Transcrição da entrevista do presidente Lula entrevista à TV Liberal (PA)

Jornalista Jalília Messias: Olá, Fábia [apresentadora Fábia Sepêda], bom dia para ti e para todos que nos acompanham aqui pela TV Liberal. Estamos ao vivo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está no Pará desde ontem para cumprir uma agenda de compromissos ligados, relacionados à COP30.

Ontem o senhor esteve na Ilha do Marajó, mas antes eu lhe perguntei se o senhor viria para o Círio [de Nazaré], porque eu sei que o senhor já participou da nossa festa, já esteve aqui.

O senhor disse que não virá, tem um compromisso importante, mas arrumou um tempinho na sua agenda para tomar a benção de Nossa Senhora de Nazaré. Foi isso mesmo, presidente?

Presidente Lula: Foi isso, foi isso. Ontem à noite eu fui na matriz, eu fui agradecer à Nossa Senhora de Nazaré, porque ontem aconteceu outro problema comigo no avião. Eu fui pegar o avião para a Ilha do Marajó.

Jornalista Jalília Messias: Para Breves.

Presidente Lula: E teve um problema no motor do avião, o avião casa da Força Aérea Brasileira, e eu só tinha que agradecer a Deus, porque poderia ter tido o problema quando eu estivesse no ar. E teve quando eu estava em terra, nós tivemos que descer do avião, com medo de que o avião pegasse fogo. E aí nós fomos em um avião Brasília.

Jornalista Jalília Messias: Nossa Senhora protegeu a delegação, então.

Presidente Lula: Eu fui de noite agradecer à Nossa Senhora.

Jornalista Jalília Messias: Agora sim, presidente, como o senhor esteve…

Presidente Lula: O importante é o seguinte: acho que não tem festa mais extraordinária do que o Círio de Nazaré. Eu me preparei para vir esse ano, mas acontece que o Brasil saiu do Mapa da Fome outra vez.

Nós conseguimos tirar 30 milhões de pessoas da fome, em dois anos de meio de governo, e vai ter um grande encontro em Roma, na FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação], e eu vou ter que falar como orador principal desse encontro, então não posso faltar.

Jornalista Jalília Messias: E como o senhor já falou sobre a fome, o mapa da fome, o senhor esteve na Ilha do Marajó, em Breves, para inaugurar obras relacionadas à educação. O que o senhor achou do que viu, presidente? E que investimentos ainda devem ser feitos nessa região, que ainda tem municípios com alguns dos menores índices de desenvolvimento humano do Brasil?

Presidente Lula: Jalília, quando o pessoal fala de investimento na COP30, eu queria só te dizer uma coisa. Os nossos investimentos no Pará são muito, infinitamente maiores do que a COP. Os nossos investimentos no Pará foram traçados ainda no começo de 2023, quando eu assumi.

Eu chamei todos os governadores, e o Helder [Barbalho, governador do Pará] esteve lá, e nós assumimos a responsabilidade de um investimento no Pará de R$ 45,5 bilhões, dos quais R$ 31,5 bilhões só no estado do Pará e R$ 13,9 bilhões nos outros estados que fazem fronteira com o Pará. E até agora nós já fizemos investimentos de R$ 15 bilhões, até abril de 2025. Então a coisa ultrapassa a COP.

O que aconteceu ontem na Ilha do Marajó? Vocês sabiam que nós temos mais de 133 obras paradas no Marajó desde 2010, 2011, 2012, 2013, 2014? A irresponsabilidade das pessoas que governaram esse país. E obras paradas. Ontem eu fui inaugurar escolas, que estavam desde 2012, 2013 paralisadas, creches que estavam desmontadas, caindo aos pedaços.

Nós fomos inaugurar. O investimento na Ilha do Marajó é R$ 1,4 bilhão. E na educação é uma boa parte dele. Só para você ter ideia, em Breves, nós temos 33 obras inacabadas. O prefeito já recuperou 24, e até o final do ano que vem vai acabar as 33 obras. E eu fiz um pacto com os prefeitos, eu fiz um pacto de público com eles.

Pedi a todos os prefeitos para me telefonarem, para me comunicarem o que está faltando nessa região, porque não é possível que a Ilha do Marajó continue com esses índices de pobreza. A gente pode melhorar, a gente vai acabar de colocar luz para todo mundo, a gente vai acabar com todas as creches que tiverem para ser acabadas, a gente vai fazer as escolas de tempo integral, o que a gente tiver que fazer, porque é preciso, definitivamente, a gente tornar essas pessoas da Ilha do Marajó visíveis, para que elas não sejam mais vítimas de gente assoldada, que vai lá apenas para jogar desconfiança nos homens e nas mulheres do Marajó.

Jornalista Jalília Messias: Presidente, o senhor está em Belém para participar da entrega de obras da COP30. O Pará sempre foi muito criticado em relação à falta de estrutura. Qual a sua avaliação de tudo o que o senhor tem visto em relação às obras da COP? Belém está preparada para receber as delegações?

Presidente Lula: Está mais do que isso, Jalília. Muito mais do que isso.

Eu ontem até conversei com o governador Helder, com o ministro Jader [Filho, das Cidades], com o meu companheiro Rui Costa [ministro da Casa Civil], de que a gente não pode falar que a gente vem inaugurar obra da COP. A COP é apenas um evento. A COP é o pretexto para a gente fazer tudo o que Belém precisa que seja feito.

Nós estamos fazendo um investimento de praticamente R$ 6 bilhões na cidade de Belém, que quando o evento terminar, as obras vão ficar. E é o povo que vai ter proveito das coisas que foram feitas. É o povo que vai visitar as coisas boas que aconteceram.

Só para você ter ideia, são 14 canais que nós estamos fazendo drenagem. Você conhece Belém, você sabe como é o problema aqui. Quando chovia, enchia d'água. Isso vai acabar em Belém.

Nós estamos fazendo uma obra de coleta de esgoto que começou em 2008, Jalília. 2008, essa obra foi começada ainda no meu segundo mandato e ela está paralisada.

Nós vamos inaugurar a maior obra de coleta de esgoto da história do Estado do Pará. Isso não é obra para a COP, isso é obra para o povo da cidade de Belém. Isso é para o Estado do Pará.

Então, os investimentos para a COP, ou seja, por que nós escolhemos a Amazônia, Jalília? Porque todo mundo fala da Amazônia, mas ninguém conhece a Amazônia. Então, eu poderia simplesmente fazer em São Paulo, poderia simplesmente fazer no Rio de Janeiro, como tudo acontece nos outros estados que estão mais preparados com infraestrutura. Agora, se a gente não for um pouco ousado, se a gente não tiver um pouco de coragem, se a gente não for destemido, a gente não faz o Brasil crescer de forma equânime.

Então, eu resolvi, o povo da Amazônia, todo mundo fala da floresta, todo mundo fala... Sabe de uma coisa? Vamos fazer a COP na Amazônia, vamos fazer no Estado do Pará, vamos fazer na cidade de Belém, com todos os problemas. Ah, mas não tem quarto? Tem. Tem quarto para todo mundo, o povo do Pará está sendo extraordinário, as pessoas estão saindo das suas casas e alugando as casas para quem quiser vir aqui. Não vai faltar quarto, não vai faltar cama, não vai faltar carinho, não vai faltar comida.

Inclusive, eu já fiz propaganda da comida do Pará na entrevista que eu dei em Nova York, que é a melhor culinária do Brasil. Eu digo que o Brasil tem três estados com forte culinária: Minas Gerais, Bahia e o Pará. E a do Pará é a que tem mais diversidade, é a que tem, eu acho que é a melhor do Brasil.

Jornalista Jalília Messias: Temos que concordar com isso, presidente.

Presidente Lula: Eu quero que os gringos venham aqui, eu quero que os americanos, os franceses, os alemães, os holandeses, até os ucranianos venham aqui para experimentar a culinária e conhecer o povo do Pará e conhecer a Amazônia. É isso que eu quero, que eles tenham na cabeça a imagem do que significa a Amazônia.

Porque a gente pensa que a Amazônia é só mato, não. Na Amazônia brasileira tem 30 milhões de habitantes. Na Amazônia da América do Sul tem 50 milhões de habitantes.

E essa gente precisa comer, precisa trabalhar, precisa viver, ter acesso a bens materiais. E nós estamos fazendo isso, estamos fazendo isso com o maior carinho.

Eu fui inaugurar um canal da Doca, um negócio maravilhoso. Aquilo vai ficar para o povo, uma obra, motivo de orgulho. Eu sei que muitas vezes as pessoas criticam. “Nossa, está fazendo uma obra grande, não sei para quê, não sei para quê”.

