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ON projeta marco científico em Fernando de Noronha com estação magnética nacional e pesquisas em geotermia
O Observatório Nacional, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (ON/MCTI), realizou recentemente uma missão técnica no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, com o objetivo de definir o local para a instalação da primeira estação magnética permanente automática desenvolvida no Brasil. Esta parte do projeto é fruto da cooperação de longa data entre o ON e as forças armadas brasileiras, em especial com a Força Aérea Brasileira (FAB). Como parte dessa colaboração estratégica, o Grupo de Geomagnetismo do ON realiza a calibração das bússolas aeronáuticas da FAB.

O apoio institucional da FAB tem sido essencial para viabilizar a iniciativa, com destaque para a colaboração do diretor do Parque de Material Aeronáutico do Galeão (PAMA-GL), Brigadeiro Lamfre, bem como do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo em Recife (CINDACTA III), através do Cap. Bruce. O suporte do comandante da Unidade Operacional do CINDACTA III em Noronha, Capitão Queiroz, também foi decisivo.
A estação magnética do ON em Noronha estará equipada com sensores magnéticos de alto desempenho desenvolvidos pelo pesquisador em Geofísica do ON, Dr. Luiz Benyosef, que coordena o Laboratório de Desenvolvimento de Sensores Magnéticos do ON (LDSM). Esses sensores ultra tecnológicos já foram exportados em diversas ocasiões e constituem a primeira exportação de tecnologia de ponta do ON. Já o circuito eletrônico da estação foi projetado pelo tecnologista do ON, Dr. André Wiermann, com suporte técnico de José Roberto L. Carvalho, enquanto o sistema de aquisição e transmissão de dados via satélite é de responsabilidade do tecnologista Dr. José Alejandro Alfonzo.

- Equipe do ON em missão técnica em Fernando de Noronha
A instalação desta estação tem importância estratégica para o Brasil. Localizada em posição geográfica singular, a cerca de 350 km da costa do Brasil e próxima à linha do Equador, a unidade permitirá o monitoramento contínuo do campo magnético terrestre, fundamental para o moderno clima espacial. Os dados gerados serão essenciais para compreender variações geomagnéticas que impactam sistemas de comunicação, navegação, sistemas tipo GPS e até satélites em órbita.
Por ter sido inteiramente desenvolvida no país, a estação representa um marco de soberania tecnológica, demonstrando a capacidade nacional de projetar e operar instrumentos de ponta em geofísica. A iniciativa constitui um passo inicial para a implantação de outras estações automáticas em regiões estratégicas do território brasileiro, ampliando a rede de observatórios magnéticos e reforçando a participação do Brasil em iniciativas científicas globais.

Pesquisas em Geotermia
Além dessa ação, o ON, através do Laboratório de Geotermia (LabGeot), iniciou tratativas com FAB, Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) e Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), visando estabelecer uma parceria para a utilização de poços artesianos desativados em Fernando de Noronha. Esses poços poderão ser aproveitados em pesquisas sobre o potencial de energia geotérmica da região.
As investigações nessa área são conduzidas pelo especialista Dr. Fábio P. Vieira, gestor da Coordenação de Geofísica do ON, que ressalta a importância de avaliar alternativas sustentáveis de geração energética, em consonância com as metas nacionais de transição energética e promoção do uso de fontes renováveis.
Essas iniciativas reforçam o compromisso do Observatório Nacional em promover ciência de excelência, desenvolver tecnologias aplicadas às necessidades do país e ampliar sua contribuição em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do Brasil.