Pronunciamento do presidente Lula em cerimônia de entrega de maquinário agrícola em MG
Transmissão: Canal Gov
Eu acho que a gente deveria, depois de entregar as chaves, esse encontro nosso. Eu vou contar três coisas para vocês que eu considero importantes. Eu sempre achei que não há como você governar um país ou um estado sem levar em conta a existência das prefeituras.
Eu lembro, prefeitos aqui presentes, que uma vez eu fui visitar uma cidade chamada Mirandiba, em Pernambuco. E eu fui visitar essa cidade por conta da fome que tinha na cidade. E naquela cidade tinha uma vaca mecânica, uma coisa que foi inventada no governo Figueiredo [João Figueiredo, ex-presidente da República] por uma empresa em São Paulo. E ela produzia leite de soja. E eu fui nessa cidade ver as crianças com o braço da grossura do meu dedo. Ou seja, eles só tinham para comer o farelo, um bolo feito do farelo da soja.
E eles tinham um leitinho que colocavam lá uma coisa qualquer, um adoçante, um suco, uma groselha, que era o alimento deles. E eu fui dormir na casa do prefeito, que era um companheiro até do PT. E quando foi quatro e meia da manhã, cinco horas, começou um vozeirão na porta da casa dele e um barulho.
Ele levantou e eu levantei. Eu falei: o que está acontecendo? Ele falou: “O povo já está na fila, porque o povo vem todo dia aqui pedir dinheiro para comida, vem pedir passagem para viajar para levar o parente ao médico, vem pedir remédio. E aqui juntam-se todo dia 200, 300 pessoas que pedem de feijão a óleo, de sal a açúcar, de passagem de ônibus, de caminhão, de pau-de-arara, de caminhonete. Ou seja, o povo vive disso. E às vezes ficam o dia inteiro aqui e eu não tenho nada para dar”.
Depois que nós criamos o Bolsa Família, eu voltei nessa cidade. E vocês sabem que um pouquinho de dinheiro que a gente dava no Bolsa Família, quantas coisas saíram da porta da casa dos prefeitos pedindo aquilo que era o mínimo necessário. Depois que nós criamos a Farmácia Popular, aumentaram muito mais as pessoas que não iam mais à casa dos prefeitos.
Depois que a gente começou a aumentar o salário mínimo, os prefeitos foram ficando aliviados desse problema e tendo outros problemas. Quando nós começamos a fazer os institutos federais, e quando a gente começou a fazer as universidades federais por conta do ProUni e por conta do Fies, a coisa que mais me deixava orgulhoso era chegar numa cidade, o prefeito não vinha pedir um negocinho qualquer, o prefeito queria logo um instituto federal. O cara já aumentou o volume de reivindicação dele, porque a sociedade estava deixando de reivindicar o mínimo necessário para reivindicar algum direito elementar.
E assim as coisas foram acontecendo e eu fui aprendendo que não existe possibilidade do país estar bem se as cidades não estiverem bem. E também não existe possibilidade da cidade estar bem se o país e o Estado estiverem falidos. É como se fosse uma engrenagem que todos os dentes têm uma combinação. Se falta um, começa a falhar a engrenagem.
É por isso que, em 1985, alguns de vocês já sabem, a gente fez uma música para a eleição para prefeito de 1985. Uma música muito interessante em que a gente dizia que uma cidade parece pequena se comparada a um país, mas é na minha, é na sua cidade que se começa a ser feliz.
Exatamente porque é na cidade que o cara quer estudar, é na cidade que ele quer morar, é na cidade que ele quer água, é na cidade que ele quer saúde. Ele não reivindica para o Estado, ele reivindica para o prefeito. E o prefeito é o primeiro ente federativo na frente dele, porque quando ele se queixa com o vereador, o vereador fala: “É o prefeito”. Aí o cara não tem alternativa, é o prefeito mesmo.
E na prefeitura as pessoas cercam o prefeito na porta de casa. Ninguém espera marcar audiência com o prefeito, só gente chique. O povo pobre vai logo é na casa do prefeito ou em qualquer lugar que ele estiver.
