Pronunciamento do presidente Lula durante anúncio de investimentos do Governo Federal no estado de Rondônia
Eu queria, companheiros e companheiras de Rondônia, dizer para vocês da minha imensa alegria de voltar a esse estado. Lamentando que a gente esteja num espaço grande, mas pequeno, porque tem tanta gente lá fora quanto tem aqui dentro, que não pode entrar por uma questão de segurança, orientada pelos bombeiros, o que é correto.
Eu queria também agradecer as pessoas que estão lá fora e dizer para vocês que eu demorei dois anos e meio para vir aqui. Dois anos e meio, porque a gente estava tentando reconstruir o desmantelamento que tinha sido feito nesse país. Quem é professor universitário sabe o que aconteceu nas universidades brasileiras. Quem é cientista e pesquisador sabe o que aconteceu na pesquisa deste país.
Vocês sabem que a gente não tinha mais Ministério da Cultura, não tinha mais Ministério do Trabalho, não tinha mais Ministério da Igualdade Racial, não tinha mais Ministério dos Direitos Humanos e não tinha mais Ministério das Mulheres, e os poucos ministérios que a gente tinha estavam desmontados.
Só para vocês terem ideia, o Ibama, quando eu voltei, tinha 700 funcionários a menos do que eu deixei em 2010, 15 anos depois. Então o país era infuncional.
Vocês sabem disso, porque eu não vou perguntar para ninguém em quem vocês votaram, mas eu duvido, eu duvido, eu duvido que alguém aqui nesse plenário saiba uma obra que o governo passado fez nesse estado. Eu duvido.
Eu falei a mesma coisa no Acre, eu falo a mesma coisa no Pará, eu falo a mesma coisa em qualquer estado que eu vou, presidente Arce [Luis, presidente da Bolívia]. A gente teve um governo de desgoverno, totalmente irresponsável, um governo que pregava o ódio, um governo que não cuidou sequer com responsabilidade da saúde do povo, não acreditava na ciência, não acreditava na medicina e ficava dando remédio impróprio para tentar curar a pessoa de uma doença que o remédio não servia.
Então em todo estado que eu vou, eu estou obrigado a dizer essas coisas, porque nós agora estamos chegando à hora da verdade. Chega de brincadeira com esse país, chega de mentir, chega de ficar apontando o dedinho como se estivesse atirando, porque o povo não está precisando de arma. Esse povo não está precisando de arma, esse povo está precisando de escola, de educação, de livros, esse povo está precisando é de outra coisa, de emprego de qualidade, de formação e de paz, porque todos nós temos como grande sonho criar a nossa família em harmonia, viver em harmonia na nossa vila, no nosso bairro e a gente viver dignamente, é isso que a gente quer.
Então agora está chegando a hora da verdade. Em todo estado que eu vou, governador, em toda cidade que eu vou na capital, eu quero saber qual é a obra que foi feita no governo passado, porque não tem obra.
É uma vergonha, não se sabe o que aconteceu nesse país, e isso vale para o transporte, vale para a energia, vale para a educação, vale para qualquer coisa. Então, eu agora estou voltando a visitar todos os estados para olhar na cara de vocês, para olhar na cara do povo, mulher, homem e criança e perguntar o que foi feito aqui pelo Governo Federal durante os últimos, não apenas 4 anos, durante os últimos 7 anos desse país.
Eu tenho clareza de que nós estamos em um processo muito grande de reconstrução desse país. E é por isso que quando eu tomei posse no dia 1º de janeiro, a minha primeira atitude foi chamar os 27 governadores eleitos, sem perguntar de que partido eram os governadores, dos amigos aos inimigos eu convidei todo mundo para dizer para os governadores, eu quero fazer um programa de investimento de infraestrutura nesse país, não é o presidente da República que sabe o que tem que fazer, eu quero que cada governador me apresente de 3 a 6 obras que são prioritárias para o seu estado.
Da mesma forma começamos a fazer com as prefeituras no Pac Seleções, porque não é o Lula que sabe as necessidades da prefeitura, são os prefeitos. Então nós chamamos quase todos os prefeitos, o prefeito participou do Pac Seleções. E eu posso dizer para vocês que no Pac Seleções nós escolhemos prefeitura de inimigo nosso, e gente do PT ficou sem ser escolhido pelo Pac Seleções.
