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Comunidade quilombola da Ilha de Marambaia/RJ conquista o direito à terra
Após dez anos de negociações, a comunidade quilombola da Ilha de Marambaia, Rio de Janeiro, conquista o reconhecimento de seu território. Nessa quinta-feira, 27/11, a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Governo Federal garante o direito da comunidade à área de 53 hectares, ocupada atualmente por 101 famílias.
O documento, que formaliza a titulação coletiva e assegura a preservação da biodiversidade da ilha, foi assinado entre a Associação dos Remanescentes de Quilombos da Ilha da Marambaia, o Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), a Secretaria de Patrimônio da União e a Marinha do Brasil, no 1º Distrito Naval, na capital fluminense.
Para o presidente da Associação dos Remanescente de Quilombos da Ilha da Marambaia, Nilton Alvez, a titulação da terra é um desejo antigo. “O nosso maior sonho que era a titulação que hoje está se tornando realidade. Demos um grande passo, mas não é o fim de nossa luta. Com o TAC, chegamos a um acordo que vai permitir que a nossa comunidade se desenvolva sem esquecer nossos valores, nossa cultura”, disse.
Garantia de Direitos – O acordo estabelece um prazo máximo de 270 dias para concluir processo de reconhecimento e titulação da comunidade quilombola e contempla três aspectos importantes: a garantia de moradia e reconhecimento da comunidade quilombola aos moradores da Ilha da Marambaia; a preservação da biodiversidade e a defesa nacional. A titulação da comunidade não vai afetar a Área de Preservação Ambiental (APA) de Mangaratiba.
A corrida pelo do território quilombola começou em 2014, com a emissão da certificação de autorreconhecimento para a comunidade pela Fundação Cultural Palmares – MinC. De acordo com o presidente da FCP, Hilton Cobra, a Fundação vai acompanhar o Incra até a emissão da titulação definitiva.
Com Ascom/MDA.
Seminário faz homenagem a Joãozinho da Goméia, no RJ
O ícone do Candomblé no Brasil continua a receber diversas homenagens em sua memória. O centenário de Joãozinho da Goméia será tema de um seminário na próxima segunda-feira (01/12) no Rio de Janeiro. Trata-se de uma iniciativa da Fundação Cultural Palmares (FCP-MinC) em parceria com o Centro de Referência Patrimonial e Histórico (CRPH) de Duque de Caxias.
Com o tema Memória e Identidade: 100 anos de Joãozinho da Goméia, o encontro reunirá autoridades e representantes locais para debaterem sobre a vida do homem responsável pela popularização do Candomblé no Brasil. A mesa de debate contará com a coordenadora do Centro Nacional Africanidade e Resistência Afro-brasileira (CENARAB) de Minas Gerais, Makota Celinha; a conhecida herdeira de da Goméia na Bahia, Maria Lúcia Santana Neves (Mãe Lúcia) e a herdeira espiritual do babalorixá, Sandra Reis dos Santos (Ceci Caxi).
Além dos debates, a programação do seminário contará com a exibição de um vídeo sobre Joãozinho e uma homenagem especial a Mãe Kitala Mungongo, mãe de Ceci Caxi.
O evento acontecerá em Duque de Caxias tendo em vista que é um lugar especial para da Goméia. Foi nessa região que, nas décadas de 1950 e 1960, o Terreiro da Goméia passou a ser referência, não só por ser um dos primeiros terreiros de Candomblé na região sudeste mas também pelos seus frequentadores, políticos e artistas de todos os lugares.
O início – Em 1933 João Alves de Torres Filho, Joãozinho da Goméia, foi iniciado na religião pela tradição Angola. O garoto nascido em 27 de março de 1914, na cidade de Inhambupe, a 153 quilômetros de Salvador, Bahia, foi dono de personalidade que seria o combustível para a mudança de pensamento e seria ele, o grande responsável pela popularização da religião e ficaria conhecido como um dos mais importantes representantes do Candomblé no Brasil.
Negro, de personalidade irreverente à sua época e à sua envergadura como líder espiritual, Joãozinho foi homossexual assumido, compositor, dançarino, costureiro e bom garantidor de polêmicas ao apresentar as danças sagradas dos orixás em espaços públicos. Após 57 anos de vida e 40 de dedicação ao Candomblé, Joãozinho da Goméia faleceu em 19 de março de 1971.
Serviço
Seminário Memória e Identidade: 100 anos de Joãozinho da Goméia
Quando: 01 de dezembro de 2014
Onde: Câmara Municipal de Duque de Caxias/ RJ . Endereço : R. Paulo Lins, 41 – Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias.
Horário: 18h
Informações: (21) 2784-6900
Programação
18h: Abertura – Mesa de autoridades e representantes locais
Exibição de vídeo sobre Pai João
Homenagem especial: Mãe Kitala Mungongo
Mesa de debates
Participantes: Makota Celinha (Belo Horizonte/MG)
Mari Lúcia Santana Neves – Mãe Lúcia (Salvador/BA)
Ceci Caxi (Rio de Janeiro/RJ)
Roda da Capoeira recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
Uma das manifestações culturais mais conhecidas no Brasil e reconhecidas no mundo, a Roda de Capoeira recebeu, nesta quarta-feira (26/11), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Após votação durante a 9ª sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, a Roda de Capoeira ganhou oficialmente o título. A reunião da Unesco, que começou na segunda-feira (24/11), segue até a próxima sexta-feira (28/11) na sede da organização em Paris.
“O reconhecimento da Roda de Capoeira pela Unesco é uma conquista muito importante para a cultura brasileira. A capoeira tem raízes africanas que devem ser cada vez mais valorizadas por nós. Agora, é um patrimônio a ser mais conhecido e praticado em todo o mundo”, destacou a ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler.
Além da presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado; da diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI-Iphan), Célia Corsino; e dos diplomatas da delegação do Brasil junto à Unesco, capoeiristas brasileiros também acompanharam a votação, entre eles os mestres Cobra Mansa, Pirta, Peter, Paulão Kikongo, Sabiá e a Mestra Janja. O som do atabaque e do berimbau comoveram os representantes dos países presentes à apresentação que fizeram ontem (25/11) na sede da Unesco em Paris.
A presidenta do Iphan, Jurema Machado, presente na sessão do comitê, explicou que as políticas de patrimônio imaterial não existem apenas para conferir títulos, mas para que os governos assumam compromissos de preservação de seus bens culturais, materiais e imateriais, como a Roda de Capoeira. “O reconhecimento internacional amplia as condições de salvaguarda desse bem”, esclarece. “Os compromissos assumidos pelo governo para com essa salvaguarda envolvem ações de promoção, de valorização dos mestres, seja na inserção no mercado de trabalho, seja na preservação das características identitárias da capoeira ou na formação de redes, de cooperação e de transmissão de conhecimento”, complementa a presidenta do Iphan.
