Discurso do presidente Lula na cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida em Belém (PA)
Queridas companheiras e queridos companheiros do nosso querido estado do Pará, da nossa querida cidade de Belém e do nosso querido Viver Outeiro. Eu já fiz muita coisa na minha vida, já viajei muito o mundo, já lancei muitos programas de governo, mas cada vez que eu participo de um ato em que o que está em jogo é a entrega de uma casa, eu quero contar para vocês que todo dia que eu faço parece que foi a primeira vez.
Porque eu, como vocês, sei o que é a emoção de entrar numa casinha da gente. Eu sei o que é a emoção da gente saber que os nossos filhos vão ter um ninho, que a molecada vai poder estudar e a gente que vive de aluguel tem que mudar todo ano de bairro para bairro, as crianças não conseguem fazer amizade com ninguém, a gente muda para escola diferente e as crianças estão sempre querendo ficar numa única casa para eles poderem manter os seus companheiros, suas companheiras, brincar e construir amizade.
Mesmo nós, adultos, quando a gente muda de casa, você estava acostumado com a vizinha, com o vizinho, você muda, é tudo diferente. Até você reconstruir a amizade leva um ano e, quando você está perto de reconstruir a amizade, você tem que mudar outra vez, outro bairro, outra dificuldade, outra escola, assim é o inferno de vivência do povo brasileiro e eu fiz isso muito tempo na minha vida. Minha mãe morreu com 65 anos de idade, em 1980, e ela morreu sem nunca ter tido uma casa própria. Eu gostaria que ela vivesse hoje para entregar uma chave de uma casa de 49 metros, como aqui foi entregue para as pessoas.
E eu, eu sei o que é a felicidade de vocês, porque a minha primeira casa, em 1975, tinha 33 metros quadrados. E eu morava naquela casa com Marisa, a mãe dela, três filhos e dois cachorros. Imagina o que era a canelada que a gente dava na beira da cama. Eu brincava, Helder [Helder Barbalho, governador do Pará], que às vezes a gente para abrir a porta da geladeira tinha que tirar o fogão, para ir para cozinhar tinha que afastar a geladeira, para entrar no quarto a gente fazia trupicando nos pés da mesa.
Então era um inferno, mas era um inferno gostoso, porque era o meu inferno. Era a minha casa, comprada com o meu dinheiro e eu dizia para os meus filhos: aqui vocês vão construir a vida de vocês. E morei lá de 1975 até 1989 e eu fui muito feliz naquela casinha de 33 metros quadrados, que era a minha casa, era o meu ninho, o da Marisa e dos meus filhos. E quando eu vejo vocês receberem uma casa e eu vejo aquela fotografia que está mostrada ali, eu queria que vocês olhassem bem e fixem o olhar.
Olha o que é uma coisa tratada com respeito e com decência e olha o que é o despreparo, o preconceito e a falta de respeito que as pessoas têm com o povo pobre desse país. Como é que umas pessoas que governaram esse país de 2016 até 2022, como é que essa gente pode falar que governou esse país, se não tiveram coragem de dar continuidade a uma obra que já tinha quase que 60% pronto e abandonaram?
Abandonaram, porque vocês só tinham valor para eles na época das eleições. Na época das eleições, eles visitam o lugar dos pobres, eles abraçam os pobres, eles beijam os pobres, eles pegam a criança do pobre. Depois que eles ganham as eleições, eles chegam a ter nojo do pobre, porque não convida mais para nada.
Então, quando a gente resolveu fazer isso, eu não tenho dúvida de dizer para vocês: eu já sou o presidente desse país que mais construiu casas para o povo brasileiro. Eu não tenho dúvida, não tenho dúvida disso.
E construo as casas fazendo parceria com prefeituras, que não importa de que partido seja, fazendo aliança com governador e parceria que não importa de que partido seja, porque na minha cabeça o meu interesse é atender pessoas como essas que vieram aqui. Pessoas que pagaram aluguel a vida inteira. Pessoas que viviam de favor na casa de parente a vida inteira. Pessoas que moravam em barraco sem nenhum saneamento básico, sem água. Pessoas que muitas vezes nunca tiveram um chuveiro para tomar um banho, nunca tiveram uma torneira para lavar uma roupa, nunca tiveram uma pia para lavar a louça. E está cheio de gente assim.
