Notícias
Arquivo Nacional celebra o Dia Mundial da Fotografia com debate sobre coleções e circuitos sociais
No Dia Mundial da Fotografia, celebrado em 19 de agosto, o Arquivo Nacional abriu as atividades da nova edição da Agenda Fotografia Pública nos Arquivos do Rio de Janeiro: Coleções e Circuitos Sociais. O encontro, realizado no auditório da instituição, reuniu especialistas e pesquisadores em um espaço de reflexões e trocas de experiências que fomentam o debate público sobre a fotografia em perspectiva histórica diante dos desafios contemporâneos.
Na abertura, a diretora-geral do Arquivo Nacional, Monica Lima, ressaltou que experiências e iniciativas como a Agenda renovam o olhar sobre a fotografia como instrumento de memória coletiva. Segundo ela, o evento reafirma o papel da instituição “não apenas como guardiã de documentos, mas como centro ativo de pesquisa, difusão e produção de conhecimento”. Ao abrir os acervos e promover o diálogo entre pesquisadores, fotógrafos, historiadores e o público, destacou Monica, o Arquivo Nacional busca preservar a memória e, ao mesmo tempo, possibilitar que ela ganhe novos significados e usos.
A professora Ana Mauad (UFF) acrescentou que o caráter democrático da iniciativa é essencial, pois encontros desse tipo não se restringem à troca de conhecimento especializado, mas buscam também despertar o interesse de diferentes públicos. Para ela, compreender como o documento circula e é exposto é fundamental, já que é nesse movimento que ele se torna parte ativa da produção de conhecimento, ampliando os usos da fotografia pública e aproximando os arquivos da sociedade.
A primeira mesa do dia, dedicada à fotografia pública de governo, apresentou séries fotográficas preservadas pela Agência Nacional e promoveu reflexões sobre a produção, circulação e usos dessas imagens no Brasil. Participaram do debate as pesquisadoras do Arquivo Nacional Maria do Carmo Rainho, Claudia Heynemann e Maria Elizabeth Brea Monteiro, com mediação de Ana Mauad (UFF).
Na parte da tarde, foi realizada a mesa Fotografia pública no regime analógico: circuitos de produção, circulação e arquivamento. Participaram do diálogo os pesquisadores Milton Guran (Labhoi-UFF), Ileana Pradilla Ceron (IMS) e o fotógrafo e artista visual Rogério Reis. Os debatedores falaram, respectivamente, sobre seus trabalhos. A mediação foi realizada por Marcos Lopes (Ibram).
Guran explanou sobre sua pesquisa iconográfica com os o agudás, ou “brésiliens”, como são conhecidos os descendentes de traficantes negreiros, brasileiros ou portugueses, que se instalaram na região do Benim, Togo e Nigéria e também os africanos escravizados no Brasil que retornaram para a região ao longo do século XIX.
Rogério Reis iniciou seu relato falando sobre sua experiência como estagiário de fotojornalismo e como os anos trabalhando na imprensa, com notícias diárias, influenciaram o seu atual trabalho como fotógrafo artístico, com fotodocumentação em cenários urbanos. Ele destacou os projetos Na Lona, realizado de 1986 a 2001, e Ninguém é de Ninguém, ao qual se dedicou entre os anos de 2010 e 2014.
Pradila, que é pesquisadora sênior do Instituto Moreira Salles (IMS) e responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Fotografia, abordou os desafios de lidar com a montagem de exposições de fotografias de artistas do acervo IMS. Para Ileana, há uma questão a se pensar no que diz respeito a conseguir conjugar respeitar o desejo original do autor e fazer as adaptações necessárias para o tempo presente. Ela também abordou o desuso da fotografia analógica e suas implicações.
O primeiro dia do encontro Agenda Fotografia Pública nos Arquivos do Rio de Janeiro: Coleções e Circuitos Sociais foi encerrado com uma entrevista pública do historiador, curador e professor da Universidade Federal Fluminense, Paulo Knauss. Na ocasião, Knauss reforçou a importância do papel do Estado como promotor do cuidado com o patrimônio nacional e das possibilidades que as novas tecnologias trazem no campo da inovação do conhecimento.