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Nova chamada de artigos da revista Acervo: A amefricanidade pensada, e visibilizada, desde os arquivos coloniais
A revista Acervo, periódico científico do Arquivo Nacional, torna pública a chamada para o dossiê “A amefricanidade pensada, e visibilizada, desde os arquivos coloniais”, que tem como editores Paulo Cambraia, doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap); Karla Leandro Rascke, doutora em História Social pela PUC-SP e professora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa); e Carlos D. Paz, doutor em História pela Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires (Unicen), Argentina, e professor da mesma instituição.
O objetivo do dossiê é visibilizar a multiplicidade de experiências e saberes compartilhados entre as populações ameríndias e aquelas escravizadas vindas da África, que podem ser analisados a partir da documentação resguardada nos distintos arquivos do Brasil, da América do Sul e da Europa. Pesquisar os diversos conhecimentos dessas populações e, a partir daí, pensar formas múltiplas de contato e interação – seja entre si, com os colonizadores ou com a natureza –, permite construir uma história da amefricanidade que reflita sobre a interação entre aqueles homens, mulheres e crianças e os espaços por eles habitados.
Atualmente, as histórias das populações vindas da África e a história indígena oferecem poucas interseções que tornem possível pensar e refletir sobre as experiências construídas e compartilhadas durante o período colonial por esses dois grandes conjuntos subalternizados aos dispositivos de poder colonial. O convívio entre grupos indígenas – sejam tupis ou tapuias, segundo a caracterização do poder colonial brasileiro, ou aliados e inimigos, no caso da América espanhola – e as populações escravizadas gerou eventos que foram controlados para garantir a ordem na colônia. Revoltas, formações de quilombos, assim como acusações de feitiçaria foram registradas e consolidaram uma imagem, propriamente colonial, que apresenta essas populações como rudes e sem trocas culturais entre si. Um aspecto que precisa ser visibilizado para, por exemplo, tornar perceptíveis os conhecimentos sobre o meio ambiente compartilhados em seu convívio, que geraram transformações nos espaços habitados – e transitados – por eles. Questões que podem ser evidenciadas numa leitura indiciária, no sentido proposto por Carlo Ginzburg, das fontes de caráter judiciário.
Convidamos os interessados a apresentar pesquisas, finalizadas ou em andamento, que permitam resgatar as lógicas e os conhecimentos desses grupos – a partir da sua própria individualidade ou como produto do convívio no sistema colonial – para dar a conhecer trajetórias pessoais que permitam questionar imagens coloniais que sugerem a inexistência de contato entre os grupos. Serão ainda consideradas trajetórias de trânsfugas, renegados, apostatados e outros que tiveram contato tanto com ameríndios quanto com escravizados.
As submissões devem ser encaminhadas até o dia 30 de abril de 2026, pelo site da revista Acervo, para as seções Dossiê Temático, Artigos Livres e Resenhas. O dossiê será publicado de forma contínua entre setembro e dezembro de 2026. As contribuições devem estar de acordo com o foco e o escopo do periódico e seguir as normas editoriais.
Acesse: https://revistaacervo.an.gov.br/index.php/revistaacervo/announcement/view/114