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Parceiro do Observatório Nacional lista as principais chuvas de meteoros em 2026
Uma notícia boa e outra não tão boa para os observadores de chuvas de meteoros no Brasil. A primeira é que 2026 será diferente dos outros anos, pois o luar não ofuscará os principais picos. No entanto, a parte não tão boa é que, no Hemisfério Sul, as melhores visualizações serão só no fim do ano.
Essas informações são do Dr. Marcelo de Cicco, coordenador do projeto de monitoramento de meteoros Exoss, parceiro do Observatório Nacional (ON/MCTI).
A pedido do ON, o Dr. Marcelo preparou um guia do que esperar para o Brasil em 2026 em termos de chuvas de meteoros. Primeiro, ele listou as principais, em ordem de importância. Em seguida, fez uma lista das que são mais visíveis no Hemisfério Sul e que, por isso, precisam de mais ajuda dos observadores brasileiros para formar um banco de imagens. E, por fim, ele falou da temporada das bolas de fogo, como são chamados os meteoros mais brilhantes que o Planeta Vênus.
1.As principais chuvas do ano, em ordem de importância
• Geminidas (pico em 14/12): O Grande Show
Considerada a chuva anual mais confiável, as Geminidas atingem seu máximo em 14 de dezembro de 2026. A excelente notícia é que o pico ocorrerá durante a Lua Crescente, que estará apenas 30% iluminada, garantindo um céu escuro na maior parte da noite.
O radiante (na constelação de Gêmeos) nasce mais tarde para o sul do que no norte. Deve haver atividade intensa a partir da meia-noite, culminando por volta das duas da manhã. Com uma Taxa Horária Zenital (ZHR) estimada em 150 meteoros/hora, é o evento imperdível do ano.

- Chuva de asteroides Geminidas em São Francisco de Paula (RS), em dezembro de 2025. Imagem é de Eduardo Santiago, do Projeto Exoss.
• Orionidas (pico em 21/10): A Herança do Cometa Halley
Sempre muito esperada pelos brasileiros, esta chuva terá condições favoráveis em 2026. A Lua estará na fase crescente, pondo-se antes da madrugada e deixando o céu livre para observação no momento em que o radiante (em Órion) ganha altura. Espera-se uma ZHR de 20+, mas as Orionidas são conhecidas por surpresas e múltiplos picos.
• Líridas (pico em 22/4): O Retorno sem Luar
Abrindo a temporada das grandes chuvas, as Líridas (006 LYR) chegam com uma excelente janela de observação em 2026. Isso porque haverá uma vantagem: o pico ocorre dois dias antes da Lua Quarto Crescente, o que significa que o nosso satélite se porá cedo, deixando a madrugada escura para observação. A ZHR será de ~18.
Para observadores no Hemisfério Sul, o radiante (na constelação de Lira) nasce baixo no horizonte norte após a meia-noite. Embora vejamos menos meteoros que no Hemisfério Norte, a ausência da Lua permitirá captar os meteoros longos e brilhantes que rasgam a atmosfera horizontalmente quando o radiante estiver baixo.
Esta chuva é originada pelo Cometa C/1861 G1 (Thatcher). Embora a taxa média seja modesta (18 meteoros/hora), as Líridas são conhecidas por surpresas ocasionais.
• Eta Aquarids (pico em 6/5): O Desafio da Lua que Brilha Demais
Tradicionalmente, a chuva Eta Aquarids é o carro-chefe do Hemisfério Sul. Porém, em 2026, o pico em 6 de maio ocorrerá apenas quatro dias após a Lua Cheia. O luar intenso ofuscará os meteoros mais fracos, tornando a observação visual um desafio técnico, embora câmeras de monitoramento ainda possam registrar os bólidos mais brilhantes.
2. Privilégio do Sul: As Chuvas que o Norte Não Vê
Existem chuvas cujos radiantes são visíveis privilegiadamente ou exclusivamente do Sul. A Organização Mundial de Meteoros (IMO, em inglês) carece de dados visuais e de vídeo dessas chuvas, e os observadores brasileiros são fundamentais para preencher essa lacuna.
• Alpha Centaurids (pico em 8/2): O radiante, próximo à estrela Alpha Centauri, é quase circumpolar para grande parte do Brasil, ou seja, fica visível à noite quase toda. Embora a taxa média seja baixa (ZHR ~6), surpresas podem ocorrer, e somos nós quem devemos monitorá-las.
• Eta Eridanids (pico em 7/8): A IMO recomenda explicitamente a observação desta chuva a partir de locais do sul, preferencialmente após a meia-noite. É uma chuva pouco estudada que necessita de dados de fluxo para confirmação de atividade.
• Puppid-Velids (dezembro): Um complexo sistema de meteoros visível principalmente ao sul do equador. Sua atividade acontece no início de dezembro, servindo como um "aquecimento" para as Geminidas.
3. O Complexo das Tauridas (pico no Ramo Sul em 5/11 e no Ramo Norte em 12/11): A Temporada das Bolas de Fogo
A atividade é de setembro a dezembro. Para o observador brasileiro, o Complexo das Tauridas é um dos alvos mais fotogênicos do ano. Diferentemente das chuvas rápidas, as Tauridas são conhecidas por produzir meteoros lentos (27-29 km/s) e muito brilhantes, muitas vezes classificados como bolas de fogo.
O sistema das Tauridas é formado por dois ramos principais, ambos vistos no Brasil: Tauridas do Sul (002 STA) e Tauridas do Norte (017 NTA), ambos associados ao Cometa 2P/Encke. Eles dominam a atividade da região do "antihélio" no céu durante meses.
O ano de 2026 terá um cenário perfeito: em novembro, a Lua Nova ocorre no dia 9. Isso cria um "corredor escuro" perfeito entre o pico das Tauridas do Sul (5/11) e das Tauridas do Norte (12/11).
Então, se você avistar uma “bola de fogo”, reporte imediatamente na ferramenta Reportar BÓLIDO: http://exoss.imo.net/