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Dia do Arquivista
Perspectivas dos arquivistas que atuam como gestores no Arquivo Nacional
A profissão de arquivista no Brasil tem sua consolidação diretamente relacionada à atuação do Arquivo Nacional. O primeiro curso superior de Arquivologia do país surgiu a partir de cursos técnicos ministrados no AN, que passaram a ter vínculo com instituições públicas de ensino superior na década de 1970, até seu reconhecimento como cursos de graduação por parte do Ministério da Educação. A própria escolha do dia 20 de outubro para se celebrar o ofício de arquivista foi feita em função da data da proposta, em 1823, de criação do então Arquivo Público do Império, renomeado posteriormente como “Arquivo Nacional”.
Aluf Elias
Até hoje, o órgão faz parte da formação profissional de muitos arquivistas. Aluf Elias, coordenadora-geral de processamento técnico e preservação do acervo do AN, conta que fazia “todos os cursos oferecidos pela instituição” quando ainda era uma graduanda de Arquivologia na Universidade Federal Fluminense (UFF). “Todo esse contato com tantos profissionais importantes e que hoje são meus colegas foi muito significativo na minha carreira, e muito inspirador”, declara.
Mariana Meirelles
Já Mariana Meirelles, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e doutora em Ciência da Informação pela UFF, admite que ela se tornou arquivista por causa do AN. “Fui estagiária da Coordenação de Documentos Escritos antes mesmo de estudar Arquivologia”, revela a servidora, que atualmente coordena a área de gestão de documentos do AN, e diz ter vontade de se especializar mais em gestão pública em breve.
Patrícia Longhi
Esse plano de Mariana para o futuro faz todo o sentido ao se deparar com o histórico de pioneirismo de Patrícia Longhi. Assim como a colega, ela decidiu cursar Arquivologia na UFF após ter contato com os arquivos, o que ocorreu devido à sua designação para gerir a primeira unidade de arquivo do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no início dos anos 1990. A partir daí, Patrícia procurou fazer cursos oferecidos pelo AN e se especializar também em administração pública, o que contribuiu para que se tornasse a primeira arquivista a ocupar o cargo de diretora-geral da Justiça Federal no Rio de Janeiro, função que exerceu por 11 anos. “Inicialmente viam o arquivista como ‘gestor de depósito’, e não como gestor público; às vezes, até o arquivista não se enxerga assim”, relata a coordenadora-geral de acesso e difusão documental do AN.
Aluf, que é doutora em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília (UnB), também diz ter enfrentado essa “desconfiança”, quando seus colegas de pós-graduação a viam mais como “filósofa” do que como arquivista. Contudo ela diz se orgulhar do trabalho técnico que realizava nos arquivos por onde passou, na Aeronáutica e no Museu Nacional, sentimento compartilhado pelos colegas coordenadores. “Tenho várias cicatrizes de arquivo”, revela Patrícia, referindo-se às marcas deixadas pelo manuseio de caixas e estantes com documentos, que ajudou a formar a profissional que é hoje.
Larissa Costa
Esse caráter multidisciplinar – e multitarefa – da prática arquivística foi o que guiou a trajetória de Larissa Costa, arquivista graduada e com mestrado na UnB. “A formação em Arquivologia me auxiliou para trabalhar com outras coisas, como governança e compliance ”, cita a líder da Coordenação Regional do AN no Distrito Federal. Segundo Larissa, essa relação íntima dos arquivos com a área administrativa fez com que buscasse uma formação mais próxima da gestão pública, por meio de cursos extras e um MBA, além da experiência trabalhando na iniciativa privada.
Antonio Laurindo
A formação continuada desses profissionais é vital para que eles possam assumir posições estratégicas, como aponta Antonio Laurindo, bacharel em Arquivologia e mestre em Ciência da Informação pela UFF. Para ele, a universidade pública é fundamental nesse processo de formação, uma vez que ela proporciona o contato com outros cursos, como Administração e Direito, intercâmbio que permanece relevante quando o arquivista ingressa numa organização pública ou privada. Antonio entrou no AN como contratado em projetos de preservação de acervo audiovisual, e hoje é servidor público e chefe da Coordenação de Apoio ao Conselho Nacional de Arquivos, completando o quadro de gestores das áreas finalísticas da instituição, junto com as outras arquivistas citadas nesta matéria.
Na visão desses coordenadores, a instituição está abrindo precedente para a formação de gestores públicos que tenham qualificação técnica ligada à área de Arquivologia, o que serve de parâmetros para outros arquivos e organizações. “O Arquivo Nacional orgulha-se da profissionalização da sua gestão e pretende, cada vez mais, fomentar o aprimoramento dos seus servidores”, afirma a Diretora-Geral do AN Neide De Sordi.