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Pastora Mercedes de Moraes
Pastora Mercedes de Moraes nasceu no Quilombo São José da Serra, no estado do Rio de Janeiro, em 1904. Enfrentou condições de trabalho análogas à escravidão e tornou-se figura política de destaque entre trabalhadoras domésticas. Em 1945, fundou a primeira Assembleia de Deus no Jacarezinho, criando projetos sociais e um coral com repertório afro-americano. Atuou em funções eclesiásticas sem reconhecimento formal, mas conquistou respeito como líder espiritual. Sua presença desafiou barreiras de gênero e raça no pentecostalismo. Exerceu influência em espaços religiosos e comunitários. Faleceu em 1990 como símbolo de fé, resistência e transformação.
Emília Costa
Emília Costa foi a primeira mulher negra a ser ordenada diaconisa nas Assembleias de Deus no Brasil, em 1925. Ligada à igreja em São Cristóvão, no então Estado da Guanabara, teve sua consagração feita pelo pastor Gunnar Vingren, fundador da denominação. Sua presença na primeira fileira da Convenção Geral de 1933 registra um protagonismo pouco valorizado, mas central para a memória evangélica. Emília rompeu barreiras impostas por estruturas racistas e patriarcais. Ocupou espaço simbólico e espiritual na construção do pentecostalismo nacional. Sua trajetória afirma a resistência de mulheres negras no campo religioso. Inspira o fortalecimento da liderança feminina nas igrejas brasileiras.
Mônica de Menezes Campos
Mônica de Menezes Campos entrou para a história ao se tornar, em 1978, a primeira mulher negra admitida no Instituto Rio Branco. Aos 22 anos, rompeu uma barreira simbólica e institucional ao ingressar na formação de diplomatas do Brasil. Dois anos depois, assumiu o posto de Terceira-Secretária, sendo a primeira diplomata negra do país. Sua presença no Itamaraty trouxe novos contornos para o debate sobre representatividade e equidade racial na política externa brasileira. Morreu precocemente em 1985, mas permanece como referência para futuras gerações. Em sua homenagem, o Itamaraty organizou seminário sobre igualdade racial nas relações internacionais. Seu legado segue vivo na memória institucional e nos sonhos de jovens negras que vislumbram o serviço diplomático.
Angela Davis
Angela Davis nasceu em 1944, nos Estados Unidos, e tornou-se uma das mais influentes intelectuais e ativistas do século XX. Filósofa e professora, destacou-se na década de 1970 por sua militância contra o racismo, o sexismo e o sistema prisional, atuando junto ao Partido Comunista e aos Panteras Negras. Em 1970, foi presa injustamente, o que provocou uma mobilização global por sua libertação. Depois de absolvida, aprofundou sua produção teórica e assumiu o magistério em universidades renomadas. Suas obras abordam temas como interseccionalidade, abolicionismo penal e justiça social. Ao longo das décadas, sua trajetória reuniu pensamento crítico e ação política. Angela Davis é referência para movimentos que defendem liberdade, dignidade e transformação estrutural.
Chimamanda Ngozi Adichie
Chimamanda Ngozi Adichie, nascida em 1977, é escritora e ensaísta nigeriana, considerada uma das vozes literárias mais relevantes do século XXI. Com obras como Hibisco Roxo, Meio Sol Amarelo e Americanah, revela experiências da diáspora africana, o peso do colonialismo e os desafios enfrentados por mulheres negras. Seu ensaio Sejamos Todos Feministas, adaptado de uma palestra no TEDx, ganhou alcance global e tornou-se leitura essencial sobre igualdade de gênero. Sua escrita articula crítica social e sensibilidade estética com profundidade intelectual. Conquista leitores ao redor do mundo por sua clareza e contundência. Chimamanda afirma o poder da literatura como instrumento de reflexão, memória e transformação.
Harriet Tubman
Harriet Tubman nasceu por volta de 1822, em Maryland, nos Estados Unidos, sob um regime de escravização brutal. Libertou-se e passou a liderar expedições pela Underground Railroad, rede clandestina que retirava pessoas negras das plantações do Sul rumo à liberdade no Norte. Durante a Guerra de Secessão, atuou como enfermeira, espiã e comandante militar, sendo a primeira mulher a liderar uma operação armada no conflito. Defendeu o direito ao voto das mulheres e criou abrigos para pessoas negras idosas e pobres. Sua trajetória une coragem, solidariedade e resistência. Tornou-se símbolo da luta por liberdade e justiça racial. Seu nome permanece vivo como referência histórica e política.
Mae Jemison
Mae Jemison nasceu em 1956 e tornou-se a primeira mulher negra a ir ao espaço, ao integrar a missão Endeavour da NASA em 1992. Formou-se em Engenharia Química pela Universidade Stanford e em Medicina pela Universidade Cornell, com atuação humanitária na África antes da carreira aeroespacial. Desenvolveu pesquisas em tecnologia biomédica e se destacou pela excelência científica. Após sua saída da NASA, fundou empresas com foco em inovação e educação. Atua na defesa da inclusão de mulheres e populações negras nas ciências e na tecnologia. Sua trajetória reflete pioneirismo, rigor acadêmico e compromisso social. Mae é símbolo de ruptura de barreiras no campo científico global.
