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Abertura da #9SNA destaca papel estratégico das instituições arquivísticas diante das mudanças climáticas
A 9ª Semana Nacional de Arquivos (SNA) teve início nesta segunda-feira, 9 de junho, na sede do Arquivo Nacional (AN), no Rio de Janeiro, com uma programação voltada aos desafios impostos pelas mudanças climáticas à preservação documental. O evento ocorre no Dia Internacional dos Arquivos e reúne especialistas de diversas regiões do país para discutir o papel estratégico dos arquivos na proteção da memória histórica em contextos de crise ambiental.
A mesa de abertura teve como tema “Preservação documental em contextos climáticos desafiadores: experiências das regiões Norte e Nordeste”, e contou com a participação de representantes de instituições arquivísticas dessas regiões. Adauto Modesto, secretário executivo adjunto da COP30, deu início a discussão, destacando o protagonismo do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) na formulação de políticas públicas sustentáveis e inclusivas.
“O MGI tem papel fundamental neste debate porque sua missão é justamente fortalecer os instrumentos do Estado para implementar políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável com inclusão social”, afirmou. Modesto também ressaltou a atuação do Arquivo Nacional durante a recente tragédia climática no Rio Grande do Sul, quando a instituição colaborou no resgate e preservação de documentos históricos ameaçados pelas enchentes.
A arquivista Rosangela Carvalho, do Arquivo Público do Piauí, apresentou o projeto Manuscritos Digitais, voltado à digitalização do acervo documental do estado. “Nosso objetivo é preservar a história, a memória e a cultura do povo piauiense por meio da digitalização de documentos históricos para as futuras gerações”, explicou.
Já Marcelo Araújo, diretor do Arquivo Público do Estado do Amazonas, falou sobre a Rede de Arquivos e Memória da Amazônia e os desafios da cooperação e preservação do patrimônio documental na Amazônia em tempos de crise climáticas.
Na mesma linha, Leonardo Torii, do Arquivo Público do Estado do Pará, apontou as dificuldades enfrentadas na região, como a alta umidade, a escassez de materiais adequados e a necessidade de capacitação profissional. Torii reforçou a importância da Rede de Arquivos como mecanismo de cooperação e fortalecimento da visibilidade institucional.
Representando o Arquivo Nacional, a arquivista Luana Lobo abordou como as práticas arquivísticas sustentáveis podem mitigar os impactos das mudanças climáticas. A mediação da mesa foi conduzida por Sheila Mueller, diretora-geral adjunta do AN.
Cerimônia
Em seguida, ocorreu a cerimônia oficial de abertura do evento. A diretora-geral do Arquivo Nacional, Monica Lima, destacou a relevância e a urgência da pauta:
"A temática deste ano insere os arquivos no centro de um debate urgente. Preservar documentos neste cenário é proteger direitos, registrar as memórias das comunidades afetadas e, acima de tudo, agir com responsabilidade intergeracional. Estamos preservando algo que não pertence apenas a nós ou aos nossos ancestrais, mas também àqueles que estão chegando, àqueles que virão.”, afirmou.
Também participou da cerimônia Thiago Vieira, diretor de Processamento Técnico, Preservação e Acesso ao Acervo, que ressaltou que a mudança nas condições ambientais ameaça a integridade física dos acervos. “Espero que esta Semana seja um espaço de debates e compartilhamento de
experiências, com avanços concretos para o setor arquivístico. Preservar a memória exige presença, ação e compromisso com a sociedade”, finalizou.Já Leticia Grativol, coordenadora-geral de Acesso e Difusão do AN, fez um breve histórico da Semana Nacional de Arquivos e reforçou sua importância para o fortalecimento da arquivologia no país.
O primeiro dia de programação foi encerrado com uma apresentação musical da Camerata do Uerê, formada por jovens do Complexo da Maré, que interpretaram obras da música clássica e contemporânea no pátio do Arquivo Nacional.
A 9ª Semana Nacional de Arquivos segue até o dia 13 de junho, com uma ampla programação de mesas, oficinas, visitas guiadas e atividades culturais nas unidades do AN no Rio de Janeiro e em Brasília. A programação completa está disponível no site oficial do evento.