E esses dias eu vi que 4 milhões e meio de brasileiros ainda não têm banheiro, que fazem as suas necessidades atrás de uma moita. Vocês aqui, jovens, não sabem o que é isso. Mas eu vivi, durante muito tempo da minha vida, eu vivi numa casa num bairro de São Paulo, a gente morava em 27 pessoas num quintal, 27 pessoas num quintal. Só tinha um banheiro, que não tinha vaso sanitário, era um buraco, não tinha chuveiro, não tinha descarga e naquele tempo não tinha nem papel higiênico.
E eu morei muitos anos naquela casa. E hoje tem muita gente ainda que mora assim, porque muitos governantes não se preocupam com as condições que vive o povo brasileiro. E quando eu vejo aqui as pessoas recebendo uma casa, quando eu vejo o meu ministro das Cidades emocionado falando da casa que está fazendo aqui, vendo o discurso do Helder, eu fico dizendo: vale a pena, eu só tenho um diploma universitário, mas tenho muito caráter e mais vergonha do que todos que governaram esse país e que nunca respeitaram esse povo.
Nunca. Porque só tem sentido a gente governar se a gente compreender que governar é cuidar. E se a gente quer cuidar, a gente não tem que cuidar daqueles que não precisam do Estado, daqueles que já são ricos, daqueles que ganham muito, esses não precisam do Estado. Quem precisa do Estado são aqueles que foram rejeitados a vida inteira, são aqueles que vivem trabalhando para ganhar o salário mínimo, que levantam às cinco da manhã, chegam em casa às oito de volta, jantam, dormem e levantam no dia seguinte. Esses precisam do Estado. Ou aqueles que não têm emprego, ou aquelas que são as mães solteiras, ou aqueles que têm problemas de deficiência, esses precisam do Estado.
E é para esses que a gente tem que governar, sem esquecer os outros. Nós queremos cuidar da classe média, nós queremos cuidar dos empreendedores brasileiros, mas sempre tem uma pessoa que precisa mais. Quem é mãe sabe. Se a gente tiver três, quatro filhos, a gente gosta de todos, a gente ama todos, a gente quer o bem de todos. Mas na hora do comer, se alguém quiser comer um bife a mais, não tem, porque todos têm que comer igual. E se a gente tiver que fazer um cafuné a mais, a gente faz para aquele que está mais fragilizado, aquele que está mais fraquinho.
Assim é o coração de mãe e assim é o coração de um presidente da República que tem vergonha e compromisso com o seu povo. Por isso, eu tenho muito orgulho, Jader Pai [Jader Barbalho, senador], de você ter me emprestado esse menino para ser ministro das Cidades. Tenho muito orgulho do Pará ter me concedido o Sabino [Celso Sabino] para ser ministro do Turismo. Tenho muito orgulho do Pará ter eleito esse jovem aqui governador do estado, porque eu já vim outras vezes aqui quando o governador não era um Barbalho. Eu já vim aqui com o governador tucano. Eu sei como as coisas aconteciam aqui.
E foram oito anos que eu vim aqui. Fazer a mesma coisa, porque eu nunca deixei de tratar ninguém com respeito, mesmo aqueles que não gostavam de mim. Ah, não gosta de mim, não tem problema, não quero casar. Eu não quero casar com você, então não precisa gostar. Eu só quero que você me respeite. Eu só quero que você me respeite como eu lhe respeito e que eu trato você.
Então, obrigado, companheiro Jader, ministro, governador, Sabino e pai. E mãe, cadê a mãe? Tá, a mãe está aqui também. Obrigado por tudo que vocês nos deram de presente com esses frutos maravilhosos que vocês produziram. Porque o ser humano é uma árvore. E a gente, na vida, produz frutos. O fruto se transforma em nova árvore. E vocês podem ter orgulho de que os frutos que vocês produziram são uma árvore frondosa e extraordinária neste país.
Bem, a segunda coisa é a educação. Eu tive, Maria do Carmo, eu tive o companheiro Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] como o melhor ministro da Educação deste país durante todo esse tempo. Mas depois o Haddad saiu, foi fazer outras coisas e virou o ministro da Fazenda. E eu precisava escolher o ministro da Educação. E eu fiquei pensando quem que eu vou colocar, pelo menos, para se igualar ao Haddad.