Eu lembro, ontem eu contei um caso, quando foi feita a Torre Eiffel, quase teve uma revolução na França contra a Torre Eiffel. Hoje, ninguém vai à França sem tirar uma fotografia da Torre Eiffel.

Então, o que está acontecendo em Belém é fazendo obra para melhorar a qualidade de vida do povo dessa cidade que é muito sofrida.

Todo mundo sabe, tem uma parte da cidade que é abaixo da água. Você sabe, nessa coleta de esgoto que eu fui, nessa estação de tratamento, nós vamos atender praticamente 350 mil pessoas, que o esgoto vai in natura para o rio.

Agora vai ser coletado, vai ser tratado e vai ser devolvido ao rio em condições de decência, de respeito aos peixes, à natureza e ao ser humano.

Jornalista Jalília Messias: Presidente, a nossa apresentadora, a Fábia Sepêda, ela gostaria de fazer uma pergunta para o senhor. Fábia.

Apresentadora Fábia Sepêda: É isso mesmo, Jalília. Primeiramente, claro, agradecer a presença do presidente aqui no Bom Dia Pará, disponibilidade de falar conosco ao vivo. E a minha dúvida é justamente essa. O presidente estava falando sobre a escolha da Amazônia para a COP e ele sempre defendeu, está defendendo agora, a realização da COP30 na Amazônia.

Eu queria entender melhor, queria que eu explicasse melhor por que o Pará foi o estado escolhido. A região amazônica, ela é extensa, ela é grande, historicamente um local que falta investimento e a gente entende que ele quer que o mundo veja a Amazônia mais de perto. Por que o estado do Pará?

Eu queria que ele falasse mais sobre essa questão do legado. O legado, a gente já está vendo com muitas obras, mas é um legado que também se prolonga. É uma região que vai continuar recebendo essa atenção do governo brasileiro?

Jornalista Jalília Messias: Presidente, o senhor sempre defendeu que a Amazônia sediasse uma COP, mas a nossa região é extensa. Por que a escolha do Pará e quais os principais legados que essa conferência deixa para o Estado?

Presidente Lula: Olha, a escolha do Pará é porque o Pará é um estado extraordinariamente grande, porque tem muita diversidade cultural, porque tem uma culinária extraordinária, porque tem rios maravilhosos e porque a cidade de Belém é uma cidade histórica.

Aqui já houve muitas lutas para a independência do Brasil. Então, eu resolvi fazer no Pará, primeiro porque o Helder é governador, meu amigo, e pediu para que eu ponderasse que fosse o Pará. Segundo, no Pará tinha que ser Belém, porque eu quero mostrar para o mundo o que é a Amazônia.

O mundo inteiro ia falar da Amazônia. O mundo inteiro, o mundo inteiro, Jalília, fala da Amazônia. Então, vamos ver a Amazônia como é que é, porque nós, inclusive, criamos um fundo chamado Fundo Florestas Tropicais para Sempre.

É um fundo que não é doação de dinheiro, é investimento. E o Brasil foi o primeiro país a colocar um bilhão de dólares nesse fundo para que a gente possa captar recursos e, com o lucro desses recursos, a gente cuidar da Amazônia. E cuidar não só da Amazônia, cuidar da Amazônia, cuidar das florestas de outros países da América do Sul, cuidar das florestas da Indonésia e cuidar das florestas do Congo, que são os países que têm muita floresta em pé.

Então, eu, na verdade, o povo estrangeiro vem muito para o Brasil, para ir para São Paulo, para ir para o Rio de Janeiro, para ir para São Paulo, para ir para o Rio de Janeiro. Não! Eu quero que venha para a Amazônia.

Aliás, eu falei para o meu ministro do turismo [Celso Sabino]. É preciso fazer campanha nas universidades brasileiras para que os jovens brasileiros que querem ir a Paris, que querem ir a Miami, que querem ir à Disney, que venham para a Amazônia.

Vá conhecer o que é a grande reserva que a humanidade tem de sobrevivência, que é a nossa querida Amazônia. Com a maior floresta tropical do mundo em pé, com 12% da água doce do mundo e com uma riqueza mineral que a gente ainda nem conhece. Então, eu quero que o Brasil conheça a Amazônia.

