Pronunciamento do presidente Lula na cerimônia de entregas do programa Terra da Gente
Eu, toda vez que eu faço um ato, eu começo pedindo desculpas. São duas horas da tarde. Duas horas da tarde. E a gente aqui está falando em combater a fome, em produzir mais alimento. E eu tenho certeza que todos vocês estão com fome aí. Da próxima vez que o MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar] fizer um ato desse, tem que preparar um lanchinho para distribuir. Porque saco de pé não para vazio.
É importante que a gente lembre que as pessoas gostam de lutar, mas as pessoas gostam de comer também. Então é importante. Eu peço desculpas, porque não é correto a gente segurar gente até essa hora. Tinha muito mais gente aqui, que as pessoas têm que ir embora, porque as pessoas têm os seus afazeres particulares. E nós, como sempre, perdemos tempo em alguma coisa que pode ser muito importante, mas era mais importante não permitir que o povo ficasse no sol o tempo que ficou. Então, as minhas desculpas em nome da minha delegação toda aqui.
A segunda coisa que eu queria dizer para vocês é que, toda vez que a gente participa de um ato, que eu sou o último a falar, todo mundo já falou quase tudo que eu queria falar. Então, eu, às vezes, deveria pedir desculpas, gente. Eu não tenho o que falar, eu faço do discurso deles o meu discurso.
Mas, se eu fizer isso, vocês vão ficar chateados. “O cara veio aqui, não falou, ele está mascarado, só porque está mais bonitão, com chapéu bonito, ele não quer falar”. Então, eu vou falar com vocês. Cadê os meus dados?
A primeira coisa que eu queria falar, todos vocês já sabem isso, a direção do movimento já sabe, mas a companheira da Contag [Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura] falou uma coisa aqui que eu queria falar para a imprensa. Eu queria que a imprensa registrasse um número que é muito importante.
Nós temos 89%, dá quase 6,5 milhões de propriedades brasileiras. Na verdade, não são 6,5 milhões. Nós temos 6,452 milhões de propriedades rurais desse país. Dessas 6,452 milhões, nós temos praticamente 116 mil propriedades que têm… Não é 116 mil propriedades, não, nós temos 116, não. Eu não quero falar o percentual. Eu quero falar o número, eu quero falar o número aqui, para as pessoas entenderem. Veja, dessas 6,452 milhões de propriedades, a gente tem 783 mil propriedades que detêm, na verdade, 658 milhões de hectares.
Presta atenção, 783 mil propriedades detêm praticamente 658,68 milhões de hectares. Em contrapartida, para a imprensa entender por que a luta pela reforma agrária, em contrapartida, nós temos 5,669 milhões de propriedades, até 50 hectares, que detêm apenas 116 milhões de hectares. Veja que absurdo, esses 660 milhões de hectares, eles detêm praticamente 7% de toda a terra, enquanto o restante detém praticamente o triplo da terra, eles detêm praticamente 90% da terra.
É isso que está errado nesse país, porque as propriedades que detém até 100 hectares, elas representam praticamente 70%, 80% de todo o alimento que nós consumimos no Brasil, de leite, de carne, de boi, de carne de porco, de tudo. E são um percentual muito pequeno. Isso representa, João Pedro [Stédile, líder líder do Movimento Sem-Terra], 13%, 14%, 14,5% da terra. Ou seja, eu produzo tudo isso ocupando 6,68 milhões de hectares, ou pessoas.
Então, é por isso que a luta pela reforma agrária ganha importância, porque é preciso que se faça justiça neste país. Quando eu tomei posse, no dia 1º de janeiro de 2023, a primeira coisa que eu fiz foi chamar o ministro e foi chamar o presidente do Incra e dizer que eu queria uma prateleira de terra nesse país.
O que eu pensei na verdade? Eu queria que fizessem um levantamento de todas as terras públicas disponibilizadas, todas as terras públicas disponibilizadas, de todas as terras improdutivas desse país, para a gente começar a não precisar haver uma guerra no campo. Para a gente poder chamar o movimento e dizer: eu tenho tantos hectares, eu tenho tantos alqueires em tal cidade, em tal estado, e vamos começar a organizar a ocupação dessa terra.
