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Ibram realiza Seminário Interno de Inovação e destaca papel estratégico da pesquisa no setor museal
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) realizou, na última terça-feira (25), o Seminário de Inovação no Setor Museal, encontro interno que reuniu trabalhadores da sede e das unidades museológicas para discutir caminhos, desafios e oportunidades relacionadas à pesquisa, ciência, tecnologia e inovação no campo museal. O evento consolidou a etapa final do trabalho conduzido pelo Grupo de Trabalho de Inovação, Ciência e Tecnologia (GT-ICT) e marcou um momento de alinhamento institucional em torno da implantação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Ibram.
Construído a partir de um diagnóstico realizado junto às unidades e aos departamentos do Instituto, o seminário teve como objetivo apresentar os avanços relacionados ao reconhecimento do Ibram como Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT) — um marco que reforça o papel dos museus como produtores de conhecimento e agentes de inovação.
Inovação como pilar institucional
Na abertura do evento, Dalton Martins, coordenador-geral da CGSIM, ressaltou que o Ibram vive um momento de consolidação interna:
“O objetivo principal foi compartilhar com todo o Instituto o processo de reconhecer o Ibram como uma ICT. Formalizar isso significa afirmar que fazemos pesquisa e que somos capazes de gerar inovação em nosso campo de atuação.”
Essa perspectiva norteou os debates ao longo do seminário. Para Dalton, a inovação não está restrita a tecnologias avançadas: ela permeia métodos, processos, serviços e rotinas do trabalho museal. “A inovação está potencialmente em todas as frentes do Ibram. Quando incorporamos pesquisa ao nosso cotidiano, damos um salto na qualidade institucional”, afirmou.
Curadoria construída a partir da prática
A programação foi estruturada com base no levantamento interno que mapeou práticas inovadoras já em curso nas unidades museológicas. A partir desse diagnóstico, equipes que responderam ao questionário foram convidadas a compor mesas e apresentar suas experiências.
Dalton avalia que o resultado refletiu um interesse crescente pelo tema:
“O que mais chamou atenção foi o engajamento da equipe. Houve boa participação e muitas perguntas. A discussão mostrou que inovação é uma agenda viva no Ibram.”
Captação, parcerias e desafios compartilhados
A Mesa 1, dedicada a estratégias de fomento e articulação para projetos de PCTI, reuniu profissionais que atuam diretamente com editais, captação e parcerias. Para Ricardo Rosa, Coordenador de acervo museológico, o principal desafio ainda está na integração institucional:
“Precisamos construir propostas robustas de forma articulada entre sede e museus. O NIT tem potencial para fortalecer esse processo e dinamizar a inovação no Instituto.”
Daiane Carvalho, Técnica em assuntos culturais no Museu da Abolição, destacou que demonstrar o impacto público da inovação é fundamental para ampliar oportunidades:
“O desafio não é falta de projetos. É mostrar que temos infraestrutura e metodologias sólidas, capazes de gerar impacto social e ampliar acesso.”
Já Leonardo Batista, Chefe da divisão de preservação e segurança, apontou que a inovação nos museus ainda precisa quebrar antigas percepções:
“É preciso apresentar o museu como um espaço de novidades. Inovação é estratégica para o desenvolvimento social.”
Ferramentas digitais e metodologias participativas
A Mesa 2 tratou de tecnologias, metodologias e boas práticas. O Tainacan, desenvolvido pelo Ibram em parceria com a Universidade de Brasília, foi citado repetidamente como referência.
Para Marcos Sigismundo, Coordenador de tecnologia da informação, inovação tecnológica precisa ser simples, útil e sustentável:
“Ela ajuda quando simplifica o trabalho diário, organiza informações e libera a equipe para as atividades que importam.”
José Murilo, Coordenador de arquitetura da informação museal, reforçou o papel dos repositórios digitais, do acesso aberto e do uso responsável de modelos de linguagem conectados a acervos:
“Soluções digitais ampliam alcance, fortalecem pesquisa e tornam o acervo mais acessível. Museus têm papel estratégico também na preservação do patrimônio digital.”
Parcerias que ampliam alcance e impacto
Elisa Zubcov trouxe a perspectiva da difusão e comunicação, destacando o papel de parcerias externas e internas:
“Essas parcerias impulsionam a presença dos museus na mídia e resultam em projetos como o Visite Museus, que amplia o acesso ao patrimônio cultural.”
Caminhos futuros para o NIT e para o Ibram
Embora o seminário não tenha definido encaminhamentos formais — uma vez que o processo de estruturação da ICT segue seu fluxo administrativo —, houve consenso sobre a importância de ampliar ações formativas em 2026 e fortalecer a articulação interna.
Para Dalton, o maior legado do encontro é simbólico e institucional:
“O seminário ajuda o Ibram a se reconhecer como instituição de inovação. Inovação não é exclusividade de universidades. Autarquias da cultura também têm esse potencial, se quiserem.”
O NIT passará agora pelo processo de formalização por portaria, com representantes da sede e dos museus. A expectativa é que o núcleo seja um espaço permanente de articulação e incentivo à pesquisa aplicada no setor museal.
Conteúdo aberto para toda a sociedade
O vídeo completo do seminário será disponibilizado no YouTube do Ibram nos próximos dias. A abertura ao público, segundo Dalton, busca apoiar outras instituições públicas interessadas em desenvolver agendas semelhantes:
“É uma forma de inspirar outras organizações a trilhar esse caminho.”