Discurso do presidente Lula na inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia
Eu quero começar agradecendo ao companheiro Gustavo Petro, presidente da República da Colômbia, por ter aceito o meu convite e estar aqui presente neste momento histórico da Amazônia.
Quero cumprimentar a nossa querida vice-presidenta da República do Equador, María José Pinto, que também aceitou o convite. Na verdade, eu fiz convite para todos os presidentes [de países] da Amazônia. Eu fiz o convite quando estava em Bogotá participando do OTCA [Organização do Tratado de Cooperação Amazônica] e, depois, enviei uma carta a cada presidente dos países da Amazônia para participar desse evento.
Eu quero cumprimentar aqui o vice-governador do estado do Amazonas, Tadeu de Souza, que está aqui presente. O nosso governador de Roraima, Antonio Denarium. Denarium, eu vou amanhã acionar o linhão de Roraima. Nós vamos integrar, definitivamente, todos os estados brasileiros em um sistema energético único no mundo.
E, no mês que vem, vou a Roraima para ir visitar os Yanomami no coração da selva de Roraima, para visitar aqueles brasileiros que nunca o presidente da República foi visitá-los. Quero cumprimentar o meu querido companheiro senador Omar Aziz, que muito tem contribuído no Senado para ajudar o governo a aprovar as coisas.
Quero cumprimentar o companheiro David Almeida, prefeito de Manaus. Obrigado pela presença. E o nosso querido companheiro Aloizio Mercadante [presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social - BNDES], que é o companheiro que administra esse fundo precioso, que é o Fundo da Amazônia.
E cumprimentar o diretor-geral da Polícia Federal, o companheiro Andrei [Rodrigues]. Companheira Marina [Silva], ministra do Meio Ambiente [e Mudança do Clima], e outros companheiros ministros da Colômbia e ministros e ministras brasileiras que estão aqui.
Como não tem eleição para vereador, ninguém vai ser candidato a vereador, não vou ler mais a nominata, que a nominata é muito grande. Eu vou falar um pouco do texto. E, também aqui hoje, eu vou dar início à infovia que vai chegar a Roraima. Nós vamos interconectar esse país inteiro e a gente vai facilitar com que as pessoas possam, de forma civilizada, ter as mesmas oportunidades de conversa, de ter acesso à informação, que tem de Roraima até Chuí ou até Porto Alegre. O Brasil vai ser igual quando a gente terminar de colocar as infovias em todos os lugares que nós temos que colocar.
Bem, o Centro de Cooperação Policial Internacional que inauguramos hoje, com a ilustre presença do presidente Gustavo Petro e da vice-presidenta do Equador, é uma iniciativa condizente com o tamanho e a importância da Amazônia.
Há duas semanas, estive no Acre e em Rondônia para anunciar uma série de investimentos nesses estados.
Também viajei a Bogotá para participar da Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, a OTCA.
Dentro de dois meses, estarei em Belém para participar da COP30, a conferência multilateral que definirá se as pessoas querem ou não cuidar, de verdade, do planeta Terra.
Sobrevoar a imensidão verde da floresta é dar-se conta da escala extraordinária de tudo o que diz respeito à Amazônia.
São milhões de quilômetros quadrados de extensão, milhões de metros cúbicos de água, milhões de espécies de animais e plantas e milhões de habitantes.
Dessa monta são os desafios que a região enfrenta.
E da mesma magnitude tem de ser nosso esforço para superá-los.
Uma das consequências perversas da globalização é a articulação de grupos criminosos para além das fronteiras nacionais.
Trata-se de verdadeiras multinacionais do crime, que estão embrenhadas nos órgãos públicos, nas empresas e em diversos setores da sociedade, com conexões dentro e fora do país.
Por isso, ampliamos nossa rede de adidâncias da Polícia Federal para 34 postos nos cinco continentes.
Agora estaremos presentes em todos os países da América do Sul.
Também fortalecemos nossa relação com a Interpol, chefiada pelo brasileiro Valdecy Urquiza, que tive a oportunidade de visitar em junho passado.
Não existem espaços vazios. O crime ocupa os lugares que o Estado não preenche.
Nossa missão é restituir a força da lei pela presença estatal.
É isso que simboliza este Centro. Por meio dele, agentes de segurança de todos os estados da Amazônia brasileira e de todos os países amazônicos poderão se coordenar para combater a criminalidade.
É a primeira vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem, no mesmo espaço físico, em torno de um objetivo comum.
Não precisamos de intervenções estrangeiras, nem de ameaças à nossa soberania.
Somos perfeitamente capazes de ser protagonistas das nossas próprias soluções.
As palavras-chave são ação integrada e cooperação.
O Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia será um ambiente de intercâmbio diário de experiências e de compartilhamento de inteligência.
Será um polo de investigações e operações conjuntas, com o respaldo de tecnologia de ponta.
Esse espírito de articulação é o que tem inspirado nossas políticas nacionais.
Em 2023, lançamos o Plano Amazônia: Segurança e Soberania, o Plano AMAS, que prevê a integração dos diversos órgãos do Sistema Único de Segurança Pública.
Desde 2024, conduzimos quase 200 operações.
Só no ano passado, apreendemos mais de 250 milhões de dólares em bens de acusados de praticar crimes contra o meio ambiente.
Inutilizamos 60 milhões de dólares em maquinário de garimpos ilegais, como dragas, tratores, retroescavadeiras e aeronaves.
Por meio do programa Ouro Alvo, estamos desarticulando rotas de comércio ilícito de ouro e mercúrio.
Com o Programa Brasil MAIS, geramos alertas por imagens de satélite que permitem ação rápida contra o desmatamento e a mineração ilegal.
O financiamento ambiental e climático tem sido vital para viabilizar essas ações. Muitas delas não teriam sido possíveis sem recursos do Fundo Amazônia. Isso confirma a importância da solidariedade internacional.
É importante que a gente saiba que o Fundo Amazônia não é nenhuma ação de condolência dos países que contribuem com o Fundo Amazônia. Na verdade, o que eles estão pagando para nós são os royalties que a gente paga para tudo que a gente compra que tem importância no mundo, a gente paga alguma coisa.
Portanto, se eles já desmataram as florestas deles e querem preservar a Amazônia, que é nossa, eles têm que custear, porque nós temos mais de 30 milhões de seres humanos querendo viver com dignidade em toda a Amazônia, na América do Sul.
Com a união de todos conseguiremos cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030.
Para combater o crime de forma efetiva é preciso neutralizar suas lideranças e asfixiar seus mecanismos de financiamento.
Há poucos dias, realizamos, no Brasil, a maior operação da história contra o crime organizado, que finalmente alcançou o “andar de cima” do crime organizado: a Faria Lima, a famosa linha bancária do Brasil.
Não podemos permitir que os moradores das periferias, os povos indígenas e as comunidades ribeirinhas tenham suas vidas marcadas pela violência, enquanto os endinheirados ficam impunes.
Os mais vulneráveis são os que mais sofrem com a criminalidade. Estar do lado do povo amazônico requer ação firme e decisiva contra o crime. Juntos, seremos mais fortes e eficazes.
Por isso, o crime organizado se prepare, porque a Justiça vai derrotá-los.
Um abraço e boa sorte aos trabalhadores do Centro recém-criado aqui na Amazônia.