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Arquivo Nacional participa da III Jornada Arquivos e Memórias
A diretora-geral do Arquivo Nacional, Monica Lima, foi uma das palestrantes da III Jornada Arquivos e Memórias, no dia 17 de novembro, realizada pelo Centro de Apoio à Pesquisa da Universidade de São Paulo (CAPH-USP). O encontro teve como objetivo ampliar o debate sobre a preservação e a pesquisa com arquivos pessoais e fundos institucionais. Na conferência de abertura, Monica Lima abordou o tema “Arquivos como território da diversidade: memórias pessoais e coletivas”.
A diretora destacou que os arquivos devem ser compreendidos não apenas como estruturas físicas ou espaços técnicos, mas como territórios vivos onde se formam memórias, identidades e narrativas. Segundo ela, esses territórios acolhem presenças e denunciam ausências, revelando a complexa relação entre lembrança, esquecimento e poder na constituição da memória social.
Monica Lima ressaltou que os arquivos nunca são neutros e que suas políticas de aquisição representam escolhas que moldam o que será reconhecido como memória coletiva. Por isso, defendeu a ampliação das práticas institucionais para incluir documentos produzidos por grupos historicamente marginalizados, compreendendo esse esforço como um gesto de responsabilidade ética, reparação histórica e justiça social.
A diretora enfatizou que a incorporação de perspectivas feministas, decoloniais, antirracistas e comunitárias é essencial para ampliar representações e enfrentar a “dor da ausência” vivida por grupos cujas histórias foram apagadas ou sub-representadas. Destacou também que o discurso das instituições arquivísticas se constrói tanto pelas presenças quanto pelas lacunas dos acervos, o que exige revisão crítica de critérios e práticas historicamente excludentes.
Ao defender a valorização de arquivos pessoais, comunitários e de grupos subalternizados, Monica Lima afirmou que esses conjuntos documentais preservam modos de existência, lutas e experiências fundamentais para compreender a sociedade brasileira. Para ela, fortalecer esses acervos é garantir pertencimento, visibilidade e reconhecimento a populações que, por séculos, tiveram suas memórias silenciadas.
Por fim, a diretora ressaltou que os arquivos podem atuar tanto como instrumentos de hegemonia quanto de resistência. Assim, convidou as instituições e profissionais da área a construírem arquivos como espaços de encontro, diálogo e diversidade, reafirmando que a pluralidade deve ser eixo estruturante das políticas e práticas arquivísticas contemporâneas.