Para isso, o órgão, vinculado ao Ministério da Cultura (MinC), deu apoio aos próprios capoeiristas para se realizar amplo inventário dos grandes grupos de capoeira e mestres no Brasil e ajudou-os a instalar comitês estaduais distribuídos pelo país. Neles, capoeiristas podem formular reivindicações e compromissos relacionados à salvaguarda e à promoção dessa manifestação cultural. “A política do patrimônio imaterial tem uma especificidade: é fundamental que os mestres e praticantes tenham iniciativa porque passam a ser protagonistas da própria política”, destaca Jurema Machado.
As medidas que favorecem a salvaguarda como ação sistemática do Iphan tiveram início com um decreto do ano 2000. Quatro anos mais tarde, houve outro grande avanço na área, quando se criou um departamento exclusivo para isso no órgão. “É trazer para proteção do Estado toda uma diversidade de práticas e conhecimentos que são patrimônio brasileiro tanto quanto prédios e paisagens. É patrimônio vivo que implica uma complexidade grande, com muitas ações por parte do poder público, mas que temos aprendido a fazer”, conclui.
Com o título, a prática cultural afro-brasileira que é, ao mesmo tempo, luta, dança, esporte e arte, reúne-se agora ao Samba de Roda do Recôncavo Baiano (BA), à Arte Kusiwa- Pintura Corporal (AP), ao Frevo (PE) e ao Círio de Nazaré (PA), também reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Originada no século XVII, em pleno período escravista, a capoeira desenvolveu-se como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos escravizados, estratégia para lidarem com o controle e a violência. Hoje, é um dos maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo território nacional, além de ter praticantes em mais de 160 países, em todos os continentes. A Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira tiveram o reconhecimento do Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro em 2008 e estão inscritos, respectivamente, no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes.
O Patrimônio Cultural Imaterial abrange expressões de vida e tradições de toda parte do mundo que ancestrais passam para seus descendentes. Segundo a Unesco, embora procure manter uma identidade e continuidade, esse patrimônio é vulnerável porque muda constantemente. Por isso, a comunidade internacional adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial em 2003. O documento legal define o que é Patrimônio Cultural Imaterial, além de definir também o comitê e os métodos de trabalho dele.
Fonte: MinC
Mãe da luta contra a intolerância religiosa terá busto em sua homenagem, em Salvador
O Terreiro Asé Abassá de Ogum, da Bahia, a Fundação Gregório de Mattos (FGM) e a Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC) realizarão na sexta-feira (28) a solenidade de inauguração do busto em homenagem a Mãe Gilda de Ogum, símbolo do combate à intolerância religiosa no Brasil.
A peça irá compor o acervo de esculturas do Parque Metropolitano do Abaeté, em Itapuã, Salvador. O objetivo é que ela marque a história de vida da yalorixá e não permita o esquecimento da manifestação de intolerância que teve como resultado seu falecimento. Mãe Gilda sofreu agressões de instituições que, por meio da imprensa, a acusavam de charlatanismo.
Tributo – A proposta da homenagem a partir do busto foi idealizada por Jaciara dos Santos, filha biológica de Mãe Gilda. Em janeiro de 2014, foi assinado pelo presidente da FCP, Hilton Cobra, e pelo presidente da FGM, Fernando Guerreiro, o protocolo de intenções para a instalação do busto em homenagem a Mãe Gilda, no bairro Nova Brasília de Itapuã, onde ela viveu.
Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, destaca a importância de Mãe Gilda aos remanescentes e religiosos de matriz-africana. “Maior vítima de agressões por religiosidade, na década de 1990, foi ela, a inspiradora das reflexões em torno da tolerância e do respeito à liberdade de crença”, recorda.
Reconhecimento – O Governo Federal instituiu, no ano de 2007, o 21 de janeiro como o Dia de luta contra a intolerância religiosa. Nesta data, pessoas de diferentes credos, raças, etnias, sexo celebram mais um passo a favor da dignidade humana para compartilhar caminhos que possibilitem o enfrentamento à intolerância religiosa.
Liderança religiosa e ativista social, Mãe Gilda se destacou por sua personalidade forte. Participou de manifestações públicas e conquistou direitos que atendessem a demanda do bairro onde vivia, além de necessidades específicas da população negra. Por sua envergadura, tornou-se referência na luta para que cada brasileiro tivesse o direito de expressar a própria fé, segundo suas crenças e/ou filosofias.
Serviço
O que: Inauguração do busto em homenagem a Mãe Gilda de Ogum
Quando: 28 de novembro
Horário: 10h
Local: Largo do Abaeté
Endereço: Largo do Abaeté, Nova Brasília de Itapoã, Salvador – BA
LANÇAMENTO: Livro resgata aspectos históricos e culturais de quilombos às margens da BR-101 na Bahia
A Empresa Prosul e a Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC) realizarão na próxima quarta-feira (26) o lançamento do livro Terra Negra: caminhos de luz. A obra é constituída por ensaio fotográfico, textos e depoimentos que retratam a história e a cultura das comunidades quilombolas situadas na área de influência da duplicação da BR-101, no interior da Bahia.
De acordo com Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, a obra é uma das medidas de mitigação de impactos sócio-ambientais e deve servir como referencial para as populações quilombolas atingidas pela obra. “Espera-se que outras medidas sejam adotadas a fim de garantir as salvaguardas da cultura dessas comunidades na região”, disse.
O livro é resultado do estudo de impactos ambientais da duplicação, solicitado à empresa pela FCP, em atendimento aos critérios para o Licenciamento Ambiental (LA). Os estudos para a duplicação da estrada estão sendo desenvolvidos pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL). Já os estudos das comunidades quilombolas foram realizados pelo Núcleo de Estudos Negros (NEN) em parceria com a Prosul.
10 em destaque – A área de influência da auto-estrada é de 500km. Nela, se encontram 47 quilombos certificados pela FCP, desses, 10 compuseram o foco do livro. De acordo com a curadora Tina Coêlho, o critério de seleção das comunidades que foram contempladas na publicação foi sua localização num raio de 10km da via, no trecho entre os municípios de Eunápolis e Feira de Santana.
“Ninguém imagina que tão próximo de uma estrada repleta de caminhões e tensões de trânsito podem existir verdadeiros paraísos”, disse recordando a invisibilidade e a vulnerabilidade a que estão expostas essas populações. Tina explica que o objetivo com o material foi resgatar a riqueza de elementos culturais dessas comunidades para então, apresentar e imortalizar seus valores. “Dando voz para que exponham o que as afligem”, explicou.
