Notícias
CNPD publica relatório de atividades 2024-2025
Destaque da atuação é a entrega de subsídios técnicos para a Política Nacional de Proteção de Dados; colegiado também intensificou a atividade com grupos de trabalho, eventos e deliberações estratégicas voltadas à privacidade e governança de dados
Brasília, 11/08/2025 - O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD) publicou, nesta segunda-feira (11), o Relatório de Atividades 2024-2025. O marco histórico da atuação no período foi a entrega oficial dos subsídios técnicos para a elaboração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
Após um hiato em suas atividades, o Conselho retomou os trabalhos com uma nova composição nomeada em junho de 2024, reunindo representantes da sociedade civil, do setor público, da academia e de entidades sindicais e empresariais. Desde então, o CNPD tem atuado com intensidade para consolidar a cultura de proteção de dados no Brasil.
“Nosso objetivo foi garantir que a política pública de proteção de dados nasça com base na escuta ampla, na diversidade de saberes e na expertise técnica dos diferentes setores envolvidos”, afirma Lílian Cintra de Melo, secretária nacional de Direitos Digitais do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e presidente do CNPD.
Grupos de trabalho
Entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, sete Grupos de Trabalho Temporários (GTTs) se debruçaram sobre temas estratégicos para a formulação da política nacional, organizados da seguinte forma:
- GTT 1: Educação e capacitação em proteção de dados;
- GTT 2: Mecanismos, instâncias e práticas de conformidade de proteção de dados;
- GTT 3: Governança de dados no âmbito corporativo e privado;
- GTT 4: Governança de dados no setor público;
- GTT 5: Dados pessoais para o desenvolvimento econômico, tecnológico a inovação; e
- GTT 6: LAI & LGPD: dados abertos como infraestrutura crítica em conformidade com LGPD
As atividades incluíram mais de 60 reuniões, estudos de caso, entrevistas com especialistas, oficinas técnicas e eventos públicos. O destaque foi o seminário internacional “Transparência Pública e Proteção de Dados: Convergências Possíveis”, com a participação de autoridades brasileiras e representantes da Autoridade de Proteção de Dados do Reino Unido (ICO).
Contribuições para a agenda regulatória da ANPD
Durante o ano, o CNPD também encaminhou sugestões à Agenda Regulatória da ANPD para o biênio 2025-2026, priorizando seis temas:
- Proteção de dados de crianças e adolescentes, com atenção ao “sharenting” e aos “kids influencers”;
- Regulamentação de dados sensíveis de saúde, vida sexual, genéticos e biométricos;
- Definição do conceito de “alto risco” na LGPD;
- Tratamento de dados pessoais para fins de segurança pública por entidades privadas;
- Estabelecimento de critérios para boas práticas e governança de dados; e
- Uso de dados abertos em projetos de grande impacto ambiental.
Essas propostas refletem a preocupação do Conselho em garantir segurança jurídica, direitos fundamentais e inovação responsável.
Subsídios entregues à ANPD
Em 17 de junho de 2025, os subsídios elaborados pelos grupos de trabalho foram entregues à ANPD, em cerimônia no MJSP. O material soma mais de 800 páginas de conteúdo técnico qualificado, com propostas estruturadas em princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos, nos moldes de outras políticas públicas nacionais.
A entrega representa um momento-chave de participação social no desenho das diretrizes públicas de privacidade no Brasil, reforçando o papel do CNPD como articulador entre diferentes setores e como instância de apoio estratégico à ANPD.
“A política nacional será um instrumento vital para assegurar direitos e promover a confiança da sociedade nas instituições que lidam com dados pessoais. Esse trabalho coletivo é uma conquista para o país”, afirma Lílian Cintra.
Posição institucional e avanços normativos
Nas reuniões ordinárias do último ano, o CNPD também deliberou:
- Apoio institucional ao Projeto de Lei nº 2076/2022, que propõe a criação do Dia Nacional da Proteção de Dados, a ser celebrado em 17 de julho, data de nascimento do jurista Danilo Doneda;
- Oposição ao Projeto de Lei nº 12/2015, em especial aos textos substitutivos que propõem isentar igrejas e partidos políticos das obrigações previstas na LGPD. O Conselho manifestou preocupação com a possível fragilização do marco legal da privacidade no Brasil.
Essas manifestações foram formalizadas por meio de ofícios públicos e reforçam o compromisso do CNPD com a universalidade da proteção de dados, independentemente da natureza dos agentes de tratamento.
Sobre o CNPD
Criado pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018), o Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade é um órgão consultivo da ANPD, com a missão de propor diretrizes estratégicas, sugerir ações, promover estudos e disseminar o conhecimento sobre privacidade e proteção de dados no país.
Composto por 23 membros de diversos setores, o CNPD foi reestruturado pelo Decreto nº 11.758/2023 e passou a integrar a estrutura do MJSP, sob a presidência da Secretária Nacional de Direitos Digitais.
A atual composição foi nomeada pelo Presidente da República em junho de 2024 e terá mandato de dois anos para os representantes da sociedade civil.
Acesse o Relatório de Atividades 2024-2025.