Acontece que, quando nós chegamos na presidência, esse país foi semidestruído. Vocês se lembram o que é destruição. Vocês se lembram que há 11 retiradas de vocês daqui, quando eles passavam com um trator em cima das casas, quando eles passavam com um trator em cima da plantação de vocês, quando eles passavam com um trator em cima dos animais, às vezes, que estavam no chiqueirinho sendo criado um porquinho, uma galinha. Eles passavam por cima e vocês tiveram que reconstruir 11 vezes.
Teoricamente, seria mais fácil fugir e abandonar, mas quem tem uma causa, quem tem coragem, quem tem caráter e dignidade não foge, enfrenta. E vocês enfrentaram, e hoje vocês estão colhendo aquilo que vocês tanto lutaram. Demorou, mas saiu.
Isso aí vocês agora estão orgulhosamente com todo o direito garantido até de ir ao Banco do Brasil pegar dinheiro. Pegar dinheiro, organizar cooperativa, ter dinheiro para produção, ter dinheiro para financiamento, ter dinheiro para o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], ter dinheiro para vocês poderem fazer aquilo que era o sonho de vocês. E essa prateleira está começando agora.
Nós levamos quase dois anos para preparar. Vocês sabem que arrumar casa, quando ela foi destruída, é mais difícil do que fazer uma casa nova. E nós estamos agora, já passou dois anos, a gente já tem o levantamento, a companheira Esther [Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos] sabe que ela precisa disponibilizar todas as terras públicas, porque não tem por que o Estado ter terra pública. A terra foi feita. Quem é o Estado? É o povo. E a terra tem que estar na mão do povo para que ele possa produzir.
Então é o seguinte: a gente levou dois anos para colocar essa prateleira de pé. Agora é preciso fazer com que essa prateleira comece a disponibilizar as terras para que a gente possa assentar. Não apenas quem já está em acampamento, mas a gente também fazer com que outras pessoas que queiram tenham o direito de trabalhar. Esse é o primeiro passo que nós estamos dando.
O ano de 2025 é o ano em que nós vamos colher tudo o que nós preparamos entre 2024 e 2023. Esse ano não tem explicação, não tem choradeira. Nós temos que entregar as coisas que nós prometemos durante a nossa campanha e as coisas que vocês acreditaram e é por isso que vocês me ajudaram a ser presidente da República pela terceira vez nesse país. Então estejam certos que se tem uma coisa que não vai acontecer na minha vida, se tem uma coisa que não vai acontecer na minha passagem pela terra, é encontrar vocês e abaixar a cabeça com vergonha do não cumprimento daquilo que eu prometi.
Eu quero, da mesma forma que eu disputei as eleições, olhando para vocês de cabeça erguida, eu quero terminar o meu mandato não só de cabeça erguida, mas com a moral elevada de que eu cumpri as coisas que vocês acreditaram que eu ia fazer, porque eu devo a minha eleição ao povo brasileiro, não devo a nenhum grande empresário, não devo a nenhum grande banqueiro, não devo a nenhum grande aristocrata, eu devo a vocês. Então é para vocês que eu tenho que governar este país.
E todo mundo sabe disso. Todo mundo sabe, todo mundo sabe que eu tenho um lado. Todo mundo sabe que quando eu terminar o meu mandato, eu vou voltar para a minha casa. Eu não vou para Paris, eu não vou para Londres, eu não vou para os Estados Unidos, eu vou voltar para a minha casa. E quem são os meus amigos depois que eu deixar a presidência? São vocês que foram para a vigília gritar “bom dia, boa tarde, boa noite, Lula”.