E, de repente, eu comecei a perceber que nós tínhamos no Nordeste brasileiro um governador, no estado do Ceará, que tinha a melhor qualidade de educação deste país, que era o companheiro Camilo Santana, que conseguiu colocar o Ceará no patamar mais elevado da educação deste país, um estado pobre. Só para vocês terem ideia, 50% dos alunos que estudam no ITA, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, que é de muita qualidade, 50% passam no Ceará. E para a gente homenagear o Ceará, pela qualidade da educação, nós levamos o ITA também para o Ceará, para que a gente possa formar engenheiros da melhor qualidade.
E hoje o Haddad já sabe que ele era o primeiro até o Camilo chegar. Quando o Camilo chegou, o Camilo teve a tarefa de desbancar o Haddad e ser o melhor ministro da educação deste país, cuidando desde a alfabetização à universidade. E a outra coisa que eu tenho orgulho, eu acabei de falar no Amapá, é uma coisa que eu tenho muito orgulho, esse que vos está falando só tem um diploma primário e um curso no Senai.
E esse país já teve tantos intelectuais, teve tantos sociólogos, filósofos, teve tantos psicólogos, empresários, advogados que governaram esse país e nenhum deles cuidou da educação como eu cuido da educação. E eu cuido da educação exatamente pelo que aconteceu comigo. Eu não tive oportunidade de estudar, porque as condições eram muito ruins e eu tinha que trabalhar desde os 12 anos de tintureiro, de engraxate, para poder ajudar lá em casa.
Então eu assumi uma profissão, assumi um compromisso comigo mesmo. Eu vou garantir ao povo trabalhador, ao povo mais humilde deste país o direito de disputar a vaga na universidade com a classe mais rica deste país, porque ninguém pode ser preterido pela condição financeira. Eu quero garantir oportunidade a todos, sem distinção a todos, não quero prejudicar ninguém, mas eu quero o filho da empregada doméstica fazendo o curso junto com o filho do patrão dela, e só vai passar quem tiver mais qualidade.
Eu quero que as pessoas disputem igualdade de condições, e não sou eu que vou fazer. O papel do presidente é só garantir oportunidade, abrir a porta, garantir a educação para as pessoas estudarem, e depois competir, e entra quem é melhor.
Por isso nós tiramos o ProUni. O ProUni foi a maior revolução já feita na educação brasileira, onde nós colocamos meninos e meninas da periferia para disputar a vaga na USP, para disputar a vaga na Universidade Federal do Pará, para disputar a vaga nas melhores escolas deste país. Por isso, a Dilma [Rousseff, ex-presidenta do Brasil e atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento] criou o Sem Fronteiras, para colocar 100 mil jovens brasileiros pobres, para estudar no mundo inteiro, nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, na Espanha, para que a gente pudesse mostrar que os nossos jovens são competitivos.
Por isso a gente criou a faculdade de Matemática no Rio de Janeiro [Instituto de Matemática Pura e Aplicada - IMPA]. A gente está pegando os melhores alunos da Olimpíada da Matemática, fazendo concurso entre eles, e todo ano os 100 melhores vão para uma escola, estudar matemática, para que a gente mantenha os nossos gênios no Brasil. E esses meninos têm lugar para dormir, têm lugar para comer e lugar para estudar, porque o lugar de gênios brasileiros é aqui no Brasil, para ajudar este país a crescer, se desenvolver e mostrar que nós não devemos nada a ninguém. E é por isso que eu gosto de investir na escola.
Quando eu cheguei no governo, em um século, de 1909 a 2003, todos os governos que passaram pelo Brasil fizeram 140 institutos federais. Presta atenção, em 100 anos eles fizeram 140. Eu e a Dilma, em pouco menos de 15 anos, vamos entregar 782 institutos federais nesse país. Isso porque, companheiro Helder, eu acredito numa coisa. Eu, durante muito tempo, andei em São Paulo à procura de emprego.
E quando você não tem profissão, que você vai procurar emprego, você chega numa fábrica, numa loja e pede um trabalho, o cara fala: "o que você sabe fazer?" "Aí, eu sei fazer de tudo". É mentira, ninguém sabe fazer de tudo. Se falar que sabe fazer de tudo, já está mentindo. Então, é importante não falar que sabe fazer de tudo. É como jogar bola. Você vai jogar bola, o cara pergunta: "que posições você joga?" "Em qualquer uma". Mentira, não sabe jogar bola. Ou você sabe ou não sabe.