Daí porque eu aprendi a ter respeito por prefeito e posso olhar na cara, Pacheco [Rodrigo Pacheco, senador], de cada prefeito e dizer: “Eu duvido que na história desse país teve um presidente que tratou os prefeitos com o respeito que eu tratei durante os meus primeiros oito anos e que estamos tratando agora. Nunca, nunca! Vocês estão lembrados que eu criei uma sala de prefeitos dentro da Casa Civil? Tinha uma sala de prefeitos.
Vocês estão lembrados que eu criei na Caixa Econômica Federal, em cada superintendência da Caixa Econômica na capital, uma sala para atender prefeitos e prefeitas. Porque senão o prefeito fica perambulando por Brasília atrás de um deputado para fazer um favor, para marcar uma reunião com o ministro e volta três, quatro dias depois sem ter essa reunião com o ministro.
Então vai lá na Caixa fazer seu projeto, chegue lá com o projeto pronto, porque o projeto é que faz dinheiro, não é o discurso. Eu duvido que alguém tenha coragem de negar dinheiro para um projeto que seja factível. E essas coisas me ensinaram a ter uma relação com os prefeitos extraordinária.
A outra coisa que eu aprendi foi na questão da política. Vocês sabem o que eu penso politicamente. Vocês sabem o que eu penso ideologicamente. Vocês sabem o compromisso que eu tenho. Entretanto, eu não faço política com o fígado. Eu faço política com a cabeça.
E eu aprendi a conviver com todo mundo independentemente de qualquer partido político. Eu não me pergunto que partido é. Eu quero saber do partido na hora da disputa eleitoral. Mas na hora do exercício do poder, você não tem que olhar o partido político. Você tem que olhar a necessidade do povo de quem está pedindo.
A terceira coisa que eu aprendi, Pacheco, é que antigamente, quando eu era mais inexperiente, chegava uma pessoa para mim e falava: “Ô, presidente, você vai conversar com tal deputado? Você vai conversar com tal senador? Ele não vale nada. Ele é ladrão. Ele não presta. Ele é corrupto”. Era assim.
Hoje eu aprendi o seguinte: quando o cara fala “ele não presta”. Ele não presta para você e eu não o conheço. Para mim, ele não tem nenhum problema. Eu preciso primeiro conhecê-lo. “Ele é corrupto”. “Você tem prova? Não tem”.
Então, eu parei de analisar a pessoa por aquilo que as pessoas falam. Eu quero ter o direito de conhecer as pessoas e de fazer juízo das pessoas pela minha competência intelectual. E não por aquilo que alguém me falou, a não ser que a pessoa aprove. Assim aconteceu na minha relação com o Pacheco.
Vocês sabem, eu fui eleito. Eu tenho 70 deputados federais em 513. Quem é prefeito sabe o quanto é difícil governar com a minoria da Câmara. Eu tenho nove senadores do meu partido em 81. E eu cheguei lá, um “senadorzão grandão”, um presidente do Senado, mineiro. Tinha derrotado a Dilma Rousseff [ex-presidente da República e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento]. Certamente não tinha derrotado ela com um discurso de esquerda, mas um discurso mais liberal.
E eu falei: “será que eu vou me dar bem com esse cara?” Como é que é esse cara grandão que eu tenho até medo de chegar perto dele e tirar foto. Porque, perto dele, todo mundo vira anão. Então… Ah, não pode mais falar anão. Baixinho.
Bem, e eu posso dizer para vocês uma coisa. Eu aprendi, no exercício da presidência da República, numa relação entre os poderes brasileiros, a não apenas respeitar, mas gostar e virar amigo do Pacheco. É importante que vocês saibam disso. Eu falo para o Pacheco: entre nós, não tem que ter meias palavras.
Quando a gente é amigo, a gente fala a verdade um para o outro, mesmo que seja uma verdade que você não queira ouvir. Porque nem sempre você quer ouvir as coisas. Mas é importante ter consciência que a nossa relação é extraordinária.
E eu brinco com ele porque vocês sabem o que eu quero que ele seja. Vocês sabem. Eu vou contar uma coisa para vocês: nenhum desses picareta que acham que são bons, porque vivem na frente do celular falando mal dos outros, têm a menor chance de competir com o Pacheco. A menor chance!
