Discurso do presidente Lula em cerimônia de investimentos em refino e petroquímica na Petrobras
Eu estava vendo os nossos queridos companheiros falarem aqui, o William França [diretor Executivo de Processos Industriais e Produtos e Interino de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras], o David [Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros], a Magda [Chambriard, presidenta da Petrobras] e o Alexandre [Silveira, ministro de Minas e Energia], e eu fiquei perguntando o que é que vai falar um presidente da República que não é petroleiro depois de ouvir tudo o que já foi falado sobre a importância desse investimento de R$ 33 bilhões em cinco anos aqui no Estado do Rio de Janeiro?
E o que significa a quantidade de empregos que vai gerar - diretos e indiretos -, e o que significa para a manutenção de uma empresa como a Petrobras, como uma empresa do setor petroquímico, crescendo e fazendo o Brasil crescer junto?
É importante que a gente reflita o que foi dito aqui para a gente saber o que está acontecendo nesse país.
E eu queria, antes de falar as coisas que eu quero falar para vocês, antes de ler sequer a minha nominata, dar um aviso aqui aos companheiros que dirigem a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor, ligada ao Ministério da Justiça [e Segurança Pública], em Brasília. O nosso companheiro Wadih Damous [Secretário Nacional do Consumidor], que é advogado aqui do Rio de Janeiro e foi presidente da OAB. Quero dizer ao nosso companheiro, não sei se é o Bruno Caselli [diretor-geral interino da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis], que é atualmente o presidente da Agência Nacional de Petróleo, quero chamar a atenção dos PROCONs estaduais, chamar a atenção dos companheiros do CADE – o Conselho Administrativo de Defesa Econômica –, e chamar a atenção também, companheiro Andrei [Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal] presta atenção, da Polícia Federal.
Companheira Magda, companheiro Alexandre Silveira, é preciso, companheiros, que esses órgãos que têm a função de fiscalizar não permitam que nenhum posto de gasolina nesse país venda gasolina mais cara do que aquilo que é o preço que ele tem que vender. E muito menos, óleo diesel.
Não é possível que a Petrobras anuncie o desconto de um centavo, e esse desconto não chegue para o consumidor. Não é possível que a Petrobras anuncie tanto desconto no óleo diesel e esse desconto não chegue para o consumidor.
É importante lembrar, se for mentira, você me desminta, Magda, para não passar por mentiroso. O nosso óleo diesel hoje e a nossa gasolina hoje estão mais baratos do que quando nós entramos na presidência há dois anos e meio atrás. Se levar a inflação desse período, a gente vai mostrar que aqueles que dizem que está caro, [que eles] precisam levar em conta, que mesmo com a Petrobras baixa, muitos postos de gasolina não reduzem.
Estava me dizendo, William, que em Brasília teve um posto que aumentou R$ 0,50. Não é possível, não é possível que essa moça faça um sacrifício extraordinário para reduzir R$ 0,20 no litro de óleo diesel, para reduzir R$ 0,12 no litro de gasolina e esse preço não chega no posto de gasolina. Ou seja, quem está pagando o pato é o consumidor.
Então, eu fiz um apelo a esses órgãos e eu vou repetir aqui, a Senacom, Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor, a Agência Nacional de Petróleo, os PROCONs estaduais e o CADE e a Polícia Federal: é preciso fiscalizar para saber se os preços que estão sendo praticados, estão sendo justos ou tem alguém tentando, mais uma vez, enganar o consumidor brasileiro.
Portanto, Alexandre, é importante outra vez se reunir com o Ministro da Justiça [ e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski] e exigir que essas coisas aqui aconteçam, porque, senão, nós seremos tratados como se fôssemos um bando de imbecis. Porque decidimos as coisas e elas não acontecem na ponta.
Eu queria agradecer à companheira Magda pela extraordinária gestão que ela tem feito na Petrobras.
Eu acho que a Magda é daquelas coisas boas que acontecem na vida da gente e quem olha para a Magda, assim, à primeira vista, essa mulher frágil, essa mulher que anda devagar, essa mulher que fala manso, sabe, às vezes, eu tenho até dificuldade de entender, ela não tem condições de dirigir uma empresa da magnitude da Petrobras.
E a surpresa é que a companheira Magda é extraordinariamente competente, não para dirigir uma Petrobras, para dirigir duas Petrobras.
Eu queria, companheiros e companheiras, dizer para vocês que o Brasil está vivendo um momento singular.
