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Você está aqui: Página Inicial Acompanhe o Planalto Entrevistas Entrevista coletiva do presidente Lula em Joanesburgo - final do G20
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Entrevista coletiva do presidente Lula em Joanesburgo - final do G20

Transcrição da entrevista coletiva do presidente Lula em Joanesburgo - final do G20, em 23 de novembro de 2025
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Publicado em 24/11/2025 19h28 Atualizado em 25/11/2025 12h32

 

 

Presidente Lula: É minha vez?

Laércio Portela [secretário de Imprensa da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República]: Sua vez, presidente.

Presidente Lula: Pergunta.

Laércio Portela: Vamos às perguntas?

Presidente Lula: Não, deixa só eu dizer uma coisa para vocês. O que é importante ter em conta é que vocês devem ter notado que, nesses últimos 15 meses, o Brasil teve uma árdua tarefa de organizar três fóruns extremamente importantes.

O primeiro começou com o G20 no Rio de Janeiro, que foi um êxito extraordinário. Depois, o BRICS, também no Rio de Janeiro, que foi um outro fórum extraordinário. E a COP no Rio de Janeiro [em Belém], o que demonstra que o Brasil está mais do que preparado.

E o único fórum desses todos que o Brasil fez que fracassou foi a gente ter perdido da Alemanha de 7 a 1, a Copa do Mundo de 2014, que não estava nos nossos prognósticos. Nem de vocês e nem do meu. Mas o resto foram todos eventos de muito sucesso e eu estou muito feliz, porque esses eventos significam a sobrevivência e o fortalecimento do multilateralismo.

Se alguém imaginou que poderia enfraquecer o multilateralismo, esses eventos, tanto da COP quanto do G20 aqui na África do Sul, demonstram que o multilateralismo está mais do que vivo. E, ao mesmo tempo, há uma unanimidade em todos os membros do G20 de que é preciso renovar e fortalecer a Organização Mundial do Comércio para que o multilateralismo possa ganhar força.

Então, eu estou satisfeito. Saio da África do Sul, vou a Moçambique para uma visita bilateral amanhã, estabelecer alguns acordos com Moçambique e, depois, regresso para o Brasil, onde eu pretendo não viajar mais este ano a não ser para Brasília ou para Foz de Iguaçu — ou mesmo em Brasília, para assinar o Acordo MERCOSUL--União Europeia, que eu penso que será assinado dia 20 de dezembro.

Depois disso, nós vamos entrar no Ano Novo e aí eu tenho uma visita de Estado à Índia, que é uma visita que eu estou muito com muita expectativa, o primeiro-ministro Modi [Narendra, da Índia] também está com muita expectativa. Porque nós achamos que os dois países são muito grandes para ter um fluxo comercial muito pequeno e queremos priorizar os investimentos das nossas empresas e, ao mesmo tempo, priorizar o comércio Brasil-Índia para a gente não ficar dependendo de nenhum país.

Então, depois, nós vamos entrar num processo que vocês sabem que é um processo, em um ano de eleição, e aí vai ter uma disputa. Mesmo assim, eu ainda vou receber a África do Sul no Brasil, mesmo assim eu ainda vou receber o Canadá no Brasil, mesmo assim, e, talvez, eu receba também a Coreia no Brasil. Então, até maio, a gente vai ter uma agenda internacional intensa ainda. Isso é muito importante, porque nós estamos com 486 novos mercados que foram criados em dois anos e meio.

Estamos esperando o momento em que a gente vai anunciar que nós criamos 500 novos mercados para os produtos brasileiros no mundo. Em uma demonstração de que o Brasil não depende de um só país, de que quanto mais comércio e quanto mais países a gente puder visitar, melhor para a gente vender os produtos que precisamos vender e comprar aquilo que nós precisamos comprar. Dito isso, eu me coloco à inteira disposição de vocês.

Estou muito satisfeito com o sucesso da COP em Belém. Aqueles que imaginavam que Belém não estava preparada, que não ia dar certo a COP, a COP foi um sucesso extraordinário e eu tenho certeza que as pessoas que foram, que tiveram a oportunidade de conhecer a cidade, que tiveram a oportunidade de conhecer a culinária da cidade de Belém, devem ter voltado maravilhadas. Quem não fez isso, se arrependeu.

Vamos às perguntas. 

Laércio Portela: Vamos começar com Daniel Carvalho, da Bloomberg.

Jornalista Daniel Carvalho [Bloomberg]: Oi, presidente. Aqui desse lado. Tudo bem, presidente? Presidente, queria perguntar sobre o G20. Foi um fórum que já começou esvaziado este ano, com a ausência do presidente Trump, do Xi Jinping. Vários líderes ontem nos discursos falaram do risco do fim do G20. Eu queria saber, para o senhor, qual é a solução para manter a vitalidade, manter o G20 vivo? Por favor. Obrigado.

Presidente Lula: Primeiro, se vocês acompanharam o G20, não é a primeira vez que falta um líder importante. Em outras vezes, nós já fizemos o G20 sem lideranças importantes que não puderam participar. O presidente Xi Jinping [da China] não veio, mas veio o primeiro vice-ministro dele, ou seja, o primeiro-ministro da China.

Então a China está representada com uma forte delegação. O presidente Trump [Donald, dos Estados Unidos] não veio, mas ele vai ter que presidir o próximo G20 nos Estados Unidos. E ele vai estar presente e todos nós iremos lá prestigiar o G20.

A ausência de um dirigente não significa nada para o G20. Não significa nada porque o G20 é formado pelas 20 maiores economias do mundo e eu acho que o G20 hoje é o grande fórum de decisões multilaterais e que tem a respeitabilidade de toda a economia. Estavam todos os países representados, menos os Estados Unidos.

Em outras vezes, não veio um ou outro país e o G20 continua fortalecido e vai ser muito fortalecido. Qual é a minha inquietação com o G20? A minha inquietação é que nós precisamos começar a tomar decisões para que alguma coisa seja colocada em prática até o próximo fórum, porque senão vai dar um vazio e as pessoas vão ficando desestimuladas. Então o que nós precisamos é colocar em prática as coisas que nós decidimos e isso eu acho que ficou claro para todo mundo com o documento assinado em Joanesburgo.

Laércio Portela: Vou passar a palavra para Julie, da AFP.

Jornalista Julie Bourdin [AFP]: Boa tarde, sr. presidente. Você falou sobre o G20, mas eu me pergunto se você acha que o fato de que a declaração...

Presidente Lula: Eu não estou ouvindo aqui, então você vá perto dela. Então, vá perto dela para você ouvir e traduzir para mim. Ficar sussurrando no meu ouvido, só a Janja.

Jornalista Julie Bourdin [AFP]: Você acha que o fato de a declaração ter sido assinada sem presença dos Estados Unidos estarem presentes na sala é um sinal de que possa enfraquecer para o futuro reuniões desse tipo?

Presidente Lula: Os Estados Unidos não estavam presentes. Portanto, nós não sabemos se ele concordou ou não concordou. É só isso.

Não tem nenhum outro significado. O presidente Trump tem dado demonstrações já há alguns meses. Ele já se afastou da Unesco, ele já se afastou da Organização Mundial do Comércio.

Ele está tentando fazer uma pregação prática do fim do multilateralismo, tentando fortalecer o unilateralismo. Eu acho que vai vencer o multilateralismo, porque todo mundo aqui sabe que juntos nós seremos muito mais fortes, muito mais competentes e temos mais facilidade de resolver o problema do mundo.

Laércio Portela: Vamos à próxima pergunta, Murilo Salviano, da TV Globo.

Jornalista Murilo Salviano [TV Globo]: Oi, presidente, boa tarde para o senhor.

COP30 finalizada no Brasil. Todos nós sabemos da dificuldade de se aprovar um texto com mais de 190 países presentes numa mesa. O tal mapa do caminho para acabar com os combustíveis fósseis acabou não entrando no documento final.

Era um ponto que o senhor investiu bastante energia política. A quem o senhor responsabiliza esse resultado? O senhor falou que está satisfeito. O senhor está realmente satisfeito com o que foi estabelecido ali no documento final da COP30? E já que o senhor citou o 7 a 1 da Alemanha na COP, a gente teve outro 7 a 1 que foi a indelicadeza do primeiro-ministro alemão.

O senhor teve uma bilateral com ele, teve a oportunidade de conversar ali sem a imprensa presente. Quero saber se o senhor puxou a orelha dele. O que é que o senhor disse sobre Belém?

Presidente Lula: Não. Eu apenas contei uma história para o primeiro-ministro [chanceler federal] alemão. Eu disse para ele que a nossa cabeça pensa onde os nossos pés pisam. Como possivelmente ele não tenha saído à noite, não tenha comido a maniçoba, não tenha comido um filhote e não tenha dançado carimbó, ele veio para o Brasil, mas a cabeça dele ficou em Berlim. Então ele não conseguiu conhecer Belém.

Eu disse isso para ele e disse para ele que quando eu vou para Berlim, embora eu goste muito do Brasil, quando eu chego na Alemanha eu como chucrute, como joelho de porco, compro linguiça nas carrocinhas, salsicha e como. Porque eu não vou viajar para outro país para ficar querendo comer feijoada. Não vou viajar para outro país para ficar comendo...

Então, eu acho que é um problema de experiência política. Acho que na outra vez que ele vier ao Brasil, eu acho que ele vai aprender a gostar do Brasil. Nós marcamos uma bilateral.

Eu estarei em Hanôver na maior feira industrial do mundo. Estarei em Hanôver para provar que o nosso combustível, o nosso óleo diesel, a nossa gasolina emite menos CO2 do que o combustível deles. Vou fazer um teste lá.

Já desafiei ele, desafiei a Mercedes-Benz, que nós vamos provar que o combustível do Brasil emite menos CO2 que o combustível dos outros países. Bem, o que acontece de fato e de direito? Veja, quando nós introduzimos a discussão sobre o mapa do caminho, nós sabíamos que era um tema polêmico. Afinal de contas, o Brasil é um produtor de petróleo.

Nós estamos tirando 5 milhões de barris por dia. Não é pouca coisa. Mas o que nós queremos – e o mapa do caminho não é uma imposição de uma data — é uma discussão em que você tem que envolver especialistas, você tem que envolver as empresas de petróleo para que você comece a vislumbrar os passos que você tem que dar até você chegar a extinguir o uso de combustível fóssil. Até porque o petróleo não é só para gasolina e para diesel. Pode ser também para o setor petroquímico. Vai continuar tendo a sua importância. 

Eu sabia que era difícil. Eu nunca imaginei que a Arábia Saudita fosse concordar com isso. E, mesmo no Brasil, se a gente fizesse um debate no Brasil, muita gente seria contra. O que nós queríamos e conseguimos foi começar um debate sobre uma coisa que todo mundo sabe que vai ter que acontecer.

Veja, se é verdade que os combustíveis fósseis são responsáveis por mais de 80% da emissão de gás de efeito estufa, é verdade que nós precisamos dar uma solução nisso. No caso do Brasil, nós estamos dando o melhor do que qualquer outro país, com a introdução de 15% de biodiesel no óleo diesel e com a introdução de 30% de etanol na gasolina. Então o Brasil já está dando uma lição de que é possível você diminuir o uso de combustível fóssil. O Brasil não está inventando, o Brasil está dando exemplo do que é possível.

Os outros países podem fazer isso. Por exemplo, o Continente Africano que precisa se desenvolver, que precisa gerar emprego, pode ser um grande produtor dessa matéria-prima para exportar para os países que não têm onde plantar, como a União Europeia toda. Então o que nós colocamos é o seguinte: é possível.

Não sei se você percebe, todo ano a Europa inventa um novo mix tecnológico dos caminhões. Então era Euro 1, Euro 2, Euro 3, Euro 4, Euro 5, Euro 7. Cada vez que ela aumenta um Euro, que é um mix tecnológico para diminuir a emissão, o caminhão aumenta aqui no Brasil 15%. Eu disse para eles que o Brasil não precisava utilizar o mix deles, porque o nosso combustível é diferente do combustível deles.

E por isso que eu disse, naquele dia que a Mercedes-Benz foi visitar o Palácio do Planalto, que eu quero levar o combustível para lá e fazer um teste lá. Não quero fazer um teste aqui no Brasil, eu quero fazer um teste lá para provar que nós temos melhores condições de emitir menos CO2 do que eles. Então, eu acho que a discussão foi extraordinária, ela foi um grande começo.

Você estava com a COP mais ou menos dividida, você tinha oitenta e poucos países contra oitenta e oito países a favor. Foi muito difícil mudar de decisão, foi muito difícil. E nós mudamos de decisão porque a gente era o país sede, a gente queria construir um documento único.

Depois nós conversamos duas horas da manhã, três horas da manhã, falamos com a Ursula von der Leyen [presidente da União Europeia], aqui, falamos com o António Costa [presidente do Conselho Europeu], falamos com o Macron [Emmanuel, presidente da França], telefonamos com o André [Corrêa do Lago, presidente da COP30] muitas vezes, com a Marina [Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima] muitas vezes, telefonamos com o Petro [Gustavo, presidente da Colômbia], telefonamos com a ministra do Petro. Ou seja, eu sei que deu certo. Aprovou-se um documento único e o multilateralismo saiu vitorioso na COP30 e Belém ficou maravilhosamente bonita para o povo do Pará. É isso.

Laércio Portela: Vamos à próxima pergunta. Pedro Alonso, da Agência EFE, por favor.

Jornalista Pedro Alonso [Agência EFE]: Senhor presidente, gostaria de perguntar se o aparato militar dos Estados Unidos no Caribe frente à Venezuela foi discutido no G20 e também se você se preocupa com um conflito militar potencial na região. Obrigado.

Presidente Lula: Veja, eu estou preocupado porque a América do Sul é considerada uma zona de paz. Nós somos um continente que não temos armas nucleares, não temos bomba atômica, não temos nada. Lá o nosso negócio é trabalhar para se desenvolver e crescer.

A mim me preocupa muito o aparato militar que os Estados Unidos colocaram no Mar do Caribe. A mim me preocupa muito. E eu pretendo conversar com o presidente Trump sobre isso, porque está me preocupando.

O Brasil tem responsabilidade na América do Sul, o Brasil faz fronteira com a Venezuela e não é pouca coisa. E eu acho que não tem nenhum sentido você ter uma guerra agora. Ou seja, não vamos repetir o erro que aconteceu na guerra da Rússia e da Ucrânia.

Ou seja, para começar, basta dar um tiro. Para terminar, não se sabe como termina. Então é importante que a gente tente encontrar uma solução antes de começar.

Eu quero lhe dizer que eu estou muito preocupado e gostaria que não acontecesse, sabe, nada, nada, nada militarmente na América do Sul.

Laércio Portela: Passar a próxima pergunta, André Fontenelle, da Folha de S. Paulo.

Jornalista André Fontenelle [Folha de S. Paulo]: Presidente, boa tarde.

Presidente Lula: Boa tarde.

Jornalista André Fontenelle [Folha de S. Paulo]: Seis anos atrás o Jair Bolsonaro era presidente e o senhor estava na prisão. Agora o Jair Bolsonaro teve a prisão decretada. Queria saber que reflexão o senhor teve ao ser informado da notícia e das circunstâncias particulares, como tentativa de inutilização da tornozeleira eletrônica. E queria saber também se o senhor acha que isso pode provocar algum retrocesso na melhoria da relação com o presidente Trump recente.

Presidente Lula: Olha, a primeira coisa é que eu não faço comentário sobre uma decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou a decisão, ele foi julgado, ele teve todo o direito à presunção de inocência, foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento. Ou seja, então, a Justiça decidiu, está decidido, ele vai cumprir com a pena que a Justiça determinou e todo mundo sabe o que ele fez. Então, eu não tenho mais comentário a fazer.

Jornalista André Fontenelle [Folha de S. Paulo]: E sobre o presidente Trump? Ele teria reagido dizendo “uma pena”.

Presidente Lula: Acho que não tem nada a ver, acho que o Trump tem que saber que nós somos um país soberano, que a nossa Justiça decide e o que decide aqui está decidido.

Laércio Portela: Vamos passar para a próxima pergunta. A Patrícia Pinheiro, por favor, da Rede TV.

Jornalista Patrícia Pinheiro [Rede TV]: Boa tarde, presidente.

MERCOSUL. O senhor ontem se encontrou com a Ursula, com o Macron. O senhor acha que definitivamente agora a gente pode ter uma garantia de que esse acordo será assinado e será assinado ainda no seu mandato como presidente do grupo MERCOSUL, da gestão, este ano? O senhor acha que o presidente Macron vai abrir o coração como o senhor pediu para ele quando o senhor se encontrou com ele na França?

Presidente Lula: Eu vou só lhe dizer uma coisa. Eu não estou fazendo acordo com a França. Eu estou fazendo acordo com a União Europeia, que tem tanto o presidente do Conselho como a secretária Ursula von der Leyen como os negociadores. Eles representam toda a União Europeia. É com eles que eu estou fazendo acordo. Eu posso lhe garantir que, no dia 20 de dezembro, estarei assinando o acordo União Europeia-MERCOSUL. E você estará convidada para fazer cobertura ao vivo, porque é um momento muito especial para o MERCOSUL e um momento especial para a União Europeia.

É um acordo que envolve, praticamente, 722 milhões de habitantes e um PIB de 22 trilhões de dólares. É uma coisa extremamente importante, possivelmente seja o maior acordo comercial do mundo. E aí, depois que a gente assinar o acordo, ainda vai ter muita tarefa para a gente poder começar a usufruir das benesses desse acordo. Mas vai ser assinado.

Patrícia Pinheiro [Rede TV]: Já que o senhor me convidou, eu preciso comprar passagem. Seria Brasília ou Foz do Iguaçu?

Presidente Lula: Eu vou fazer em Brasília porque, possivelmente, nós temos um problema com o Paraguai, que não pode participar no dia 20. Possivelmente, a gente marque o MERCOSUL, marque a reunião do MERCOSUL para o começo de janeiro e a gente assina no dia 20 de dezembro.

Laércio Portela: Depois a gente tira dúvidas, se for o caso. Vamos à última pergunta. Nellie Peyton, da Reuters.

Jornalista Nellie Peyton [Reuters]: Senhor presidente, Nellie Peyton, da Reuters. Presidente, o senhor disse que não se importava muito com a ausência do presidente Trump, que isso não afetaria. Mas o senhor não acha que, com a ausência do presidente Trump, sob a liderança da presidência sul-africana, e com o fato de ter se chegado a uma declaração final sem a presença dos Estados Unidos, independentemente dos Estados Unidos, e sem que eles quisessem que isso acontecesse, o senhor acha que isso é uma demonstração de que a influência americana no mundo está diminuindo?

Presidente Lula: Você não pode fazer julgamento da importância ou não da participação de um país porque ele faltou a uma reunião. Todos os presidentes já faltaram em alguma reunião. E a reunião acontece mesmo sem ter um presidente. Obviamente que, pelo fato dos Estados Unidos não estarem presentes, ele não participou da elaboração do documento e não participou da votação do documento.

Mas os 19 países que estavam votaram por unanimidade a aprovação do documento. É isso. Ou seja, os Estados Unidos não perdem o seu significado por não terem vindo. Os Estados Unidos continuam sendo a maior economia do mundo, o país mais importante. Mas é só importante saber que nós existimos mesmo quando eles não participam de uma reunião. É só isso. Eu espero que eles consigam fazer uma belíssima reunião em Miami. 

Laércio Portela: Ok, pessoal. Eu queria agradecer a participação de todos. Até a próxima. Obrigado.

Presidente Lula: Gente, obrigado.

Transcrição da entrevista coletiva do presidente Lula em Joanesburgo - final do G20
23 de nov. de 2025
Link da transmissão no YouTube
Presidente Lula: É minha vez?Laércio Portela [secretário de Imprensa da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República]: Sua vez, presidente.Presidente Lula: Pergunta.Laércio Portela: Vamos às perguntas?Presidente Lula: Não, deixa só eu dizer uma coisa para vocês. O que é importante ter em conta é que vocês devem ter notado que, nesses últimos 15 meses, o Brasil teve uma árdua tarefa de organizar três fóruns extremamente importantes.O primeiro começou com o G20 no Rio de Janeiro, que foi um êxito extraordinário. Depois, o BRICS, também no Rio de Janeiro, que foi um outro fórum extraordinário. E a COP no Rio de Janeiro [em Belém], o que demonstra que o Brasil está mais do que preparado.E o único fórum desses todos que o Brasil fez que fracassou foi a gente ter perdido da Alemanha de 7 a 1, a Copa do Mundo de 2014, que não estava nos nossos prognósticos. Nem de vocês e nem do meu. Mas o resto foram todos eventos de muito sucesso e eu estou muito feliz, porque esses eventos significam a sobrevivência e o fortalecimento do multilateralismo.Se alguém imaginou que poderia enfraquecer o multilateralismo, esses eventos, tanto da COP quanto do G20 aqui na África do Sul, demonstram que o multilateralismo está mais do que vivo. E, ao mesmo tempo, há uma unanimidade em todos os membros do G20 de que é preciso renovar e fortalecer a Organização Mundial do Comércio para que o multilateralismo possa ganhar força.Então, eu estou satisfeito. Saio da África do Sul, vou a Moçambique para uma visita bilateral amanhã, estabelecer alguns acordos com Moçambique e, depois, regresso para o Brasil, onde eu pretendo não viajar mais este ano a não ser para Brasília ou para Foz de Iguaçu — ou mesmo em Brasília, para assinar o Acordo MERCOSUL--União Europeia, que eu penso que será assinado dia 20 de dezembro.Depois disso, nós vamos entrar no Ano Novo e aí eu tenho uma visita de Estado à Índia, que é uma visita que eu estou muito com muita expectativa, o primeiro-ministro Modi [Narendra, da Índia] também está com muita expectativa. Porque nós achamos que os dois países são muito grandes para ter um fluxo comercial muito pequeno e queremos priorizar os investimentos das nossas empresas e, ao mesmo tempo, priorizar o comércio Brasil-Índia para a gente não ficar dependendo de nenhum país.Então, depois, nós vamos entrar num processo que vocês sabem que é um processo, em um ano de eleição, e aí vai ter uma disputa. Mesmo assim, eu ainda vou receber a África do Sul no Brasil, mesmo assim eu ainda vou receber o Canadá no Brasil, mesmo assim, e, talvez, eu receba também a Coreia no Brasil. Então, até maio, a gente vai ter uma agenda internacional intensa ainda. Isso é muito importante, porque nós estamos com 486 novos mercados que foram criados em dois anos e meio.Estamos esperando o momento em que a gente vai anunciar que nós criamos 500 novos mercados para os produtos brasileiros no mundo. Em uma demonstração de que o Brasil não depende de um só país, de que quanto mais comércio e quanto mais países a gente puder visitar, melhor para a gente vender os produtos que precisamos vender e comprar aquilo que nós precisamos comprar. Dito isso, eu me coloco à inteira disposição de vocês.Estou muito satisfeito com o sucesso da COP em Belém. Aqueles que imaginavam que Belém não estava preparada, que não ia dar certo a COP, a COP foi um sucesso extraordinário e eu tenho certeza que as pessoas que foram, que tiveram a oportunidade de conhecer a cidade, que tiveram a oportunidade de conhecer a culinária da cidade de Belém, devem ter voltado maravilhadas. Quem não fez isso, se arrependeu.Vamos às perguntas. Laércio Portela: Vamos começar com Daniel Carvalho, da Bloomberg.Jornalista Daniel Carvalho [Bloomberg]: Oi, presidente. Aqui desse lado. Tudo bem, presidente? Presidente, queria perguntar sobre o G20. Foi um fórum que já começou esvaziado este ano, com a ausência do presidente Trump, do Xi Jinping. Vários líderes ontem nos discursos falaram do risco do fim do G20. Eu queria saber, para o senhor, qual é a solução para manter a vitalidade, manter o G20 vivo? Por favor. Obrigado.Presidente Lula: Primeiro, se vocês acompanharam o G20, não é a primeira vez que falta um líder importante. Em outras vezes, nós já fizemos o G20 sem lideranças importantes que não puderam participar. O presidente Xi Jinping [da China] não veio, mas veio o primeiro vice-ministro dele, ou seja, o primeiro-ministro da China.Então a China está representada com uma forte delegação. O presidente Trump [Donald, dos Estados Unidos] não veio, mas ele vai ter que presidir o próximo G20 nos Estados Unidos. E ele vai estar presente e todos nós iremos lá prestigiar o G20.A ausência de um dirigente não significa nada para o G20. Não significa nada porque o G20 é formado pelas 20 maiores economias do mundo e eu acho que o G20 hoje é o grande fórum de decisões multilaterais e que tem a respeitabilidade de toda a economia. Estavam todos os países representados, menos os Estados Unidos.Em outras vezes, não veio um ou outro país e o G20 continua fortalecido e vai ser muito fortalecido. Qual é a minha inquietação com o G20? A minha inquietação é que nós precisamos começar a tomar decisões para que alguma coisa seja colocada em prática até o próximo fórum, porque senão vai dar um vazio e as pessoas vão ficando desestimuladas. Então o que nós precisamos é colocar em prática as coisas que nós decidimos e isso eu acho que ficou claro para todo mundo com o documento assinado em Joanesburgo.Laércio Portela: Vou passar a palavra para Julie, da AFP.Jornalista Julie Bourdin [AFP]: Boa tarde, sr. presidente. Você falou sobre o G20, mas eu me pergunto se você acha que o fato de que a declaração...Presidente Lula: Eu não estou ouvindo aqui, então você vá perto dela. Então, vá perto dela para você ouvir e traduzir para mim. Ficar sussurrando no meu ouvido, só a Janja.Jornalista Julie Bourdin [AFP]: Você acha que o fato de a declaração ter sido assinada sem presença dos Estados Unidos estarem presentes na sala é um sinal de que possa enfraquecer para o futuro reuniões desse tipo?Presidente Lula: Os Estados Unidos não estavam presentes. Portanto, nós não sabemos se ele concordou ou não concordou. É só isso.Não tem nenhum outro significado. O presidente Trump tem dado demonstrações já há alguns meses. Ele já se afastou da Unesco, ele já se afastou da Organização Mundial do Comércio.Ele está tentando fazer uma pregação prática do fim do multilateralismo, tentando fortalecer o unilateralismo. Eu acho que vai vencer o multilateralismo, porque todo mundo aqui sabe que juntos nós seremos muito mais fortes, muito mais competentes e temos mais facilidade de resolver o problema do mundo.Laércio Portela: Vamos à próxima pergunta, Murilo Salviano, da TV Globo.Jornalista Murilo Salviano [TV Globo]: Oi, presidente, boa tarde para o senhor.COP30 finalizada no Brasil. Todos nós sabemos da dificuldade de se aprovar um texto com mais de 190 países presentes numa mesa. O tal mapa do caminho para acabar com os combustíveis fósseis acabou não entrando no documento final.Era um ponto que o senhor investiu bastante energia política. A quem o senhor responsabiliza esse resultado? O senhor falou que está satisfeito. O senhor está realmente satisfeito com o que foi estabelecido ali no documento final da COP30? E já que o senhor citou o 7 a 1 da Alemanha na COP, a gente teve outro 7 a 1 que foi a indelicadeza do primeiro-ministro alemão.O senhor teve uma bilateral com ele, teve a oportunidade de conversar ali sem a imprensa presente. Quero saber se o senhor puxou a orelha dele. O que é que o senhor disse sobre Belém?Presidente Lula: Não. Eu apenas contei uma história para o primeiro-ministro [chanceler federal] alemão. Eu disse para ele que a nossa cabeça pensa onde os nossos pés pisam. Como possivelmente ele não tenha saído à noite, não tenha comido a maniçoba, não tenha comido um filhote e não tenha dançado carimbó, ele veio para o Brasil, mas a cabeça dele ficou em Berlim. Então ele não conseguiu conhecer Belém.Eu disse isso para ele e disse para ele que quando eu vou para Berlim, embora eu goste muito do Brasil, quando eu chego na Alemanha eu como chucrute, como joelho de porco, compro linguiça nas carrocinhas, salsicha e como. Porque eu não vou viajar para outro país para ficar querendo comer feijoada. Não vou viajar para outro país para ficar comendo...Então, eu acho que é um problema de experiência política. Acho que na outra vez que ele vier ao Brasil, eu acho que ele vai aprender a gostar do Brasil. Nós marcamos uma bilateral.Eu estarei em Hanôver na maior feira industrial do mundo. Estarei em Hanôver para provar que o nosso combustível, o nosso óleo diesel, a nossa gasolina emite menos CO2 do que o combustível deles. Vou fazer um teste lá.Já desafiei ele, desafiei a Mercedes-Benz, que nós vamos provar que o combustível do Brasil emite menos CO2 que o combustível dos outros países. Bem, o que acontece de fato e de direito? Veja, quando nós introduzimos a discussão sobre o mapa do caminho, nós sabíamos que era um tema polêmico. Afinal de contas, o Brasil é um produtor de petróleo.Nós estamos tirando 5 milhões de barris por dia. Não é pouca coisa. Mas o que nós queremos – e o mapa do caminho não é uma imposição de uma data — é uma discussão em que você tem que envolver especialistas, você tem que envolver as empresas de petróleo para que você comece a vislumbrar os passos que você tem que dar até você chegar a extinguir o uso de combustível fóssil. Até porque o petróleo não é só para gasolina e para diesel. Pode ser também para o setor petroquímico. Vai continuar tendo a sua importância. Eu sabia que era difícil. Eu nunca imaginei que a Arábia Saudita fosse concordar com isso. E, mesmo no Brasil, se a gente fizesse um debate no Brasil, muita gente seria contra. O que nós queríamos e conseguimos foi começar um debate sobre uma coisa que todo mundo sabe que vai ter que acontecer.Veja, se é verdade que os combustíveis fósseis são responsáveis por mais de 80% da emissão de gás de efeito estufa, é verdade que nós precisamos dar uma solução nisso. No caso do Brasil, nós estamos dando o melhor do que qualquer outro país, com a introdução de 15% de biodiesel no óleo diesel e com a introdução de 30% de etanol na gasolina. Então o Brasil já está dando uma lição de que é possível você diminuir o uso de combustível fóssil. O Brasil não está inventando, o Brasil está dando exemplo do que é possível.Os outros países podem fazer isso. Por exemplo, o Continente Africano que precisa se desenvolver, que precisa gerar emprego, pode ser um grande produtor dessa matéria-prima para exportar para os países que não têm onde plantar, como a União Europeia toda. Então o que nós colocamos é o seguinte: é possível.Não sei se você percebe, todo ano a Europa inventa um novo mix tecnológico dos caminhões. Então era Euro 1, Euro 2, Euro 3, Euro 4, Euro 5, Euro 7. Cada vez que ela aumenta um Euro, que é um mix tecnológico para diminuir a emissão, o caminhão aumenta aqui no Brasil 15%. Eu disse para eles que o Brasil não precisava utilizar o mix deles, porque o nosso combustível é diferente do combustível deles.E por isso que eu disse, naquele dia que a Mercedes-Benz foi visitar o Palácio do Planalto, que eu quero levar o combustível para lá e fazer um teste lá. Não quero fazer um teste aqui no Brasil, eu quero fazer um teste lá para provar que nós temos melhores condições de emitir menos CO2 do que eles. Então, eu acho que a discussão foi extraordinária, ela foi um grande começo.Você estava com a COP mais ou menos dividida, você tinha oitenta e poucos países contra oitenta e oito países a favor. Foi muito difícil mudar de decisão, foi muito difícil. E nós mudamos de decisão porque a gente era o país sede, a gente queria construir um documento único.Depois nós conversamos duas horas da manhã, três horas da manhã, falamos com a Ursula von der Leyen [presidente da União Europeia], aqui, falamos com o António Costa [presidente do Conselho Europeu], falamos com o Macron [Emmanuel, presidente da França], telefonamos com o André [Corrêa do Lago, presidente da COP30] muitas vezes, com a Marina [Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima] muitas vezes, telefonamos com o Petro [Gustavo, presidente da Colômbia], telefonamos com a ministra do Petro. Ou seja, eu sei que deu certo. Aprovou-se um documento único e o multilateralismo saiu vitorioso na COP30 e Belém ficou maravilhosamente bonita para o povo do Pará. É isso.Laércio Portela: Vamos à próxima pergunta. Pedro Alonso, da Agência EFE, por favor.Jornalista Pedro Alonso [Agência EFE]: Senhor presidente, gostaria de perguntar se o aparato militar dos Estados Unidos no Caribe frente à Venezuela foi discutido no G20 e também se você se preocupa com um conflito militar potencial na região. Obrigado.Presidente Lula: Veja, eu estou preocupado porque a América do Sul é considerada uma zona de paz. Nós somos um continente que não temos armas nucleares, não temos bomba atômica, não temos nada. Lá o nosso negócio é trabalhar para se desenvolver e crescer.A mim me preocupa muito o aparato militar que os Estados Unidos colocaram no Mar do Caribe. A mim me preocupa muito. E eu pretendo conversar com o presidente Trump sobre isso, porque está me preocupando.O Brasil tem responsabilidade na América do Sul, o Brasil faz fronteira com a Venezuela e não é pouca coisa. E eu acho que não tem nenhum sentido você ter uma guerra agora. Ou seja, não vamos repetir o erro que aconteceu na guerra da Rússia e da Ucrânia.Ou seja, para começar, basta dar um tiro. Para terminar, não se sabe como termina. Então é importante que a gente tente encontrar uma solução antes de começar.Eu quero lhe dizer que eu estou muito preocupado e gostaria que não acontecesse, sabe, nada, nada, nada militarmente na América do Sul.Laércio Portela: Passar a próxima pergunta, André Fontenelle, da Folha de S. Paulo.Jornalista André Fontenelle [Folha de S. Paulo]: Presidente, boa tarde.Presidente