Eu tenho um problema sério e vou continuar tendo, porque eu fui eleito não foi para governar só para as pessoas do meu partido, eu fui eleito para governar para 215 milhões de brasileiros e é assim que eu vou me portar. É assim que eu vou me portar. E, portanto, eu estou com muito orgulho, eu mostrei para o Confúcio [Moura, Senador da República] dentro do avião uma lista de obras desse estado.
Eu trouxe para ele o que foi feito nesse estado de 2003 a 2016, antes da Dilma [Rousseff, ex-presidenta do Brasil] ser golpeada. E o que nós fizemos nesse estado, o que nós fizemos no Acre, o que nós fizemos em São Paulo, o que nós fizemos no Rio Grande do Sul, o que nós fizemos em Minas Gerais, eu duvido que tenha sido feito por qualquer presidente da República que presidiu esse país.
Eu tenho, em muitos lugares, pedido para os professores universitários, para os jornalistas que às vezes não gostam de mim ou não gostam do PT, pesquisar para me desmoralizar, para falar que o outro presidente fez mais do que nós, para falar quem foi que fez.
Encontrem, porque esse país, ele só não é um país mais evoluído e mais completo, porque esse país teve uma elite governante irresponsável, incompetente e não foi capaz de fazer esse país crescer.
Eu vou contar uma coisa para vocês, e é importante, companheiro Luis Arce, você que é presidente da Bolívia, saber. Quando eu deixei a Presidência da República em 31 de dezembro de 2010, esse país, meu caro vice-governador, você que é empresário, esse país vendia 3 milhões e 600 mil carros por ano, em 31 de dezembro de 2010. Quando eu voltei, 15 anos depois, esse país só vendia 1 milhão e 600 mil carros, menos da metade do que vendia em 2010.
Isso significa o atraso desse país. Um presidente que não tinha relação com nenhum país, ninguém gostava de recebê-lo e ninguém queria vir ao Brasil.
Um presidente que se recusou a receber o presidente da França, porque a mulher do presidente da França era velha. Um presidente da República que ficava na fronteira com a Venezuela, ameaçando.
Todo santo dia, ele não dava conta sequer de governar esse país, aliás, nem soube educar os seus filhos, porque hoje tem um traidor da pátria lá em Nova York, expulsando os Estados Unidos contra o Brasil. Tá lá, tá lá na televisão: "Ô Trump, Trump, por favor, Trump, salva meu pai".
Eles são tão covardes, são tão covardes que estão pedindo anistia antes de serem julgados. Porque, na verdade, você pede anistia depois que você é condenado. O presidente pode dar indulto ou o Congresso pode votar uma lei. Ele não foi nem julgado. Ô cara de pau, se defenda, prove que você é inocente.
Eu, depois que inventaram a mentira contra mim e me prenderam 580 dias, muita gente queria que eu fosse pro exterior. Muita gente queria que eu me escondesse numa embaixada. E eu sou filho de uma mulher analfabeta, mas ela me deu uma coisa que a gente não compra em shopping, a gente não compra em nenhuma boutique. Ela me deu uma coisa chamada caráter, que a gente aprende de Deus.
E eu fui pra Polícia Federal. Fiquei 580 dias. Me ofereceram um acordo para que eu saísse da cadeia colocando a tornozeleira e ir pra minha casa. Eu disse pra eles: "Olha, eu não troco a minha dignidade pela minha liberdade. Eu não vou colocar tornozeleira porque eu não sou pombo-correio. E a minha casa não é prisão".
O cidadão que está sendo julgado e aqueles que estão tentando fazer o impeachment do presidente, de um ministro da Suprema Corte, porque está julgando ele, deveria aprender o seguinte: ele está tendo o que eu não tive. Ele está tendo presunção de inocência. Ele está tendo o direito de se defender.