Do ponto de vista econômico, o Brasil está vivendo um momento, se não extraordinário, um momento de muita certeza e de muita garantia. Não tem um número negativo nesse país, a não ser a taxa de juros da SELIC, que não depende de nós, porque o Banco Central tem autonomia e nós herdamos uma “pessoa com uma febre muito alta” e para curar essa febre leva um tempo, mas pode ficar certo que o juro também vai entrar. O dólar, que estava seis e pouco, já está R$ 5,40.
A inflação está a 5%. O crescimento econômico já surpreendeu por dois anos e vai surpreender outra vez. Nunca tivemos tanto crédito para pequeno, médio e grande [negócio] como nós temos hoje no país.
Nunca os pequenos empreendedores, os MEIs, tiveram tanto financiamento como tem [hoje]. Voltamos a reconstruir o Minha Casa, Minha Vida, que ficou paralisado durante quatro anos, porque prometeram uma desgraçada de uma casa verde e amarela, que nunca saiu, nem verde, nem amarela. E a nossa não é nem vermelha, a nossa é de todas as cores que as pessoas quiserem ter em sua casa. Ela vai sair porque nós contratamos mais 3 milhões de casas.
Nós estamos vivendo o melhor momento de aumento da renda salarial. Nós estamos vivendo o momento de aumento de salário mínimo. Nós estamos vivendo o momento do menor desemprego da História do país. E nós estamos vivendo um momento de muita respeitabilidade no mundo. Muita respeitabilidade. E isso é muito importante para o Brasil.
Muitas vezes, as pessoas não se lembram, mas nós, em três Planos Safra, nós colocamos à disposição do agronegócio R$ 1 trilhão e 700 bilhões somado com a agricultura familiar: o dobro do que foi feito em todos os quatro anos do governo passado. E nós não fazemos isso na perspectiva de que o agronegócio vai gostar do Lula. Eu não estou propondo casamento.
Eu faço isso, porque o agronegócio é importante para a economia brasileira, é importante para as exportações brasileiras, é importante para que a gente tenha segurança alimentar viva, definitiva e muito forte nesse país.
E da mesma forma, nós fazemos para a agricultura familiar, que teve outra vez R$ 89 bilhões no Plano Safra. E nós fazemos isso com a certeza de que é possível construir esse país, é possível que a gente faça desse país um país de classe média.
A gente não quer que a sociedade brasileira fique dependendo de Bolsa Família, fique dependente de BPC [Benefício de Prestação Continuada]. A gente quer que as pessoas dependam da sua capacidade de trabalho. Por isso, é preciso incentivar a escola, por isso parabéns por esse programa de educação chamado Economia e Renda.
Gente, quando eu vejo uma menina ou um menino estar orgulhoso de aprender uma profissão, eu lembro o orgulho quando eu tinha 14 anos de idade, que a minha mãe me levou para fazer um curso no Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial]. E o curso no Senai mudou a minha vida. De vez em quando, eu fico pensando, será que eu tenho que reclamar porque eu não consegui fazer um curso universitário?
Ou será que eu tenho que agradecer pelo curso de torneiro mecânico que eu fiz no Senai? Porque foi graças ao curso de torneiro mecânico que eu fui para o sindicato. Eu já contei para vocês, mas eu gosto de contar, porque propaganda tem que repetir sempre.
Graças a esse curso do Senai, eu fui o primeiro filho da minha mãe a ganhar mais que o salário mínimo. Eu fui o primeiro filho da minha mãe a ter um televisor. Eu fui o primeiro a ter uma geladeira, o primeiro a ter um carro, o primeiro a ter uma casa.
Fui o único a ser presidente do sindicato e o único a ser presidente da República. Isso é uma coisa que eu devo a uma mãe que resolveu que eu tinha que aprender uma profissão.
Portanto, a profissão que vocês aprenderam, ela vai marcar para toda a vida de vocês, [pela] a importância de a gente ter uma profissão.
Como é bom a gente procurar emprego quando a gente tem profissão. O cara que atende conversa com você. O cara que atende pede o teu telefone.
O cara que atende pede o teu telefone celular, pede o teu e-mail, pede qualquer coisa. Quando você não tem profissão, o cara só fala: não tem vaga, e você vai para outro lugar. Chega lá, não tem vaga.
Eu andava mais de 15 quilômetros, Magda, de fábrica em fábrica, atrás de emprego. E não tinha. Mas quando eu tive a minha profissão, a gente arrumava emprego em qualquer lugar desse país.
E, sobretudo, para as mulheres, você não tem noção da importância da sua profissão. [Falando a uma jovem que integrou a mesa] Porque agora, com a experiência que você tem da sua mãe, você vai poder construir a sua vida. Vai poder escolher o lugar que você mora. Você não vai viver com ninguém porque você precisa de um prato de comida. Você não vai com ninguém porque ninguém vai pagar seu aluguel. É você quem vai cuidar da sua vida, andar de cabeça erguida!
É isso que nós queremos para esse país. É isso que todo mundo pode conquistar nesse país.
Olha, quando nós fizemos o projeto de lei (PL nº 1087/25), dizendo que a gente iria isentar quem ganha até R$ 5 mil do Imposto de Renda, eu, na verdade, estava trabalhando contra a minha ideia, porque a minha ideia era cinco salários mínimos. Antes, quando eu era sindicalista, eu era mais radical. Salário não é renda.
Então, quem ganha salário não tem renda. Quem ganha renda é quem vive de renda. Quem ganha renda é quem vive de apostar no mercado.
Mas o trabalhador não. Mas, de qualquer forma, como a realidade, às vezes, é mais forte, eu cedi e fiz R$ 5 mil. Para a gente descontar quem ganha até cinco não pagar Imposto de Renda, até R$ 5 mil.
A gente decidiu que 141 mil pessoas, que ganham mais de R$ 1 milhão, paguem um pouco mais. Gente, não é justo! Nós não estamos tirando de ninguém que ganha nada, estamos tirando de alguém que ganha mais de R$ 1 milhão por ano.
Estamos tirando uma merreca deles para dar um pouco para as pessoas mais pobres desse país, para as pessoas que menos tiveram sorte.
Porque, muitas vezes, tem gente que fala “o cara é pobre porque não estudou, o cara é pobre porque ele não trabalha, o cara é pobre porque ele é vagabundo”. Não, não é assim, não é assim!
Muitas vezes, as pessoas não tiveram chance, porque muitas vezes o Estado brasileiro não ligou para acabar com essa desigualdade. Esse país, muitas vezes, foi governado para 35% da população. Esse país era governado para 35% da população.
Governar para 100% é mais complicado, exige mais sacrifício, exige mais trabalho, exige mais fraternidade, mais compreensão, mais carinho. E o que é duro é que as pessoas não querem ceder. O que é duro é que quem tem privilégio, não quer abrir mão do privilégio.
Eu propus, e aqui estão os deputados, a minha ideia era que a gente pudesse fazer um desconto na desoneração de forma linear, 10%. A gente tem R$ 860 bilhões entre desoneração e isenção fiscal. Eu só queria diminuir 10%.
As pessoas ficariam com 90%. Mesmo assim, não querem. Não querem, porque quem tem privilégio não quer abrir mão de privilégio.
Não é possível. Tem gente recebendo benefício que não tem direito. Sabe o que acontece quando alguém que não tem direito está recebendo? Quem tem direito não recebe!
Então, fazer as coisas acontecerem de forma correta nesse país é uma necessidade. Nós precisamos decidir que país a gente quer construir, vocês que são jovens, que país vocês querem deixar para os filhos de vocês.
É isso que inferniza a minha consciência todo dia. Esse país é grande, esse país é rico, esse país pode, mas nunca quiseram!
Eu queria que vocês fizessem uma análise. Se você pegar de Marechal Deodoro da Fonseca [proclamador e primeiro presidente da República, entre 1889 e 1891], até hoje, se somar todos os presidentes juntos, eu sozinho vim na Petrobras muito mais do que eles. Sozinho. Pode fazer a conta.
Pode pegar de 1889, quando foi proclamada a República, até hoje, pega todos os presidentes. Eu sozinho já vim mais em ato da Petrobras do que todos eles juntos. Sabe por quê?
Porque eu tenho dimensão da importância do que é a Petrobras para esse país. Eu tenho dimensão. A Petrobras não é uma empresa de petróleo.
Se fosse só isso, era igual a outra. A Petrobras é uma empresa, que é uma espécie de búfala da economia brasileira. A Petrobras vai bem, o Brasil vai bem.
Se a Petrobras vai bem, as outras empresas vão bem. E é por isso que nós temos que torcer para a Petrobras ser cada vez maior, cada vez mais avançada, cada vez mais tecnológica, cada vez mais digital. E eu estou dizendo uma coisa boba, porque em 1953, quando Getúlio queria criar a Petrobras, a elite brasileira não queria.