Então, é uma desgraça a gente que não tem profissão. Uma menina sai para procurar emprego, anda de loja em loja, de comércio em comércio, aí o cara pergunta, “o que você sabe fazer?” “Nada”. Não tem emprego. Aí, sobra para ela a oportunidade de trabalhar de babá ou de trabalhar de doméstica. Olha, não é desprezível ser babá e não é desprezível trabalhar de doméstica, mas a gente quer outras coisas, a gente tem desejo de outras coisas.
Então, estudar é para mim a coisa mais sagrada que um pai pode deixar para o filho. Vocês podem ter certeza que as mães de vocês que estão aqui, os jovens, não querem deixar a fortuna para vocês. A coisa mais sagrada que ela deixa a vocês é uma formação acadêmica. Ela saber que vocês podem ser doutores, que vocês podem ser sociólogos, psicólogas, advogados, médicos, enfermeiras, dentistas, o que vocês quiserem ser.
Porque aí, quando vocês estiverem formadas, ter a certeza de que vocês vão ter garantia de emprego. Para o homem, é saber que ele, com uma profissão, ele vai ganhar um pouco mais, vai poder viver com uma pessoa, vai poder construir família e vai poder dar um tratamento decente a sua família. E, de vez em quando, ir num restaurante e levar a família para jantar, tomar uma cervejinha gelada que ninguém é de ferro. E de vez em quando, pode até ir jantar com a namorada.
Para a mulher, é outra coisa mais sagrada. Por que para a mulher é mais sagrada? Porque uma mulher que seja independente financeiramente, uma mulher que seja independente profissionalmente, ela não vai morar com ninguém por dependência. Ela não vai aceitar morar com uma pessoa que ela não gosta, a troco de um prato de comida. Ela não vai aceitar desaforo, por causa da independência. Ela não vai morar com alguém porque pode pagar o salário para ela. Não. Dignidade é uma coisa sagrada. A gente tem o direito de morar com quem a gente quiser, desde que a pessoa respeite a gente.
Aí, se uma mulher casar com um homem daqueles que chegam em casa, não respeitam nem que a mulher trabalhe fora. O bichão chega em casa, tira os sapatos, tira as calças, bota uma bermuda, senta o bundão no sofá e fala: "amor, me dá uma cerveja. Amor, liga a televisão". Agora que tem controle remoto não chama mais, mas falava: "amor, muda de canal. Amor, pega uma toalha para mim que eu estou no chuveiro. Amor, pega uma cueca para mim. Amor, coloca a comida para mim".
Esse amor é mentiroso. Ele está fazendo a mulher de escrava. Esse amor é mentiroso. Então, as mulheres estão aprendendo o mercado de trabalho. As mulheres estão ficando mais espertas. No Enem, agora, a maioria absoluta era mulher. As mulheres estão ficando muito inteligentes, estão ficando muito sabidas. Elas não querem mais morar com alguém que faça ela de escrava, não.
Porque as mulheres aprenderam a ir para o mercado de trabalho, mas nós, os companheiros delas, ainda não aprendemos a ir para cozinha, lavar louça, não aprendemos a lavar banheiro, não aprendemos a dar banho na criança. Então, independência e liberdade é a gente entender. A mulher não quer mais ficar no tanque. A mulher não quer mais ficar passando roupa. A mulher não quer apenas mais cozinhar. A mulher quer fazer o que ela quiser fazer, do jeito que ela quiser fazer.
E nós precisamos aprender a respeitar essa companheira. A gente tem que aprender a respeitar. É assim que vai fazer o mundo ser mais feliz, o mundo ser muito mais agradável. Por isso, eu gostei do beijo que você deu na sua mulher. A impressão que eu tinha é que você estava brigado com ela e você aproveitou a multidão aqui, “deixa ela me dar um perdão”, já deu um beijão nela. Como a Janja não está aqui, eu não posso fazer isso agora.