Não é possível você imaginar que você pode fazer política com o desgraçado de um celular, falando mentira para todo mundo, contando inverdade para todo mundo, falando mal de todo mundo, fazendo provocação. Vocês sabem que essa turma que eu estou falando, quando vai um deputado na Câmara prestar depoimento, eles pegam o celular, eles gravam a pergunta dele e saem correndo para não ouvir a resposta.
O Pacheco sabe que é assim, os deputados sabem que é assim. Eles não têm o menor compromisso com a verdade! Quanto mais mentira, quanto mais safadeza, tentando tirar proveito, porque o povo gosta do celular, porque o povo vê coisa muito rapidinho, o povo, às vezes, não gosta de coisa séria. Todo mundo sabe a preguiça que, muitas vezes, o aluno tem de ficar ouvindo o professor falar.
Então, se tiver uma piada na sala de aula, é mais importante, uma coisa engraçada. O ex-presidente [Jair Bolsonaro] mentia 11 vezes por dia. Vocês viram a desfaçatez dele no depoimento?
O país não merece isso. Esse país é um país de gente séria. Nós somos o resultado de uma mistura de gente, que produziu a gente do jeito que a gente é. O povo brasileiro é um povo bondoso, generoso, alegre. Ele não gosta de ficar falando mal dos outros, xingando, ofendendo ninguém. E o Brasil se transformou um pouco nisso.
Quando o Pacheco me fala que, no lugar que ele mora, tem faixa na porta da casa dele, que ele não pode chegar, uma coisa que mais me deixou nervoso aqui um dia, eu vim fazer comício na campanha da Dilma, O Zé Alencar [José Alencar, ex-vice-presidente do Brasil] já estava numa fase quase que terminal do câncer dele. E o Zé Alencar é um dos maiores empresários que Minas Gerais já criou, um dos maiores do Brasil. Na época, ele tinha 17 mil funcionários. E eu, andando naquele bairro chique de Belo Horizonte, todo mundo mais pobre que o Zé Alencar, fazendo assim para o Zé Alencar. E ele com câncer.
Eu fiquei pensando, não é justo um Estado que produz um homem do caráter do Zé Alencar, um moleque que, com 14 anos, foi morar na rua, foi dormir num corredor de um hotel, para poder vender as coisas, e se transformou no maior empresário do Brasil, vice-presidente da República, presidente da Federação da Indústria, que não pode ser tratado com desdém, com desrespeito.
Então, esse tipo de político, quem fica no celular falando sozinho é porque não tem saque e coragem de ir num debate com quem quer debater com ele. Vai enfrentar cara a cara, vá para o debate, não fique falando bobagem no celular, não fique inventando mentira, levantando falsidade contra os outros.
O acordo de Minas Gerais, da dívida, é graças a esse homem aqui. Eu falei para ele: olha, Pacheco, você acerta com a Fazenda e vamos fazer a proposta. Porque o tal do governador [Romeu Zema, de Minas Gerais] aí passou oito anos sem pagar. Oito anos sem pagar. Então, eu quero dizer para vocês que o mundo está precisando de uma mudança de comportamento.
Uma outra coisa que eu aprendi: as emendas parlamentares. Tem muita gente que critica emendas para cá. Olha, quando uma emenda é feita numa parceria com um ministro, e a gente vem numa cidade e é capaz de entregar para 301 prefeitos uma máquina desse porte, vale a pena ter emenda, sim. E esse é o papel de um deputado e de um senador. É normal que tenha dinheiro. O que não pode é fazer emenda para coisa que não tem prioridade, para coisa que não tem utilidade.
Então, companheiros e companheiras, eu queria dizer para vocês uma coisa. Eu sou um cara de muita sorte. Vocês estão lembrados que, quando eu cheguei na presidência, em 2002, o Brasil estava quebrado.
O Brasil tinha uma dívida externa de U$ 30 bilhões. O Brasil não tinha dinheiro para pagar as suas importações. O Malan [Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda], que era um homem sério, vivia indo para o Washington tentar, todo final de ano, um dinheirinho do FMI [Fundo Monetário Internacional] para poder pagar as contas do Brasil.
