, mas escuta pouco" e propôs uma atividade de escuta de discos do acervo da instituição. A curadoria dos vinis que foram apresentados ao público, foi realizada por Charles Gavin.
O músico conheceu Dinola em meio ao trabalho da pesquisadora com documentários sobre grandes nomes da música brasileira. Gavin, que também é pesquisador da música, realizou projetos culturais importantes na área, como um livro sobre discos importantes da música brasileira, o relançamento de discos que estavam fora de catálogo de grandes nomes como Caetano e a apresentação do programa de televisão O som do vinil.
Para Gavin "o resgate da memória cultural do nosso país é assunto sério, fundamental e urgente para que as futuras gerações tenham meios de localizar e valorizar a identidade brasileira".
A atividade contou também com um momento de interação com os presentes, que puderam fazer perguntas e colocações aos pesquisadores.
Finalizando o dia, o festival exibiu no Cine Auditório o documentário “Pele de vidro”, de Denise Zmekhol, que convida o público a uma experiência visual e poética sobre memória e transformação. O filme é um ensaio cinematográfico profundamente pessoal que explora a vida e a obra de seu pai, o arquiteto Roger Zmekhol, e seu icônico edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo.