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Saiba o que é uma quase-lua; uma recém-descoberta acompanha a Terra há 60 anos
Um artigo recém-publicado no periódico Research Notes of the AAS anunciou a descoberta de uma quase-lua que acompanha a Terra há 60 anos na trajetória ao redor do Sol.
Atualmente, há seis quase-luas conhecidas além desta. Rastrear esses corpos celestes é importante para entender a dinâmica orbital do sistema Terra-Lua e a montar estratégias de defesa contra asteroides.
“O termo quase-lua é um pouco impreciso, porque dá a impressão de ser vinculado à nossa Lua. O termo quase-satélite é mais amplo”, explicou o Dr. Gustavo Madeira, pesquisador do Observatório Nacional, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI/ON).
O objeto recém-descoberto, o 2025 PN7, é um pequeno membro da classe dos Arjunas, que correspondem a uma população de corpos com órbitas semelhantes à da Terra: possuem baixa excentricidade e inclinação, além de períodos orbitais próximos de 1 ano.
Devido a essa proximidade com a órbita terrestre, tais objetos podem ser capturados temporariamente em ressonância 1:1 com a Terra, permanecendo no estado de quase-satélite, sendo este o sétimo conhecido ao redor da Terra. Uma ressonância 1:1 significa que os corpos têm períodos orbitais idênticos, ou seja, que completam uma órbita exatamente no mesmo tempo.
A captura e permanência de objetos em ressonâncias 1:1 é relativamente comum no Sistema Solar. O caso mais conhecido é o dos troianos, uma classe de corpos que permanecem confinados em órbitas do tipo “girino”, acompanhando o movimento dos planetas. Os mais numerosos são os troianos de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, que por ser também o mais massivo, possui maior capacidade de confinar objetos menores.
O artigo da descoberta mostra como a distância angular desse objeto em relação a Terra muda com o tempo – quando esse ângulo varia em torno de zero, significa que o objeto se tornou um quase-satélite; ele se tornou um quase-satélite há 60 anos e deixaria de ser dentro de 100 anos, mais ou menos. Ou seja, esse objeto será um quase-satélite por um tempo limitado.
O pesquisador Dr. Gustavo Madeira, do ON, faz, no entanto, uma ressalva: “Esses resultados não foram revisados por pares, e por isso devem ser tratados com cautela. Apenas após uma revisão por pares poderemos ter uma maior certeza da interpretação correta desses dados observacionais”.
Diferença entre satélite e quase-satélite
Os quase-satélites terrestres pertencem, de maneira mais ampla, à classe dos Near-Earth Objects (NEOs), que são corpos que orbitam o Sol com distância periélica – o ponto mais próximo ao Sol – menor que 1,3 unidade astronômica (UA). Isso significa que se encontram próximos da órbita terrestre, sofrendo forte influência do campo gravitacional da Terra. Uma UA corresponde a quase 150 milhões de quilômetros e é a distância média da Terra ao Sol.
Já um satélite corresponde a um objeto que orbita um planeta, como é o caso da Lua que orbita a Terra. Os quase-satélites, por sua vez, podem ser considerados objetos de órbita “híbrida”: orbitam o Sol, mas mantendo um arranjo condicionado pelo movimento do planeta – em outras palavras, orbitam o Sol acompanhando o movimento planetário.