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Você está aqui: Página Inicial Acompanhe o Planalto Entrevistas Entrevista coletiva concedida pelo presidente Lula no fim da viagem ao Japão
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Entrevista coletiva concedida pelo presidente Lula no fim da viagem ao Japão

Transcrição da entrevista coletiva concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de março de 2025, ao fim da visita de Estado ao Japão
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Publicado em 27/03/2025 01h58 Atualizado em 27/03/2025 10h54

Eu queria começar dizendo para vocês que essa foi a visita mais importante das cinco visitas que eu já fiz ao Japão. A primeira delas, em 1975, para participar de um congresso dos trabalhadores da Toyota.

E essa visita foi importante porque nós temos uma relação histórica com o Japão, nós estamos completando 130 anos de relação diplomática e nós temos um problema a resolver com os companheiros do Japão, porque em 2011 nós tínhamos um fluxo comercial da ordem de 17 bilhões de dólares e esse fluxo caiu para 11 bilhões de dólares.

Então nós queremos saber onde foi o desaparecimento desses 6 bilhões de dólares, porque a economia do Japão é muito forte, a do Brasil tem crescido e nós achamos que é preciso retomar uma relação comercial muito forte com o Japão, porque nós não queremos vender apenas carne, nós queremos vender e comprar. Nós queremos que as indústrias brasileiras estejam no Brasil produzindo etanol, produzindo biodiesel, produzindo hidrogênio verde, produzindo carro híbrido com tecnologia avançada para que a gente possa contribuir com a descarbonização do planeta Terra.

E nós então tivemos uma reunião com o primeiro-ministro Ishiba [Shigeru Ishiba], que foi extraordinariamente boa reunião, e tivemos com o Imperador e com a Imperatriz uma reunião, eu diria, mais do que prazerosa e satisfatória, porque o humanismo, sabe, nas palavras do imperador, é uma coisa que me marcou profundamente. Ou seja, a gente sai do Brasil achando que a gente não vai poder nem encostar perto do imperador, porque ele é tratado como se fosse uma figura mística aqui no Japão, e sinceramente o imperador é uma figura muito simples, muito cordial, muito alegre, muito simpática e conhece um pouco o Brasil, porque já foi algumas vezes ao Brasil.

Bem, essa reunião, essa visita ao Japão, ela tem como objetivo primeiro estreitar a relação com o Japão no momento em que a democracia corre muito risco no mundo, em que setores de extrema-direita negacionistas têm ganhado corpo em várias partes do planeta Terra. Ela foi importante porque nós temos que vencer o protecionismo e fazer com que o livre-comércio possa crescer, para que a gente possa vender e comprar mais de um parceiro importante como o Japão.

Ela foi muito importante porque nós queremos discutir mudanças na governança mundial, sobretudo mudanças no Conselho de Segurança da ONU, para que a gente tenha no Século XXI uma representação mais forte da geopolítica mundial. Não é possível a gente continuar com o mapa político de 1945, quando mudou muita coisa. Nós temos vários países com mais de 100 milhões de habitantes, inclusive o Japão, que poderiam participar do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil, o México e tantos outros países que poderiam participar.

E nós achamos que não é possível manter uma governança global que perdeu um pouco de representatividade e de muita credibilidade. Ou seja, hoje os membros do Conselho de Segurança tomam decisão, fazem guerras de forma unilateral, sem conversar com ninguém. E ainda têm o direito do veto. Ou seja, as coisas pouco acontecem.

A mesma ONU que em 1948 teve força para criar o Estado de Israel, não tem nenhuma força para criar o Estado Palestino. E é por isso que nós queremos mudar a representação para que a gente tenha mais incidência nas decisões globais, porque quando a gente discute a questão climática é importante saber que as pessoas têm que cumprir as decisões e é preciso ter alguém que possa cuidar do cumprimento das decisões. Se a gente faz uma COP e a gente toma decisão, e essa decisão depende do Estado Nacional para ser executada, ninguém vai executar coisa nenhuma.

O Protocolo de Kyoto não foi cumprido, o Acordo de Paris está sendo desrespeitado, o que nós decidimos em Copenhague em 2009, de que os países ricos iriam contribuir com 100 bilhões de dólares anuais para que a gente pudesse preservar as florestas, não aconteceu.