E ele sabe que ele é culpado porque ele tramou no golpe, ele tramava matar o Lula, tramava matar o Alckmin [Geraldo, vice-presidente e ministro d a Indústria, Comércio e Serviços] e tramava matar o Alexandre de Moraes [ministro do Supremo Tribunal Federal]. E não é a oposição que está dizendo não. São os asseclas deles que delataram ele.
É o ajudante de ordem dele.
Então, ao invés de ficar agora choramingando pelos cantos, falando: "Ah, eu estou doente", aí as pessoas falam: "Ah, ele está chorando, ele está nervoso". Seja homem, crie vergonha, crie vergonha. E responda pelo que você fez. Responda, não fique choramingando não. Um presidente que não teve coragem de passar a faixa para mim, foi embora.
E agora, tem lá os seus asseclas pedindo para ele ser perdoado. Não, ele vai ser julgado e não tem ninguém da oposição acusando ele. O que está sendo acusado é a delação que os amigos dele fizeram contra ele.
Então, companheiros e companheiras, eu estou muito chateado com a decisão do governo americano. Primeiro, o governo americano cismou de dizer que era preciso parar de perseguir o Bolsonaro. O presidente americano precisa saber que aqui no Brasil só tem um dono para mandar no Brasil, é o povo brasileiro, ninguém mais.
Segundo, o Poder Judiciário aqui no Brasil, o Poder Judiciário aqui no Brasil tem autonomia. O presidente da República não interfere no ministro da Suprema Corte. E os americanos querem interferir, querem interferir. A gente não se mete na corte deles. Ele precisa aprender a respeitar os outros, precisa aprender de que soberania é um direito sagrado de cada nação.
Depois inventaram uma mentira, dizendo que o presidente americano ia taxar o Brasil porque os americanos tinham déficit comercial. Ou seja, o Brasil vendia mais, ganhava mais dólar do que ele. É mentira. Em 15 anos, o déficit brasileiro é de 410 bilhões de dólares. Em 15 anos.
Só as empresas que armazenam dados nossos nos Estados Unidos, são 23 bilhões por ano que a gente paga para eles. No comércio, o nosso déficit no ano passado foi de 7 bilhões de dólares. Eles venderam 47 para nós e nós vendemos 40 para eles. Então, para que fazer ameaça? Para que fazer uma coisa dessa quando o mundo está precisando de mais emprego? O mundo está precisando de mais paz, de mais harmonia. Para que fazer isso?
Por arrogância? Porque tem o filho do Bolsonaro, um tal de Eduardo [Bolsonaro, deputado federal], que deve ser cassado pela Câmara, dizendo: "Ô Trump, meu pai está sendo perseguido, Trump. Meu pai é inocente, Trump". Ah, tem dó. Veja, se vocês viram algum filho meu chorando pelos cantos quando eu fui preso. Alguém viu algum filho meu chorando? Vocês viram um filho meu ir na Bolívia pedir pro Arce invadir o Brasil? Vocês viram um filho meu ir nos Estados Unidos? Não. Sabe por quê? Porque eu ensinei meus filhos a terem vergonha na cara, a ter caráter e a respeitar o país. É isso que aconteceu.
Então, companheiros e companheiras, esses anúncios que nós viemos dar aqui de títulos de terra, de legalizar uma coisa que deu uma confusão para 38 mil pessoas aqui, o programa Luz para Todos outra vez, essas coisas que a gente vai fazer na educação, é o que a gente vai fazer daqui pra frente.
Em toda cidade que eu vou, eu vou perguntar: "Me digam o que que o coisa, que governou esse país, fez na sua cidade ou no seu estado". Porque o povo, o povo vai ter que assumir a responsabilidade daqui pra frente com os políticos que ele elege. A gente não pode ir na urna e votar numa pessoa que a gente não conhece. A gente não pode votar numa pessoa que fica tagarelando. É preciso conhecer a vida da pessoa, o passado da pessoa, o compromisso da pessoa, olhar o histórico das pessoas.
Porque senão, a gente pensa que está colocando uma galinha junto com uma galinha, ou um galo para tomar conta das galinhas, ou um galo para a galinha tomar conta, a gente está colocando uma raposa no galinheiro. E quem coloca a raposa no galinheiro vai ver suas galinhas serem comidas. É isso, vocês viram o atraso que esse país teve.