Mas eu quero dizer para você que, para mim, investir em educação é uma coisa sagrada. Maria do Carmo, eu cada vez, cada vez, que o Camilo leva uma proposta a mim. "Presidente, vamos criar um Pé-de-Meia. Presidente, vamos criar um Pé-de-Meia para os professores". Vocês sabem disso? A gente agora criou uma bolsa de estudo para que os alunos do Enem, que têm acima de 650 pontos e quiserem fazer magistério, eles vão ter uma bolsa.
Porque, hoje, as pessoas não querem mais ser professor. As pessoas não querem dar aula na periferia. Eles são maltratados, são xingados e, às vezes, não são nem reconhecidos. Então, nós estamos tentando criar uma bolsa para que os melhores alunos que quiserem fazer magistério, a gente pague uma bolsa para incentivá-los. Porque, senão, só vai estudar para o professor aquele mais fraquinho e ele pode não ser um bom professor. E a gente quer que os professores sejam melhores. Porque todos nós aprendemos.
Eu nunca esqueci da minha professora em Santos, quando eu morei. Eu tinha oito anos de idade, a dona Terezinha. A minha mãe, quando foi para São Paulo, que ela foi me buscar. Eu morava em Santos. Eu era tão pobre, tão lascado, que a dona Terezinha queria cuidar de mim. Foi pedir para minha mãe, para eu ficar, que ela cuidava de mim. A minha mãe falou: "Eu sou pobre, mas eu sei chocar meus filhos. Eu vou levar eles comigo". E me levou.
Eu lembro o nome da minha segunda professora, a dona Zoraide. Também não tem muito, porque eu só estudei quatro anos. Então, não tem muito professor, que nem vocês têm. Mas eu lembro. Então, eu quero que as crianças, eu quero que as crianças aprendam. Nós, agora, fizemos um convênio com as prefeituras do Brasil inteiro e com os governadores.
Nós queremos, até 2030, alfabetizar pelo menos 80% das nossas crianças até o segundo ano escolar para que eles possam dar um salto de qualidade e a gente colocar a inteligência brasileira para ser o valor agregado que nós precisamos. Porque o Brasil não quer exportar apenas minério de ferro. O Brasil não quer exportar apenas soja. O Brasil não quer exportar apenas milho. O Brasil não quer exportar apenas petróleo. O Brasil quer exportar conhecimento, inteligência, que é isso que mostra se um país é grande ou não.
Então, companheiros, entregar uma casa, entregar uma escola, e agora o Jader não falou, mas todo conjunto habitacional agora tem que ter uma biblioteca para que as pessoas aprendam a ler, despertar o interesse pela leitura e fazer com que as pessoas diminuam a questão do celular. Não sei se vocês sabem, mas nós proibimos o celular na escola, porque o aluno tem que ir para a escola para estudar, não é para ficar no celular, a professora dando aula e ele no celular. Nós queremos que ele volte a brincar, a brincar com os companheiros, a jogar bola, a contar piada, a fazer qualquer coisa.
Quando ele chegar em casa, se o pai quiser, dê o celular, porque hoje tem uma desgraça. Uma criança chora, ao invés da mãe pegar no colo para fazer um cafuné, mete logo no celular na criança. O pai, quando a mãe fala: "pai, cuida do teu filho", ele vai pegar o celular, para dar para o filho. A criança precisa de colo, de chamego, de cafuné, de carinho, que é uma coisa muito gostosa. Eu estou cansado de ver crianças não conversarem. Agora eles vão voltar a brincar, vão voltar a jogar bola, apostar, brincar de pique, brincar de qualquer coisa, voltar a aprender a empinar pipa, voltar a jogar peão, qualquer coisa, menos ficar preso no celular.
Então, companheiros e companheiras, esse país está passando por uma revolução e essa revolução chama-se democracia. Nós não podemos deixar a democracia ser truncada. Porque hoje você tem um bando de mentirosos que utilizam a internet para contar mentira, para contar mentira, para contar mentira, falando bobagem o tempo inteiro e muita gente nossa acompanhando e passando para outros.
A gente só vai derrotar a mentira se vocês forem agentes da verdade. Aquilo que for mentira, vocês não têm que divulgar e têm que destruir, porque 2025 é o ano mais importante desse país, porque é o ano em que a gente vai provar que a verdade vai derrotar a mentira no Brasil.