E eu não quero que a Amazônia fique esquecida. Portanto, eu escolhi Belém por conta disso. Eu quero colocar Belém aos olhos do mundo.

Jornalista Jalília Messias: Agora, presidente, ainda há delegações relatando dificuldades para pagar pelas diárias dos hotéis. O senhor teme um certo esvaziamento da COP e um enfraquecimento dessas negociações por causa disso?

Presidente Lula: Jalília, não temo, não temo. Veja, primeiro, porque nós estamos cuidando disso com muito carinho. Eu acabei de te falar, o povo de Belém é extraordinariamente amoroso e gentil. Tem muita gente saindo das suas casas e alugando casa para quem quiser vir.

Como é feito em Santa Catarina no verão, 1,2 milhão de argentinos vão para Santa Catarina e o povo de Santa Catarina sai de casa para alugar para os argentinos. O povo de Belém está fazendo isso.

Além disso, tem vários hotéis que estão sendo construídos. Além disso, tem dois navios que nós contratamos para atender essas pessoas. São quase cinco, quatro ou cinco mil quartos. Ou seja, portanto, não vai faltar quarto. Eu até disse ontem, eu vou vir aqui, eu vou querer dormir no barco. Ainda não tem o barco, mas eu vou encontrar um barco e vou dormir no barco.

Jornalista Jalília Messias: Numa rede.

Presidente Lula: Porque eu não quero luxo. Eu quero participar nessa COP, porque essa COP, Jalília, tem que ser a COP da verdade. Até agora, a gente vai tomando muitas decisões e não tem cumprido as decisões que a gente toma.

Jornalista Jalília Messias: Por que o senhor fala em COP da verdade? O senhor tem falado repetidas vezes.

Presidente Lula: A COP da verdade, eu falo porque aqui nós vamos ter que decidir uma coisa importante. Nós acreditamos ou não na ciência? O mundo está em crise ou não está em crise? Não a política, causada pelos humanos, mas uma crise climática.

Nós estamos mudando o clima no mundo. E se o mundo aquecer um grau e meio de temperatura, acima de um grau e meio, nós vamos ter problema. O mar vai crescer, muitos países vão desaparecer. Então, está nas nossas mãos a responsabilidade de salvar o planeta que nós moramos, a nossa casa.

Não tem lugar para rico morar fora desse planeta. Estão procurando, mas não encontraram. Então, nós precisamos cuidar do nosso planeta. E é por isso que o povo de Belém vai dar uma lição ao mundo. Vai dar uma lição ao mundo.

Como é que a gente vive aqui? Como é que a gente vai manter essa floresta em pé? Como é que a gente vai gerar empregos? Como é que a gente vai cuidar desse país de forma decente?

E o mundo rico tem que pagar. Porque o mundo rico é o responsável maior pelo lançamento de gás de efeito estufa na atmosfera. Porque eles foram industrializados há 200 anos na nossa frente. Portanto, eles têm uma dívida com o mundo que nós não temos. Então, eles precisam pagar o que eles devem à humanidade.

Eles devem muito e têm que pagar. Só para você ter ideia, em Copenhague, em 2009, os países ricos aprovaram pagar 100 bilhões de dólares por ano para que os países pudessem cuidar de manter a floresta em pé. Até hoje não saiu.

Eu estou falando de 2009. Agora [falha na transmissão] em R$ 1,3 trilhão. Eles vão dar? Não. Não vão dar. Por isso que eu digo que é a COP da verdade. É porque nessa COP a gente vai decidir se a gente vai cuidar ou não do planeta. Se a gente vai ter ou não responsabilidade.

E é por isso, Lília, que eu tenho reivindicado uma governança mundial com maior poder. A ONU precisa ser reciclada. Porque quando a gente tomar uma decisão para cuidar do clima, que envolve o planeta Terra, que é redondo, não é retângulo, não é quadrado. As pessoas têm que cumprir. Porque se não cumprir, terão que ser punidas.

Porque uma poluição que é emitida na China, nos Estados Unidos, ela pega o mundo inteiro. Então nós temos que assumir o nosso papel de responsabilidade e de salvar o nosso planeta. O ser humano precisa parar com essa mentalidade destruidora que ele tem.

É o único que rouba sem necessidade, que mata sem necessidade, que tem violência sem necessidade. E agora estamos destruindo a nossa casa, chamada planeta Terra. O ar está ficando pior.

