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TURISMO RESPONSÁVEL
Turismo, cultura e clima: vozes da Amazônia na COP30
Imagem: Henrique Huff/MTur
O espaço “Conheça o Brasil” do Ministério do Turismo na COP30, em Belém (PA), foi palco nesta sexta-feira (14.11) do painel “Patrimônio Cultural e Turismo: Convergências para um Turismo Resiliente às Mudanças Climáticas”. Mediado por Bruno Maximo, arqueólogo do Ministério do Turismo, o diálogo abordou como o Governo do Brasil vem estruturando políticas de adaptação, especialmente na Amazônia, por meio do Plano Clima.
Bruno Máximo ressaltou que o patrimônio cultural material, imaterial e territorial compõe a identidade de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, sendo fundamental ouvi-los para definir ações públicas que realmente protejam seus modos de vida. Já Sandra Gomes, liderança indígena do povo Baré, do Alto Rio Negro, descreveu o turismo de base comunitária desenvolvido na região, centrado na pesca esportiva sustentável do tucunaré.
Sandra Gomes celebrou conquistas recentes na área, como a substituição de motores movidos a diesel por sistemas de energia solar nos acampamentos, prática que reduz a incidência de impactos ambientais. Segundo ela, o turismo devidamente organizado fortalece a economia local, resgata a cultura e reforça a proteção da agrobiodiversidade que os povos indígenas preservam há séculos.
Vanda Witoto, diretora do Instituto Witotom, por sua vez, abordou o trabalho realizado no Parque das Tribos – primeiro território indígena reconhecido dentro da cidade de Manaus (AM). Vanda explicou como o local se tornou referência de economia criativa, moda indígena ancestral, gastronomia, arte, artesanato e turismo educativo, mesmo em um contexto urbano. Ela ressaltou que o turismo em comunidades indígenas precisa ser ético, construído com a comunidade, e respeitar modos de vida, tempos e rituais.
CONSERVAÇÃO – Também presente, a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Pará, Cristina Vasconcelos, enfatizou que falar sobre cultura, turismo e mudanças climáticas na Amazônia é essencial para conectar o mundo às realidades dos povos amazônidas. Cristina explicou que o IPHAN atua na salvaguarda de bens materiais, imateriais e arqueológicos, sempre em diálogo com comunidades tradicionais e territórios.
O debate reuniu ainda o arquiteto Marcus Ataíde, diretor de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Belém (PA). Ataíde ressaltou que o planejamento das cidades amazônicas precisa considerar tanto o patrimônio cultural quanto os efeitos das mudanças climáticas. Ele ressaltou que áreas de interesse turístico locais, como o Mercado Ver-o-Peso, exigem projetos de adaptação climática, preservação arquitetônica e ordenamento turístico que respeitem as comunidades que vivem nesses territórios.
Ana Cláudia Costa, assessora especial para Transição Econômica Verde do Governo do Pará, lembrou que o turismo cultural e comunitário tem potencial para enfrentar problemas estruturais da região, como a elevada informalidade e a falta de oportunidades para jovens. Ana Cláudia ressaltou que o turismo gera renda e, ao mesmo tempo, fortalece a identidade cultural, algo essencial à construção de um projeto amazônico de futuro.
PROGRAMAÇÃO – O estande do Ministério do Turismo tem uma programação robusta e estratégica ao longo das duas semanas da COP30. No Auditório Carimbó, especialistas nacionais e internacionais participam de debates de alto nível sobre turismo regenerativo, financiamento climático, justiça ambiental e a valorização de comunidades tradicionais, promovendo reflexões essenciais para o futuro do setor.
Por Cíntia Luna
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo