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Asteroide 2024 YR4 tem risco de impacto reduzido, mas segue sob observação
A NASA atualizou recentemente as chances de impacto do asteroide 2024 YR4 na Terra, reduzindo a probabilidade de colisão de 3,1% para apenas 0,28%. Com isso, o objeto celeste passou a ser classificado na categoria 1 da Escala de Torino, indicando baixo risco.
NASA/Telescópio Magdalena Ridge de 2,4 m/Instituto de Tecnologia do Novo México/Ryan
A Escala de Torino é uma ferramenta usada para avaliar o risco de impacto de pequenos corpos na Terra, variando de 0 a 10, onde 0 indica nenhuma chance de colisão ou impacto insignificante, e 10 representa uma colisão certa, com potencial para causar uma catástrofe global. Atualmente, o asteroide 2024 YR4 está na categoria 1, indicando baixo risco. À medida que novas observações sejam feitas pode haver uma nova mudança levando o asteroide para a categoria 0.
O asteroide 2024 YR4 foi descoberto em dezembro de 2024, possui entre 40 e 90 metros de diâmetro, e tem sido monitorado de perto por telescópios ao redor do mundo. Conforme explica a astrônoma do Observatório Nacional (ON/MCTI), Dra. Plicida Arcoverde, a órbita do asteroide está sendo constantemente refinada à medida que novas observações são feitas e a probabilidade de impacto tende a diminuir com o tempo. Plícida esclarece que, se o asteroide atingir a Terra – o que é pouco provável – os danos dependerão de seu tamanho exato e do local do impacto.
Um asteroide na faixa menor (40-60 metros) poderia causar uma explosão atmosférica, quebrando janelas e causando pequenos danos estruturais em áreas urbanas. Já um asteroide maior (até 90 metros) poderia causar danos mais graves, como o colapso de estruturas residenciais e danos em áreas maiores. Se o impacto ocorrer sobre o oceano, é improvável que cause um tsunami significativo.
A última vez que um asteroide com mais de 30 metros de tamanho representou um risco tão significativo foi o Apophis, em 2004, quando teve uma chance de 2,7% de atingir a Terra em 2029. Mas a possibilidade foi descartada posteriormente por observações adicionais.
De acordo com a astrônoma e pós-doc do ON, caso a probabilidade de impacto aumente nos próximos anos, uma das técnicas possíveis para desviar o asteroide seria o uso de uma sonda de impacto cinético, semelhante à missão DART da NASA, que demonstrou ser eficaz em alterar a trajetória de um asteroide.
“No entanto, a aplicação dessa técnica depende de fatores como o tamanho do asteroide, sua composição e o tempo disponível antes do impacto. Como a probabilidade de impacto atual é muito baixa e tende a diminuir, ainda é cedo para considerar medidas específicas”, pontua. “O monitoramento contínuo e a coleta de dados são essenciais para tomar decisões futuras.”
Segundo a astrônoma, não há razão para pânico. Atualmente, a probabilidade de impacto é muito baixa e tende a diminuir à medida que mais observações são feitas. O 2024 YR4 está sendo estudado por telescópios ao redor do mundo e qualquer risco significativo seria comunicado com antecedência.
“A ciência da defesa planetária está avançada, e técnicas como a missão DART já demonstraram que é possível desviar asteroides, se necessário. O mais importante é confiar no trabalho da comunidade astronômica e acompanhar as atualizações com atenção, sem alarmismo”, conclui.
O que são asteroides?
Asteroides são corpos celestes que orbitam o Sol, mas que são pequenos comparados aos planetas do Sistema Solar. Existem muitos asteroides próximos à Terra, sendo a maioria desconhecida.
Alguns deles, em particular os com até 150 metros de tamanho, podem causar graves danos no caso de uma colisão. Por esse motivo, no mundo todo são desenvolvidos programas que visam descobrir e estudar as características físicas desses corpos.
OASI/IMPACTON
No Brasil, o Observatório Nacional lidera as pesquisas nesta área com o Projeto IMPACTON (Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra no Observatório Nacional), do qual a astrônoma Plícida faz parte.
O projeto foi criado pelo grupo de Ciências Planetárias com o intuito de inserir o Brasil nas pesquisas científicas relacionadas aos pequenos corpos do Sistema Solar. Para isto, foi construído o Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI), localizado em Itacuruba, Pernambuco, que conta com um telescópio com espelho de um metro de diâmetro, o segundo maior instalado em solo brasileiro.
Imagem: Chico Rasta