E nós precisamos brigar muito, porque com o tempo a gente vai ter que diminuir o uso de combustível fóssil. Com o tempo a gente vai ter que contribuir. E aí, a gente vai ter que utilizar a riqueza hoje do petróleo para que a gente possa fazer a chamada transição energética, a revolução verde que o mundo precisa.

E ninguém vai conseguir bater o Brasil. Ninguém. Ninguém vai conseguir bater o Brasil em se tratando de transição energética nesse mundo.

Jornalista Jalília Messias: Falando nisso, que compromissos o Brasil já assumiu e ainda pretende assumir para dar o exemplo no enfrentamento à crise climática?

Presidente Lula: Olha, eu assumi um compromisso de que até 2030 nós teremos desmatamento zero na Amazônia. Eu assumi esse compromisso. Por isso nós fizemos um pacto com os prefeitos das cidades da Amazônia.

Porque não adianta a gente ficar de Brasília culpando o prefeito e culpando o governador. Nós temos que construir com eles uma parceria. Porque o governador está mais próximo da área que pega fogo [falha na transmissão].

Dar financiamento para os prefeitos que tiverem menos desmatamento, que tiverem menos incêndio, as pessoas vão ser motivadas. E eu estou convencido que até 2030, Jalília, até 2030 a gente vai ter desmatamento zero nesse país.

Jornalista Jalília Messias: O senhor tem repetido que chegou a hora da colheita. Na sua opinião [falha na transmissão].

Presidente Lula: … Ajustando a tabela do Imposto de Renda. Porque quando a gente não reajusta, vai aumentando o teu pagamento. Então a gente reajusta até lá. Então, agora nós já conseguimos. Foi primeiro para quem ganha dois salários mínimos e depois para quem ganhava um pouco mais. E agora até R$ 5 mil. E também quem ganha até sete mil e pouco vai ter um desconto. Essa é uma coisa maravilhosa.

Outra coisa maravilhosa é que nós aprovamos um programa chamado Gás do Povo. Que nós vamos entregar botijão de gás para 17 milhões e meio de famílias que estão no CadÚnico. Pessoas mais pobres que não podem pagar. São 17 milhões e meio de famílias que vão receber gás de graça.

Nós aprovamos o programa também Luz do Povo, que é um programa que vai garantir para quem ganha, para quem consome até 80 quilowatts, ou seja, não vai pagar nada. E quem consome até 120, vai pagar [falha na transmissão] entre os 80 e os 120.

O Pé-de-Meia, além disso, nós temos o Bolsa Família crescendo. Além disso, nós temos outros programas sociais. O programa [falha na transmissão]...

Queremos que o povo brasileiro não [falha na transmissão]... Espera um ano. Aí quando chega o ano, o cardiologista fala: “Você vai ter que fazer uma ressonância magnética”. Aí vai lá na moça, a moça fala: “Vai esperar um ano para fazer a ressonância magnética”.

Não, vai acabar com isso. O povo vai fazer a consulta, depois da consulta tem que em menos de 30 dias ter o especialista, e depois de menos de 30 dias vai ter que ter a máquina para a gente salvar vida nesse país.

E além disso, a escola de tempo integral, que já tem mais de um milhão de alunos.
Além disso, o Pé-de-Meia, que tem 4 milhões de alunos recebendo uma poupança para não desistir da escola. Por que a gente fez isso? Porque nós descobrimos que 480 mil jovens desistiam da escola por ano no ensino médio para ajudar no orçamento familiar. Só aqui nesse estado tem 270 mil pessoas recebendo o Pé-de-Meia.

Então é a colheita mais extraordinária. [Falha na transmissão] de carros da história desse país está acontecendo agora. Quando eu deixei a presidência em 2010, Jalília, esse país vendia 3 milhões e 600 mil carros.

Quando eu voltei em 2023, eles só vendiam 1 milhão e 600, menos da metade. E nós estamos recuperando o poder de compra do povo, o poder de fabricação da indústria automobilística, de investimentos.

Fazia anos que eles não faziam investimentos. Já anunciaram investimentos de 190 bilhões de reais para os próximos anos. Então a colheita é extraordinária. É a maior massa salarial.

É a maior renda do trabalhador nesse país. A inflação está em 5%, com o viés de cair cada vez mais. Nós temos um problema com a taxa de juros que está alta.