Eu nunca esqueço quem são meus amigos. Eu trato todo mundo com muito respeito, mas eu sei quem é amigo de verdade e sei quem é amigo ocasional, aquele que quer tirar proveito porque eu sou presidente da República. Não pensem que me enganam, eu sei, eu sei de que lado estou. E por isso, companheiros, tenham certeza, nós vamos fazer as coisas que nós prometemos, porque eu tenho um compromisso é com o povo trabalhador desse país. É com o povo trabalhador da cidade, é com o povo trabalhador do campo, é com o povo pobre desse país que não teve chance de estudar, que não teve chance de ter uma casa, que não teve chance de ter uma profissão, que não teve chance de ter as coisas que todo ser humano tem direito de ter.
Não é correto, não é correto a gente pensar diferente. Por isso, companheiros e companheiras, eu queria dizer para vocês uma coisa. Eu vou assumir mais um compromisso aqui, prefeito [Samuel Azevedo]. Eu ouvi dizer que a sua cidade, Campo do Meio, quando tem uma seca muito grande, que a represa seca, você fica infestado de mosquito. E às vezes demora muito esse mosquito.
E quem pode resolver isso é um cara que está aqui nesse palanque. É o ministro de Minas e Energia [Alexandre Silveira] que tem responsabilidade com isso. Eu vou chamar ele aqui para ele assumir publicamente o compromisso com você que ele vai fazer o dique para tirar a sua cidade do mosquiteiro.
[Fala do ministro Alexandre Silveira]
E outro compromisso que eu quero assumir na frente de vocês e na frente do prefeito. O prefeito está dizendo que ele tem um déficit habitacional de 85 casas. Portanto, meu querido prefeito, eu vou lhe dizer uma coisa. Eu sempre me recusei a fazer promessa em palanque. Sempre. Isso aqui não é um palanque.
Isso aqui é um ato oficial do presidente da República, do governo, assumindo compromisso. Eu vou dizer para você. Você terá as suas 85 casas, porque nós temos o compromisso de fazer 2,5 milhões de casas e nós vamos fazer. E não é por causa de 85 casas que a gente vai deixar Campo do Meio desabitado. Portanto, esteja certo disso.
A última coisa que eu queria falar, porque já foi dito tudo, já foi dito tudo. Eu acho que é o seguinte. Amanhã é Dia Internacional da Mulher. É um dia muito importante, porque a sociedade e os homens ainda devem muito, mas muito, à presença das mulheres na humanidade.
Durante milhares e milhares de anos, as mulheres foram subjugadas. As mulheres foram tratadas como objetos, como cidadã de segunda ou terceira categoria. E muitas de vocês, e aqui eu tenho certeza todas, aprenderam a levantar a cabeça. Aprenderam a não ser subjugadas. Aprenderam a fazer com que a dignidade de vocês fosse respeitada. Vocês não querem diminuir o papel do homem. Vocês querem apenas ser tratadas em igualdade de direito em todas as esferas da sociedade.
Da mesma forma que a mulher aprendeu a trabalhar fora de casa, da mesma forma que a mulher aprendeu a ir para o mercado de trabalho, da mesma forma que a mulher aprendeu a trabalhar com enxada, com a máquina, com a roçadeira, da mesma forma que a mulher aprendeu a fazer café, colher o café, é importante que nós, os parceiros, os homens, temos que aprender a ir para a cozinha ajudar no serviço da casa. Temos que aprender a lavar banheiro.
Temos que aprender a dar banho nas crianças. Temos que aprender a trocar fralda. Temos que aprender a acordar à noite para fazer cafuné numa criança quando está chorando, porque não é só obrigação da mãe. Nós temos que repartir os nossos afazeres, senão essa sociedade que a gente sonha nunca vai existir. Uma sociedade de iguais, em que nós não tratamos como iguais a nossa parceira, a nossa companheira.
Bem, mas para falar sobre isso, eu queria que a dona Janja [Janja Lula da Silva, primeira-dama do Brasil] viesse aqui. Aqui. Eu estou pedindo, por favor, não estou mandando você vir aqui, estou pedindo, por favor. É o seguinte: já que você defende muito a igualdade das mulheres, é o seguinte, você aproveita, como amanhã é Dia Internacional das Mulheres, dê uma mensagem para as mulheres a partir dessas fabulosas heroínas que estão aqui. Essas heroínas que lutaram, como a companheira Tuíra que está aqui, que veio aqui desde criança e durante 27 anos resistiu.
Aqui, embora não esteja ninguém ainda em livro de história, aqui tem muitas mulheres que lutaram mais do que muitas heroínas que aqueles que estão no poder fizeram. Porque as verdadeiras heroínas estão aqui e muitas vezes as heroínas estão no anonimato porque as pessoas não conhecem. Então, você aproveita, dê uma palavrinha para o Dia Internacional das Mulheres aqui nesse microfone.
[Fala de Janja Lula da Silva]
A verdade é que todos nós, homens ou mulheres, temos que ter uma causa. Se a gente não tiver uma causa, a gente se sente um pouco inútil. A gente levantar de manhã e não ter algo para fazer, não ter alguma coisa para lutar. A gente ficar o dia inteiro em casa ou no trabalho que a gente está sem construir uma motivação de vida. Uma motivação para a nossa família, uma motivação para os nossos filhos, uma motivação para os nossos familiares, mas também uma motivação de solidariedade para a sociedade brasileira.
Outro dia a Janja me contava que o Papa Francisco disse uma coisa para ela muito importante, que todos os seres humanos precisam se olhar nos olhos, porque todos nós somos iguais. A única possibilidade que você tem de baixar os olhos para uma outra pessoa é quando você tem a dignidade de abaixar para estender a mão, para ajudar uma pessoa a levantar, porque ela está enfraquecida.
Se nós pensarmos assim, a gente vai construir uma coisa muito melhor. A gente vai construir um mundo mais justo. O mundo está tomado por muita raiva. O mundo está tomado por muita mentira. As pessoas mentem, não vocês, mas as pessoas mentem. A fábrica da mentira nesse país, que foi divulgada por um presidente da República que esse país teve, que eu não quero citar o nome, que se diz inocente, mas está pedindo anistia antes de ser julgado.
Ele deveria ter coragem de esperar o julgamento, provar sua inocência, antes de ficar pedindo anistia. Ele, na verdade, está com medo. Ele, na verdade, está com medo, porque ele sabe que ele cometeu um deslize nesse país. E veja que eu nem trato das minhas questões pessoais. Nem trato das minhas questões pessoais. Mas ele foi covarde, tramou um golpe, tramou a morte de um presidente da República, tramou a morte de um vice, tramou a morte do presidente da Justiça Eleitoral, e quando ele não conseguiu, ele meteu o rabo no meio das pernas e fugiu para Miami e deixou os parceiros dele aqui.
É por isso que ele tem que ser julgado. Ele que tenha a coragem que eu tive. Se é inocente, brigue pela sua inocência. Prove que foi inocente. E eles construíram uma fábrica de mentiras que é quase que uma fábrica de horror. Ou seja, quem tem celular e quem fica na internet, às vezes fica horrorizada com a quantidade de mentira.
E eles inventam qualquer coisa. Inventam qualquer coisa e contra toda e qualquer pessoa. É uma coisa sem desfaçatez. Antigamente, quando alguém contava uma mentira, as pessoas pediam desculpa pela mentira. Hoje não. Hoje a verdade foi pisoteada. A verdade foi jogada no lixo. A verdade não vale nada. O que vale é a mentira.
Tem até o dono de uma empresa americana, que é dono de uma dessas empresas muito fortes aí, que divulga essas notícias na internet, que ele não quer nem respeitar o governo. Não quer respeitar a justiça. Ele acha que pode tudo. Ele pode tudo no país dele. Aqui no Brasil, ele vai ter que respeitar o povo brasileiro. Vai ter que respeitar o povo brasileiro. Não tem outra coisa.
Por último, companheiro, por último, eu saio daqui, companheiro do movimento, eu saio daqui não com a alma lavada, porque nós temos muita coisa para fazer. Temos muita coisa para fazer. A luta não é fácil. A luta não é fácil. Esse país tem toda uma artimanha jurídica, tem toda uma elaboração jurídica que não é nossa.