Minha mãe dizia o seguinte: "meu filho, a verdade, ela engatinha, é que nem uma tartaruga e a mentira voa, é que nem um avião". E é verdade, porque é mais fácil mentir. Quando você mente, você não tem que explicar e a verdade você tem que explicar. Por isso, eu tenho muito orgulho, tenho muito orgulho de ser o único brasileiro que conseguiu o terceiro mandato nesse país.
E não é mérito do Lula, não, não é mérito pessoal, não, é mérito de vocês. Porque se fosse por conta dos ricos, o Lulinha nem seria candidato a vereador, mas por conta do povo trabalhador, a gente está provando que o metalúrgico pode fazer mais do que a elite brasileira fez durante 500 anos nesse país para tratar daqueles mais humildes, daqueles mais necessitados.
Por isso, eu trouxe a COP para cá. Vou contar uma história para vocês. A COP não é minha, a COP não é do Helder, a COP não é do prefeito, a COP é da ONU. A COP é da ONU, é ela quem manda na COP. Acontece que ela escolheu o Brasil, eu, então, escolhi o Pará e o Helder, então, escolheu Belém. Porque seria mais fácil fazer em São Paulo. São Paulo tem hotel, muito hotel, São Paulo tem não sei das quantas, então, poderia fazer em São Paulo. Poderia fazer no Rio de Janeiro. O Rui Costa queria olhar para mim assim e levar para a Bahia. Falei: não, não vai levar para a Bahia. A Bahia já tem muito, a Bahia já tem muito. A Bahia tem Nosso Senhor do Bonfim, a Bahia tem a Baía de Todos os Santos. Tem Itaparica.
Não, espera aí, ô Rui, vamos levar para o estado do Norte. E eu confesso, Helder, que tinha muitas dúvidas mesmo. Eu confesso que tinha muitas dúvidas. Acontece que tinha muita gente que falava assim: "mas Lula, a gente vai levar para o Pará, lá não tem hotel, lá tem um problema de muitas casas, sabe, em lugar que não tem tratamento de esgoto, mas você vai levar para lá?"
E eu fui me convencendo de uma coisa, eu fui me convencendo de uma coisa. A COP, que cuida da questão do clima, que tem que cuidar para que esse planeta não esquente acima de um grau e meio, que tem que cuidar de manter as suas florestas, a sua água, que tem obrigação de manter os seus rios menos poluídos, que tem obrigação de diminuir o uso de combustível fóssil, todo mundo sabe. O Brasil é o país que tem a energia mais limpa no mundo. Ora, por que que eu vou fazer em São Paulo? Por que que eu vou fazer em São Paulo? Ora, se o pessoal...
O mundo inteiro fala da Amazônia, desde os anos 80, a Marina [Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima] se lembra disso, eu viajava o mundo inteiro, o pessoal: "oh Lula, Amazônia é o pulmão do mundo". E naquele tempo eu falava: e a dívida externa é a pneumonia. Então, nós temos que cuidar dessa dívida externa, para salvar o coração do mundo. Então eu fiquei pensando: poxa vida, poxa vida, o lugar que tem mais floresta de pé é na América do Sul. E dentro da América do Sul, o Brasil. E dentro do Brasil, esses 360 milhões de hectares, que é a Amazônia Legal, que ainda tem. Hoje eu estive no Amapá, 97% da floresta do Amapá é totalmente preservada.
É uma coisa fantástica, como é que alguém, um francês, um inglês, um alemão, um japonês, pode dar palpite na nossa floresta? Não, ela é nossa. Agora, se eles já desmataram a deles, e eles quiserem que a gente mantenha em pé, a gente tem obrigação de manter em pé, porque a gente sabe que o mundo está precisando. Mas eles têm que saber que embaixo de cada copa de árvore, a gente tem um trabalhador, a gente tem um índio, tem um quilombola, tem um pescador, tem um seringueiro, tem um extrativista que precisa viver.
Então, eles têm que pagar. Em 2009, Marina, eles decidiram dar 100 bilhões de dólares para ajudar. Não deram. Depois, a gente precisava de 300 bilhões. Não deram. Agora, a conta é 1 trilhão e 300 bilhões. Não vão dar, porque eles não respeitaram o Protocolo de Kyoto, os Estados Unidos não assinaram. Agora, os Estados Unidos saíram do Protocolo de Paris, eles não vão assinar.