Ela não queria que se investisse em petróleo. “Que negócio de pegar petróleo? Vamos comprar dos Estados Unidos”. Aquele complexo de vira-lata de uma parte da elite brasileira, que tudo que é de lá é bom, tudo que é aqui não presta.
E veja o que virou a Petrobras. Já tentaram privatizá-la, já tentaram mudar de nome, e já tentaram vender, e eles conseguiram vender pedaço e foram vendendo. Eu lembro, companheiro deputado, que no meu primeiro mandato eu comprei uma empresa distribuidora de gás.
Comprei para a gente poder tentar ter uma participação na regulação do preço do gás. Venderam. Hoje, a Petrobras libera um botijão de gás de 13 quilos por R$ 37, e ele chega na casa de um pobre de outro Estado a R$ 140.
É justo? É normal para a gente deixar que isso aconteça?
E a gente não tem hoje uma distribuidora! Se a gente tivesse a BR, a gente poderia utilizar os postos da BR para entregar esse gás. A gente não tem. Então, como é que a gente vai fazer para esse gás chegar para as pessoas que mais precisam?
Porque tem gente que não tem dinheiro para comprar o gás. Eu não sei se vocês sabem.
Eu, às vezes, andava quase oito quilômetros para ir a um lugar, procurar um botijão de gás e carregar na cabeça. Eu não tenho pescoço de [tanto] carregar água, lenha e botijão de gás na cabeça, porque o caminhão passava na casa da gente, a gente não tinha um dinheirinho para comprar o gás. Tinha que tomar dinheiro emprestado para ir na casa de alguém buscar.
Hoje, continua assim. Ora, se a Petrobras consegue entregar a R$ 37, quem diabo está roubando que chega a R$ 140? Para que ganhar tanto?
Então, quando a gente fala que a gente quer fazer muitas coisas, aí chama a gente de populista. “Ah, está interferindo no mercado.” Eu quero interferir no mercado para baixar o preço da comida.
É isso, sim, que eu quero fazer. Mas se a gente não cuidar dessas pessoas que estão para trás, a gente não vai a lugar nenhum. E o nosso papel, enquanto governo, é cuidar das pessoas que mais necessitam.
Nós não queremos tirar nada de ninguém. Eu não quero tirar nada de ninguém. A única coisa que eu quero é dar condições aos que não têm nada, a ter alguma coisa.
O direito de comer um bife, o direito de tomar um café com pão com manteiga de manhã, o direito de ter uma filha que faça um curso como essa menina está fazendo, aquele menino. Dar chance para eles estudarem. Esse país nunca deu, não é possível.
Precisou vir para a presidência um metalúrgico sem diploma universitário para poder fazer os institutos federais que estavam faltando nesse país, para fazer as universidades, para fazer o PROUNI, para garantir o FIES, para colocar as pessoas mais humildes para fazer universidade nesse país.
Ser engenheiro da Petrobras não pode ser um privilégio de uma parte rica da sociedade. Ser engenheira da Petrobras não precisa ser um profissional da Petrobras.
Todo mundo tem que ter chance de ser. E o papel do Estado é garantir isso. E por isso, Magda, eu estou fascinado com a sua presidência.
Quem vê a Magda assim e pensa que ela, “aquela presidenta é bobinha, vamos acossar ela”. Está ferrado! Está ferrado, porque não sabe a quantidade de inteligência tratada de veneno que tem na cabeça dessa mulher.
Então, eu quero dizer para vocês que eu estou muito orgulhoso, orgulhoso da Petrobras, orgulhoso dos investimentos que a gente está fazendo, orgulhoso da volta a investir na indústria naval desse país, orgulhoso de investir na volta profissional dessa gente, na contratação de mais gente, que é isso que faz um país ser grande, gente.
Esse país não pode continuar como foi a vida inteira. Eu, quando deixei a presidência em 2000, eu conto isso, que é para vocês saberem o que aconteceu nesse país.
Quando eu deixei a presidência em 2010, esse país produzia 3 milhões e 600 mil carros. Quando eu voltei, 15 anos depois, só produzia 1 milhão e 600. Onde é que foi [parar] mais da metade dos carros que deixaram de ser produzido?
Onde é que foi? Eu lembro que uma vez eu liguei para o Duque [Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras] para reclamar um negócio da Petrobras. E ele me disse, “ô presidente, é que a gente não previa o crescimento da venda de carro”.
E estava previsto a gente chegar a 6 milhões em 2015. Não aconteceu. Nós estamos recuperando agora.
