Entrevista do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao jornal Tribuna do Norte (RN)
Pergunta — A Barragem de Oiticica está com mais de 90% das obras concluídas. Há um impasse em relação a novas desapropriações. O projeto será finalmente concluído?
Presidente Lula — Nos 100 dias de meu governo anunciei que retomaríamos a obra da Barragem de Oiticica, uma obra fundamental para o Rio Grande do Norte, com capacidade de mais de 550 milhões de metros cúbicos de água. Ela deve ser concluída no ano que vem. É uma obra que começou em 2013, com apoio do governo da presidenta Dilma, mas que ficou parada no último governo, como milhares que encontramos no país. Agora, está incluída no Novo PAC e estamos dando todo apoio à governadora Fátima Bezerra para a conclusão.
Pergunta — Quando serão finalizadas as obras do Ramal do Apodi?
Presidente Lula — O Ramal do Apodi também está no Novo PAC e vai ser concluído em 2025. Essa é a nossa previsão. É uma obra indispensável para levar a água que chega da Paraíba, pelo Projeto de Integração do São Francisco, a mais de 700 mil pessoas no Rio Grande do Norte, na Paraíba e no Ceará. Eu estou muito feliz de poder visitar estas obras que estão gerando emprego e vão levar água para o interior do Rio Grande do Norte.
Pergunta — O RN também espera há anos pela duplicação da Reta Tabajara, outra obra que estava no PAC desde as primeiras versões. O projeto será concluído quando?
Presidente Lula — Nosso objetivo com o Novo PAC, além de retomar milhares que obras que encontramos paralisadas, é concluir aquelas que são fundamentais para a melhoria da vida das pessoas e que promovam o desenvolvimento econômico. A Reta Tabajara é uma dessas obras e será concluída até 2025. Neste ano, já foram duplicados 2,3 km e outros 4,7 km serão entregues até dezembro, totalizando 7 km em 2023. O edital para a execução do trecho urbano, incluindo vias marginais e o viaduto de acesso ao aeroporto de São Gonçalo do Amarante, será publicado ainda neste ano.
Pergunta — O Ministério da Justiça prometeu R$ 100 milhões ao RN após os ataques criminosos de março. Até agora o dinheiro ainda não chegou por completo. Porque tanta demora? O que o governo tem feito para combater a criminalidade?
Presidente Lula — Os recursos estão chegando. O governo federal tem que trabalhar com os governadores no combate ao crime organizado. Na época da crise, mandamos a Força Nacional e endereçamos os 100 milhões, que são 30 para investimento, 26 milhões para o reforço do sistema penitenciário, 19 milhões para custeio e 15 milhões para equipar melhor a polícia do estado. Estamos recuperando a atuação da a PF e da Rodoviária Federal, e estamos combatendo a distribuição indiscriminada de armas do governo anterior, que foram parar, muitas delas, na mão do crime organizado. Eu sei que é uma área que causa muita angústia à população, e junto com o ministro Flávio Dino temos aumentado os investimentos federais nessa área e vamos procurar medidas para combater as facções criminosas que se espalharam pelo país.
Pergunta — A questão da saúde pública continua grave no RN. São muitas pessoas em filas de espera para cirurgias e hospitais com deficiências. O governo federal tem projetos para contribuir com a solução do problema?
Presidente Lula — A gente retomou programas e está criando vários novos projetos na saúde, que foi uma área muito afetada pelo governo anterior. A principal dificuldade é o acesso ao especialista, a hora de fazer um exame ou uma cirurgia, para dar prosseguimento ao tratamento. Durante a campanha, insisti que era preciso enfrentarmos esse problema. Logo em fevereiro, lançamos o Programa Nacional de Redução de Filas de Cirurgias, Consultas e Exames e repassamos R$ 3,8 milhões para o Rio Grande do Norte fazer 6,7 mil cirurgias eletivas. Ao todo, já transferimos R$ 972 milhões para o atendimento à saúde dos potiguares, só neste ano. O governo anterior tinha acabado com o Mais Médicos, mas nós o retomamos em todo o país. O Rio Grande do Norte recebeu mais 34 profissionais e, hoje, 305 médicos estão em atividade nos municípios. Retomamos também o Farmácia Popular. Além disso, foram habilitadas novas equipes de saúde da família e de saúde bucal, além de dez unidades básicas. O estado tem hoje mais de mil unidades de saúde funcionando. Queremos ver se conseguimos avançar mais com telemedicina para fazer com que o especialista, que muitas vezes está na grande cidade, possa atender pacientes do interior com a ajuda do clínico geral do mais médicos, que acompanha a consulta com o paciente. Isso tem funcionado em alguns municípios da Amazônia e eu espero que a gente consiga ampliar ao máximo para todo o país.