Declaração à imprensa do presidente Lula após a Cúpula Brasil - Caribe
Esta é uma semana muito especial para a política externa brasileira em suas vertentes de meio ambiente e desenvolvimento.
Na segunda-feira, participei da Cerimônia de Abertura da Conferência da ONU sobre o Oceano, em Nice.
Hoje, recebi em Brasília representantes de 16 países do Caribe.
Essas são etapas fundamentais do processo de construção da COP30.
O mundo mudou muito desde 2010, quando realizamos a 1ª Cúpula Brasil-CARICOM.
Nossa relação passou por avanços e recuos nos últimos 15 anos.
O intercâmbio comercial do Brasil com o Caribe já foi de mais de 6 bilhões de dólares.
Hoje esse fluxo é pelo menos 30% menor.
Nesta Cúpula, decidimos priorizar cinco áreas: mudança do clima; transição energética; segurança alimentar; conectividade aérea, viária e marítima; e a situação no Haiti.
Na agenda de mudança climática, adotamos declaração com posicionamentos comuns a serem levados à COP30.
Os pequenos estados insulares em desenvolvimento são particularmente vulneráveis aos efeitos do aquecimento global.
Chegaremos a Belém unidos por uma transição justa e inclusiva.
Seguiremos exigindo dos países ricos metas ambiciosas de redução de emissões e financiamento robusto para ações de mitigação, adaptação e compensação por perdas e danos.
A transição energética foi o segundo tema de que tratamos.
O Brasil pode ajudar os países caribenhos a descarbonizar sua matriz energética, por sua larga experiência em biocombustíveis e outras energias renováveis.
Enviaremos missão do Ministério de Minas e Energia e da Empresa de Pesquisa Energética para explorar oportunidades de produção de energia eólica e solar no espaço marítimo do Caribe.
O terceiro desafio que discutimos foi o da segurança alimentar e nutricional.
A fome atinge mais de 12 milhões de caribenhos, segundo dados da FAO.
A trajetória brasileira de inclusão social e redução de desigualdades pode ser útil para os países do Caribe.
Reforçamos o chamado para que todos participem da Aliança Global contra a Fome a e Pobreza.
Haiti e República Dominicana estão entre os selecionados para os primeiros projetos da Aliança.
A quarta pauta da Cúpula foi a ampliação da conectividade aérea, viária e marítima entre nossos países.
A interligação logística é essencial para o crescimento do comércio, a dinamização das cadeias de valor e a expansão dos investimentos na região.
Uma das cinco Rotas de Integração Sul-Americana impulsionadas pelo Brasil vai nos ligar ao Caribe, via Guiana e Suriname.
Organizaremos o Fórum “O Brasil abre as portas para o Caribe”, em Fortaleza, para aumentar nossas conexões aéreas e marítimas e promover novos negócios.
CAF, BID e Banco de Desenvolvimento do Caribe são centrais para mobilizar recursos para projetos de infraestrutura na nossa região.
O Brasil vai aportar 5 milhões de dólares ao Fundo Especial de Desenvolvimento do Banco do Caribe.
Isso representará novas oportunidades para que empresas brasileiras participem de licitações realizadas com financiamento da instituição.
O quinto tema do encontro foi a situação do Haiti.
Os países caribenhos têm exercido papel central nos esforços de estabilização do Haiti, mas é necessária uma resposta internacional mais robusta.
O Brasil apoia maior engajamento da ONU na solução da crise.
Em outubro passado, inauguramos centro de treinamento profissional em Les Cayes, batizado de Centro Paulo Freire por sugestão do governo haitiano.
Ainda este ano, nossa Polícia Federal vai iniciar programa de treinamento que atenderá quatrocentos policiais do Haiti.
O BID anunciou hoje a doação de 1,6 bilhão de reais para a recuperação do país.
Para dar seguimento aos compromissos da Cúpula, será criado um Fórum Brasil-Caribe, em nível ministerial, que se reunirá periodicamente.
Estou animado com os resultados que alcançamos e com o trabalho que temos pela frente.
Brasil e Caribe abrem uma nova etapa de integração, desenvolvimento sustentável e prosperidade para nossos povos.
Muito obrigado.