Pronunciamento do presidente Lula durante anúncio de R$ 770 milhões para obras de mobilidade urbana e de drenagem em Belo Horizonte
Uma coisa importante a ser dita aqui, para a imprensa brasileira, é que o nosso querido prefeito Álvaro [Damião] é um prefeito recém-empossado, prefeito de Belo Horizonte, porque ele era vice do nosso saudoso Fuad [Noman, ex-prefeito de Belo Horizonte], que morreu vítima de câncer. E, além de prefeito, ele é radialista, comentarista de futebol. Parou de comentar quando o Corinthians foi campeão do mundo. E eu espero que ele volte a comentar outra vez.
Dizer, Damião, uma coisa extremamente importante que nós estamos demonstrando hoje é a forma republicana com que essa reunião está acontecendo. Aqui tem vários deputados de vários partidos políticos, aqui tem secretários teus e tem vários ministros. Porque nós encontramos um jeito republicano de governar esse país.
O [Novo] PAC, que você está tendo agora acesso a ele, é a forma mais republicana de fazer a administração pública deste país. Nós, quando tomamos posse, em janeiro de 2023, a primeira coisa que eu fiz foi convidar os 27 governadores de Estado para que, aqui no Palácio do Planalto, eles apresentassem a proposta de três a cinco projetos que eles entendessem que fossem os projetos mais importantes para os seus estados.
Porque é muito difícil, aqui de Brasília, você saber qual é a prioridade em Minas, na Bahia, em Pernambuco. Ou seja, então é melhor que os governadores venham e digam qual é a proposta. Com base na apresentação da proposta, a gente pede para que eles comecem a trabalhar os projetos dessas propostas, para a gente poder colocar isso na discussão, se vai caber dinheiro do Orçamento, se vai caber dinheiro de financiamento da Caixa, do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]
Os estados mais pobres, os municípios mais pobres, normalmente, a gente tenta carregar um pouco mais no Orçamento Geral da União. Então, esses municípios mais ricos, os estados mais ricos, a gente tenta carregar um pouco mais de financiamento, porque são as pessoas que têm o direito de pegar.
E é muito interessante, porque acho que são raras as vezes em que esse país não foi governado para os amigos do presidente. A gente, aqui, não faz distinção de que partido pertence o prefeito ou governador. Isso é o que menos nos interessa. O que nos interessa é saber se o projeto é um projeto que tem viabilidade e é um projeto que tem seriedade e um projeto que é efetivamente um projeto de interesse social.
Se o projeto for assim, a gente passa a discutir quais os melhores projetos para a gente poder, então, colocar no [Novo] PAC e discutir com o prefeito se é financiamento. Hoje, você está recebendo aqui uma dívida atrasada, porque isso que você está sendo informado hoje era para a gente ter informado há uns 15 dias atrás. Quando eu fui a Contagem, eu deveria ter passado em Belo Horizonte.
Depois, eu voltei a Belo Horizonte para anunciar o Gás do Povo e as propostas não estavam no meu glossário. Então, eu marquei para você vir aqui para que você possa saber o seguinte: que da parte do Governo Federal, você, tendo projeto, o dinheiro aparece. É uma coisa que eu digo desde o meu primeiro mandato. O que faz aparecer o dinheiro para uma cidade ou para um estado não é o discurso. O que faz aparecer o dinheiro é a clareza do projeto.
Eu posso te dizer uma coisa que vai acontecer com você quando você receber proposta dos bairros. Se o cara que está apresentando a reivindicação te apresenta uma proposta que tem consistência, que tem começo, meio e fim, é muito difícil a gente dizer não. Então, o que nós estamos fazendo aqui é atendendo aquilo que é uma das principais necessidades de uma cidade que já está com 2,5 milhões de habitantes, que é Belo Horizonte, e que, por ser capital e ter uma região metropolitana muito grande em volta, muitas vezes, também a cidade está envolvida com o problema de mobilidade da cidade vizinha, inclusive problema de saúde também da cidade vizinha.
Então, nós levamos isso muito em conta, porque nós temos um cara que coordena o PAC [Rui Costa, ministro da Casa Civil] e foi governador da Bahia durante oito anos e ele sabe como é a relação com os prefeitos. Então, a gente trata com muito carinho.