Então, desde 2009 até agora, se cada ano os países tiverem devendo 100 bilhões de dólares, desde 2009 até agora, quantos anos significa? 11, na verdade quase 16 anos, então significa que nós teremos direito a quase 1 trilhão e 600 bilhões de dólares, coisa que não vai acontecer.

A COP que nós vamos realizar no Brasil, nós queremos fazer, possivelmente, eu tenho dito, da mesma forma que nós fizemos o melhor G20, nós vamos fazer o melhor BRICS, nós vamos fazer a melhor COP.

Nós não queremos uma COP que seja um festival de pessoas andando para lá e para cá, como se fosse um shopping de produtos, sabe, climáticos, produtos ambientais, em que todo mundo compra o que quiser, vende o que quiser, sem ninguém ter responsabilidade. O que nós queremos é fazer uma COP com muita seriedade, com muita discussão e com muita serenidade, para que a gente possa tirar da COP30 decisões que possam ser cumpridas e que a sociedade possa acreditar que os governantes do planeta Terra estarão levando a sério a necessidade de assumir compromissos para que o planeta não aqueça mais de um grau e meio. Essa é a ideia e a decisão.

Se tem negacionista que não acredita que o mundo está com problemas, o que nós vimos no ano passado é uma demonstração de que nós estamos perdendo o controle pelo mundo que a gente vive, pelo ar que a gente respira, pela água que a gente bebe e pelo lugar que a gente mora. Esse é um fato concreto e não precisa os cientistas falarem. Nós estamos vendo fazer neve no deserto, encher de água no deserto e fazer seca em lugar que antes chovia, enchente onde não chovia.

O mundo está mudando e nós, seres humanos, temos responsabilidade e mais responsabilidade tem os países que se industrializaram há 250 anos atrás, há 200 anos atrás. Esse é o dado que nós temos que levar em conta e esse é o dado que quem defende o planeta, quem acredita que está havendo um problema climático tem que brigar por isso. Não vamos imaginar que os destruidores do planeta irão ter disposição de deixarem de ser destruidores.

Quem acredita que está acontecendo é que tem que brigar e o Brasil vai fazer a sua parte. Pode se preparar, companheira Marina Silva [ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima], que nós vamos fazer a melhor COP já feita desde a primeira COP e vamos discutir com muita seriedade. Porque nós já assumimos compromisso de desmatamento zero na Amazônia até 2030, nós queremos zerar o desmatamento no Cerrado, nós queremos zerar o desmatamento em todos os biomas brasileiros porque é a única chance que a gente tem de poder garantir que o nosso povo vai sobreviver no século XXI e vai adentrar ao século XXII bebendo água mais saudável, com mais saneamento básico e com mais pureza no ar para a gente respirar.

É tudo o que nós queremos. Aqui eu estou vendo um monte de deputados jovens e novos, eu vou viver até 120 anos, mas vocês podem viver mais se se cuidarem, se fizerem ginástica, se andarem, se dormirem mais cedo, todos vocês podem viver 120 anos de idade, é só querer.

Então, companheiros e companheiras da imprensa, eu estou muito satisfeito com essa reunião, volto para o Brasil com a certeza que nós abrimos uma trincheira extraordinária no desenvolvimento brasileiro. Eu quero atrair mais empresas japonesas para ir para o Brasil. Em 2008, aqui no Japão os governantes imaginavam que iam adotar 3% de etanol, sabe, no combustível a partir de 2010: não foi adotado. E agora o Japão está com a disposição de adotar 10% de etanol na gasolina, começar a produzir biodiesel e o Brasil é o lugar mais extraordinário.

Da mesma forma que o Japão nos ajudou a encontrar uma solução para o cerrado, que era tido pelos brasileiros como uma região de terra ruim, de terra arrasada, que as árvores eram pequenas e tortas, portanto ali não dava nada se plantasse e os japoneses com a sua tecnologia nos ajudaram a transformar o cerrado em um lugar mais produtivo do país, eu quero que os japoneses descubram que se quiser produzir etanol o Brasil tem muita terra, o Brasil tem muita água, o Brasil tem muito sol e nós estamos convidando os japoneses para ajudar a gente a recuperar 40 milhões de hectares degradados que a gente pode transformar numa área produzida que é maior do que Portugal, essa área degradada no Brasil. Então a gente pode produzir o que a gente quiser, pode produzir mais comida, pode produzir mais eucalipto, pode produzir, criar mais gado, criar mais galinha, criar mais porco, criar mais cavalo, criar tudo o que a gente quiser.