Reis, destaca ainda, a necessidade de que essa experiência seja observada por outras empresas e empreendimentos. “A proposta é que a partir dela, sejam aprimoradas medidas que reduzam os impactos culturais, econômicos e sociais, decorrentes das obras e atividades de infra-estrutura no país”, afirma.
Exemplares do livro serão distribuídos durante o evento. Participe!
Serviço
O que: Lançamento do livro Terra Negra: caminhos de luz
Quando: 26 de novembro
Horário: 14h
Local: Auditório da Fundação Cultural Palmares
Endereço: Quadra 601 Norte – SGAN – Lote L – Ed. ATP – Brasília
Seminário discute direitos culturais negros, em Brasília
A Fundação Cultural Palmares (FCP – MinC), em parceria com a Defensoria Pública da União (DPU), planejaram o Seminário de Direitos Culturais Negros que acontecerá no dia 27 de novembro, no Auditório da FCP, em Brasília/DF. A atividade vai discutir a inclusão da população afro-brasileira na produção, difusão e democratização do acesso ao fomento e a participação na constituição de políticas públicas de cultura.
Cultura: Direito Fundamental – De acordo com Lindivaldo Júnior, diretor de Fomento e Promoção à Cultura Afro-brasileira da Fundação Palmares, o Seminário vai tornar possível uma aproximação entre os operadores de direito e os agentes culturais. “É importante que eles tenham uma melhor compreensão da dinâmica e da dimensão cultural, em especial da cultura negra”, considera.
O Seminário será dividido em três momentos de discussão, com os seguintes temas: Legitimidade, manutenção e difusão das culturas negras e Territórios das memórias afro-brasileiras. O evento também será palco para a abertura da “1ª Jornada de Estudos de Direitos Culturais Negros”, composta por uma série de debates sobre assuntos relacionados a cultura afro-brasileira.
Igualdade racial – De acordo com Bernardina Leal, coordenadora do Projeto DPU Cultural, o seminário visa agregar uma discussão cultural negra no âmbito jurídico, assunto não abordado pontualmente. Bernardina ressaltou o pioneirismo do evento pela junção de instituições governamentais, acadêmicos e autoridades, que atuam para manutenção, preservação e difusão da cultura negra.
Serviço
O que: Seminário de Direitos Culturais Negros
Quando: 27 de novembro de 2014
Onde: Auditório da Fundação Cultura Palmares
Endereço: Quadra 601 norte – SGAN- Lote L – Ed. ATP – Brasília/DF
Horário: A partir das 09hs
Confira a Programação completa!
Centenário de Carolina de Jesus: simpósio desdobrará vida e obra da escritora
A Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC) realizará na próxima quarta-feira (26) o simpósio Agô, Carolina! em celebração ao Centenário da escritora Carolina Maria de Jesus. Durante o evento serão lançados dois de seus textos inéditos: Onde estaes felicidade e Favela. A proposta é que, a partir de suas obras e ensaios, sejam debatidas questões em torno da inserção da população negra nos espaços oficiais de cultura.
O simpósio é o primeiro dentro de um projeto de pesquisa dedicado aos estudos da tradição oral, da memória e dos saberes negros no Brasil. Referência da literatura de periferia, a obra de Carolina foi fundamental para a compreensão das populações vulneráveis que compunham a sociedade brasileira, a partir da década de 1960.
Catadora, teve enquanto recursos à sua formação e obra apenas o que encontrava pelas ruas: livros, cadernos e canetas descartados por moradores da grande São Paulo. Porém, não se intimidou em registrar as necessidades, exclusão e abandono em que viveu.
As coordenadoras do simpósio Kátia Santos, assessora Internacional da FCP/MinC, e Néia Daniel, representante da FCP no Rio de Janeiro, destacam a necessidade de se lembrar Carolina por sua história e trajetória. Kátia ressalta que apesar do pouco estudo Carolina fez da escrita sua ferramenta de luta. “Ela foi a oralidade bem sucedida que se grafou por sua determinação em registrar a própria existência”, disse.
Legado social – A obra de Carolina de Jesus é hoje descrita por especialistas como registro histórico das realidades humanas por ela assistida. Esse registro serviu também para proporcionar ao Estado uma nova visão, evidenciando a negligência à população negra em vários aspectos sociais.
Destacando a importância desse material que é hoje tratado como documento, a assessora destaca que “A ousadia de Carolina foi escrever sem preocupação com qualquer impedimento. O que ela tinha era o papel e a caneta e se utilizou disso para grafar o que lhe afligia”, diz Kátia.
Lançamento – Os textos inéditos fazem parte do livro Onde estaes felicidade? As histórias constam tais como foram escritas por Carolina e de, acordo com Kátia, com uma linguagem simples e um português que “não por acaso, foge às regras da norma culta”. No primeiro texto, de mesmo nome do livro, Carolina trata de um triângulo amoroso entre os personagens José dos Anjos, Maria da Felicidade e um viajante.
A história aborda os sonhos da jovem, que pouco sabe sobre o mundo e que tem nas mãos o destino de dois homens por ela completamente apaixonados. A autora narra o cotidiano da moça, marcado por uma linha tênue entre a razão e a loucura. Já no texto intitulado Favela, Carolina traz à tona histórias paralelas de moradores de um assentamento informal na cidade de São Paulo, onde, em uma das situações ressalta as angústias sofridas pelos ameaçados de despejo, “invasores” de uma área privada.
Serviço
O que: Simpósio Agô, Carolina! em Celebração ao Centenário de Carolina Maria de Jesus
Quando: 26 de novembro
Horário: 9h30 – 20h
Local: Auditório Machado de Assis, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
Endereço: Rua México s/nº – Centro – Rio de Janeiro
Programação
9h30 – Café da manhã no jardim da Biblioteca Nacional
10h – Abertura
Boas Vindas da Fundação Cultural Palmares e da Fundação Biblioteca Nacional
Azoilda Trindade (Educadora) – Apresentação de Carolina Maria de Jesus como escritora
11h – Mesa: Herdeiras de Carolina:
Palestrantes:
- Lia Vieira (Escritora)
- Doris Regina Barros da Silva (Autora premiada no edital da Secretaria de Política para as Mulheres)
- Sonya Silva (Escritora)
- Iléa Ferraz (Atriz, Diretora, Cantora)
- Mediadora: Katia Costa Santos (Assessora Internacional/FCP)
13h – Intervalo para o Almoço
15h – Exibição do filme Favela – A vida na pobreza e Debate:
Palestrante:
- Carmen Luz
16h – Mesa de lançamento do livro Onde Estaes Felicidade?