E nós vamos ter que cuidar para que ela abaixe um pouco mais. Porque a gente precisa ter consciência de que inflação baixa, juros baixos, significa crescimento, significa geração de emprego, significa melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro. E disso eu não abro mão.

Jornalista Jalília Messias: Presidente, para a gente encerrar, eu volto à COP, em um ano de conferência decisiva para os acordos climáticos. O que, na sua opinião, definirá se a COP30 terá sido realmente bem sucedida?

Presidente Lula: O resultado. Nós estamos fazendo uma COP muito interessante. Nós estamos separando a reunião de chefes de Estado, que será dois dias antes da reunião da COP da sociedade civil e dos especialistas. Porque eu quero que os chefes de Estado venham aqui. Obviamente que não vai vir todos.

Você pensa, eu mandei uma carta para o presidente Trump [Donald, dos Estados Unidos]. Eu mandei uma carta para o presidente Xi Jinping [da China]. Eu mandei uma carta para todos os presidentes do mundo. Até para o Papa [Leão XIV] eu mandei uma carta.

Porque eu quero que essa COP seja a COP que fale com o mundo. Essa COP é uma COP que, se a gente não fizer as coisas adequadamente, Jalília, a sociedade começa a perder confiança.

E na medida que a sociedade perde confiança, as coisas não começam a acontecer, o povo começa a ficar revoltado. E aí começa a surgir o extremismo de direita, como a gente está vendo no mundo inteiro. Então é o seguinte, nós que somos dirigentes políticos, precisamos ter coragem e ser verdadeiros com o povo.

Nós vamos ou não vamos consertar esse mundo? E eu acho que nós temos condições de consertar. Então eu acho que essa COP vai definir o comportamento dos líderes mundiais. Ela vai definir o comportamento de cada país.

E aqui no Brasil, nós vamos fazer a nossa parte. Eu aprendi com a dona Lindu [mãe do presidente Lula]. Nada é impossível quando a gente quer fazer. E eu quero fazer. Nada é impossível quando a gente tem uma causa. E eu tenho uma causa. E a minha causa é esse país. E a minha causa é melhorar a vida desse povo. E ninguém vai segurar.

Portanto, Jalília, eu estou muito otimista. Estou muito otimista. Olha, eu participei de todos os G20, porque eu participei da criação dos G20. Nós fizemos o melhor G20 no Brasil. Eu participei de todas as reuniões dos BRICS. Nós fizemos o melhor BRICS no Brasil.

E eu participo de COP desde 2009. E nós vamos fazer a melhor COP da história das COP. Portanto, Jalília, você como jornalista, você vai ter o prazer de receber todos os estrangeiros aqui e eles vão sair daqui satisfeitos porque foram tratados com dignidade, com deferência, com respeito, com muita alegria.

Eu quero que eles aprendam a dançar carimbó. Além de comer bem, além de conhecer a Amazônia, além de ser picado por um carapanã, eu quero que eles aprendam a dançar carimbó. Eu quero que eles aprendam a comer um filhote [peixe da região amazônica].

Eles têm que saber que no Brasil tem coisa boa. Eles têm que saber que na Amazônia tem o Estado do Pará. E no Estado do Pará tem a cidade de Belém, que tem um povo extraordinariamente amoroso, gentil, alegre. E é isso que a gente vai passar.

Eu tenho certeza que o mundo vai ficar de boca aberta com a qualidade de homens e mulheres de Belém.

Jornalista Jalília Messias: Obrigada, presidente, pela entrevista. Bom retorno à Brasília em paz. O senhor ainda fica em Belém até o início da tarde. Bom trabalho e até a COP.

Presidente Lula: Ah, você está convidada para me acompanhar na agenda. Nós vamos agora visitar o museu, vamos visitar um monte de coisa aí para a gente poder terminar a nossa COP e ficar com um legado histórico. Eu vou recobrar aqui.

É o maior investimento da história do Estado do Pará. Não por conta da COP, por causa do PAC, de R$ 45,5 bilhões. E só na COP são R$ 6 bilhões do Governo Federal, mais a parceria com o governo do Estado.

Então, Belém não vai ter tudo pronto, mas Belém vai ser muito mais bonita quando terminar a COP.

Jornalista Jalília Messias: Obrigada, presidente.

Presidente Lula: Obrigado Jalília.