Então nós estamos convidando os japoneses para participar da transição energética brasileira, para participar, sabe, da mudança do combustível fóssil para o combustível limpo. Isso vai levar anos, mas é importante que a gente dê os passos necessários a partir de hoje e sobretudo fazer com que a economia japonesa cresça muito e também eu disse para os companheiros japoneses e fiz questão de dizer para o imperador e dizer para o primeiro-ministro de que é muito importante, é muito importante a defesa do multilateralismo. É muito importante e a defesa do livre-comércio. Vocês estão lembrados que na década de 80 se criou no planeta Terra, em todos os países do mundo, a ideia de que era necessária a globalização da economia. Ou seja, tinha que ser globalizada porque tinha que ser livre-comércio, porque todo mundo tinha que vender para todo lugar e agora, estranhamente, os mesmos que defendem o livre-comércio estão praticando o protecionismo.

Eu sinceramente não sei o que vai acontecer no planeta. Nós do Brasil não temos contencioso com ninguém, não queremos contencioso com ninguém, nós queremos continuar passando a mensagem de que guerra só destrói, a paz só constrói. De que nós queremos um movimento para fazer investimento na economia, para fazer investimento na educação, para fazer investimento em tecnologia e nós queremos construir parceria com os japoneses, com as universidades japonesas, com os institutos de pesquisa do Japão, com as indústrias japonesas, porque é assim que a gente vai se desenvolver.

Eu tento passar a ideia de que o Brasil não pode jogar fora a oportunidade do Século XXI, nós já jogamos muitas oportunidades fora. Eu de vez em quando me pergunto, quando a gente está discutindo economia, o pessoal fala: ‘ah, mas investir em educação vai gastar dinheiro, investir em pesquisa vai gastar dinheiro, investir em não sei das quantas vai gastar dinheiro’. O que a gente tem que perguntar é quanto custou a gente não fazer as coisas no tempo certo? Quanto custou a gente não ter feito a reforma agrária nos anos 50? Quanto custou a gente não ter feito universidade no Brasil no mesmo período que vários países da América Latina fizeram? Quanto custou a gente não fazer os investimentos em universidades e institutos como todos os países fizeram? O Brasil ficou para trás e nós estamos trabalhando para recuperar.

Eu estou muito feliz com o que está acontecendo no Brasil. Eu sou um homem, como eu sou uma pessoa que creio muito em Deus, e eu sou um homem que tenho muita sorte, porque desde que eu deixei a presidência em 2010, a economia não tinha crescido mais acima de 3%. Eu voltei, nos dois primeiros anos a economia cresceu 3.2%, agora 3.4% e vou desafiar os especialistas porque nós vamos crescer em 2025 e vamos crescer em 2026. Quem quiser apostar, pode jogar, porque nós vamos ganhar essa aposta porque o Brasil vai crescer.

Nós queremos gerar mais emprego, melhorar o salário, melhorar a distribuição de renda e fazer com que o Brasil se transforme num país exportador de conhecimento e tecnologia e não apenas exportador de commodities. Se bem que exportar commodities é muito importante para o Brasil. De vez em quando, Fávaro [Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária] eu discuto com alguns companheiros que acham que o commodity é uma coisa atrasada. Quanto investimento tem em genética para a gente ter a carne da qualidade que nós temos? O frango da qualidade que nós temos?

As pessoas não têm noção de quanta tecnologia tem no grão de soja, no grão de milho, quanto de tecnologia tem no etanol e nós então queremos ser grandes exportadores de alimento, grandes exportadores de commodities, grandes exportadores de minério de ferro, mas queremos exportar a inteligência do povo brasileiro. Exportar conhecimento científico e tecnológico que é isso que vai fazer o Brasil se transformar num país rico. Portanto, eu estou totalmente aberto às perguntas de vocês, não tem pergunta proibida, não tem pergunta difícil, a única pergunta difícil é aquela que eu não saiba responder. Aí eu falo para vocês que eu não sei responder e vocês fazem uma que eu saiba responder.

Eu então estou à disposição de vocês para que vocês façam as perguntas.