Convidadas:
- Conceição Evaristo (Escritora)
- Cidinha da Silva (Escritora e organizadora do livro Onde Estaes Felicidade?)
- Fabiana Lima (Educadora e Dra. em Estudos Negros Étnicos e Africanos)
- Mediadora: Neia Daniel – FCP
18h – Momento Open Mic: Oferendas de letras à Carolina
Os participantes poderão se inscrever e dedicar três minutos de suas letras à homenageada.
19h-20h – Coquetel de Encerramento
Aprovada lei que isenta comunidades quilombolas de pagamento do ITR
Foi sancionada na última quinta-feira (13/11) a Lei 13.043/13, que define como obrigatória a isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) cobrado às comunidades quilombolas. A norma indica que ‘os imóveis rurais oficialmente reconhecidos como áreas ocupadas por remanescentes de comunidades de quilombos que estejam sob a ocupação direta e sejam explorados, individual ou coletivamente, pelos membros destas comunidades são isentos do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural’.
A lei também estabelece que as dívidas acumuladas no decorrer das cobranças do ITR registradas como dívidas ativas serão perdoadas e não mais cobradas aos quilombolas ocupantes das terras reconhecidas, certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC).
A sanção da lei veio com a aprovação da Medida Provisória (MP) 651/14 que, além de tratar da causa quilombola, destaca políticas tributárias e de incentivo ao setor produtivo. Estabelece, por exemplo, a desoneração da folha de pagamentos de contratação de pessoal e de temas como a ampliação do prazo para o fim dos lixões e a instalação de aterros sanitários.
Articulação – A inclusão das mudanças na MP resultou da mobilização de quilombolas e de entidades como o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP), a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Entre as comunidades que se destacaram por sua dívida ativa referente ao ITR, estão as constituídas pelas famílias das Ilhas de Abaetetuba, no Pará. O débito em nome de sua associação já ultrapassava os R$ 18 milhões e, por esse motivo, os remanescentes quilombolas ficaram impedidos de participar de programas do governo.
FCP propõe lei específica para a Cultura em audiência pública
O presidente da Fundação Cultural Palmares (FPC/MinC), Hilton Cobra, propôs nesta terça-feira (18) a criação de uma lei específica para a cultura, que destrave os processos burocráticos ao financiamento das produções artísticas e culturais.
A proposta foi feita durante a audiência pública “Financiamento de Políticas de Estímulo à Cultura Negra”, da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra. Hilton Cobra explicou as dificuldades enfrentadas pelos produtores culturais. “É complicado compreender que a lei que permite a produção de uma peça de teatro é a mesma utilizada pelas construtoras para a edificação de pontes”, comparou.
Ele destacou a existência de setores da economia que têm lei própria para o destravamento das burocracias. “É possível que a Cultura também tenha uma lei própria. Precisamos montar uma comissão que pense os aspectos específicos da cultura brasileira”, afirmou Cobra.
Financiamento da Cultura – Para Cobra, apesar dos R$ 36 milhões investidos para a cultura negra nos últimos dois anos, na gestão da Ministra Marta Suplicy, ainda há muito o que ser feito para a produção e difusão da cultura de matriz africana no Brasil. “São necessários recursos para o desenvolvimento das artes, a garantia da salvaguarda dos bens materiais e imateriais negros, a reforma dos museus e o tombamento dos terreiros de candomblé, por exemplo”, disse.
O presidente alertou ainda, para a importância da articulação social. “Não é possível desejar mudanças sem mobilização”, disse. Ele solicitou empenho dos deputados para incluir no PROCULTURA, Projeto de Lei Nº 1139, de 2007, uma emenda onde as empresas que desejem se beneficiar da renúncia fiscal, destinem um mínimo de 20% para a arte e a cultura negra.
Para a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, o problema do financiamento da cultura negra está, também, na baixa representação de negros e mulheres no Parlamento. “As proporções praticamente se invertem: os homens brancos, que eram cerca de 42% dos candidatos, constituem quase 80% dos parlamentares eleitos”, esclareceu.
Luiza acredita que o debate sobre a reforma política também tem que incluir o tema da baixa representação para que as demandas específicas dos variados seguimentos da população tenham possibilidades em termos de elaboração de estratégias e soluções de problemas.
O 20 de Novembro – Em concordância com Cobra, a deputada Alice Portugal, presidente da Comissão, ressaltou a necessidade de um orçamento constitucionalizado para a Cultura. “O vinte de novembro não pode ser só a lembrança da luta contra a chaga da escravidão. “É fundamental garantir posições do legislativo brasileiro para a construção de estratégias desarticuladoras do preconceito”, disse.
De acordo com ela, já existe uma curva ascendente da valorização das expressões culturais de matriz africana. “Mas que, precisa ser fortalecida em reparação ao sofrimento histórico vivido pela população negra do nosso país”, completou.
A audiência proposta pelos deputados Alice Portugal, Jandira Feghali, Paulão, Luiz Alberto e Jean Wyllys contou com as participações da secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg, e do cantor Lazzo Matumbi.
Capoeira é candidata a Patrimônio Cultural da Humanidade
Por Jacqueline Freitas
A noite de 18 de novembro em Maceió não poderia ter começado com notícia melhor: a capoeira como candidata a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O título será votado pelo Comitê Internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre os dias 24 e 28 de novembro, em Paris.
A boa nova foi anunciada pelo superintendente interino do Iphan em Alagoas, Sandro Gama, ao iniciar a série de palestras e debates “Rota da Capoeira”, evento da programação da FCP para a Semana da Consciência Negra que prossegue no dia 19 em União dos Palmares.
Na capital alagoana, os debates abordaram o tema “Roda de sotaque candomblé, capoeira e samba: um giro pela história e cultura negra no Brasil”, com a participação de mestre Moraes, de Salvador, entre outras personalidades desses segmentos. Presidente do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho, mestre Moraes está entre os capoeiristas consagrados no cenário mundial. Ele também é pesquisador acadêmico e já ganhou um prêmio Grammy.
Sobre o tema da noite, ficou patente que, assim como o samba e o candomblé, a capoeira é uma ressignificação africana na diáspora. Todos são resultado de um processo híbrido de culturas que aqui chegaram e precisaram se unir para sobreviver. Por isso mesmo, para mestre Moraes, nenhuma dessas manifestações culturais afro-brasileiras pode se considerar “pura”.
A banalização da capoeira e da titulação de mestres foi apontada nos debates como assunto preocupante. Longe de ser considerada apenas como uma dança, a capoeira tem fundamentos sócio-políticos que, para mestre Moraes, vêm sendo esquecidos por muitos praticantes.