Vocês viram o atraso. O atraso na educação, o atraso na saúde. A gente tinha 20 mil médicos com a Dilma, quando eu cheguei agora só tinham 12 mil médicos.
Agora já estamos com 28 mil médicos e precisa mais. Agora, nós criamos o Agora Tem Especialista, porque teve um tempo que as pessoas iam no médico, faziam uma consulta e pegava a receita e levava para casa, colocava embaixo do travesseiro, porque não tinha dinheiro, morria sem poder comprar o remédio.
Nós agora estamos dando 41 remédios de graça, todo remédio de uso contínuo. Então, a pessoa vai no médico, ela tem o remédio, mas muitas vezes a pessoa precisa do especialista. Ela vai no médico, o médico pede: "Olha, você precisa procurar um cardiologista". Aí a gente vai marcar no balcão, a pessoa fala: "Olha, daqui 10 meses". Ninguém pode esperar 10 meses. Aí, quando vai no cardiologista, ele fala: "Tem que fazer uma ressonância magnética", mais 10 meses. Olha, se fosse fácil sarar evitando consulta, não precisava ter médico.
Então, nós agora estamos fazendo Agora Tem Especialista, porque em 30 dias as pessoas vão ter que passar por todo o médico que tem que passar, por todas as máquinas, para que ninguém morra por falta de atendimento.
O nosso ministro de Minas e Energia [Alexandre Silveira] falou, vocês sabem que já não estão pagando mais energia. Quem consome até 80 quilowatts por mês, vai pagar zero de energia. E quem consome até 120 e tem renda per capita até um salário mínimo, vai pagar a diferença entre 80 e 120, só.
Vocês sabem que nós vamos aprovar isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais, e me parece que o deputado Lira [Arthur, deputado federal] está melhorando o projeto e vai até 7 mil. Vocês sabem, vocês sabem que nós agora estamos arquitetando, possivelmente a gente anuncie nos próximos dias, um programa para que as pessoas mais pobres, que ganham menos, que não podem pagar 140 reais em um botijão de gás, vai receber gás de graça.
Nós estamos apenas, estamos apenas encontrando um jeito de distribuir, mas não é possível, governador. O gás sai da Petrobras a 37 reais o botijão de 13 quilos e chega para um pobre aqui em Rondônia a 140, a 130, tem estado até 150. Não é possível, quem está ganhando tanto dinheiro?
No meu primeiro mandato, prefeito, eu comprei uma empresa chamada Liquigás para interferir na distribuição. Eles venderam. Eles venderam a BR.
Se a gente tivesse a BR distribuidora, a gente poderia entregar gás nos postos de gasolina da BR. Eles venderam. Então é o seguinte, esses caras não sabem governar, eles só sabem vender as empresas públicas, só sabem vender.
Então é o seguinte, eles nasceram para ser comerciantes, não nasceram para governar. Para governar, você tem que saber de uma coisa, você tem que saber tomar decisão, você tem que ter escolha e você tem que ter lado. E eles sabem que eu governo para todos, mas é o povo mais humilde que merece a minha atenção especial, porque é para esse povo que a gente tem que governar.
Eu digo sempre, eu digo sempre, ô Arce, você é um cara estudado, você é economista, você é um boliviano privilegiado. Aqui todos os meus ministros são privilegiados, todos têm curso superior. Eu não pude ter, porque eu comecei a trabalhar com 11 anos de idade. Eu fui tintureiro, ajudante de tintureiro, fui engraxate, fui o tudo na vida, vendedor de tapioca, vendedor de laranja.
Eu não pude estudar, mas eu aprendi também que não precisa, na universidade a gente não adquire inteligência, na universidade a gente adquire conhecimento, a inteligência está dentro do seu cérebro, é só você esforçar um pouco para você ter ela. E eu tenho muito orgulho, Arce, eu tenho muito orgulho, acho que eu sou o único presidente do mundo que não tem diploma universitário. E nesse país aqui eu sou o presidente que mais fiz universidade, mais fiz Instituto Federal e mais coloquei jovem, homem e mulher, na educação. E a educação para mim é uma obsessão. Tem duas coisas que são uma obsessão para mim, educação e combater a fome.
