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Sismógrafos de Fundo Oceânico testados no ON registraram megaterremoto na Rússia
Sismógrafos de Fundo Oceânico (OBS, na sigla em inglês) pertencentes ao Observatório Nacional (ON/MCTI) registraram o último grande terremoto de magnitude 8.8 Mw ocorrido na Rússia. Os equipamentos estavam em fase de testes na sede do ON, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e conseguiram captar o evento sísmico justamente no dia em que foram instalados.
Registros do grande terremoto de magnitude 8.8 Mw ocorrido na Rússia em sismógrafos de fundo oceânico
Os sismógrafos fazem parte do projeto RSBR-Mar, iniciativa coordenada pelo pesquisador do ON, Dr. Sergio Fontes, e apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que visa expandir a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) para o mar. O objetivo do projeto RSBR-Mar é ampliar a capacidade de monitoramento de terremotos que ocorrem na margem sudeste do Brasil, região estratégica do ponto de vista geopolítico, ambiental e econômico.
"O registro do terremoto pelos equipamentos no exato dia da instalação dos sismógrafos demonstra o potencial dos sismógrafos e a importância estratégica do RSBR-Mar para o avanço da sismologia no Brasil. Nosso objetivo é ampliar a capacidade de detecção de eventos sísmicos no mar e gerar conhecimento que contribua para a segurança ambiental e das infraestruturas críticas instaladas na costa brasileira”, destacou o Dr. Sergio Fontes.
Os OBSs em questão serão instalados ao longo da margem sudeste entre os estados de Espírito Santo e São Paulo a mais de 2.000 metros de profundidade. A expectativa é que a instalação dos cinco equipamentos ocorra entre os dias 26 de agosto e 10 de setembro. A iniciativa conta com o apoio fundamental do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Marinha do Brasil, que possibilitará o uso do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira (H39), utilizado para pesquisas oceanográficas, geológicas e ambientais. Os sismógrafos deverão ficar instalados por um período de um ano, após o qual serão recolhidos para coleta de dados. Posteriormente, serão relançados ao mar por mais um ano. As estações receberão siglas que homenageiam praias do Rio de Janeiro: Leme (LEME), Copacabana (COPA), Urca (URCA), Ipanema (IPAN) e Leblon (LEBN).
"Estamos nos preparando para uma etapa fundamental do projeto, que é a instalação dos sismógrafos de fundo oceânico e dos sismógrafos flutuantes (MERMAIDs). Esses equipamentos nos permitirão uma cobertura sem precedentes dos terremotos que ocorrem nesta região, o que é fundamental para compreender melhor não apenas a origem da sismicidade mas também a estrutura interna da Terra”, ressaltou o Dr. Gilberto Leite, sismólogo do ON e da RSBR que também integra a equipe do projeto RSBR-Mar.
Mapa com localização das estações do Projeto RSBR-Mar
Avanço inédito na sismologia marinha brasileira
O RSBR-Mar representa um avanço inédito na sismologia marinha brasileira, com foco na chamada Amazônia Azul, porção do Atlântico Sul sob jurisdição brasileira. A área concentra a maior atividade sísmica offshore do país, mas a origem e o risco associado a esses eventos ainda são pouco compreendidos, especialmente no que diz respeito à segurança de infraestruturas críticas, como plataformas e dutos submarinos.

- Sismógrafos
Sismógrafos em testes no Observatório Nacional
A rede atual de sismógrafos terrestres (onshore) tem limitações para detectar com precisão tremores no mar com magnitudes iguais ou inferiores a 3, dificultando a avaliação do risco sísmico em áreas como as bacias de Santos, Campos e Espírito Santo, importantes pólos de exploração de petróleo e minerais.
Outro aspecto central do RSBR-Mar é a prevenção de desastres ambientais. Vazamentos de óleo causados por terremotos podem gerar impactos irreversíveis ao meio ambiente e à economia brasileira. Ao contribuir com dados mais precisos sobre a origem dos eventos sísmicos, o projeto visa mitigar riscos e subsidiar o desenvolvimento de projetos offshore mais seguros e sustentáveis.
Como parte das ações do RSBR-Mar, o ON já instalou duas estações sismográficas no Espírito Santo, em colaboração com o Laboratório de Neotectônica e Sismológico (LANESI) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A estação ARA01 foi instalada na base oceanográfica da UFES, em Aracruz, com apoio do Departamento de Oceanografia da instituição. Já a estação ITA01 está localizada no Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra, com suporte do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), que viabilizou a instalação do equipamento em área de proteção ambiental.
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O RSBR-Mar conta com a participação de sismólogos do ON, da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade de Brasília (UnB), UFES e da própria RSBR. A iniciativa também terá apoio de instituições internacionais como a Universidade do Arizona, o Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), o Lamont-Doherty Earth Observatory (EUA) e a Universidade de Côte d’Azur (França).