Marli Pereira Soares
Marli Pereira Soares (1954) foi líder comunitária e referência na denúncia da violência policial no Brasil. Moradora da Favela do Pinto, no Rio de Janeiro, enfrentou perdas profundas com os assassinatos de seu irmão Paulo, em 1979, e de seu filho Sandro, em 1993, ambos sob suspeita de ação policial. Durante a ditadura militar, mesmo sob risco, exigiu justiça e expôs os abusos cometidos pelo Estado. Em 1981, teve sua história registrada no livro Marli Mulher: “tenho pavor de barata, de polícia não”, que revelou sua coragem e potência política. Tornou-se símbolo de resistência nas periferias urbanas. Sua trajetória mobiliza movimentos negros, feministas e de direitos humanos. Marli permanece como voz firme em defesa da dignidade e da justiça social.
Sônia Guimarães
Sônia Guimarães (1957) é física e professora, pioneira entre as mulheres negras na ciência brasileira. Em 1989, tornou-se a primeira a obter doutorado em Física no país, com formação concluída na University of Manchester. Desde 1993, integra o corpo docente do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde também foi a primeira mulher negra a lecionar. Desenvolveu tecnologias de ponta, como sensores infravermelhos aplicados à indústria militar. Conquistou respeito pela excelência acadêmica e pelo compromisso com a inclusão. Atua na promoção da diversidade racial e de gênero na educação científica. Sua trajetória representa avanço, resistência e inspiração para futuras gerações.
Dulce Maria Pereira
Dulce Maria Pereira (1954) é arquiteta, ambientalista e ativista pelos direitos das mulheres negras. Tornou-se a primeira mulher negra a presidir a Fundação Cultural Palmares, onde impulsionou políticas públicas voltadas à valorização da cultura afro-brasileira e à regularização de territórios quilombolas. Atuou como secretária executiva da CPLP, com status diplomático, rompendo barreiras no campo internacional. Como professora universitária, investe na pesquisa em sustentabilidade e educação ambiental com base em saberes tradicionais. Sua trajetória articula ciência, cultura e militância com visão estratégica. Defende a justiça socioambiental como instrumento de emancipação. É referência na construção de políticas afirmativas com impacto estrutural.
Wangari Maathai
Wangari Maathai (1940–2011) foi cientista, professora e ativista queniana, reconhecida mundialmente por integrar justiça ambiental, direitos humanos e autonomia das mulheres. Criou o movimento Cinturão Verde, responsável pelo plantio de milhões de árvores no combate à desertificação e à pobreza em comunidades rurais. Tornou-se, em 2004, a primeira mulher africana laureada com o Prêmio Nobel da Paz. Sua atuação articulou ecologia, democracia e equidade com base em práticas comunitárias sustentáveis. Ao longo da vida, enfrentou perseguições políticas e resistiu com firmeza diante da repressão. Inspirou novas gerações a relacionarem cuidado com a terra e com as pessoas. Wangari permanece como símbolo de transformação coletiva e dignidade.
Laudelina de Campos Melo
Laudelina de Campos Melo (1904–1991) foi líder sindical e referência histórica na organização das trabalhadoras domésticas negras no Brasil. Fundou, em 1936, o primeiro sindicato da categoria em Santos, desafiando o racismo estrutural e a invisibilidade social imposta às mulheres negras. Sua militância articulou direitos trabalhistas, consciência de classe e combate à exploração no ambiente doméstico. Atuou na formação política de empregadas domésticas e impulsionou sua mobilização em todo o país. Defendeu acesso à previdência, jornada justa e reconhecimento profissional. Sua atuação influenciou legislações futuras e fortaleceu o protagonismo negro feminino. Permanece como símbolo de resistência e luta por dignidade.
Maria Felipa de Oliveira
Maria Felipa de Oliveira (séc. XIX) foi mulher negra, marisqueira e liderança quilombola na Ilha de Itaparica, na Bahia, durante o processo de independência do Brasil. Atuou com firmeza contra tropas portuguesas, liderando um grupo de mulheres que, com ousadia e táticas de guerrilha, sabotava embarcações e combatia o domínio colonial. Sua ação articulava saberes populares, resistência afro-indígena e estratégia militar, em defesa da autonomia do território. Tornou-se figura histórica central na luta pela libertação baiana, muitas vezes apagada da narrativa oficial. Inspirou movimentos de mulheres negras e comunidades tradicionais. É reverenciada como símbolo de coragem, insubmissão e soberania popular.