Eu digo para todo mundo. A imprensa já cansou de ouvir, eu dizia uma musiquinha que aprendi em 1985, numa campanha do PT. A gente dizia que uma cidade parece pequena se comparada ao país, mas é na minha, é na tua cidade, que a gente começa a ser feliz. Porque é na cidade que está o problema, o problema da educação, da saúde, do transporte, do lazer, está tudo na cidade. Se a gente não cuida da cidade, você não cuida do restante.
Então, o que você está vendo hoje aqui é a maior competência de gestão pública republicana. Esse é o meu terceiro mandato e eu faço questão de dizer o seguinte: eu duvido que tenha um prefeito nesse país que diga que não foi atendido por mim, em todo o meu mandato, por questão ideológica, por questão religiosa, nem por questão futebolística.
Eu, por exemplo, se tivesse um prefeito palmeirense, eu poderia não atender, mas eu atendo. Eu sou vascaíno, se tivesse um flamenguista, eu poderia não atender, mas eu atendo. Aliás, facilitamos até a compra do terreno para que o Flamengo pudesse ter um estádio, na demonstração de que também, como torcedor, eu sou republicano. Não sei que time você torce, Mira, mas eu sou presidente e sou Cruzeiro em Minas Gerais. Eu sou presidente e sou Cruzeiro em Minas Gerais. Todo mundo queria que eu fosse Atlético [Mineiro], porque tem mais torcida. O meu problema não é a torcida, o meu problema é a empatia que eu tive com o time. E a minha empatia pelo Cruzeiro veio com Natal, Lima, Dirceu Lopes, Tostão e Joãozinho, Raul, Piazza, Nelinho. Então veio a minha empatia por isso. Depois veio o Luizinho, o Paulo Isidoro, o Cerezo, o Reinaldo, do Atlético Mineiro, mas eu já não podia mais trocar de time.
Então, quando eu vou ao Rio de Janeiro, o pessoal quer que eu seja flamenguista. A Janja [Lula da Silva, primeira-dama do Brasil] é flamenguista, a maioria dos petistas são todos flamenguistas, mas eu sou vascaíno. O pessoal quer que eu seja Mangueira, todo mundo é Mangueira, mas eu sou Beija-Flor.
Então, você está aqui, atleticano, porque ele é torcedor ocasional. Ele deu a definição. Mas ele é melhor do que aqueles torcedores falsos que você pergunta: “você torce para quem?”, “torço para o São José”, “torço para não sei quem”, “para o América”. O América é o time de todo mundo.
Então, prefeito, eu queria, primeiro, nessa reunião hoje, dizer para você que eu espero que, na próxima ida minha a Belo Horizonte, você vai ter dois compromissos comigo. Primeiro, se for para o almoço, você me levar para o restaurante da Dona Lucinha para a gente comer um frango com quiabo. E, se for um jantar, vai ser no [restaurante] Xapuri, para você me levar para comer um frango preguento, no Xapuri. Pago por você. Pago por você.
Eu quero te dar os parabéns, prefeito, e dizer para você o seguinte: você está começando seu mandato, da parte do Governo Federal, você terá todo o apoio que você necessitar e tudo aquilo que estiver no nosso alcance para que a gente possa permitir que você governe com a maior lisura possível, porque lá em cima não é apenas Deus, o Fuad está lhe olhando. Então, se você não governar direito, o Fuad vai puxar o seu pé.
No mais, parabéns. Parabéns, Rui Costa, porque este é o penúltimo PAC que nós estamos lançando. Nós agora vamos lançar o PAC do quê? Quinta-feira nós vamos anunciar um PAC de R$ 9,6 bilhões para o país. Só para Belo Horizonte tem mais de um bilhão e pouco, para Minas Gerais. Tem muitas obras também. Você viu aqui uma lista, tem bastante coisa para Belo Horizonte. Dinheiro do Orçamento, dinheiro do Fundo de Garantia, empréstimo do Fundo de Garantia. Mas é um trabalhador emprestando dinheiro para o governo.
Se você puder estar aqui na quinta-feira, eu agradeço. Se não puder, acho muito importante. Porque o ideal, Álvaro, é a gente passar para a sociedade a ideia da civilidade entre os Entes Federados. A ideia da civilidade. Ou seja, eu sou o presidente e quero ser respeitado pelo prefeito. O prefeito é o prefeito e tem que ser respeitado pelo presidente. Nós dois temos que respeitar o governador. O governador tem que nos respeitar. E nós temos que trabalhar para quem? Para o povo.
Então, conte comigo, cara. E parabéns. Boa sorte para você na sua gestão.