Antes de vocês falarem, que essa era a coisa importante que eu ia falar no começo e eu esqueci. Eu quero que vocês registrem o que está acontecendo nesse momento no Brasil. Eu faço questão de toda vez que viajar, convidar o Presidente da Câmara, o Presidente do Senado. Já convidei muitas vezes o Presidente da Suprema Corte para a gente viajar junto. Para a gente retomar a normalidade democrática do país. O Congresso Nacional tem o poder de legislar, tem o poder de fazer as leis. Tem o poder de mudar as coisas que o Poder Executivo manda para o Congresso Nacional. E a gente quer que eles participem das viagens, para que eles assumam as mesmas responsabilidades que nós assumimos. Eu acho que essa é uma fotografia muito importante.

Eu sou agradecido por aceitarem o meu convite o companheiro Alcolumbre [Davi Alcolumbre, presidente do Senado]. Sou agradecido ao companheiro Hugo Motta [presidente da Câmara] por ter aceitado o meu convite. Porque essa é uma fotografia importante que não acontece na maioria dos países do mundo. Eu fui com o Pacheco [Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado] e com o Lira [Arthur Lira, ex-presidente da Câmara] fazer um debate em Nova York, com 26 empresários. E quando terminou a reunião, eles me falaram: ‘O Presidente, aqui nos Estados Unidos é impensável você ver qualquer que seja o presidente se juntar ao presidente da Câmara do Senado. Pois aqui é o seguinte: o companheiro Alcolumbre pertence a um partido político. O Hugo Motta pertence a outro. Eu pertenço a outro. Os deputados que estão aqui pertencem a vários partidos políticos.

Mas nós temos um compromisso: a gente não precisa abrir mão das nossas divergências pessoais e ideológicas, o que nós temos é que assumir um compromisso de que Brasil a gente quer deixar para a futura geração. E é isso que faz com que a gente esteja junto. E, por isso, isso daqui para frente vai ser um hábito. Eles só não viajarão comigo quando não quiserem.

E o outro dado é os sindicalistas. É muito importante, a partir de agora, todo o país que eu visitar, eu vou pedir para marcar reunião com os sindicalistas, sabe, do país, porque nem sempre os sindicalistas têm com quem conversar. Porque no mundo hoje, lamentavelmente, só tem eu, sabe, de presidente operário, que saiu do movimento sindical.

Então, se eu não fizer isso, quem vai fazer? Então, eu quero que vocês também se habituem, comprem terno novo, porque tem que andar bonito, sabe? E daqui para frente vocês vão ser convidados a andar, aproveitem e façam a reivindicação no avião para os deputados, convençam eles a votar nas coisas de vocês. E a gente quer transformar o país em um país alegre.

O Brasil, Alcolumbre, durante todos os meus dois mandatos, o Brasil era o país mais alegre do mundo. E era o povo que tinha mais expectativa de futuro do mundo. Isso mudou. E nós temos a obrigação de recuperar essa alegria e esse prazer de viver do povo brasileiro.

É isso que eu agradeço a vocês de estarem comigo aqui e eu espero que essa seja apenas uma das viagens que vocês estejam juntos, porque daqui para frente vocês serão convidados para todas. Obviamente que vocês não podem ir sempre porque vocês têm função no Senado e na Câmara e têm que aprovar as coisas que estão lá, porque senão os deputados vão pegar no pé de vocês também.

Então, gente, agora sim eu estou preparado para as perguntas.

Kanako Chiba, da Jiji Press. - Gostaria de ouvir então, com a sua viagem ao Japão, qual foi a sua impressão, de uma forma geral e, sobre a questão das negociações de um acordo entre o Japão e o Mercosul, e também as exportações da carne bovina brasileira ao Japão. Gostaria de saber se houve algum avanço nessas discussões em sua vinda ao Japão. E quais são os resultados que o senhor vê que foram obtidos com essa sua vinda ao Japão?

Olha, primeiro eu, como presidente do Brasil, eu vou assumir a presidência do Mercosul no segundo semestre. E, se depender de mim, vai acontecer o que aconteceu no acordo com a União Europeia. Nós vamos trabalhar para que haja um acordo do Mercosul com o Japão. É bom para os países do Mercosul, e será bom para o Japão. Quanto mais mercado nós abrirmos, quanto mais facilitações a gente fazer para a negociação, é muito melhor. Ou seja, o mundo está precisando que cresça o comércio entre os países, entre os continentes, e nós não aceitamos a ideia de uma nova Guerra Fria entre Estados Unidos e China. Nós já temos a experiência da Guerra Fria, que durou quase 50 anos. Nós queremos, efetivamente, quanto mais liberdade, quanto mais comércio existir, melhor será para os países.