Neusa Santos Souza
Neusa Santos Souza (1951–2008) foi psiquiatra, psicanalista e escritora cuja obra transformou o pensamento sobre subjetividade negra no Brasil. Autora de Tornar-se negro, analisou com rigor as implicações psíquicas do racismo e os efeitos da branquitude na constituição identitária de pessoas negras. Foi pioneira ao articular psicanálise, sociologia e antirracismo em uma abordagem crítica e sensível. Seu trabalho abriu caminhos para o estudo das relações raciais na saúde mental, desafiando paradigmas eurocentrados e elitistas da psiquiatria brasileira. Neusa construiu uma trajetória marcada por coragem intelectual, compromisso ético e afirmação da negritude. Tornou-se referência incontornável para intelectuais, terapeutas e militantes do movimento negro.
Luedji Gomes Santa Rita
Luedji Gomes Santa Rita (1987) é cantora, compositora e ativista cultural cuja obra reflete as complexidades da experiência negra no Brasil. Nascida em Salvador, criou uma linguagem musical própria, que funde MPB, jazz, ritmos africanos e poesia, com letras que evocam memória, afeto, resistência e pertencimento. Seu primeiro disco, Um Corpo no Mundo, tornou-se marco da nova música brasileira por enunciar com beleza e firmeza questões raciais e de gênero. Com o álbum Bom Mesmo é Estar Debaixo d’Água, reafirmou a potência da arte como forma de cura e insurgência. Luedji também articula projetos voltados ao protagonismo feminino negro nas artes. Sua voz alcança territórios afetivos e políticos com elegância, força e consistência.
Eliana Alves Cruz
Eliana Alves Cruz (1965) é jornalista, escritora e pesquisadora que se destaca por revelar trajetórias negras apagadas da história oficial. Nascida no Rio de Janeiro, construiu uma obra literária sólida, marcada pela investigação da ancestralidade e pela escuta das memórias silenciadas. Em romances como Água de Barrela, resgata experiências familiares com profundidade e lirismo, contribuindo para o reconhecimento da presença negra na formação do Brasil. Combinando apuração jornalística e sensibilidade narrativa, escreve com firmeza sobre racismo, identidade e pertencimento. Atua também na imprensa e em espaços de formação, promovendo debates sobre literatura negra e justiça social. Sua escrita amplia a consciência histórica do país.
Maria Beatriz Nascimento
Maria Beatriz Nascimento (1942–1995) foi historiadora, escritora, roteirista e uma das mais importantes intelectuais negras do século XX no Brasil. Nasceu em Aracaju e viveu no Rio de Janeiro, onde consolidou uma trajetória de resistência, pensamento crítico e produção acadêmica voltada à valorização das culturas negras. Suas pesquisas enfocaram os quilombos como espaços de construção de identidade, liberdade e reexistência, desafiando leituras reducionistas da história do povo negro. Participou de grupos que articulavam raça e gênero, com forte presença nos movimentos de mulheres negras nos anos 1980. Escreveu roteiros como o do filme Ori, em parceria com Raquel Gerber. Foi assassinada tragicamente em 1995, mas sua vida permanece como referência ética, política e intelectual.
Marta Vieira da Silva
Marta Vieira da Silva (1986) é uma das maiores atletas da história do futebol. Natural de Dois Riachos (AL), iniciou a carreira em campos de terra batida e rompeu barreiras até alcançar reconhecimento internacional. Foi eleita seis vezes a Melhor Jogadora do Mundo pela FIFA, feito inédito entre homens e mulheres. Sua atuação em Copas do Mundo e Olimpíadas elevou o futebol feminino a outro patamar. Fora dos campos, Marta atua em causas sociais, promove o protagonismo das meninas no esporte e combate o racismo e o sexismo. Representa excelência técnica e dignidade ética no futebol. Seu nome se firmou como símbolo de superação, orgulho e transformação.
Formiga (Miraildes Maciel Mota)
Miraildes Maciel Mota (1978), conhecida como Formiga, é símbolo de resistência e excelência no futebol. Sua carreira atravessou mais de duas décadas, com atuações marcantes em sete Copas do Mundo e sete Jogos Olímpicos, feito inédito entre mulheres e homens. Com versatilidade e vigor, consolidou-se como pilar da Seleção Brasileira, contribuindo para o reconhecimento do futebol feminino em nível global. Fora dos campos, tornou-se voz ativa contra o racismo e o sexismo, defendendo a valorização das atletas brasileiras. Formiga representa um marco de superação e entrega. Sua trajetória inspira gerações e reafirma o poder transformador do esporte.
Vilma Piedade
Vilma Piedade é professora, escritora e pesquisadora, formada em Letras e pós-graduada em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Autora do conceito e do livro Dororidade, formulou um marco teórico que ressignifica a experiência compartilhada de dor entre mulheres negras, como base para uma solidariedade política profunda. Feminista, antirracista e atuante em espaços nacionais e internacionais, foi relatora da Revisão da Conferência de Durban, ampliando o debate sobre desigualdade racial em âmbito global. Em palestras e artigos, articula vivência, crítica e construção de imaginários coletivos emancipatórios. Sua trajetória afirma o lugar da mulher preta no pensamento, na linguagem e na transformação social. É voz firme no enfrentamento ao racismo e na reinvenção de alianças possíveis.