O evento em Maceió superou as expectativas de participação, lotando o auditório da Casa do Patrimônio, sede do Iphan em Alagoas.
Seminário Imagem dos Povos debaterá Diversidade e Mercado Audiovisual, em Belo Horizonte/MG
A 9ª edição do evento conta com o apoio da Fundação Cultural Palmares (FCP-MinC) , Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), FAE-UFMG e Ações Afirmativas UFMG
Belo Horizonte sedia de 26 a 28 de novembro um importante encontro entre realizadores e executivos do setor audiovisual de todas as regiões do Brasil, em torno do 9º Seminário Internacional Imagem dos Povos. A participação é gratuita. As inscrições estão abertas até a próxima segunda, 24 de novembro, via internet.
Orientado pelo tema Diversidade e Mercado Audiovisual, o seminário avalia os cenários e condições atuais da produção e difusão de conteúdos da diversidade nos meios públicos e privados e apresenta aos participantes as oportunidades de financiamento e aquisição de conteúdos audiovisuais disponíveis no mercado.
O encontro facilita o acesso de produtores e diretores de cinema e vídeo aos mecanismos de formação da Ancine, a agência reguladora do audiovisual, com ênfase no programa PRODAV III, voltado à implementação de núcleos criativos.
Nesta edição, o Imagem dos Povos dá atenção especial às possibilidades abertas pela Lei 10.369/2003, que torna obrigatório o ensino da história da África e dos africanos na educação básica e gera uma demanda expressiva de conteúdos sobre a cultura negra brasileira e sobre o negro na formação da sociedade nacional, com vistas a uma educação antirracista.
O conteúdo audiovisual existente sobre o assunto ainda é incipiente no país. E a ampliação das janelas de exibição, em decorrência dos efeitos da Lei 12.485/2011 (que garante a presença de conteúdo nacional independente na TV paga) favorece o desenvolvimento de projetos com esta temática, com as facilidades oferecidas pelas variadas linhas de financiamento disponíveis.
O 9º Imagem dos Povos começa em 21 de novembro com a Oficina de Formatação de Projetos para Televisão – ABPITV, organizada em parceria com a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão. As inscrições para a oficina foram encerradas no último dia 7. O projeto é realizado com apoio da Fundação Palmares e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), FAE-UFMG e Ações Afirmativas UFMG.
O seminário conta com mesas informativas e espaços de troca de experiências, em um ambiente propício à concretização de parcerias e negócios.
SERVIÇO
Seminário Imagem dos Povos – Diversidade e Mercado Audiovisual
Quando: 21 a 28 de novembro
Onde: Conservatório UFMG – Av. Afonso Pena, 1.534 – Centro
Programação gratuita (mediante inscrição prévia, viawww.imagemdospovos.com.br)
Acompanhe aqui a programação completa.
Fonte: Imagem dos Povos
Exibição inédita do filme “Independência africana” em Maceió
Tukufu Zuberi interagiu com o público apoiado por Joselina da Silva, coordenadora do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra da FCP/MinC
Por Jacqueline Freitas
“A questão mais importante da história da África é o movimento de independência. Não é guerra, não é doença, não é pobreza. Porque a África não é pobre, ela é rica – as pessoas é que estão vivendo em situação de pobreza. E isto não mudará enquanto não se ampliar a independência africana”.
Assim o cineasta norte-americano Tukufu Zuberi sintetizou a conversa com a plateia após a apresentação de seu filme, “Independência africana”. A exibição, inédita em Maceió, aconteceu em 17 de novembro, no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas, como parte da programação da Fundação Cultural Palmares para celebrar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
O documentário traça um panorama sobre a história da África e os problemas enfrentados pela maioria dos países para a descolonização. Durante o bate-papo, Tukufu Zuberi mostrou-se surpreso com a falta de parcerias entre os países da América Latina quando se trata da questão negra. “Mesmo concentrando a maior população negra fora da África, poucos assumem isso. O Brasil é quem se destaca, como resultado dos movimentos negros. E este é um momento importante de transição demográfica racial”, afirmou o cineasta.
Apesar do grande interesse demonstrado pela plateia em rever o filme, a fim de maior aprofundamento, Zuberi informou que a disponibilização do conteúdo ainda está em negociação.
Shows e tributo à Abdias Nascimento marcam semana do 20 de novembro em Alagoas
As celebrações do 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em União dos Palmares – Alagoas, serão marcadas por três noites de shows locais e nacionais. As atrações preparadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC) acontecerão no Palco Abdias, que homenageia o dramaturgo, poeta e artista plástico Abdias Nascimento, por seu centenário.
Situado no centro do Quilombo do Muquém, o palco receberá como principais atrações o bloco-afro Olodum, da Bahia, a Banda Vibrações com os convidados George/ N’Zambi (PE), Serginho/Adão Negro (BA), Boby CH (AL) e Robson Lira/Ato Libertário (SE), além do grupo Fundo de Quintal, do Rio de Janeiro.
Atrações locais – Junto a eles, outros 13 grupos e artistas como Posse Atitude Periférica, União DMC’s, Luana Costa e Banda 7 Flechas e Igbonan Rocha (Samba de Bambas) se apresentarão. O Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP, responsável pela agenda de shows, privilegiou artistas que fossem, na maioria, de Maceió e União dos Palmares.
De acordo com Douglas Santos, chefe de divisão da FCP, o objetivo é movimentar a cena cultural existente na região, fortalecendo a produção cultural local e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares onde, tradicionalmente, religiosos de matriz africana rendem homenagens aos seus ancestrais.
Palco Abdias – O palco é uma referência ao homem considerado, na contemporaneidade, símbolo de luta pelos direitos da população negra brasileira. Além de ter se destacado nas artes, Abdias Nascimento teve uma trajetória marcada pelo ativismo, tendo alcançado importantes resultados na defesa e na inclusão dos direitos dos afrodescendentes, principalmente, por meio de políticas públicas.
Em seus livros relatou as realidades quilombolas e levantou temas como o pensamento dos povos africanos, combate ao racismo, democracia racial e o valor dos orixás nas religiões de matriz africana.
O Palco Abdias é ainda, um tributo à relação do ativista com a Serra da Barriga. O local, considerado santuário ancestral, foi onde Abdias teve as cinzas depositadas seis meses após sua morte, em maio de 2011. A proposta é que todos os que subam ao palco durante as celebrações pelo Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, subam em homenagem a ele.
