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Atualização sobre o funcionamento das estações sismográficas do Observatório Nacional
Um estudo publicado em 2024 apontou possíveis problemas de orientação em algumas das estações sismográficas da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR). Dentre essas estações, seis estão sob responsabilidade do Observatório Nacional (ON/MCTI). O ON informa que essas falhas foram corrigidas entre 2016 e 2017. As estações passaram por um processo de reorientação, garantindo o funcionamento adequado dos equipamentos.
A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) é a responsável por monitorar a atividade sísmica no país por meio de um conjunto de estações sismográficas permanentes. Durante a instalação de cada estação, utiliza-se a bússola magnética para posicionar o equipamento de modo a registrar as movimentações do solo nas direções Norte-Sul, Leste-Oeste e vertical. No entanto, diversos fatores podem comprometer a correta orientação do sensor, como o uso de uma declinação incorreta ou a presença de anomalias locais no campo magnético.
Ter conhecimento da orientação real das componentes de uma estação é fundamental para diversas aplicações sismológicas, como a determinação de funções do receptor e o desenvolvimento de modelos tomográficos, métodos amplamente usados para compreender a estrutura da Terra.
Em estudo publicado no ano passado na revista Journal of South American Earth Sciences, Diogo Farrapo Albuquerque e colaboradores avaliaram possíveis problemas de orientação dos sismômetros da RSBR por meio da análise de polarização da onda P. Segundo esse estudo, até 6 estações administradas pelo Observatório Nacional (ON) poderiam estar com problema de orientação: GDU01 e CMC01 no estado da Bahia, NAN01 em Minas Gerais, CAM01 e MAN01 no Rio de Janeiro, e TER01 em Santa Catarina.
As estações mencionadas apresentaram sensores rotacionados com relação ao norte geográfico, o que foi verificado pelo ON ainda em 2016. Dessa forma, entre 2016 e 2017 o ON realizou uma campanha para reorientar esses equipamentos, que desde então registram as movimentações do solo no sistema convencional (Figura 1). As novas orientações foram imediatamente atualizadas nos metadados (dataless) das estações, disponibilizados no website da RSBR e no repositório github da RSBR.
Rotação das componentes das estações do ON com relação ao norte geográfico (θ) em função do tempo. O parâmetro θ foi determinado por meio da análise da movimentação da partícula de onda P (Braunmiller et al., 2020; Pornsopin et al., 2023). Note que desde 2017 todas as estações – exceto GDU01, estação localizada em Gandu, Bahia – apresentam θ < ±10°, indicando que os sensores estão instalados corretamente (Albuquerque et al., 2024).
Apesar de os dados das estações mencionadas terem sido registrados em um sistema diferente até 2016/2017, as orientações das componentes são conhecidas e estão especificadas nos respectivos metadados, o que permite o uso dos dados sem qualquer problema. Vale ressaltar que, para alertar o usuário de possível rotação das componentes ao longo da história da estação, o ON identifica as componentes de suas estações como 1 e 2, ao invés de N e E.
Atualmente o Observatório Nacional está realizando a manutenção das estações da RSBR sob sua responsabilidade, e a previsão é que nos próximos meses o problema de orientação identificado na estação GDU01 seja corrigido. Além disso, está sendo implementado sistema de transmissão de dados via satélite nessas estações, o que vai permitir um monitoramento padrão da sismicidade no Brasil.