Lula: Boa tarde.Jornalista André Fontenelle [Folha de S. Paulo]: Seis anos atrás o Jair Bolsonaro era presidente e o senhor estava na prisão. Agora o Jair Bolsonaro teve a prisão decretada. Queria saber que reflexão o senhor teve ao ser informado da notícia e das circunstâncias particulares, como tentativa de inutilização da tornozeleira eletrônica. E queria saber também se o senhor acha que isso pode provocar algum retrocesso na melhoria da relação com o presidente Trump recente.Presidente Lula: Olha, a primeira coisa é que eu não faço comentário sobre uma decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou a decisão, ele foi julgado, ele teve todo o direito à presunção de inocência, foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento. Ou seja, então, a Justiça decidiu, está decidido, ele vai cumprir com a pena que a Justiça determinou e todo mundo sabe o que ele fez. Então, eu não tenho mais comentário a fazer.Jornalista André Fontenelle [Folha de S. Paulo]: E sobre o presidente Trump? Ele teria reagido dizendo “uma pena”.Presidente Lula: Acho que não tem nada a ver, acho que o Trump tem que saber que nós somos um país soberano, que a nossa Justiça decide e o que decide aqui está decidido.Laércio Portela: Vamos passar para a próxima pergunta. A Patrícia Pinheiro, por favor, da Rede TV.Jornalista Patrícia Pinheiro [Rede TV]: Boa tarde, presidente.MERCOSUL. O senhor ontem se encontrou com a Ursula, com o Macron. O senhor acha que definitivamente agora a gente pode ter uma garantia de que esse acordo será assinado e será assinado ainda no seu mandato como presidente do grupo MERCOSUL, da gestão, este ano? O senhor acha que o presidente Macron vai abrir o coração como o senhor pediu para ele quando o senhor se encontrou com ele na França?Presidente Lula: Eu vou só lhe dizer uma coisa. Eu não estou fazendo acordo com a França. Eu estou fazendo acordo com a União Europeia, que tem tanto o presidente do Conselho como a secretária Ursula von der Leyen como os negociadores. Eles representam toda a União Europeia. É com eles que eu estou fazendo acordo. Eu posso lhe garantir que, no dia 20 de dezembro, estarei assinando o acordo União Europeia-MERCOSUL. E você estará convidada para fazer cobertura ao vivo, porque é um momento muito especial para o MERCOSUL e um momento especial para a União Europeia.É um acordo que envolve, praticamente, 722 milhões de habitantes e um PIB de 22 trilhões de dólares. É uma coisa extremamente importante, possivelmente seja o maior acordo comercial do mundo. E aí, depois que a gente assinar o acordo, ainda vai ter muita tarefa para a gente poder começar a usufruir das benesses desse acordo. Mas vai ser assinado.Patrícia Pinheiro [Rede TV]: Já que o senhor me convidou, eu preciso comprar passagem. Seria Brasília ou Foz do Iguaçu?Presidente Lula: Eu vou fazer em Brasília porque, possivelmente, nós temos um problema com o Paraguai, que não pode participar no dia 20. Possivelmente, a gente marque o MERCOSUL, marque a reunião do MERCOSUL para o começo de janeiro e a gente assina no dia 20 de dezembro.Laércio Portela: Depois a gente tira dúvidas, se for o caso. Vamos à última pergunta. Nellie Peyton, da Reuters.Jornalista Nellie Peyton [Reuters]: Senhor presidente, Nellie Peyton, da Reuters. Presidente, o senhor disse que não se importava muito com a ausência do presidente Trump, que isso não afetaria. Mas o senhor não acha que, com a ausência do presidente Trump, sob a liderança da presidência sul-africana, e com o fato de ter se chegado a uma declaração final sem a presença dos Estados Unidos, independentemente dos Estados Unidos, e sem que eles quisessem que isso acontecesse, o senhor acha que isso é uma demonstração de que a influência americana no mundo está diminuindo?Presidente Lula: Você não pode fazer julgamento da importância ou não da participação de um país porque ele faltou a uma reunião. Todos os presidentes já faltaram em alguma reunião. E a reunião acontece mesmo sem ter um presidente. Obviamente que, pelo fato dos Estados Unidos não estarem presentes, ele não participou da elaboração do documento e não participou da votação do documento.Mas os 19 países que estavam votaram por unanimidade a aprovação do documento. É isso. Ou seja, os Estados Unidos não perdem o seu significado por não terem vindo. Os Estados Unidos continuam sendo a maior economia do mundo, o país mais importante. Mas é só importante saber que nós existimos mesmo quando eles não participam de uma reunião. É só isso. Eu espero que eles consigam fazer uma belíssima reunião em Miami. Laércio Portela: Ok, pessoal. Eu queria agradecer a participação de todos. Até a próxima. Obrigado.Presidente Lula: Gente, obrigado.

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