Por isso, eu, como presidente do Mercosul, a partir do segundo semestre, vou trabalhar para que a gente possa fazer acordo com o Japão. Eu não vim aqui no Japão apenas para discutir a questão da carne. A carne é uma coisa muito importante para o Brasil, porque nós somos o maior produtor de carne do mundo. A carne brasileira tem muita qualidade. Hoje, a carne brasileira compete com qualquer carne de qualquer país do mundo. Muita qualidade, muita genética, sabe? E nós temos hoje uma carne livre de febre aftosa. É uma coisa extremamente importante.

Então, o que eu disse ao primeiro-ministro é que o Brasil está pronto, a partir de amanhã, eu até disse para ele que se as pessoas quiserem no meu avião, estarão convidadas no meu avião para fazer a fiscalização que quiser, no estado que quiser, para que a gente possa mostrar a qualidade daquilo que nós estamos oferecendo ao Japão. Obviamente que nós temos que respeitar a decisão japonesa. Cada país tem um critério e nós esperamos. O que eu ouvi do primeiro-ministro é que ele vai, sabe, o mais rápido possível mandar os especialistas dele para analisar, sabe, os rebanhos brasileiros e depois vamos ver se eles vão tomar decisão. O dado concreto é que nós vendemos uma carne de muita qualidade e a carne mais barata de todos os países. É importante o Japão saber disso. É a carne de qualidade e a mais barata. E quem sabe aqui no Japão vocês aprendam a fazer churrasco, que tenha muita churrascaria e que vocês possam apreciar um bom churrasco brasileiro, porque aí sim nós vamos poder vender mais carne e comprar mais coisas de vocês.

Eu estou satisfeito com a decisão do ministro Ishiba [Shigeru Ishiba, primeiro-ministro do Japão]. Estou satisfeito com a decisão dele. A gente não poderia achar que numa reunião a gente iria resolver tudo, mas eu posso dizer para vocês que eu estou satisfeito, porque eu acredito que ainda este ano a gente vai ter uma solução nessa questão da carne. E eu espero que também a gente tenha uma solução na questão do etanol. Espero que a gente tenha a solução na questão dos investimentos maiores no Brasil. Eu fui visitar a Toyota semana passada. A Toyota anunciou na cidade de Sorocaba (SP) um investimento de 2 bilhões de dólares até 2030. E nós temos várias empresas japonesas no Brasil que estão pensando em investir 45 bilhões de reais até 2030 no Brasil. Isso para nós é tudo que a gente quer, é tudo que nós precisamos: mais investimento, mais emprego, mais salário, mais consumo e a roda da economia gira sem parar e vai ser bom para todo mundo. Por isso eu queria dizer à jornalista: eu saio do Japão daqui a pouco muito satisfeito com a reunião. Muito satisfeito, mas prazerosamente satisfeito.

Sobretudo com o carinho com que nós fomos tratados pelo Imperador e a Imperatriz, pelo carinho que fomos tratados pelo Primeiro-Ministro e pelo carinho e educação que fomos tratados pelo povo japonês. Eu posso lhe dizer que todos os membros da minha delegação estão boquiabertos com a qualidade da educação do povo japonês. Todo mundo, porque vir aqui é um aprendizado de evolução da civilização humana.

Luiz Fara Monteiro, TV Record - Bom dia, presidente Lula. A primeira turma da Suprema Corte de Justiça do Brasil decidiu por unanimidade tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro réu numa ação que analisa uma tentativa de golpe de Estado durante uma eleição para a qual o senhor foi eleito. Eu gostaria de saber qual a sua expectativa para o momento político no Brasil durante o decorrer dessa ação em termos de sociedade, em termos de Congresso Nacional, onde o ex-presidente tem um número considerável de apoiadores. E eu queria saber também o que o senhor espera desse julgamento e o que vem à sua mente quando se fala no 8 de janeiro.

Olha, primeiro seria presunção minha fazer qualquer prognóstico sobre a decisão da Suprema Corte brasileira. Eu acho que o que é correto é que a Suprema Corte está se baseando e se manifestando nos autos do processo, depois de meses e meses de investigação, muito bem feita pela Política Federal, muito bem feita pelo Ministério Público e com muita delação de gente importante que está acusando o que tentou acontecer no Brasil.