Eu brincava com o meu companheiro Messias [Jorge Messias], que é um extraordinário advogado-geral da União. Eu acho que é a primeira vez na história do Brasil que um advogado-geral da União tem o sapato sujo de terra, porque essa gente não costuma, não costuma. Ministro também, nem todo mundo costuma sujar o pé de barro, não.
Então, gente, é o seguinte, eu quero que vocês saibam que o que nós fizemos hoje é apenas o início do pagamento de uma dívida de 525 anos que esse país tem com o povo brasileiro. E nós temos que ter coragem de dizer que nós temos que pagar essa dívida. O que nós não temos é o seguinte: nós não queremos dizer que os outros não prestam. Nós não queremos dizer que o agronegócio não tem a sua validade. Mas o que nós queremos dar é oportunidade a todo mundo. A todo mundo.
Porque essa é a verdade nua e crua. Se não fosse a coragem de vocês, a gente, quem sabe, não tivesse 6 milhões de pequenos proprietários, até 100 hectares. Então, companheiros, estejam certos. Eu estou aqui reafirmando o meu discurso.
Eu agora estou preocupado com o preço dos alimentos. Estou muito preocupado. Estamos fazendo muito. Ontem foi feita uma reunião no palácio com muito ministro, com muito empresário. Já tomamos algumas medidas.
Mas eu quero encontrar uma explicação para o preço do ovo. Eu quero encontrar... Galinha não está cobrando caro. Eu ainda não encontrei uma galinha pedindo aumento do ovo. A coitadinha sofre. Ainda canta quando põe o ovo. Mas o ovo está saindo do controle. Uns dizem que é o calor. Outros dizem que é exportação. E eu estou atrás. Porque eu gosto de ovo.
Eu, pelo menos, como 2 ovos por dia. 2 ovos por dia. E o ovo é uma coisa gostosa, gente. O ovo já foi criminalizado. O ovo tem muito colesterol. O ovo tem muito não sei... Que nada. O ovo é uma vitamina, uma proteína extraordinária. Experimente comer 2 ovos fritos com “arrozinho” quente para ver que gostoso. Imagina. E ainda se você colocar um pouco de arroz, pegar uma banana, picotar e misturar, fica mais gostoso ainda. Imagina comer um ovinho no meio do pão frito de manhã ou você fazer um “tchu-tchu” com o pão ali e botar na boca.
Então eu quero que vocês saibam, o preço do café está muito caro para o consumidor. O preço do ovo está muito caro. O preço do milho está caro. E nós estamos tentando encontrar uma solução. A gente não quer brigar com ninguém. A gente quer encontrar uma solução pacífica, sem nada. Mas se a gente não encontrar, a gente vai ter que tomar atitudes mais drásticas, porque o que interessa é levar a comida barata para a mesa do povo brasileiro.
E ela pode ser barata pagando o preço justo para o produtor. A gente acha que o produtor também tem o direito de ganhar o dinheiro. A gente não quer que o produtor tenha prejuízo. A gente quer também que ele ganhe. O que nós precisamos é saber que tem atravessador no meio. Entre o produtor e o consumidor deve ter o muito, o muito, o muito, o muito.
Tem muita gente que mete o dedo no meio da gente. E nós vamos descobrir quem é o responsável por isso. Numa boa. Você veja um negócio. Em janeiro de 2023, uma caixa de ovo com 30 dúzias estava R$144. Em janeiro de 2023. Em janeiro de 2024, uma caixa de ovo com 30 dúzias estava R$143,09. Em janeiro de 2024, uma caixa de ovo estava R$140, igual a 2023. Veja, presta atenção. Em janeiro de 2023, em janeiro de 2024, em janeiro de 2025, a caixa de ovo com 30 dúzias estava R$140. Quando chegou no mês de fevereiro, ela subiu para R$210. Eu quero saber porque ela deu esse salto.