Todo ano, descia um casal no aeroporto de São Paulo e do Rio de Janeiro, para vir para Brasília para fiscalizar as contas do Brasil. O Brasil era um país em que o Malan tentava marcar reunião com o FMI e não conseguia, porque o Brasil não tinha credibilidade.
A inflação estava a 12%. O desemprego estava a quase 11%. E, quando eu assumi a presidência, o pessoal dizia: “Lula, esse país vai quebrar. Não adianta, você não vai conseguir governar, esse país vai quebrar”.
E o que aconteceu, gente? O que aconteceu? Em economia, não existe mágica. Vocês que são prefeitos sabem que governar não tem mágica. Vocês têm que, primeiro, ter a conta equilibrada. Porque, se você entrar numa roda de dívida que você não pode pagar, você não vai administrar mais a Prefeitura.
Mas o país precisa de seriedade e previsibilidade.
O que aconteceu? Um país quebrado que eu peguei em 2002, um país que não tinha um dólar de reserva, eu deixei o país com U$ 380 bilhões, que é o que sustenta o Brasil até hoje.
Esse país que tinha uma inflação de 12% baixou para 4,5%. Esse país que tinha um salário mínimo há tantas décadas, começou a aumentar todo ano e o Brasil virou, pela pesquisa feita pela ONU, o país de maior expectativa de esperança do povo. Era o povo mais otimista.
Eu deixei a presidente em 2010. A economia crescia 7,5%. O varejo crescia 13%.
E nós geramos, em 12 anos, 22 milhões de empregos de carteira profissional assinada.
Quando eu deixei a presidência, dia 31 de dezembro de 2010, esse país produzia 3,6 milhões de carros por ano. Eu vou repetir. Quando eu deixei a presidência em 2010, esse país produzia 3,6 milhões de carros. Eu voltei 15 anos depois. Esse país produzia 1,6 milhão de carros.
Menos da metade do que a gente produzia em 2010. O que aconteceu?
O povo passou a não gostar de carro? O povo não queria mais carro?
O que aconteceu é que o povo pobre ficou mais pobre. O que aconteceu é que, em 2012, a gente tinha acabado com o Mapa da Fome, reconhecido pela ONU, e quando eu voltei, 15 anos depois, tinha mais 33 milhões de pessoas fazendo fome.
E hoje, o que está acontecendo no Brasil? O menor desemprego da história do Brasil. O maior crescimento da massa salarial dos pobres. Os povos cresceram. A renda do pobre cresceu 19,7%. A do rico cresceu 6%. O salário mínimo já aumentou dois anos seguidos. Fazia sete anos que não aumentava.
A refeição das crianças na escola passou dez anos sem reajuste. Como é que isso explica, vocês que são prefeitos sabem, como é que justifica você não dar reajuste pra coisa mais elementar que a merendinha das crianças na escola?
Mas passarram dez anos. Porque, nesse país, o que eles só queriam fazer era vender ativos das empresas públicas. Era fazer o que fizeram com a Eletrobras. Era tentar privatizar a Petrobras, como fizeram com a BR. E hoje, a gente quer entregar gás de graça pro povo e a gente não tem mais a BR pra entregar.
Então, companheiros, é o seguinte: eu sou de muita sorte. Eu vou entregar esse país outra vez. Eu vou entregar esse país outra vez, surpreendendo o mundo. O mundo imaginava que a gente fosse crescer 0,8%. A gente cresceu 3,2%. No ano passado, o mundo imaginava que a gente ia crescer 1%. A gente cresceu 3,4%.
A indústria brasileira, que havia décadas que não crescia, cresceu 3,4% no ano passado. E a agricultura, esse ano, vai bater recorde. Pergunta para o Fávaro [Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária] quantos mercados nós abrimos em dois anos? Quatrocentos novos mercados para os produtos brasileiros foram abertos.
Ou seja, esse país pode tranquilamente dar certo. Não é complicado governar o país. Às vezes, a gente se cansa mais, porque como a gente tem pouco deputado, a gente conversa muito. Conversa muito. O Pacheco, de vez em quando, oferecia uma cachacinha para a gente poder fazer um bom acordo. Vamos fazer acordo. E mineiro produz cachacinha boa. A gente, de vez em quando, experimenta. Lamento que vocês não trouxeram. Vieram receber máquina aqui, nenhum trouxe. O cara me deu uma rapadura de presente.
