Dispositivos conectados e dados de crianças e adolescentes
Tal medida mostrou como alguns riscos também aparecem quando não há uma reflexão aprofundada na adesão às tecnologias.
Um primeiro ponto de atenção refere-se a como as medidas adotadas durante o período emergencial colaboraram para antecipar o uso de tais recursos nos ambientes escolares, bem como para ampliar usos não pedagógicos, dentro e fora das escolas.
Isso remete ao debate sobre o equilíbrio entre a necessidade de uma educação conectada e sintonizada com o mundo digital e eventuais impactos negativos no processo de ensino e aprendizagem.
Outro risco que precisa ser levado em consideração diz respeito à privacidade e proteção de dados de crianças e adolescentes. No período de isolamento social (ou desde esse período) algumas escolas e instituições aderiram a estratégias que tiveram como contrapartida o compartilhamento de informações sobre os usuários para terceiros, como sites educacionais, que coletaram dados de crianças e adolescentes de forma excessiva ou para finalidades diferentes das educacionais; por exemplo, para o posterior direcionamento de publicidade.
Assim, torna-se importante sinalizar que qualquer tecnologia ou dispositivo digital envolvido no ambiente ou dinâmicas escolares deve priorizar o melhor interesse da criança e do adolescente e seguir o princípio da coleta mínima de seus dados, sendo utilizado com critérios de transparência e de adequação sobre as suas finalidades.
Desse modo, para além dos celulares, também as decisões sobre câmeras conectadas, sistemas de reconhecimento facial, plataformas com recursos didáticos, entre outros, demandam prevenção, informação e cautela ao se decidir sobre sua implementação.