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Evento realizado no SESI Lab, em Brasília, reuniu autoridades, educadores, gestores e representantes do campo museal para marcar a atualização da PNEM e debater seus desafios de implementação nos próximos anos.
Ibram lança nova Política Nacional de Educação Museal e reafirma a educação como eixo estruturante dos museus brasileiros
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) lançou oficialmente, na última terça-feira (16), a nova versão da Política Nacional de Educação Museal (PNEM). O evento foi realizado no SESI Lab, em Brasília, e reuniu autoridades do campo cultural, educadores museais, gestores públicos, representantes de instituições, redes e universidades de diferentes regiões do país.
Instituída pela Resolução Normativa Ibram nº 40, de 3 de dezembro de 2025, a nova PNEM consolida um amplo processo participativo de revisão e reafirma a educação museal como política pública de Estado, estruturante para museus, pontos de memória e centros culturais. A atualização fortalece princípios, amplia diretrizes e reconhece a diversidade de práticas, sujeitos e territórios que compõem o campo museal brasileiro.
Abertura institucional e compromisso com a política pública
A mesa de abertura contou com a presença da presidenta do Ibram, Fernanda Castro; da diretora do Departamento de Processos Museais, Ana Carolina Gelmini; do secretário de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano dos Santos Piúba; da diretora do Departamento de Articulação, Fomento e Educação do Iphan, Cejane Muniz; e da Superintendente de Cultura do Departamento Nacional do Sesi, Claudia Ramalho.
Em suas falas, as autoridades destacaram a importância da PNEM como política transversal, articulada às demais políticas culturais, educacionais e patrimoniais, e como instrumento fundamental para o fortalecimento do papel social dos museus. Também foi ressaltada a parceria com o SESI Lab, espaço que sediou o evento e tem se consolidado como referência em inovação, educação e cultura.
Uma política construída a muitas mãos
Ao contextualizar o lançamento, foi lembrado que, desde sua primeira versão, publicada em 2017, a PNEM se tornou referência para profissionais, instituições e redes em todo o país. A nova versão aprofunda esse caminho ao incorporar contribuições da consulta pública, da escuta interna junto às unidades do Ibram e do diálogo permanente com o campo museal.
Mais do que um documento normativo, a PNEM foi apresentada como um projeto coletivo, construído a partir das experiências concretas dos museus, dos educadores e das comunidades. Uma política que carrega histórias, aprendizados e práticas de campo, e que reafirma o compromisso com os direitos culturais, a inclusão, a acessibilidade e a participação social.
Apresentação da nova estrutura da PNEM
Na sequência da programação, a coordenadora de Educação Museal e Formação do Ibram, Marielle Costa Gonçalves, apresentou a estrutura da nova PNEM e os principais avanços em relação às versões anteriores. Entre os destaques estão o fortalecimento das diretrizes voltadas à gestão da educação museal, à formação profissional, à pesquisa e à relação entre museus, comunidades e territórios.
Durante a apresentação, Marielle ressaltou o cuidado no tratamento de todas as contribuições recebidas ao longo do processo de revisão e destacou o caráter complementar da PNEM em relação à Política Nacional de Museus e às legislações do campo museológico brasileiro.
“A PNEM é uma política setorial e complementar à Política Nacional de Museus. Sua existência representa um avanço ao afirmar a relevância e a especificidade do trabalho em educação museal e ao apresentá-la como objeto de fomento da cultura. Todas as análises das contribuições estão acessíveis na página da PNEM”, afirmou.
PNEM daqui pra frente: desafios e implementação
O debate central do evento aconteceu na mesa técnica “PNEM daqui pra frente: estrutura, diretrizes e implementação”, mediada por Joana Regattieri Adam, chefe substituta da Divisão de Educação Museal do Ibram. A mesa reuniu representantes da gestão pública, da academia e das redes de educadores museais.
Lucienne Figueiredo dos Santos, assessora-chefe do Sistema Estadual de Museus do Rio de Janeiro, destacou a importância da articulação entre políticas federais, estaduais e municipais para garantir a efetiva implementação da PNEM. Renata Almendra, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, abordou a formação inicial e continuada, o papel das universidades e a consolidação da educação museal como campo de pesquisa, chamando atenção para a necessidade de ampliar o diálogo entre universidades e instituições museais.
Já Thiago Consiglio, educador museal da Pinacoteca do Estado de São Paulo e membro do Comitê Gestor da Rede de Educadores em Museus do Brasil (REM-BR), enfatizou a participação social, o fortalecimento das redes de educadores e a importância da interiorização da política, para que suas diretrizes alcancem museus e iniciativas em diferentes territórios do país.
Lançamentos: produção e circulação do conhecimento
O evento também foi marcado pelo lançamento do Repositório EduMus, iniciativa estratégica vinculada à PNEM voltada à organização, preservação e difusão da produção de conhecimento em educação museal no Brasil. A mesa de apresentação foi mediada por Luciana Conrado, coordenadora de Ação Educativa e Pesquisa do SESI Lab.
Andrea Costa, presidenta da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC), destacou o repositório como uma ferramenta fundamental para reunir pesquisas acadêmicas, publicações, relatos de experiência e outros conteúdos produzidos por educadoras, educadores, instituições e coletivos de todo o país.
Na mesma ocasião, foi apresentado o livro História da Educação Museal no Brasil. Maurício André da Silva, co-gestor do Comitê de Educação e Ação Cultural Brasil (CECA-BR), ressaltou a relevância da obra para o reconhecimento da trajetória histórica da educação museal e para a valorização das lutas, práticas e saberes que sustentam o campo.
Um marco para os próximos anos
O lançamento da nova Política Nacional de Educação Museal reafirma o compromisso do Ibram com a construção coletiva de políticas públicas, com a escuta qualificada do campo museal e com o fortalecimento dos museus como espaços de educação, diálogo, memória e transformação social.
A PNEM entra agora em sua fase de implementação, convidando instituições, profissionais, redes e comunidades a se apropriarem de suas diretrizes e a construírem, de forma conjunta, os próximos desdobramentos da política em todo o território nacional.