Elas fazem o turismo no Brasil

Luane durante o revezamento da Tocha Olímpica. Crédito: Gustavo Messina/ MTur

Se um país se faz com homens e livros, como diz a célebre frase do escritor Monteiro Lobato, no turismo é necessário explicitar o gênero para mostrar a relevância da presença feminina neste universo. Elas estão em toda a parte; comandando aviões, gerindo secretarias e órgãos de turismo, presidindo entidades do setor produtivo e atuando em profissões até então dominadas pelo sexo oposto.

No Ministério do Turismo, uma das três secretarias está sob o comando de Teté Bezerra, com 40 anos de vida pública e ex-secretária de Turismo do Mato Grosso. A Secretária Nacional de Qualificação e Promoção do Turismo tem, entre suas  responsabilidades, grandes desafios como cuidar da fiscalização de prestadores de serviços turísticos, de projetos de apoio à comercialização dos destinos e da qualificação de mão de obra para o setor.

Desafios não menores do que os enfrentados no dia a dia pela arquiteta Ana Paula Vilaça, secretária de Turismo, Esportes e Lazer do Recife (PE), e Luane Ferreira, turismóloga na Secretaria de Turismo de Cabo Frio (RJ). Ana é arquiteta e desde o ano 2000 tem a gestão pública como atividade principal e já trabalhou em vários estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Luane, que tem especialização em planejamento e marketing, há 12 anos ajuda a colocar Cabo Frio, com suas belas praias e dunas, em papel de destaque no cenário do turismo nacional.

Assim como a empresária Magda Nassar que divide o tempo entre sua empresa e a presidência da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), entidade atuante em defesa dos interesses do setor. Para se ter uma ideia do peso do cargo de presidente, a Braztoa representa um conjunto de empresas que vendem 90% das viagens do mercado e faturaram R 11 bilhões em 2015.

Ana Paula Vilaça (esq.) e Magda Nassar. Créditos: Gustavo Messina/ MTur

A aviação, outro expressivo segmento do mercado do turismo, será responsável pelo transporte de 57% dos brasileiros que pretendem viajar de março a agosto, segundo pesquisa do Ministério do Turismo. É possível que parte desses turistas embarquem em um voo comandado por Angelita Araújo, 44, piloto da Gol Linhas Aéreas Inteligentes e mais de 10 anos de experiência profissional.

Na mesma profissão, só que com missão bem diferente, a capitã no Grupo de Transportes Especiais da Força Aérea Brasileira (FAB) Carla Alexandre Borges, 33, é um dos pilotos do avião presidencial.  Além de transportar autoridades em viagens oficiais e com a experiência de mais de 1.500 horas de voo, ela atua também como relações pública e como turista sempre que pode tem folga ou sai de férias.

Angelita Araújo (esq.) e Teté Bezerra. Créditos: Gustavo Messina/ MTur

» Fizemos algumas perguntas a nossas personagens deste Dia Internacional da Mulher:

1- Quais são os principais desafios para atuar em mercados ainda predominante masculino?

Teté: já temos uma participação expressiva de mulheres no mercado de turismo, mas nos cargos de comando elas ainda são poucas. Para vencermos os desafios temos que encará-los, mostrar nosso compromisso e competência.

Ana Vilaça: os desafios são grandes, mas temos que comemorar as conquistas recentes, já que a mulher tem ampliado e diversificado seu campo de atuação.

Luane: a mulher precisa ser decidida e se posicionar. Tem seu espaço se for comunicativa, articulada e destemida.

Magda: os desafios profissionais são iguais para ambos os sexos. Qualquer posição de liderança exige muito trabalho e gera muitos desafios.

Angelina: como em qualquer outra função é preciso mostrar conhecimento, principalmente no aspecto técnico. É importante conquistar confiança e respeito dos colegas.

Capitã Carla: sempre sonhei em ser piloto. Ficava encantada vendo os aviões no céu. Considero que o mais difícil no início da carreia é a adaptação à vida militar.

Capitã Carla. Crédito: Sgt Manfrim/ Agência Força Aérea Brasileira

2 - Como conciliar vida profissional e pessoal?

Teté: as mulheres ainda enfrentam a dupla jornada (emprego e trabalho doméstico). As vezes conciliar as duas coisas tem um preço alto para muitas trabalhadoras.

Ana Vilaça: é um grande desafio principalmente para quem como eu tenho marido e quatro filhos. Conciliar requer planejamento e organização.

Luane: com disciplina, para dedicar o tempo para as coisas que gosto, como remar na Praia do Forte, cenário mais lindo do mundo.

Magda: este é o grande desafio para as mulheres pois exige disposição e força física e mental. Fundamental é ter prazer no que faço, sou mãe, empresária e presidente da Braztoa.

Angelina: quando fazemos o que amamos, conseguimos nos adaptar. É difícil deixar filhos, marido e família por alguns dias, mas, com a tecnologia, é possível administrar a saudade e a distância.

Carla: trabalho muito, mas como sou solteira consigo administrar bem vendo a família sempre que possível.

3 - Nos momentos de lazer, qual é a melhor viagem?

Teté: nos últimos anos tenho viajado com os netos para locais onde é possível contemplar a natureza e tudo que ela oferece. Em Mato Grosso é fácil encontrar tudo isso.

Ana Vilaça: Pernambuco é um lugar privilegiado com belas paisagens e atrativos. Procuro circular pela vizinhança, mas gosto também de São Paulo e Rio.

Luane: Adoro viajar e dificilmente repito destino. Gosto muito do sul do Brasil.

Magda: Viajar, sempre Impossível eleger preferências em um país tão rico em praias, patrimônio histórico e atrativos naturais.

Angelina: o Brasil é um país lindo, temos uma biodiversidade fantástica, além do povo caloroso e receptivo. Amo Fernando de Noronha.

Carla: gosto muito do interior, vou muito a Jundiaí (SP) onde mora minha família. Mas gosto também de São Paulo capital e sempre visito o Mercado Municipal.