Como o Governo Federal assistiu os brasileiros na Faixa de Gaza

Depois de 35 dias, os brasileiros que se encontravam na Faixa de Gaza estão sendo repatriados. O avião VC-2 dedicado pela Presidência da República para o transporte deles desde o Egito até o Brasil decolou do Cairo às 6h52 (horário de Brasília) do dia 13 de novembro. A previsão é que o desembarque no Aeroporto de Brasília ocorra ainda nesta segunda-feira (13) por volta das 23h30.

No dia 7 de outubro, quando começaram os primeiros ataques desse recente conflito na região, o Escritório de Representação do Brasil em Ramala já fez contato com os brasileiros na Faixa de Gaza. No dia 11 de outubro, o ministro de Relações Exteriores Mauro Vieira fez contato com o chanceler egípcio Sameh Shoukry pela passagem dos brasileiros em Gaza para o Egito. No dia seguinte, a Presidência da República destacou a aeronave VC-2, que decolou de Brasília para Roma a fim de aguardar a chegada dos brasileiros ao Egito.

Graças ao contato do chanceler brasileiro, o Governo do Egito autorizou a entrada dos brasileiros no país no dia 13 de outubro. No dia seguinte, os cidadãos que estavam na Cidade de Gaza chegam a Khan Younes. Alojados na cidade ao sul da Faixa de Gaza, eles receberam ajuda do Governo Brasileiro para água e alimentos. Em 18 de outubro, o VC-2 presidencial decolou de Roma para o Egito para trazê-los. A aeronave também levou 40 purificadores de água portáteis e dois kits de medicamentos e insumos enviados pelo governo brasileiro para atender à situação de emergência na Faixa de Gaza. O material foi entregue à organização não-governamental Crescente Vermelho.

No âmbito diplomático, o Brasil esteve presente nas tentativas de interrupção dos ataques de ambos os lados. Convidado pelo Egito, o país participou de uma cúpula integrada por Jordânia, Catar, Turquia e outros países árabes para tratar sobre a questão humanitária na Faixa de Gaza. O chanceler Mauro Vieira dialogou com o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros Hossein Amir-Abdollahian sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza e a perspectiva da repatriar brasileiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, sobre liberação de brasileiros da Faixa de Gaza. Ambos concordaram na necessidade de estabelecimento de um corredor humanitário na região. O corredor também foi tema de conversa entre Lula e o Isaac Herzog, presidente de Israel. Na ocasião, o presidente agradeceu pelo apoio na repatriação dos brasileiros em solo israelense.

Preocupado com a situação dos brasileiros na Faixa de Gaza, o presidente conversou por videoconferência com eles — bem como com familiares de brasileiros desaparecidos em Israel depois dos primeiros ataques. 

A escalada dos bombardeios acabou por culminar na destruição das infraestruturas de comunicação na Faixa de Gaza. Com o contato interrompido com os cidadãos, a diplomacia brasileira em Ramala contratou um motorista para que ele pessoalmente verificasse a situação do grupo e restabelecesse a comunicação com eles. A distribuição de água também ficou dificultada em virtude da destruição. O Governo Brasileiro conseguiu garantir que os cidadãos tivessem acesso a água diante da situação.

Em 3 de novembro, o ministro de Relações Exteriores de Israel Eli Cohen garantiu ao colega chanceler brasileiro Mauro Vieira que os brasileiros estariam aptos a saírem da Faixa de Gaza na semana seguinte. A fronteira em Rafah foi reaberta dali a três dias, no entanto dois dias depois foi fechada mais uma vez. Finalmente, no dia 9 de novembro, o ministro Mauro Vieira anunciou a presença dos cidadãos na lista de estrangeiros autorizados a cruzar a fronteira com o Egito.

No dia seguinte, os brasileiros foram à fronteira e aguardaram a passagem. Em 12 de novembro, o grupo de 32 pessoas entre cidadãos brasileiros e parentes cruzam a fronteira da Faixa de Gaza com o Egito. No dia 13 de novembro, o VC-2 presidencial decolou do Aeroporto Internacional do Cairo com destino a Brasília com paradas técnicas em Las Palmas (Espanha) e Recife.