Então, fica só nós, só nós que temos floresta, querendo fazer o que é necessário ser feito, que eles não fizeram, e eles ficaram de pagar e não pagam. A gente não vai deixar de fazer se não tiver dinheiro, porque a gente tem obrigação. Eu tenho um compromisso e quero falar olhando para a cara de vocês. Eu tenho um compromisso de, até 2030, fazer desmatamento zero nesse país. Não é um compromisso deles, é um compromisso nosso. Se eu não fizer, eu fracassei, mas é um compromisso que ninguém pediu para a gente fazer, fomos nós que decidimos. Então, nós vamos fazer a COP aqui.
Não tem problema que Belém seja do jeito que for, que o povo seja do jeito que for, é aqui. Eles têm que saber, eles têm que saber quanto dói uma picada de carapanã. Eles têm que saber, eles têm que saber porque é bom.
Sabe, tem que saber que aqui é um povo extraordinariamente alegre, é um povo feliz, é um povo trabalhador, nós somos pobres, mas temos orgulho. E eles vão ver como é que a gente vive. Eu não vou enfeitar, eu não vou tirar pobre da rua, eu não vou fazer o que não é possível fazer. Eu quero que eles vejam a nossa Belém do jeito que ela é. Se não tiver hotel cinco estrelas, durma no de quatro. Se não tiver de quatro, durma no de três. Se não tiver de três, durma na estrela do céu do mundo, olhando para o céu que vai ser maravilhoso.
O que eu posso dizer para vocês, olhando na cara de vocês e olhando para você, governador, é que com todos os defeitos, com todas as deficiências, eu já participei de muitas COPs e posso te dizer, da mesma forma que eu já participei de muitos G20 e nós fizemos o melhor G20 no Brasil, nós vamos fazer o melhor BRICS no Brasil e vamos fazer a COP que ninguém nunca mais vai esquecer, que é a COP30 na cidade de Belém.
Por isso, companheiros e companheiras, eu, sinceramente, estou muito orgulhoso do que está acontecendo no Brasil. É o momento de menor desemprego, é o momento de inflação controlada, é o momento de crescimento da massa salarial, é o momento de crescimento das universidades, é o momento de crescimento dos institutos federais, é o momento de diminuição da alfabetização, é o melhor momento da história do Brasil.
E eu estou ficando tão chique, que até eu estou ficando mais bonito. Eu, é verdade, eu quando me olho no espelho de manhã, eu quando me olho no espelho de manhã eu falo que pena que a Dona Lindu não me viu nascer, porque se ela visse os caçulinhas dela agora, com 79 anos, bonito do jeito que eu estou, com energia de 30 anos e com tesão político de 20 anos, ela ia falar: “esse é o meu Lulinha”.
E, por isso, é o seguinte, quem quiser vai ter que trabalhar mais que nós, quem quiser vai ter que fazer mais educação que nós, quem quiser vai ter que investir mais na saúde que nós, quem quiser vai ter que ter um caráter que não tem, que nós temos, vai ter que ter a honra que nós temos. Por isso, eu quero dizer uma coisa para vocês, eu tenho dois anos de governo, dois anos ainda, dois anos pela frente, e eu quero provar para vocês que o metalúrgico com diploma primário é capaz de fazer outra vez o melhor governo da história desse país para a alegria do nosso povo.
E isso não se deve à minha inteligência, isso não se deve à mérito pessoal, se deve à coragem de vocês, deve à coragem de cada mulher, de cada homem que acreditou que a gente pode fazer mais do que eles. Então, nós não queremos mais presidente mentiroso, nós não queremos mais rei da fake news, nós não queremos presidente que conta onze mentiras por dia, nós não queremos presidente que é contra a vacina, nós não queremos presidente que é contra a educação. Nós queremos um presidente que seja humanista, que cuide da fraternidade, da solidariedade e que seja companheiro de vocês.
Por isso, companheiros do Pará, que Deus nos ajude e que vocês mantenham essa cara saudável que vocês estão e que a gente possa entregar todas as casas para que vocês possam dizer um dia que esse país teve um governo que não governou, mas que cuidou da gente.
Um abraço, um beijo no coração e até outro dia, se Deus quiser. Amanhã estaremos andando, visitando obras aqui em Belém e vamos anunciar mais coisas em Belém. Um abraço, gente, que Deus abençoe todos vocês.