É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país, é visível por todas as provas que ele tentou contribuir para o meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente, e para o assassinato do ex-presidente da Justiça Eleitoral Brasileira, e todo mundo sabe o que aconteceu nesse país. Não adianta agora ele ficar fazendo bravata, dizendo que está sendo perseguido. Ele sabe o que ele cometeu. Só ele sabe. Só ele sabe o que ele fez. E ele sabe que não foi correto. E não adianta ficar pedindo anistia antes do julgamento. Quando ele pede anistia antes do julgamento, significa que ele está dizendo que foi culpado. Ele deveria provar a inocência dele, porque ele não precisava pedir anistia. Prova que é inocente e vai ficar livre e acabou.

Agora, como ele não tem como provar que ele é inocente, como ele não tem como provar que ele não tentou dar golpe, ele fica tentando fazer provocação ainda na sociedade brasileira. Eu só espero que a justiça faça justiça. Se, nos autos do processo, ele for inocente, que seja inocentado. Se ele for culpado, que seja punido. Eu, inclusive, defendo que ele tenha a presunção de inocência que eu não tive. Quando ele fala: ‘querem me proibir de disputar a eleição’, é importante lembrar que eu fui proibido de disputar as eleições em 2018. É importante ele lembrar. Então, eu só espero que se faça justiça. Eu não dou palpite, não conheço os autos do processo. Eu espero que a Suprema Corte vote com a coerência de uma Suprema Corte calejada, experimentada, porque o povo brasileiro precisa, inclusive, saber que a Suprema Corte está cumprindo com o seu papel. E todo mundo sabe o que aconteceu no Brasil. Todo mundo sabe. E ele também sabe. Toda vez que alguém comete um erro, eu pergunto: ‘olha, só você sabe se é verdade ou mentira’. E ele sabe que é verdade. Ele sabe que é verdade.

Então, eu espero que a Suprema Corte faça o julgamento que precisa ser feito e que tome a decisão em função dos autos do processo. Eu não acho que o ministro tem que falar para a imprensa, que tem que fazer discurso. Eu acho que tem que votar. Não é o homem Bolsonaro que está sendo julgado. É um golpe de Estado que está sendo julgado. É a conduta desse cidadão que está sendo julgada. Então, eu penso que se ele estiver culpado, ele tem que se contentar com a punição. Isso vale para todos os 213 milhões de habitantes. Então, ao invés de chorar, caia na realidade e saiba que você cometeu um atentado contra a soberania desse país.

É isso.

Mari Yagamuchi, da AP - Muito obrigada por esta oportunidade que está sendo dada hoje. O senhor presidente, vindo ao Japão, várias vezes falou sobre os riscos que a liberdade e o livre-comércio estão sofrendo. Quando os Estados Unidos têm lançado nova tarifa para o setor automobilístico, no caso, teria alguma influência também no Brasil, no setor automobilístico, ou para outros setores da indústria, ou para outros setores da economia? Também no setor de comércio internacional, nas relações entre o Japão e o Brasil, nessas tendências que estamos vendo mundialmente, o que o senhor acha que pode ser fortalecido na coordenação entre o Japão e o Brasil?

Olha, eu acho que o presidente Trump, como presidente dos Estados Unidos, ele tem o direito de tomar decisões dentro dos Estados Unidos. O que ele precisa é medir as consequências dessas decisões. Qual será o efeito dessa decisão para os Estados Unidos? Eu, sinceramente, se ele está pensando que tomando essa decisão, de taxar tudo aquilo que os Estados Unidos importam, eu acho que vai ser prejudicial aos Estados Unidos. Isso vai elevar o preço das coisas e pode levar a uma inflação que ele ainda não está percebendo. Agora, como ele tem assessor econômico, tem gente para orientá-lo, eu não sei como é que ele vai reagir se isso acontecer.

Na parte do Brasil, ele taxou o aço brasileiro em 25%. Nós temos duas decisões a fazer. Uma é recorrer na Organização Mundial do Comércio, que nós vamos recorrer, e a outra é a gente sobretaxar os produtos americanos que nós importamos. É colocar em prática a lei da reciprocidade. Não dá para a gente ficar quieto, achando que só eles têm razão e que só eles podem taxar outros produtos. Os Estados Unidos, ele vende também para o Japão. Ele não só compra do Japão, ele vende também. Ele não só compra do Brasil. Nós temos uma relação, um fundo comercial, de praticamente 87 bilhões de dólares, dos quais eles são superavitários em 7 bilhões de dólares.