Confira a agenda de shows
Local: Palco Abdias
Data: 18 a 20 de novembro
Horário: 19h – 00h
Endereço: Praça Brasiliano Sarmento – União dos Palmares, AL
18 de novembro – 19h – 00h
19h – Posse Atitude Periférica
20h – Rogério Dyas e Banda
21h – União DMC’s
22h – Zeza do Coco e Banda
23h – Olodum (BA)
19 de novembro – 19h – 00h
19h – Love Jah
20h – Banda Raízes de Zumbi
21h – Nação Palmares
22h – Negra Pyll, Davi 2P, Magojow (Rap)
23h – Quilombola de Zion
00h – Banda Vibrações e Convidados: George/ N’Zambi (PE), Serginho/Adão Negro (BA), Boby CH (AL) e Robson Lira/Ato Libertário (SE)
20 de novembro – 19h – 00h
19h – Orquestra de Tambores de Alagoas
20h – Luana Costa e Banda 7 Flechas
21h – Igbonan Rocha (Samba de Bambas)
22h – Samba de Alagoas (Gustavo Gomes, Janaina Martins e Mel Nascimento)
23h – Fundo de Quintal (RJ)
Financiamento da cultura negra será tema de audiência na Câmara dos Deputados
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados realizará nesta terça-feira (18), a audiência pública “Financiamento de Políticas de Estímulo à Cultura Negra”. O evento, que parte das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra ‒ 20 de novembro ‒, foi proposto pelos deputados Alice Portugal, Jandira Feghali, Paulão, Luiz Alberto e Jean Wyllys.
O evento terá como objetivo debater o financiamento da política destinada ao incentivo à cultura e às artes negras em suas diversas linguagens. A presidenta da Comissão, deputada Alice Portugal, acredita que por estar presente em todos os espaços de produção cultural brasileira, como matriz ou como elemento gerador de novos produtos, a cultura negra precisa ser melhor apreciada nas decisões orçamentárias.
“As políticas de financiamento das atividades culturais devem contribuir, não somente à formação e consolidação de grupos e companhias de arte negra, mas também para a afirmação de instituições culturais”, disse a deputada. Segundo ela, essas instituições são fundamentais para a difusão dos valores que ampliam a consciência social. “Elas legitimam a promoção da diversidade e da igualdade como fatores essenciais à democracia”, completa.
A mesa da audiência será composta pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, pela ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Helena Bairros; pela secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg; pelo representante da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, Luiz Carlos Menezes Dantas; pelo cantor Lazzo Matumbi; pelo presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), Paulino Cardoso; e por um representante do Ministério Público da União.
SERVIÇO
O que: Audiência Pública “Financiamento da política destinada ao incentivo à cultura negra”
Horário: 14h30min
Local: Anexo II da Câmara dos Deputados, Plenário 10
Fonte: Com informações de Mariana Luzia Pimentel Neves
Naná Vasconcelos abre programação do 20 de novembro na Serra da Barriga
Por Jacqueline Freitas
Ele ainda não conhecia o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, e aproveitou para realizar um antigo desejo: conduzir uma oficina de percussão no mesmo solo onde viveu aquele que declarou ser o seu grande inspirador, Zumbi – a quem homenageou com um disco homônimo. A conversa aconteceu durante a Oficina de Tambores, realizada no último dia 15 de novembro no Parque, como parte da programação da Fundação Cultural Palmares – MinC para a Semana da Consciência Negra em União dos Palmares/AL.
Aclamado seguidamente como o melhor percussionista do mundo, Naná Vasconcelos fez um rápido e incomparável show com o berimbau, e interagiu com um público diversificado – estudantes de ensino médio e universitário, professores, artistas, guias turísticos e mesmo visitantes do Parque atraídos pela atividade que acontecia no Espaço Caá-puêra. Não faltaram selfies com a legião de mais novos fãs, a maioria delas tiradas em frente à escultura de Zumbi – com a qual ele entabulou uma conversa emocionante, ainda que particular.
Sobre a experiência inédita, Naná Vasconcelos declarou, em entrevista exclusiva à Fundação Cultural Palmares: “Para mim é maravilhoso estar aqui. Zumbi é a África, e a África é a espinha dorsal da nossa cultura, queiram ou não. Seria importante que o Dia de Zumbi fosse feriado em todo o Brasil, e que se implementasse a confecção de material educativo contando a história de Zumbi. Infelizmente ainda vivemos uma grande intolerância”.
Sobre repetir a experiência, o artista se mostrou acessível, e seguiu a conversa caminhando pelo Parque enquanto descrevia a idealização de um grande espetáculo.
Novos espaços de comunicação para a cultura afro-brasileira são destaque de Seminário em Maceió
Por Jacqueline Freitas
A efetiva ocupação dos espaços de comunicação pela população afro-brasileira e suas manifestações culturais foi o ponto alto do Seminário Fomento à Cultura Afro-Brasileira e Saúde da População Negra , que aconteceu na última sexta-feira (14), como parte da programação da Fundação Cultural Palmares – MinC para a Semana da Consciência Negra em Maceió/AL.
Um importante passo para consolidar esse objetivo foi anunciado pelo presidente da FCP/MinC, Hilton Cobra: a parceria firmada com a EBC – Empresa Brasil de Comunicação, órgão gestor dos canais públicos de comunicação – para o lançamento de “Windeck”, primeira novela africana exibida no Brasil.
Representando a EBC, o superintendente da Regional Nordeste, Ebenezer Nascimento, revelou novidades estruturais importantes na programação, referentes aos conteúdos religiosos. Segundo ele, a produção de programas desse teor passa a ser responsabilidade dos interessados e não mais dos canais oficiais de TV. Nascimento destacou que essa iniciativa representa o reconhecimento da diversidade religiosa, e aproveitou para conclamar as religiões de matriz africana a participarem das grades oficiais de programação.
Políticas públicas para a cultura negra – Dois assuntos que atravessam o país em debates controversos também foram abordados: a regulamentação da mídia e a criminalização da cultura negra, apontadas como alvos de medidas urgentes de solução por Mãe Beth de Oxum, representante de Pernambuco no Conselho Nacional de Políticas Culturais.
Além disso, surgiu o consenso de que há uma grande lacuna a ser preenchida nos meios de comunicação, que é a divulgação dos conteúdos – vale dizer, bastante necessários no âmbito da Educação formal – produzidos pelos Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil. “O resultado de ações afirmativas como esta são cidadãos empoderados e protagonistas de sua cultura e identidade”, afirmou Amaurício de Jesus, do Ponto de Cultura Quilombo dos Orixás, de Alagoas.
O diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP, Lindivaldo Junior, frisou nos debates a importância da adesão maciça de estados e municípios brasileiros ao Sistema Nacional de Cultura, como forma de assegurar a reivindicação de demandas. Ele informou ainda que o segmento afro-brasileiro ganhou mais representatividade no Conselho Nacional de Cultura, ocupando atualmente cinco assentos, e que a proximidade da eleição de novos membros requer uma mobilização expressiva de todas as expressões culturais negras.
Também se concluiu que as práticas religiosas de matriz africana são os verdadeiros núcleos das diferentes manifestações culturais brasileiras. “É patente a necessidade de manutenção e preservação das tradições, com especial atenção e incentivo à participação da juventude”, destacou o babalorixá alagoano Pai Célio, do Conselho Nacional de Igualdade Racial.
O presidente da Fundação Cultural Palmares encerrou a primeira parte do seminário incentivando o protagonismo negro na discussão de políticas públicas de cultura, a fim de combater, também, o racismo institucional.
Saúde da população negra – Convergindo para o conceito plural de cultura – que engloba a cultura da saúde – apresentado pela professora Nadir Nóbrega, foram apresentadas no seminário diversas iniciativas desenvolvidas no âmbito tanto dos templos religiosos de matriz africana como no das comunidades remanescentes de quilombos, isoladamente ou em parcerias com órgãos das três esferas governamentais.
Desde ações específicas, como distribuição de preservativos, conhecimento e utilização de rezas e ervas medicinais, às mais abrangentes, como palestras sobre prevenção de doenças ou segurança alimentar e nutricional, acolhimento, orientação e encaminhamento a serviços médicos, os espaços dos terreiros são aproveitados, quando não há atividade religiosa, na promoção de projetos voltados às comunidades locais.
Possíveis hiatos entre os saberes de saúde produzidos por pesquisadores acadêmicos e os praticados pelas comunidades tradicionais são objeto de estudo de uma pesquisa que vem sendo realizada em Alagoas. A pesquisa tem por objetivo implementar e fortalecer um diálogo sem ruídos e integrar esses dois campos e seus atores: os profissionais de saúde e o chamado “povo de santo”, detentor de rico conhecimento herdado dos ancestrais.
FCP lança obra inédita de Carolina de Jesus
A Fundação Cultural Palmares lança, no mês da Consciência Negra, o livro Onde Estaes Felicidade?, uma homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus por seu centenário de nascimento. De acordo com o presidente da FCP, Hilton Cobra, a publicação parte do princípio de que é imprescindível a análise da obra literária de Carolina, registrada em cadernos dispersos por arquivos públicos e particulares do Brasil e exterior.
“Trata-se de uma referência da Diáspora Negra pois, Carolina foi atlântica como o foram Lélia Gonzales e Beatriz Nascimento”, compara o presidente. “Ela merece, também, ser descoberta pela América Latina. É o que a Palmares quer proporcionar”, completa.
Romances e tragédias cotidianas – A obra traz dois textos inéditos da autora. As histórias constam tais como foram escritas, com uma linguagem simples e com um português marcado por erros gráficos. Na primeira, de mesmo nome do livro, Carolina trata de um triângulo amoroso entre os personagens José dos Anjos, Maria da Felicidade e um viajante.
A história aborda os sonhos da jovem, que pouco sabe sobre o mundo e que tem nas mãos o destino de dois homens por ela completamente apaixonados.A autora narra o cotidiano a moça, marcado por uma linha tênue entre a razão e a loucura. Já no texto intitulado Favela, traz à tona histórias paralelas de moradores de um assentamento informal na cidade de São Paulo, onde, uma das situações ressalta as angústias sofridas pelos ameaçados de despejo, ‘invasores’ de área privada.
“Carolina de Jesus apresenta com pormenores os impactos das mobilizações políticas contra a expulsão de habitantes de cortiços, primeira morada dos migrantes que chegavam à ‘cidade da garoa’ nos anos de 1940”, destaca Raffaella Andrea Fernandez, em sua apresentação da obra.
Interpretando Carolina – O livro a ser lançado conta ainda, com uma seção de artigos e ensaios sobre seus registros cotidianos, além de um ensaio fotográfico com o tema “favela”. Os textos foram escritos por apreciadores, estudiosos e especialistas que lidam diretamente com o acervo de Carolina de Jesus. São eles: Geny Guimarães, Mariana Santos de Assis, Flávia Rios, Sérgio Barcellos, Fernanda Matos e Miriam Alves.
No ensaio fotográfico que compõe as últimas páginas do livro Onde Estaes Felicidade?, a historiadora e fotógrafa Sandrinha Alberti faz, por meio dos registros, um contraponto entre a favela detalhada nas obras de Carolina de Jesus, na década de 1960 e , e os espaços de favela contemporâneos (2014).
Carolina Maria de Jesus – Nascida na cidade de Sacramento (MG) em 1914, de família pobre, chegou a São Paulo no ano de 1947 como retirante, tornando-se moradora da, então recém formada, Favela Canindé. Escritora de contestação, revelou-se como referência aos estudos culturais no Brasil e no mundo.
Seu livro mais conhecido – e traduzido para diversos idiomas – é Quarto de Despejo, publicado em 1960, diário onde relata seu dia a dia como mulher, negra, trabalhadora, mãe solteira. Publicou também Casa de Alvenaria (crônicas), Pedaços da fome (romance, 1963) e Diário de Bitita (na França em 1982 e no Brasil em 1986). Carolina faleceu em 1977, ainda pobre e novamente esquecida, em Parelheiros (Zona Sul de São Paulo). Está incluída no Dicionário mundial de mulheres notáveis, publicado em Lisboa.
Seminário reúne mestre e especialistas em Capoeira, em Alagoas
Discutir a promoção e preservação da roda e dos mestres tradicionais de capoeira de Alagoas. Esse é o principal objetivo do Seminário Rota de Capoeira Palmares que levará para Maceió e União dos Palmares/ AL, nos dias 18 e 19 de novembro, importantes representantes dessa expressão que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. O evento faz parte da programação que a Fundação Cultural Palmares (FCP – MinC) preparou para as comemorações para o 20 de novembro – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Na noite do dia 18 de novembro o presidente do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP), Mestre Moraes, e a representante do grupo Ilé Axé Legioniré Nitó Xoroqué, Mônica Carvalho, participam de um debate sobre as raízes culturais que influenciaram a capoeira, na mesa “Roda de Sotaque Candomblé, Capoeira e Samba: Um giro pela história e cultura negra no Brasil”.
