Entrevista do presidente Lula após o funeral do Papa Francisco em Roma
Repórter: Presidente, já dá uma palavrinha pra gente sobre a cerimônia do Papa Francisco.
Presidente Lula: Primeiro, eu acho que nós perdemos o líder religioso mais importante deste primeiro quarto de século XXI.
O Papa Francisco, ele não era apenas um Papa, ele era uma emoção, ele era um coração, ele era um líder político, ele se preocupava não apenas com a espiritualidade das pessoas, mas se preocupava com a guerra da Ucrânia, se preocupava com a guerra de Gaza, se preocupava com a fome, se preocupava com as coisas que afligem o povo do mundo inteiro.
Portanto, eu acho que a nossa vinda aqui é um agradecimento, um agradecimento a Deus, sabe, que permitiu que a gente pudesse acompanhar a partida de um dos homens que marcou história nesse século XXI. Eu fico agradecido que o presidente do Senado tenha vindo comigo, o nosso querido presidente da Câmara, os nossos deputados, a minha mulher, a Janja, os ministros Lewandowski, Paulo Teixeira, Macaé ou seja, porque as pessoas tinham efetivamente no Brasil um apreço muito grande pelo comportamento como homem, como religioso do Papa Francisco.
Então, eu acho que foi uma dívida que nós pagamos ao homem que prestou serviços à humanidade. Quisera Deus que o próximo Papa fosse igual a ele, com o mesmo coração dele, com os mesmos compromissos religiosos dele, com os mesmos compromissos com o combate à desigualdade que tem o Papa Francisco. Então, eu volto para o Brasil, sabe, certo que nós cumprimos o nosso dever, como cristãos, como religiosos e como político, de vir no enterro de uma pessoa admirável como o Papa Francisco.
Repórter: Presidente, uma cena que chamou bastante a atenção ali na Basílica foi o Trump [Donald Trump, presidente dos EUA] e o Zelensky [Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia] conversando, como o Francisco pediu. O que o senhor espera dessa conversa? O senhor tem acompanhado essas negociações de paz?
Presidente Lula: Eu não sei o que eles conversaram, eu não posso intuir a conversa. Veja, eu acho que o que é importante é que se converse para ver se encontram uma saída para essa guerra, que essa guerra está ficando sem explicação.
Ninguém consegue explicar e ninguém quer falar em paz. E o Brasil continua teimando que a solução é a gente fazer com que os dois sentem na mesa de negociação e encontrem uma solução, não só para Ucrânia e para a Rússia, mas também para a violência que Israel comete contra a Faixa de Gaza.
Repórter: O senhor cumprimentou o presidente Trump? O senhor cumprimentou o presidente Trump?
Presidente Lula: Não, não cumprimentei porque eu estava conversando com o meu pessoal sobre a questão da segurança na saída, que estava uma confusão muito grande, e eu não cumprimentei, não olhei nem para o lado, eu não vi o Trump, na verdade.