Então, é um comércio muito equilibrado e que nós vamos tomar as atitudes que nós entendemos que seria bom para o Brasil. Eu acho muito ruim essa taxação, porque ao invés de a gente facilitar o comércio no mundo, a gente está dificultando o comércio no mundo. E esse protecionismo não ajuda nenhum país no mundo. Não ajuda. Vamos ver as consequências disso. Vamos ver. Eu acho que será ruim para os Estados Unidos. Vamos esperar o tempo, porque o tempo, quem sabe nesse caso, seja o senhor da razão.

Felipe Santana, Rede Globo - Bom dia, presidente. Queria saber, nessa viagem longa que o senhor fez até aqui, com vários representantes do governo, o que vocês conversaram? Vocês conversaram sobre assuntos que vão entrar em pauta no Congresso? Falaram alguma coisa de reforma ministerial? E também gostaria de saber porque o senhor trouxe os antigos presidentes da Câmara e do Senado. O que aconteceu nesse voo para cá?

Olha, primeiro eu trouxe os antigos porque na minha cabeça, rei morto não é rei posto. Rei é sempre rei. Então, você pode ter um segundo rei, um terceiro rei, um quarto rei, mas o primeiro continua rei. Então, eu trouxe eles e fiz questão de que a gente não fizesse nenhuma discussão no avião que a gente poderia fazer em terra. Eu não seria louco de trazer os companheiros dentro do avião, um espaço muito limitado para a gente fazer a discussão que a gente pode fazer no território brasileiro e lá em Brasília que tem muito espaço. Não seria louco e não seria prudente. Imagina viajar todo mundo de cara feia no avião, sem se cumprimentar, sabe? Ir no banheiro e ficar esperando um na porta do banheiro e já chutando a porta. Não, não, não. Essa é uma viagem de muita fraternidade, muita fraternidade. E eu estou muito satisfeito porque é uma experiência rica que nós estamos fazendo. É uma experiência rica. É uma experiência de compromisso com o Brasil.

É isso que é muito importante. E quando nós voltarmos ao Brasil, nós vamos discutir as coisas que nós temos que discutir. Nós temos projetos importantes para ser votado. Os presidentes da Câmara e do Senado têm responsabilidade com os senadores e com os deputados e têm que discutir com a liderança para saber o que pode ser feito. E é isso que vai acontecer. Você pode ficar certo que nós vamos viver o melhor momento da relação entre o Congresso Nacional e o Poder Executivo.

Uma relação sem subordinação, uma relação sem subserviência, mas uma relação de parceiros que têm como única preocupação fazer as coisas melhorarem nesse país para o povo brasileiro. Eu tenho certeza que é assim que pensa o Alcolumbre, é assim que pensa o Hugo Motta, é assim que pensam os deputados que estão aqui, porque o presidente da República não é dono da razão. Quando a gente faz um projeto de lei e a gente manda para o Congresso Nacional, a gente está debitando muita expectativa que os deputados e senadores discutam e que possa aperfeiçoar.

Eu, por exemplo, quando entreguei o projeto de redução do imposto de renda até 5 mil reais, eu disse aos companheiros deputados: melhorar sempre, piorar jamais. Ou seja, vamos ver se a minha máxima tem repercussão. Porque é o seguinte, gente: nós temos que dar um salto de qualidade no Brasil. Você veja, nós tínhamos acabado com a fome em 2014, eu voltei e 15 anos depois nós tínhamos 33 milhões de pessoas outra vez passando fome. Não é possível um país com a capacidade de produzir alimento que tem o Brasil, a gente saber que tem pessoas que vão dormir sem tomar café, que vão acordar sem saber se vai ter café para tomar, se tem almoço. Como é que é possível isso? Então nós não só estamos cuidando no Brasil, e posso lhe dizer aqui em Tóquio que em 2026 não haverá nenhum brasileiro ou brasileira, nenhuma criança passando fome.