Gente, eu queria dizer pra vocês que se preparem, porque esse país vai dar certo outra vez. Não há como esse país não dar certo. Não há como. E Minas Gerais, eu digo sempre. Eu conheço Minas Gerais há muito. Aliás, eu não sei se tem governador de Minas que conheça Minas Gerais mais do que eu. Porque eu frequento Minas Gerais desde os anos 1980. Eu já fui ao Vale do Mucuri, já fui ao Vale do Aço, ao Vale do Jequitinhonha, já fui ao Norte de Minas, já fui para a região de Teófilo Otoni, já fui para o Sul de Minas Gerais um monte de vezes.
Ou seja, eu andei para construir o PT [Partido dos Trabalhadores], andei para construir a CUT [Central Única dos Trabalhadores], andei na campanha de 1989, na campanha de 90, de 92, de 94, de 96, de 98, de 2000. Ninguém perdeu tanta eleição como eu. E por isso eu andei por Minas Gerais. Ô gente, quem é o cara que fez a ponte de Itinga?
Apesar de que aquela ponte eu fiz, porque toda vez que eu ia à Itinga tinha um cara numa balsa que ficava empurrando a balsa com o bambu e ele tinha um buraco aqui no peito dele, do bambu. Eu falei para ele: “ó cara, eu vou ganhar as eleições, se eu ganhar, eu vou fazer essa ponte”. E aí eu ganhei as eleições.
Falei com a Vale e falei com a Usiminas: ô cara, vocês vão ter que dar uma ponte para Itinga. E eles fizeram. E quando eu fui inaugurar, eu queria dar o nome do companheiro de balseiro, ele tinha morrido. E a Câmara já tinha colocado o meu nome na ponte. Eu falei: pelo amor de Deus, tira o meu nome e coloca o nome de um pescador do Vale do Jequitinhonha, de alguém famoso aqui nessa cidade. Eles: “não, vai ficar o teu nome, você é famoso aqui na cidade”. Tá lá meu nome. A ponte Luiz Inácio Lula da Silva. Pergunta se o Bolsonaro [Jair Bolsonaro, ex-presidente da República] fez alguma coisa lá. Pergunta. Pergunta se o Temer [Michel Temer, ex-presidente da República] fez alguma coisa lá. Ele nem sabe.
Se você falar Jequitinhonha, eles pensam que é uma fruta. Eles não têm noção do que é a gente. Eles não têm a menor noção, porque eles não conhecem e nunca quiseram conhecer.
Então, eu estou convencido, estou convencido, Minas Gerais é um estado-chave para o Brasil. Eu digo sempre o seguinte: Minas Gerais é o estado que tem mais cultura no país. Minas Gerais é o estado que tem uma culinária extraordinariamente boa.
Só não sabe o que é a culinária mineira quem ainda não parou numa estrada, num restaurante pequeno, com fogãozinho de lenha, e pegou um franguinho feito ao molho com quiabo para saber o que é.
Bem, então, essa Minas Gerais, o Pacheco ficou falando aqui de Tancredo [Neves, ex-presidente da República]. Pô, por que você não falou essa Minas Gerais é a terra do Reinaldo [ex-jogador de futebol], é a terra do Tostão [ex-jogador de futebol], é a terra do Dirceu Lopes [ex-jogador de futebol], é a terra do Paulo Isidoro [ex-jogador de futebol], é a terra do Cerezo [Toninho Cerezo, ex-jogador de futebol], é a terra do Nelinho [ex-jogador de futebol], é a terra do Milton Nascimento [cantor e compositor], gente!
Esse estado tem muita coisa, gente. E tem o povo mais sabido politicamente. Se tem uma raça sabida é mineiro. Quando você pensa que o mineiro está dormindo, ele está tramando. Quando você pensa que ele está tramando, ele está executando. E quando você pensa que ele vai anunciar, ele já fez.
Minas é um estado muito privilegiado, é o estado mais diferente do Brasil, porque tem a Minas Gerais carioca, tem a Minas Gerais paulista, tem a Minas Gerais baiana, tem a Minas Gerais, Minas Gerais. Minas é um estado, tem a Minas Gerais de Brasília, de Goiás. Então, gente, esse estado aqui merece respeito. Esse estado não pode ser tratado como pequeno estado.
