Pronunciamento do presidente Lula durante visita à comunidade Jamaraquá na floresta nacional do Tapajós
Eu queria dizer para vocês da minha alegria e da emoção de poder estar aqui junto com a minha esposa [Janja Lula da Silva, primeira-dama do Brasil], junto com a ministra Marina [Silva, Meio Ambiente e Mudança do Clima], junto com a ministra Sônia Guajajara [dos Povos Indígenas], junto com a Joenia [Wapichana], que é a presidenta da FUNAI [Fundação Nacional dos Povos Indígenas], e junto com outros companheiros do governo que vieram comigo.
Então, deixa eu falar uma coisa para vocês. Foi muito, muito, muito importante essa vinda aqui. A ideia básica é a gente tentar fazer um levantamento da real situação que vocês vivem, porque lá de Brasília é muito difícil a gente enxergar, a tantos milhares de quilômetros de distância. As pessoas que moram onde vocês moram, num lugar maravilhoso, um lugar... Eu tenho certeza que muita gente que mora em Copacabana, que mora nas praias mais bonitas do país, teria inveja se conhecesse o que é morar à margem do rio Tapajós, com essa água maravilhosa.
Então, eu queria vir para aprender. Ainda tem duas viagens amanhã, que eu vou visitar mais duas comunidades em Belém, receber a reivindicação de vocês, dizer para vocês que vocês não estão reivindicando nada, absolutamente nada, que não seja possível a gente resolver. Melhorar a questão da saúde é nossa obrigação, melhorar a questão da educação é nossa obrigação, resolver o problema de títulos de terra é nossa obrigação.
O que nós precisamos é trabalhar mais para que a gente vença a burocracia. O ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade] é um órgão do Estado, o INCRA [Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária] é um órgão do Estado, e é entre os dois que nós temos que resolver o problema da titulação de terra, de todo esse complexo aqui. Nós vamos levar isso com muito carinho.
Eu estou muito preocupado com a questão da educação. Aquilo que me falaram, que os meninos terminam o ensino médio e não têm faculdade para fazer e, muitas vezes, não podem ir para Santarém. Eu quero anunciar para vocês que nós vamos criar em Brasília, até o dia 17 deste mês, nós vamos anunciar a criação da Universidade dos Povos Indígenas no Brasil. Vai ter uma universidade lá em Brasília, mas que vai ter campus em vários outros estados.
E também nós vamos criar a Universidade do Esporte, que é para ver se daqui sai um técnico, um médico, um jogador da minha qualidade, para a gente poder ganhar uma Copa do Mundo. Faz tempo que a gente não ganha uma Copa do Mundo. Mas, de coração, eu quero dizer para vocês que não são vocês que ficam emocionados. Eu fico emocionado porque a razão da minha vida é esse contato direto que eu tenho com vocês.
E só tem uma razão para eu estar na presidência: é para tentar cuidar de vocês em primeiro lugar, porque é para vocês e de vocês que nós recebemos todo o carinho e o apoio nos momentos mais difíceis que nós passamos. Por isso, meus parabéns. Essa COP 30 é um momento único na história do Brasil, porque é um momento em que a gente está obrigando o mundo a olhar a Amazônia com os olhos que devem olhar a Amazônia.
Não é só pedir para a gente manter a floresta em pé. É preciso pedir para que a gente mantenha a floresta em pé, mas para ela ficar em pé, nós temos que dar sustentação econômica, educacional, de saúde para as pessoas que tomam conta dessa floresta em pé. Porque, se as pessoas não ganharem o que comer, as pessoas não vão tomar conta de nada. Então, essa é a nossa obrigação, e a COP é esse momento extraordinário em que o mundo vai conhecer não apenas a Amazônia, mas vai conhecer o povo da Amazônia, para ver que povo maravilhoso, que povo extraordinário, e esse povo merece ser ajudado.
Então, muito obrigado, muito obrigado de coração pela oportunidade de conhecer vocês, e eu espero que a gente possa, ou eu ou meus meninos, retornar muitas vezes aqui, porque é para vocês que nós somos eleitos e é para vocês que nós temos que governar.
Um abraço e um beijo no coração de todos vocês, e eu vou passar a palavra para a companheira Marina.
Fala da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva
Gente, um beijo, um beijo no coração, até o próximo dia, se Deus quiser. Eu não esqueci as reivindicações de vocês, vamos levar conosco e vamos tratar de trabalhar, gente.
Você sabe que eu saí de manhã pensando que eu ia ter tempo de tomar um banho nesse Rio Tapajós e eu vou embora sem poder tomar meu banho, porque já é tarde. Mas como eu vou estar aqui até o dia 10, em algum momento eu vou tomar banho no Rio Tapajós.
Um abraço, gente.