Nós acabaremos com a fome outra vez no Brasil. Posso lhe garantir isso. Isso é uma profissão de fé que eu tenho. E ao mesmo tempo nós temos que aumentar a base salarial das pessoas que ganham menos. Porque senão você não consegue fazer um país de classe média. Um país onde as pessoas possam viver orgulhosamente do trabalho dele. Porque a coisa mais dignificante para o ser humano é ele trabalhar e no final do mês chegar com o salário, levar sua família para comer em um restaurante, para ir em uma loja comprar alguma coisa. É tipo isso que nós queremos fazer. E é possível fazer. Você veja, há pouco tempo atrás, 80% dos acordos trabalhistas eram feitos abaixo da inflação. Hoje, 90% dos acordos trabalhistas são feitos acima da inflação.

Há pouco tempo atrás, o salário mínimo passou seis anos sem reajuste. Nos últimos dois anos teve reajuste acima da inflação nos dois anos. Nós não tínhamos reajuste de Bolsa, sabe, do Ministério da Tecnologia. Nós não tínhamos reajuste na merenda escolar. Passou sete anos sem reajuste na merenda escolar. Como é que se explica isso? Então eu posso lhe dizer, sabe, que nós vamos fazer uma coisa funcionar, e eu quero fazer funcionar em parceria. Parceria com os deputados, parceria com os senadores, porque tem uma coisa engraçada. Quando eu converso com um deputado, ele não precisa ser meu amigo. Ele não tem que ser do meu partido. Ele pode pensar diferente, ele pode até não gostar de mim. Eu quero saber se ele vai gostar da proposta que nós estamos enviando para melhorar a vida do povo brasileiro. Se ele gostar disso, já está maravilhosamente bem. Esse é o país que eu quero construir. Um país civilizado, de relação civilizada, onde todos, mesmo divergindo, possam trabalhar em benefício do país. Essa que é a coisa mais sagrada. É a gente poder se unir em torno do Brasil, que está faltando muito isso. E nós vamos fazer. Eu estou convencido que nós vamos fazer. Esse é o ano mais importante do meu mandato. Esse ano, tudo o que nós plantamos em 2023, 2024, já nasceu. Agora é só colher e entregar para o povo. É isso.

Eri Takasu, TV NHK - Muito obrigada por esta oportunidade. Quando o presidente Trump anunciou os 25% de impostos no setor automobilístico, quando o senhor presidente fala sobre a questão do multilateralismo e do livre-comércio que tem que ser reforçado, o que o senhor vê que pode ser melhorado na relação com o Japão, no comércio também com o Japão?

Olha, pelo que eu conheço, o Japão é um parceiro muito importante para os Estados Unidos. Pelo que eu conheço, os Estados Unidos importam muito o carro japonês e também tem muitas empresas japonesas produzindo carro lá. Eu, sinceramente, não sei qual é o benefício de você aumentar em 25% os carros comprados do Japão.

Ou seja, a única coisa que eu sei é que vai ficar mais caro para o povo americano comprar. É a única coisa que eu sei. E esse mais caro pode resultar no aumento da inflação. E esse aumento de inflação significa aumento de juros. O aumento de juros significa a contenção da economia. Então, eu não prevejo um quadro positivo nessa política de aumento de taxação. Eu acho que seria muito melhor discutir uma política de preços que fosse justa para quem vende, justa para quem compra, para os dois países.

E eu, sinceramente, estou muito preocupado com o comportamento do governo americano com essa taxação de todos os produtos de todos os países. Estou preocupado porque, no fundo, no fundo, o livre-comércio é que está sendo prejudicado. Estou preocupado porque o multilateralismo está sendo derrotado. Estou preocupado porque o presidente americano não é xerife do mundo. Ele é apenas presidente dos Estados Unidos. Então, é importante que, ao invés de tomar medidas unilaterais, que ele pudesse conversar com os governadores de outros países, com os presidentes, com os políticos de outros países para tomar suas decisões.

Eu não sei o que o Japão vai fazer. No caso do Brasil, nós vamos recorrer à OMC [Organização Mundial do Comércio] e, se não tiver resultado, a gente vai utilizar os instrumentos que nós temos que é a reciprocidade e taxar os produtos americanos. É isso que nós vamos fazer. Espero que o Japão faça o mesmo. Espero que o Japão possa recorrer à OMC, mas é uma decisão soberana do governo japonês em que eu não posso dar palpite.

Olha, eu estou feliz porque ninguém perguntou sobre futebol. Muito feliz, tá porque, sinceramente, eu não saberia o que responder.

Um abraço, gente.

Tags: JapãoRelações ExterioresEntrevista coletivaComércio Exterior
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