Notícias
Sonia Guajajara participa da cerimônia contra os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023
- Foto: Mre Gavião I Ascom MPI
Aministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, integrou a comitiva que acompanhou o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para participar da cerimônia relativa aos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, no Palácio do Planalto, e de um ato simbólico de Abraço à Democracia, na Praça dos Três Poderes, na quarta-feira (8). O objetivo do evento, organizado pelo governo federal, foi registrar pelo segundo ano consecutivo o posicionamento da atual gestão contra tentativas de golpe de estado e regimes autoritários.
Na data mencionada, milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a Praça dos Três Poderes e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto por estarem inconformados com o resultado das eleições presidenciais de 2022. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), o prejuízo total foi de mais de R$ 26 milhões. Ao todo, 1.682 envolvidos foram denunciados e o STF já condenou 375 pessoas pelos atos de vandalismo.
Grande parte do discurso do presidente foi marcado pela alusão ao livro de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui”, publicado em 2015 e adaptado para o cinema por Walter Salles. A estreia do longa-metragem foi em 2024 e o filme teve a atriz Fernanda Torres como vencedora do Globo do Ouro no domingo (5). Ao fim de seu pronunciamento, o presidente reforçou o significado real de democracia como um sistema de governo que inclui e iguala em vez de oprimir e dar voz e vez apenas para uma parcela privilegiada da sociedade.
“Democracia para poucos não é uma democracia plena. Por isso a democracia será sempre uma obra em construção. A democracia será plena quando todos os brasileiros, sem exceção, tiverem acesso à alimentação de qualidade, saúde, educação, segurança, cultura e lazer. Quando tiverem as mesmas oportunidades de crescer e prosperar e os mesmos direitos de sonharem e serem felizes. A democracia será plena quando todos e todas sejam de fato iguais perante a lei e a pele negra não seja mais alvo da truculência dos agentes do Estado. Quando os povos indígenas tiverem direito às suas terras, sua cultura e suas crenças. Quando as mulheres conquistarem igualdade de direitos e o direito de estarem onde quiserem estar, sem serem julgadas, agredidas ou assassinadas. Quando todas as religiões forem respeitadas e viverem em harmonia porque a fé deve unir e não colocar irmãos contra irmãos. Quando qualquer pessoa tiver o direito de amar e ser amada por qualquer pessoa sem sofrer qualquer tipo de preconceito, de discriminação ou violência. É essa democracia plena para todos e todas que queremos construir no Brasil.”
De acordo com Sonia Guajajara, existe uma preocupação muito grande no meio político e na sociedade brasileira em torno da gravidade do que ocorreu em 8 de janeiro de 2023. Não apenas pela tentativa de tomada de poder sem eleições, mas pelos fatos revelados em investigações da Polícia Federal acerca de planos para assassinatos de autoridades das três esferas do Poder.
“Essa rememoração a cada ano serve para que possamos evitar que atos assim se repitam. Não podemos voltar a um ambiente de medo, de insegurança e de injustiças. É muito oportuna essa reflexão em torno da obra [de Marcelo Rubens Paiva] porque de fato ganhou uma grande repercussão por nos alertar sobre o período da ditadura e não cairmos nesse golpe outra vez.”
Para a ministra, o tema da não repetição também se aplica ao contexto indígena, pois os indígenas “ainda estão aqui” no Brasil, apesar de todo o percurso histórico permeado por genocídio e extermínio contínuo dos povos indígenas. Ela ainda frisou que a resistência dos povos indígenas possibilitou a participação na política nacional e gerou o cenário para a criação do Ministério dos Povos Indígenas, uma maneira institucional de impedir que violações de direitos historicamente recorrentes do período colonial e da ditadura militar sigam ocorrendo.
“Estamos aqui no lugar onde sempre estivemos e aqui vamos continuar porque nós somos povos originários e a nossa luta maior é pela participação política nos espaços de tomada de decisão. Conseguimos pela primeira vez na história ocupar cargos estratégicos dentro do governo e isso aumenta nossa força para lutar por nossos territórios e pela liberdade e dignidade dentro deles. A democracia só será plena se a gente tiver o direito de viver como nós somos dentro dos territórios demarcados e protegidos para exercer o modo de vida própria”, analisou a ministra.