E eu tenho dito para o Pacheco: Pacheco, você tem que levar em conta o seguinte. O Pacheco é um cara importante, ele é, publicamente, a maior personalidade de Minas Gerais hoje. Ele é não só pelo tamanho, mas porque ele foi presidente do Senado quatro anos e teve uma desenvoltura extraordinária. Eu tenho dito para o Pacheco: “o Pacheco é o seguinte, chega uma hora que a gente não faz mais o que a gente quer, chega uma hora que a gente é empurrado pela causa, a causa”.
Gente, depois desse governador, que eu não vou falar o nome, esse estado não merece um Nikolas [Nikolas Ferreira, deputado federal] ou um Cleitinho [Cleitinho Azevedo, senador], não merece. Não é possível. A coisa que mais me deixou triste na vida uma vez foi na campanha de São Paulo, o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] era prefeito, o Chalita [Gabriel Chalita, ex-deputado federal] era vice, dois educadores em plena qualidade, aquele povo votou no Doria [João Doria, ex-governador de São Paulo], que deu no que deu.
Então, pelo amor de Deus, gente, a gente não pode errar. A democracia é boa por isso. A gente elege, a gente tira, a gente põe, a gente tira.
Minas Gerais precisa ser cuidada com carinho. Esse é um estado muito importante, do ponto de vista econômico, do ponto de vista da criação de gado, do ponto de vista industrial, mas, sobretudo, do ponto de vista político e cultural. Minas é uma riqueza em cultura, gente.
Então, pelo amor de Deus, gente, nós temos que levar muito a sério. Eu estou vendo o Hélio Costa [ex-ministro das Comunicações] aqui, o Hélio quase foi governador duas vezes aqui. O Hélio Costa só não ganhou porque juntava todo mundo para derrotar ele, mas eu sou, graças a Deus, ele foi meu ministro e é um companheiro que eu aprendi a gostar e a respeitar porque ele foi um companheiro muito sério no trabalho que ele fez.
Então, a entrega dessas máquinas aqui é uma coisa fantástica porque a Dilma — isso foi colocado no PAC 2. Eu tinha feito o PAC 1, em 2007. Aí, quando eu fui terminar o meu mandato, eu preparei o PAC 2 para a Dilma, para ela não começar do zero. Ou seja, ela começou a fazer essas máquinas. Quando fizeram o impeachment dela, nunca mais teve uma máquina dessa. Nunca mais teve uma máquina dessa, gente.
Então, não é possível que as pessoas não percebam a diferença entre governo que trabalha e governo que fica no celular.
É porque o celular do jeito que é utilizado, é banalizar a atividade política.
É o cara que não acredita em universidade, o cara não acredita em sindicato, o cara não acredita nas mulheres, o cara não acredita no negro, o cara não acredita na cultura, o cara não acredita na educação, o cara não acredita em nada.
Enquanto ele rouba, chama todo mundo de ladrão; porque toda vez que você entrar num restaurante e alguém te xingar, você pode ver que o cara que te xingou é “171”. Ele é um ladrão, porque uma pessoa séria não xinga o outro em qualquer lugar como eles xingam, como eles provocam, como eles agridem dentro do Congresso, dentro do Senado. Só não tem coragem na rua porque ele tem medo de apanhar.
Você viu que ele é um covardão? Você viu o depoimento dele, né? Ele estava com os lábios secos, estava quase se borrando. É muito fácil ser corajoso, dentro de casa no celular, falando mal dos outros.
Então, companheiros, é o seguinte. Eu, hoje, ganhei meu dia em Minas Gerais. Vamos entregar e vou dizer pra vocês se eu tinha alguma dúvida de um cara que pode ser governador, eu saio daqui com a certeza de que nós já temos um governador para Minas Gerais.
Um abraço, gente. Obrigado, Pacheco. Obrigado, Fávaro. Obrigado, companheiros deputados. E um abraço a cada prefeito, a cada prefeita de Minas Gerais.
Até o nosso encontro, se Deus quiser.