Porque quanto mais petróleo... Tem gente que fala, “vamos acabar com o combustível fóssil”. Eu também estou favorável a acabar.
Quando a gente fizer com o combustível fóssil o financiamento da chamada transição energética que a gente tem que fazer.
Eu não vou abrir mão do petróleo brasileiro para os outros explorarem. Eu quero que a gente faça da forma mais saudável possível, da forma mais responsável possível.
Eu tenho orgulho da Petrobras, que é uma empresa que leva muito a sério a questão climática.
A gente não quer prejudicar nada, mas a gente não quer abrir mão da riqueza do nosso país para favorecer o nosso próprio povo. É com esse petróleo que a gente vai fazer o povo ficar rico.
Portanto, gente, eu estou aqui num dia de agradecimento.
Agradecimento a vocês, aos trabalhadores e às trabalhadoras da Petrobras, à direção da Petrobras, à todos vocês! Aos companheiros da FUPE, porque vocês estão dando uma demonstração que o que vocês precisam é apenas que o Estado deixe vocês fazerem aquilo que é a função de vocês.
Se o Estado não se meter, se o Estado não inventar coisa para a Petrobras, deixa a Petrobras investir em petróleo. Você tem que investir em pesquisa antes. Investir em pesquisa pode ser negativo. Eu posso fazer uma pesquisa e não encontrar nada. Mas se não investir, a gente não tem chance de achar.
Então a Petrobras tem que gastar em pesquisa!
Investir para que a gente ache mais gás, para que a gente ache mais petróleo, para que o dinheiro que a gente ganhe às custas da Petrobras, a gente possa melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro e a gente possa fazer do Brasil o país que vai ter a energia renovável mais limpa do planeta Terra.
É esse país que a gente pode construir. E por isso, companheiros, eu vou brigar!
Por isso, eu vou brigar. Pode ter certeza disso, que nós vamos colher muita coisa esse ano. Vocês vão perceber que a gente vai colher muita coisa esse ano.
Muita coisa que está plantada. Ele falou da energia que a partir da manhã, para quem consome até 80 quilowatts, vai estar de graça. Para quem consome até 120, tem uma renda per capita de meio a um salário mínimo, vai ter desconto.
Vamos levar gás [de cozinha] de graça para pelo menos 17 milhões de famílias nesse país. E ainda vamos fazer mais uma coisa. Nós vamos fazer um financiamento de moto elétrica para os meninos que são entregadores de comida nesse país. Fazer financiamento para eles poderem ter uma coisa decente para trabalhar.
E vamos continuar investindo em educação, porque sem investir em educação, a gente não vai para lugar nenhum.
Não sei se vocês viram essa semana, parece que tem uma briga entre o governo e o Congresso Nacional.
Deixa eu dizer para vocês uma coisa. Eu, depois do Getúlio Vargas e do Dom Pedro II, eu sou o mais longevo dirigente desse país. O Getúlio teve 15 anos que ele não foi eleito.
Ele foi tido como ditador. Mas mesmo como ditador, foi ele que fez a consolidação das leis do trabalho, porque a gente vivia como escravo. Hoje tem muita gente que é contra a CLT, mas quando ela foi feita em 1943, não tinha jornada de trabalho.
Não tinha limite de idade para a criança trabalhar. Tinha criança que trabalhava o dia inteiro em setores poluídos, e não ganhava quase nada. Então, o Getúlio conseguiu criar a CLT, deu direito às férias para nós, deu direito à jornada de trabalho para nós.
Depois de Getúlio, vejam se vocês lembram um governo que fez política de inclusão social. Todos vocês têm mais estudo do que eu. Todos vocês. Tentem pesquisar para saber em que momento da história houve política de inclusão social. Se vocês encontrarem outros, me falem.
Porque a verdade é que teve Getúlio e teve o Lula, sabe, por conta de vocês, de fazer política de inclusão social.
Qual foi a política de inclusão social que fez a coisa que governava antes de nós? Qual foi? Venda de armas!
Ele facilitava a venda de armas, achando que era gente honesta que comprava armas. Mas ele deve ter favorecido muito o narcotráfico, o crime organizado, que comprou muita coisa.
Eu dizia, que o povo não precisa de arma. Se o povo tiver, trabalho, educação, cultura, tiver onde morar e tiver família tranquila, o mundo será menos violento. E, em vez de arma, dá um livro para a pessoa aprender a ler e conhecer um pouco da sua própria história.
