Entrevista do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Jornal Folha de S. Paulo
Às vésperas de completar um ano dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com a Folha de S. Paulo e falou sobre as conversas em torno da GLO e o fortalecimento da democracia
Presidente Lula – Olha, nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino – e foram muitas conversas –, dentre várias coisas que ele falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder dispute as eleições e ganhe como eu ganhei as eleições. Por que que eu, com oito dias de governo, iria dar a outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que a gente tinha que resolver na política?
Presidente Lula – Tinha gente que não queria que eu viesse para Brasília, que eu voltasse para São Paulo. Ficasse, em vez de vir de Araraquara (SP) para cá, que eu ficasse lá. Não. E eu disse: 'Não, vou para Brasília, vou para o hotel e vou para o Palácio'. Eu ganhei as eleições, eu tomei posse, o povo me deu o direito de ser presidente durante quatro anos. Eu não vou fugir à minha responsabilidade. E foi resolvido na política.
Presidente Lula – Eu acho que o que aconteceu pode ser um processo depurador, sabe? De quem vai fortalecer a democracia e de quem queria enfraquecer a democracia. Nós poderemos estar construindo a possibilidade desse país viver todo o século XXI sem ter golpe de Estado.