A educação, porque eu não tive o direito de ser, mas eu quero que todo trabalhador, todas as pessoas, que a empregada doméstica tenha o direito de que o filho dela ou a filha disputa a vaga da universidade com a filha da sua patroa, que o filho do pobre possa disputar com o filho do rico e que vença o melhor, que vença o melhor.
A gente não pode viver num país aonde, de acordo com o berço que você nasce, você vai ser doutor. Ou senão você vai ser cortador de cana, faxineiro, lixeiro, pedreiro, ajudante de pedreiro. "Ah, vai ser pedreiro para trabalhar em São Paulo?". A gente não tem nada contra pedreiro, mas a gente também quer ser engenheiro, a gente quer ser médico, a gente quer ser dentista, a gente quer ser psicóloga, a gente quer ser tudo.
E é por isso que é uma obsessão para mim e sobretudo para vocês, companheiras mulheres, sobretudo para vocês. É muito importante o homem ter uma profissão. Eu sei o que é procurar emprego quando você tem uma profissão e sei o que é procurar emprego sem profissão. Sem profissão você não vale nada. As pessoas nem te atendem direito. As pessoas perguntam o que você sabe fazer. "Ah, eu sei fazer tudo". Mentira, ninguém sabe fazer tudo. "Eu sei fazer um pouco". Não, não sabe. "Ah, não tem profissão", então não tem emprego. Quando você tem uma profissão, pelo menos a pessoa pede um currículo.
Então, gente, o homem com uma profissão, ele tem emprego garantido em qualquer lugar do país, em qualquer estado. Ele vai ganhar melhor. Vejam, por conta de uma profissão minha, companheiros, por conta de uma profissão minha, eu só tive o diploma primário e o curso do Senai. Por conta desse meu curso, eu fui o primeiro filho da dona Lindu a ganhar mais que o salário mínimo.
Eu fui o primeiro a ter uma televisão, eu fui o primeiro a ter uma geladeira, eu fui o primeiro a ter um carro, o primeiro a ter uma casa e o único a ser presidente da República por conta do ensinamento da dona Lindu. Pois bem.
Então, o homem tem que estudar, o homem tem que estudar porque é preciso ser bem informado. Quanto mais informação ele tiver profissional, mais ele vai ser bem pago e vai poder cuidar da sua família. E a mulher? A mulher tem uma coisa mais sagrada ainda, é que a formação da mulher dá a ela uma coisa chamada independência.
É o que nós queremos dizer para o Trump. Trump, nós não queremos briga, nós queremos independência e ser dono do nosso nariz. Porque a mulher, a mulher, se ela tiver uma profissão, ela vai para o mercado de trabalho, ela vai poder pagar alguém para tomar conta do filho dela e ela não vai aceitar morar com uma pessoa que não trata ela bem, que não respeite ela.
Uma mulher não deve morar com uma pessoa atrás de um prato de comida. A minha mãe, gente, a minha mãe que nasceu e morreu analfabeta, a gente veio de Pernambuco, eu tinha sete anos para São Paulo, eu tinha sete anos. A minha mãe veio atrás do meu pai, porque disse que ele mandou uma carta que não era a carta dele, foi do meu irmão.
E quando a minha mãe chegou em São Paulo, com oito filhos agarrados no rabo da saia, ela descobre que o meu pai era casado com outra mulher e já tinha mais quatro filhos. Uma mulher, analfabeta, com oito filhos pequenos, você pensa que ela ficou atrás do meu pai? Ela separou do meu pai, fomos morar num barraco, fomos vender sardinha, vender pipoca, vender amendoim, vender o diabo que tivesse, carregar carvão, e ela criou oito filhos sem olhar para a cara do meu pai nunca mais.
Essa independência que a mulher tem que ter, essa independência, ninguém pode viver de favor de alguém, porque se uma mulher aceitar apanhar do marido uma vez, ela vai apanhar sempre. Porque um cara que levanta a mão para bater numa mulher, esse cidadão não vale nada, porque mão foi feita para trabalhar e para fazer carinho e não para bater em mulher. Sabe, essa coisa que assim a gente não vai criar uma sociedade justa.