Por isso eu fui na Bahia esses dias. Eu fui na Bahia reconhecer o 2 de julho como o Dia Nacional da Consolidação da Independência do Brasil.
Porque a história nos mostra que D. Pedro estava às margens do rio Ipiranga, lá em São Paulo, fazendo não sei o quê. E depois ele resolveu levantar a espada e gritar, “Independência ou morte!”.
Nem tinha nem ninguém para assistir, mas ele gritou sozinho, “Independência ou Morte!”. Fizeram um quadro bonito, sabe, o quadro está feito. Então, dia 7 de setembro, virou o dia da nossa independência.
Não é isso? De 1822. Mas na Bahia, os portugueses ainda estavam lá.
E na Bahia, teve luta, luta sangrenta, morreu gente, porque somente em 2 de julho de 1823 é que os portugueses saíram pela porta que entraram. Tinham entrado pela Bahia em 1500, saíram em 1823 tocados pelos baianos. Então, eu fui reconhecer o dia 2 de julho de 1823 como o Dia da Consolidação da Independência, sabe, que D. Pedro fez dia 7 de setembro.
Então, meus caros, aos poucos, a gente vai recontando a história do Brasil, para a gente saber que tipo de gente que nós somos. Para conhecer um pouco a nossa História, porque a História é contada por quem ganha.
Quem perde, coitado. Você veja, o Flamengo não vai contar a história do título mundial.
Você pensa que eu não sofro com vocês? A Janja é flamenguista. É flamenguista fanática.
E ela grita, e ela xinga, e ela quer bater o pênalti, ela quer bater falta. Eu falo, “calma, menina”. Esses dias ela estava dormindo, eu acordei, “vai começar o jogo”.
Ela acordou, os caras fizeram um gol. Era melhor ter deixado ela dormindo. Aí, ela xingou um pouco, levantou, foi buscar o café. Quando ela voltou, os caras tinham feito dois.
Aí o Haddad [Fernando, ministro da Fazenda] estava em casa me esperando, Alexandre. Ela começou a xingar, começou a resmungar, eu desliguei a televisão.
E fui ver o jogo com o Haddad. Ainda bem, porque o Flamengo tomou mais dois. Bem, hoje nós temos o Fluminense e temos o Palmeiras.
Eu estou torcendo para que alguma coisa boa aconteça. Agora, vocês sabem que eu sou vascaíno aqui no Rio. Eu sou corintiano em São Paulo. Mas vai ter uma outra Copa do Mundo. Essa não deu certo, vai ter uma outra.
Vai ter uma Copa do Mundo que vai convocar o Corinthians, o Santos, o São Paulo, o Vasco, o Grêmio e o Internacional, o Atlético Mineiro, o Cruzeiro e o Bahia. Sabe como vai ser o nome? Vai ser a “Copa: Esqueceram de Mim.”
E aí o Brasil, se o Corinthians for, obviamente que o Corinthians será campeão. Grava isso, Stuckinha [Ricardo Stuckert, secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual]. Gente, puta beijo no coração de vocês. Puta beijo.
Magda, que Deus te abençoe, que Deus te dê saúde, que Deus te dê força.
Mas eu ia falar uma coisa do Congresso e eu não falei uma coisa do Congresso.
Deixa eu falar uma coisa pro Congresso, porque parece que tem uma guerra entre o governo e o Congresso. Deixa eu falar uma coisa. Eu sou muito agradecido pela relação que eu tenho com o Congresso Nacional.
Até agora, nesses dois anos e meio, o Congresso aprovou 99% das coisas que nós mandamos ao Congresso. Acho que nem no governo Sarney [José Sarney, ex-presidente da República], acho que nem no governo Fernando Henrique Cardoso [ex-presidente da República], acho que nem no governo de ninguém se aprovou tanto, nem no governo Bolsonaro [Jair, ex-presidente da República] se aprovou tanta coisa como se aprovou agora. Então, eu sou grato ao Congresso Nacional.
Quando tem uma divergência, é bom. Sabe por quê? Porque a gente senta na mesa, vai conversar e resolve.
O governo pensou uma coisa, o Congresso está pensando outra, nós vamos resolver isso numa mesa de negociação.
Eu não quero nervosismo, porque eu só tenho um ano e meio de mandato e tem gente que pensa que o governo já acabou, tem gente que já está pensando em eleição.
Eles não sabem o que eu estou pensando.
Então, se preparem, porque se tudo estiver como eu estou pensando, esse país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes pelo Brasil. Se preparem!
Um abraço gente e um beijo para todos vocês.