Quem é que meteu o bedelho e chutou a bola para cima? Nós não precisamos jogar rasteiro. Nós precisamos jogar com a bola no chão. Como dizia o Pelé, o Garrincha, o Nilton Santos. Então nós estamos fazendo um esforço muito grande. Nós vamos encontrar uma solução, porque eu tenho certeza que, nesse país, todo mundo tem interesse que o povo possa comer bem. Comida de qualidade, comida saudável, comida de preferência orgânica, para que a gente possa ter qualidade de vida.
Nós, então, estamos muito ansiosos. O governo inteiro está preocupado. Tem muito empresários também que estão preocupados. A carne subiu, mas ela já está descendo. Mas quem come carne tem que ter uma carne acessível para a gente fazer um churrasquinho da gente, né? Quem é que não gosta de um churrasquinho? Quem é que não gosta de tomar uma cervejinha gelada? Amanhã é sábado, quem é que não gosta de comer um churrasquinho, um pedacinho de carne, uma cervejinha gelada?
Então é preciso baratear a carne. Então nós estamos nesse trabalho muito forte, e a inflação também. Nós temos um trabalho muito grande para manter a inflação controlada.
Eu quero que vocês saibam que eu já fui, quando eu trabalhava na Villares, eu cheguei a pegar a inflação de 80% ao mês. 80% ao mês. Não era 7% ao ano ou 5% ao ano, era 80% ao mês. Eu recebia meu pagamento, eu tinha que correr no supermercado e comprava tudo o que não era perecível, porque o meu dinheiro ia se desvalorizar. E nós, hoje, temos a inflação controlada. A inflação está entre 5,5%, 4,5%, 6,5%, sabe? E nós queremos baixar a inflação, porque a inflação alta, quem perde é o povo trabalhador, é aquele que trabalha de salário.
Então nós estamos cuidando disso. Eu tenho certeza que vocês não se esquecem dos compromissos que eu fiz, eu quero cumprir, porque eu aprendi com a minha mãe, dona Lindu: “não baixe a cabeça nunca. Não tenha vergonha do que você fala, e se você prometer, cumpra, porque se você não cumprir, você está traindo o seu povo”.
E como eu tenho certeza do que eu falei, vocês podem ficar certos, vocês podem ficar certos de uma coisa. João Pedro, você que é economista, deixa eu lhe fazer uma coisa: você sabe quantas vezes a economia brasileira, depois de 2010, cresceu acima de 3%? Ela só cresceu acima de 3%, a última vez que cresceu foi no meu governo em 2010, que a economia cresceu 7,5%. De lá pra cá, ela nunca mais cresceu acima de 3%, pois foi o Lulinha voltar, a inflação [economia] já cresceu 3,4%, 3,5%, e agora vai crescer 3,4% outra vez.
E o ano que vem vai crescer mais. Vai crescer o PIB, vai crescer o salário mínimo, vai crescer a renda de vocês, vai crescer a distribuição de terra, vai crescer a distribuição de terra para indígenas, vai crescer para quilombola, vai aumentar mais a produção de emprego. Mais emprego, mais salário, mais consumo, mais emprego, mais salário, mais reforma agrária, mais gente produzindo no campo, mais alimento barato. É esse país que nós queremos construir. Um país com soberania alimentar definitiva.
É por isso, companheiros e companheiras, que eu sinceramente agradeço a vocês pela possibilidade, Paulinho [Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar], de me oferecer esse dia. Eu, sinceramente, eu pago um milhão pra fazer todo dia um ato desse e não pago um centavo pra ficar no meu gabinete. Quanto mais eu estiver na rua, melhor para o país. Quanto mais eu estiver no gabinete, pior para o país.
Portanto, daqui pra frente, vai ser assim. Daqui pra frente, quem quiser encontrar com o Lula, vá pra rua, que ele vai estar na rua conversando com o povo brasileiro, conversando com o trabalhador e defendendo o direito desse país ser definitivamente um país grande, um país soberano, um país que seja respeitado aqui e no mundo inteiro.
Um abraço no coração. Um beijo pra vocês e até o próximo encontro, se Deus quiser.