Esse dia eu vi um brutamontes na televisão dando um soco, 37 socos na cara da mulher, vocês viram? Um cavalo daquele precisava ser colocado numa colcheira e um cavalo dar 30 coices na testa dele para ele aprender o que é bom. É preciso a gente acabar com a violência dentro de casa, e por isso a educação é importante, e vocês também denunciarem.
Por isso, gente, por isso eu voltei a ser presidente da República, voltei de cabeça erguida, e vou dizer para vocês, enquanto eu estiver vivo, essa tranqueira que governou esse país, não voltará mais a governar esse país.
Porque, vocês sabem, vocês sabem que eu digo uma coisa, vocês sabem por que eu não vou ficar velho? Porque o velho é o seguinte: eu vou ter idade, a idade não volta, eu já estou, vou fazer 80 anos dia 27 de outubro, se alguém quiser me dar presente pode mandar para Brasília que eu recebo.
Mas veja, por que que eu não quero envelhecer? Porque a idade eu sei que eu vou ter, mas aqui, e aqui, e aqui, eu tenho que estar novo. E sabe o que que me deixa novo? É que eu tenho uma causa, eu tenho uma causa, a minha causa é que enquanto tiver uma criança, uma mulher ou um velho passando necessidade nesse país, nós temos que ter vergonha e resolver a vida dessas pessoas, porque esse país é rico, esse país é rico, e a gente não pode admitir a desigualdade que nós temos nesse país.
Por isso, quando eu vejo essa menina aqui, essa menina negra, fazendo um curso no Instituto Federal, eu fico muito, mas muito orgulhoso, fico muito orgulhoso, porque o povo negro no nosso país está ganhando respeito, aprendeu a andar de cabeça erguida, e está dizendo para as pessoas: não me julguem pela minha cor, me julguem pelo meu caráter, pelo meu conhecimento, pelo que eu sei fazer. Por isso, você merece um beijo na testa.
Então, gente, é o seguinte, agora eu vou andar esse país, eu vou voltar por aqui, se preparem, se preparem, porque se em 2018 eu não pude permitir que a tranqueira fosse eleita, eu agora posso, eu agora posso, porque quem mentir tem que ser... e vocês não podem acreditar nas mentiras da rede social, gente, vocês não podem acreditar, é muita mentira.
Vocês precisam aprender a julgar o que é certo e o que é errado, sabe? Acreditar que vacina transformava a pessoa em gay, que quem tomava vacina virava jacaré. Ah, pô, tem dó. Você sabe, ô Simone [Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento], que eu já vi na internet três vídeos de que eu não sou eu. Eu já morri, eu sou clonado.
Olha, eu vou dizer para o nosso adversário, se o Lula incomoda muita gente, dois Lulas incomodam muito mais. Ele tem que saber, ele tem que saber. Vou voltar aqui, porque se Deus quiser, o Camilo [Santana, ministro da Educação] sabe, para inaugurar o hospital universitário. O Camilo, o Camilo que está, se você vai comprar o hospital, imediatamente ele tem que entrar com recurso para fazer o negócio, porque se ficar atrasando, esperar não sei das quantas, a burocracia não deixa.
Então, Camilo, eu estou falando na frente do povo aqui, ó, no dia que o prefeito comprar o hospital, eu quero ficar sabendo, aí eu vou atrás de você, aí você, você é senador, não precisa ser candidato a nada, não vai se afastar e você vai se dedicar para a gente inaugurar esse hospital universitário aqui em Porto Velho.
Gente, eu quero fazer justiça aqui. Confúcio, vem cá. Eu quero fazer justiça aqui. O Paulo Teixeira foi falar, falou do Confúcio. A Simone foi falar, falou do Confúcio. O Renan foi falar, falou do Confúcio. Eu estava esperando que alguém ia dar a palavra para o Confúcio e ninguém deu. Então, eu acho que por tudo que você fez, você merece encerrar as minhas palavras aqui nesse ato de Porto Velho.
Um beijo no coração. Com vocês, o nosso senador Confúcio.