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AN reúne-se com arquivos nacionais de países de língua portuguesa da África para construção de agenda comum
Representantes de arquivos de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop) reuniram-se com o Arquivo Nacional na última segunda-feira, 18 de março, em uma ação inédita de articulação para a construção de uma agenda multilateral. O encontro virtual deu seguimento à aproximação iniciada em evento realizado na sede da instituição no ano passado.
Em setembro, a Jornada Brasil-Palop de Articulação e Cooperação entre Arquivos contou com a presença de autoridades de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, e São Tomé e Príncipe, assim como de representantes do Governo do Brasil e da Unesco. Na época, a Unesco estava promovendo uma oficina, no Rio de Janeiro, para os participantes do comitê africano no Programa Memória do Mundo (“Memory of the World – MoW”), e a jornada integrou a programação oficial da capacitação.
Na abertura da reunião on-line desta segunda, a diretora-geral do Arquivo Nacional, Ana Flávia Magalhães Pinto, destacou alguns movimentos realizados pela gestão em seu primeiro ano, no sentido de avançar em ações de articulação internacional. Entre eles, foi citada a assinatura de um acordo com o Ministério das Relações Exteriores e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), além da retomada, junto ao Ministério da Cultura, do comitê brasileiro no MoW. Para Ana Flávia, uma das riquezas da aproximação com os Palop reside na possibilidade de as experiências compartilhadas entre os países anteciparem soluções que demorariam mais tempo sem essa articulação. “Nossos desafios não são só técnicos, envolvem questões políticas e sociais, e até de relações entre os países representados”, sinalizou a diretora-geral do AN.
Na ocasião, Iaguba Djalo, ex-diretor da Biblioteca Pública Nacional e do Arquivo Histórico do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau, que participou representando o Ministério da Cultura do país, ressaltou que encontros regulares entre os membros do grupo ajudariam a remover os obstáculos que possam existir. Ele lembrou, em sua fala, que seu país já havia recebido apoio do Brasil na formação e capacitação de profissionais, e na elaboração de normas, mas que o intercâmbio poderia ir além por meio de uma cooperação sistemática.
Dentre as propostas apresentadas, Joel Lima e Gilson da Conceição, do Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe, falaram sobre a criação de uma plataforma para compartilhamento de acervos no que tange aos percursos históricos comuns entre os Palop e o Brasil. Segundo eles, uma iniciativa como essa também ajudaria a dar visibilidade aos projetos desenvolvidos pelos arquivos junto às autoridades dos respectivos países.
Maria da Luz Pires, do Arquivo Nacional de Cabo Verde, e Constança de Ceita, do Arquivo Nacional de Angola, sublinharam a premência de um planejamento das ações a serem executadas pelo grupo, bem como do levantamento das necessidades dos Palop e do Brasil, que embasariam projetos comuns e a formulação de um cronograma.
A coordenadora-geral de Articulação de Projetos e Internacionalização do AN, Mônica Lima e Souza, reuniu os encaminhamentos propostos e sugeriu a composição de um diretório que apoie a operacionalização dos trabalhos do grupo. “Somos um coletivo que tem toda a possibilidade de se fortalecer nesse processo”, concluiu Mônica.
A próxima reunião, já como grupo de trabalho instalado, foi agendada para 7 de maio.