A regulamentação do profissional da Capoeira também ganhará espaço. No dia 19/11, haverá um debate dedicado sobre os caminhos para a conquista de direitos e proteção dos fundamentos essenciais da capoeira. Participam do evento o jornalista e especialista em Educação e Relações Étnico-Raciais, Paulo Andrade Magalhães Filho, o representante Federação Alagoana de Capoeira e do Conselho Estadual de Capoeira de Alagoas, Severino Claudio Figueiredo Leite (Mestre Cláudio) e o membro da Associação Muzenza de Capoeira, Marcelo José dos S. Cardoso (Mestre Girafa).
O diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Palmares, Alexandro Reis será o mediador das atividades. “A Fundação Palmares entende que não se pode abrir mão da participação e do protagonismo do capoeirista como principal responsável pela disseminação dessa manifestação cultural. Reconhecemos também a capoeira como meio estratégico de promoção do Brasil no mundo. Por esse motivo o seminário se mostra extremamente importante e de uma riqueza de conteúdo essencial”, afirma.
Confira a programação
18 de novembro
| Local: Superintendência do IPHAN/AL – Rua Sá e Albuquerque, nº 157 – Jaraguá – Maceió/AL
Horário: 17h às 21h Roda de Sotaque Candomblé, Capoeira e Samba: Um giro pela história e cultura negra no Brasil Expositores:
Mediadora:
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19 de novembro
| Local: Espaço Cultura Acotirene (ESCA) – Rua Coronel Bezerra Montenegro, Nº 215 – Centro – União dos Palmares/AL
Horário: 13h às 16h Roda de Sotaque Regulamentação do Profissional da Capoeira: Rumo e caminhos da conquista de direitos e proteção dos fundamentos essenciais da capoeira Expositores:
Mediador:
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Inscrições para o Prêmio de Culturas Afro-brasileiras terminam no próximo dia 06/11
A iniciativa premiará 60 projetos ligados a valorização e promoção da cultura negra brasileira
Comunidades quilombolas, povos e comunidades tradicionais de matriz africana e outros coletivos negros terão mais uma oportunidade de fomento às expressões culturais que desenvolvem. Trata-se do Prêmio de Culturas Afro-brasileiras, que busca reconhecer e apoiar iniciativas culturais dos grupos que disseminam a cultura negra.
As inscrições podem ser realizadas até 06 de novembro, via postal ou internet. O valor total do edital é de R$2,5 milhões oriundos da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural/Ministério da Cultura (SCDC/MinC), e serão distribuídos para os 60 projetos selecionados.
O concurso, que visa premiar manifestações literárias, musicais, plásticas e cênicas, busca visibilizar as expressões culturais, contribui para a garantia dos direitos de acesso e promoção às fontes de cultura. Além disso configura-se uma forma de cumprir as diretrizes formuladas pelo Plano Plurianual do Governo Federal e pelo Plano Nacional de Cultura – Meta 6.
Categorias – O edital está dividindo em três categorias: Iniciativa Cultural Quilombola; Iniciativa Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Iniciativa Cultural de Coletivos Culturais Negros.
Podem participar pessoas físicas e jurídicas que realizem atividades culturais voltadas para comunidades e/ou expressões quilombolas, de povos e comunidades de matriz africana e outros bens culturais afro-brasileiro.
A iniciativa é uma parceria entre a Fundação Cultural Palmares (FCP) e da SCDC/MinC.
Participe!
Prorrogado prazo de inscrições para a 3ª edição do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras
As inscrições para a 3ª edição do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras foram prorrogadas até 17 de novembro. O edital tem o objetivo de incentivar a afirmação da cidadania, a dignidade das expressões de raízes culturais negras, a divulgação, ampliação e reconhecimento de grupos, artistas negros , companhias e suas iniciativas.
Com o investimento de 1 milhão e 400 mil, o Prêmio contemplará 20 projetos de todo o país nas modalidades dança, teatro, música e artes visuais de artistas, grupos e companhias que atendem à estética negra nos segmentos dança, artes visuais, teatro e música.
Concebido em 2006, o edital é resultado de parceria entre a Fundação Cultural Palmares (FCP), o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos e Neves (Cadon) e a Petrobrás. Ele atende a demandas apresentadas durante o II Fórum Nacional de Performance Negra, realizado em Salvador onde, os debates estiveram em torno da falta de elaboração de editais públicos e das linhas de financiamentos, direcionadas exclusivamente para o desenvolvimento de artistas, grupos e companhias que trabalhassem com a produção artística de estética negra.
O edital é ainda, uma possibilidade de valorizar a cultura afrodescendente e suas manifestações contemporâneas, potencializando tanto as ações de grupos já estabelecidos no Brasil, quanto as de grupos emergentes. De acordo com Hilton Cobra, presidente da FCP, o Prêmio é a concretização do comprometimento com os artistas que defendem o valor da cultura negra nos palcos, nas ruas, nas galerias, nas telas de TV e do cinema, nos livros e no imaginário brasileiro.
Para participar – Poderão se inscrever pessoas jurídicas, de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos e que trabalhem de forma sistemática com as expressões culturais afro-brasileiras, nos segmentos contemplados pelo edital. Além do prêmio em dinheiro, os proponentes selecionados receberão um troféu, em cerimônia realizada, especialmente para este fim, no Teatro Rival BR, localizado no Rio de Janeiro/RJ.
Os finalistas também terão seus nomes impressos em um catálogo com os trabalhos vencedores de todas as categorias, no intuito de promover maior visibilidade ao artista. Em 2010 o site do Prêmio Afro registrou 33.492 visualizações, com visitantes do Brasil, Alemanha, Itália, Argentina, Japão e França. As duas edições realizadas somam mais de 1.400 inscrições. A meta para 2014 é dobrar os números e atingir os 5.570 municípios do país.
As Modalidades
Teatro – Montagem ou remontagem de espetáculo teatral, performance, festival, circo, seminários, workshop e oficinas gratuitas;
Dança – Montagem ou remontagem de espetáculo de dança, performance, festival, circo, seminários, workshop e oficinas gratuitas;
Música – Gravação de CD de artistas ou grupos que tenham como base de suas composições, gêneros musicais que emergiram ou foram influenciados pela cultura africana e de seus descendentes, como o samba, o maracatu, o ijexá, o coco, o jongo, o maculelê, o maxixe, a lambada, o carimbó, entre outros.
Artes Visuais – Montagem ou remontagem de exposição de artes gráficas, artes plásticas, arte pública e intervenção urbana, fotografia, videoarte, grafite, escultura, gravura, instalação, design, arte tecnológica, multimídia, arte contemporânea, outras expressões das artes visuais não especificadas anteriormente e oficinas gratuitas.
A noite de premiação está agendada para janeiro de 2015, mas ainda sem data e local confirmados.