Notícias
Seminário propõe reconstrução da história dos negros
Sob o som potente da banda Afro Zumbi, foi aberto o seminário “Diálogos Palmarinos: Quilombismo e ações afirmativas”, nesta sexta (22), no auditório da Universidade Federal de Alagoas, com a realização de dois painéis: “A participação da sociedade civil nas celebrações do 20 de novembro” (manhã) e “20 de novembro, o feriado nacional da consciência negra”.
O painel da manhã foi iniciado com uma fala estimulante da escritora e pesquisadora Genizete Sarmento, que traçou um paralelo entre o ontem e o hoje, para falar do impacto da instituição do 20 de novembro. “A mudança foi grande. A escola não contava a história da Serra da Barriga, do Quilombo, de Zumbi dos Palmares”.
– As pessoas conheciam a história da Princesa Isabel, mas não de Zumbi.
Genizete esboçou uma espécie de linha do tempo, de 1938, com a publicação do livro de Ernesto Ennes sobre o quilombo, até 2003, quando o Dia Nacional da Consciência Negra foi incorporado ao calendário escolar e o presidente Lula sancionou a Lei 10.639, tornando obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileiras nas escolas.
No intervalo entre uma data e outra, destacou, entre outros marcos, o de 1971, quando um grupo liderado pelo professor Oliveira Silveira, do Rio Grande do Sul, evocou pela primeira vez o 20 de novembro como referência para a população negra, e o de 1978, quando instituído o Dia Nacional da Consciência Negra, durante uma ação em Salvador (BA).
MESA. Sob mediação do diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da Palmares, Nelson Mendes, foi composta a mesa de trabalhos, integrada pelo presidente da Fundação, João Jorge Rodrigues, Vanda Menezes, Sheila Walker, a yalorixá Mãe Miriam e os mestres Zezito Araújo e Girafa.
Mendes chamou a atenção para a necessidade de atualização sobre o contexto do movimento negro da atualidade, seus “diversos lugares, vozes, representações”, considerando uma “tarefa árdua”, que o conjunto de reflexões produzido pela Diálogos Palmarinos contribui para desempenhar.
Destituição de narrativas distorcidas sobre a história dos negros; valorização do protagonismo das mulheres no Quilombo dos Palmares; combate à intolerância religiosa; e reconstituição dos caminhos que levaram o Estado brasileiro a instituir o 20 de novembro como feriado nacional foram alguns dos tópicos debatidos. Abaixo, trechos da rica tarde de conversas.
Sobre ressignificação (perspectiva de Zezito Araújo).
Lembrou que quem organizou o Quilombo dos Palmares foi uma mulher, Aqualtune, descendente de uma líder angolana, sendo necessário rever a história do quilombo, ressignificá-la, mudar a história distorcida sobre os negros. Modificar, por exemplo, a narrativa que fala de “negras e negros fujões”, e referir-se a “negros e negras lutando pela liberdade”.
Conclamou odos e todas a repensar a história do quilombo e a razão de sua destruição, motivada pela cobiça pelas terras que os mais de 100 mocambos ocupavam (4.200 quilômetros quadrados), o que pode ser comprovado por todos os tratados assinados à época, nos quais está registrado o desejo de garantia de posse de terras.
– Os grandes invasores queriam as terras para produzirem cana, e elas estavam ocupadas pelos quilombolas!
Sobre intolerância religiosa (perspectiva de Mãe Miriam).
Aos 90 anos de idade e 78 de exercício do sacerdócio, Mãe Miriam falou, com propriedade, sobre as perseguições e preconceitos que os religiosos de matriz africana sofreram e sofrem, referindo-se à Serra da Barriga como o “solo batizado com o sangue de nossos ancestrais negros”.
– Ali é um santuário dos deuses, dos negros, um axé, uma força que ninguém levará, porque é nossa. É do Brasil inteiro!
Com a autoridade de tanta vivência e lucidez, conclamou à união entre todas as vertentes religiosas que povoaram Palmares – união que dá força, alimenta a teimosia, amplia a resistência para sobreviver. E agradeceu à Fundação Cultural Palmares, à qual “nós, negros, devemos muito, por fortalecer os negros, os religiosos, os quilombolas”.
Sobre capoeira e identidade (perspectiva de Mestre Girafa)
Agradeceu à Fundação Cultural Palmares pelo apoio aos capoeiristas, portanto, à arte da capoeira, que salvou e salva muitos jovens negros de serem torturados, violentados, mortos pelas polícias. Mas cobrou dos aliada coerência em relação à preservação da memória negra no Brasil:
A retirada de uma homenagem a um capoeirista branco, feita em gestão passada, num dos espaços do Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Além de fugir à missão da instituição, de valorização da memória negra, o homenageado não teria história de luta contra o racismo. Nelson Mendes, mediador da mesa e diretor da Palmares, prometeu que o tema será analisado.
Sobre reescrever a história (perspectiva de Sheila Walker)
Num depoimento pleno de significados, disse ter aprendido na escola que os negros não teriam contribuído para a constituição das Américas, tendo que vir para o Brasil, para aprender. “Se hoje conheço a africanidade dos Estados Unidos, é porque fui para a Bahia”, fornecendo um dado que destitui a narrativa oficial e hegemônica:
– Se não tivesse África na Argentina, não haveria tango, que vem do continente africano.
O fato de conhecer o Quilombo dos Palmares – pontuou – muda a narrativa afro nas Américas. E mais: “Palmares, terra livre, quando o Brasil era colônia de Portugal, muda a narrativa de opressão para a de triunfo, apesar da opressão”, considerou, sublinhando a necessidade de conhecer outros quilombos nas Américas.
A intelectual foi além, ao considerar que Palmares é um símbolo importante para o Brasil, mas que isso não é suficiente. “Tem que ser para nós todos, das Américas. Não há outro lugar como Palmares como símbolo nacional. É um símbolo maravilhoso para nós todos, porque não permite esquecer que onde tinha escravização, tinha resistência.
Sobre a construção do Dia da Consciência Negra (perspectiva de Vanda Menezes).
Recompôs a “construção” do Dia da Consciência Negra, a partir da troca de saberes e fazeres entre intelectuais e militantes do movimento negro de diferentes unidades da Federação, citando a contribuição do Rio Grande do Sul (com Oliveira Silveira), do Rio de Janeiro, da Bahia, de Pernambuco.
Problematizando o uso do termo pardo, lembrou que os pretos são 10% da população, e conclamou a que se recuse o termo “pardo”, que, como todos os termos racistas, tem significado desqualificante: “Pardo vem de pardal, que é uma praga, e onde dá, só sobrevive o bem-te-vi. “O pardal grita demais, briga demais – e não é à toa que dizem que somos barraqueiros”.
– Somos negros, temos que saber isso, porque se a gente não sabe, a polícia sabe, a justiça sabe!
Por fim, elogiou o trabalho que João Jorge, Nelson Mendes e a equipe da Fundação Cultural Palmares vem fazendo, na contemporaneidade, “e que nós achamos que nunca fosse ser feito”, de reconstrução das narrativas negras, e de combate direto ao racismo, porque “enquanto houver racismo, não haverá democracia”.
Sobre a vitória do feriado nacional (perspectiva de João Jorge Rodrigues).
Falando sobre os tempos que antecederam o 20 de Novembro, o presidente da Fundação Cultural Palmares saudou os presentes, que chamou de “companheiros históricos da subida da Serra da Barriga”, e conclamou à celebração da “vitória extraordinária que foi obrigar o País a ter um feriado nacional em memória do povo negro brasileiro”.
– É para bater palmas, para comemorar!
Em consonância com as demais falas do painel, propôs a destituição da visão predominante da história sobre a escravização, “que não é regra para nós”. E recusou: “Nós não precisamos de museus da escravidão, mas da herança africana, para sabermos como éramos antes de chegar aqui”, lembrando que “o berço das religiões é a África”.
Lembrando a estrutura libertária construída no Quilombo dos Palmares, onde foi montada uma economia autossuficiente, sob liderança de negros e negras, como Zumbi dos Palmares, Aqualtune, Acotirene e Dandara, “o Brasil escolheu José Bonifácio para falar da independência do País”.
– Mas os heróis são nosso povo negro e mestiço!
João Jorge falou ainda sobre o trabalho de reconstrução da Fundação Cultural Palmares, criminosamente destruída pelo governo passado, sobre a perseguição de que foram vítimas os servidores da instituição, e sobre a importância de o presidente Lula, que tanto tem feito pela causa negra, subir a Serra da Barriga, no próximo 20 de novembro.
– Esperamos que no próximo ano o 20 de novembro seja comemorado aqui!
Ao exigir que o prefeito de União dos Palmares “respeite a cultura africana”, foi ovacionado pelo auditório, encerrando a fala com uma convocação para o combate à intolerância religiosa, ao racismo e ao machismo.
– Vamos ficar de pé e ir à luta. Viva zumbi dos palmares!
Após as exposições da mesa, a palavra foi franqueada para a plateia, e os trabalhos encerrados, com uma performance impactante do Grupo Obará.

- A banda Afro Zumbi recepcionou os participantes do seminário com seu som contagiante
Leia também narrativas sobre:
- Mês da Consciência Negra mobiliza o país!
- Quilombo dos Palmares
- Zumbi
- Aqualtune
- Ganga Zumba
- Acotirene e Dandara
- Serra da Barriga: a força da natureza!
- A cultura afro-brasileira sobre a Serra da Barriga!
- Todos os caminhos levam ao Parque dos Palmares, neste 20 de novembro!
- Certificações quilombolas avançam!
- Milhares de pessoas subiram o monte sagrado de União dos Palmares!
- Palmares reinsere nomes e amplia lista de negros notáveis!
- Seminário propõe reconstrução da história dos negros
- Resistência e tecnologia em Serra da Barriga
- Ministra da Cultura encerra celebrações pelo 20 de novembro em Alagoas
Resistência e tecnologia em Serra da Barriga

- A professora e pastora Wall Moraes defendeu a inserção do nome de Dandara no título do Dia da Consciência Negra
A entrega de 200 computadores para comunidades quilombolas marcou a abertura do Painel 2 do seminário "20 de novembro: feriado nacional da consciência negra", realizado em Serra da Barriga (AL). A iniciativa, da Fundação Cultural Palmares em parceria com o governo federal, busca ampliar o acesso à tecnologia e fortalecer a autonomia das comunidades negras.
"A inclusão digital é ferramenta poderosa para a redução das desigualdades e para fortalecer nossas comunidades”, destacou o presidente da Palmares, João Jorge Rodrigues”, considerando que os computadores são um avanço para garantir o acesso dos quilombolas ao conhecimento, às políticas públicas e à oportunidade de contar suas próprias histórias".
A inclusão digital é essencial à promoção da cidadania e à diminuição das desigualdades. Segundo o IBGE, em 2019, 20% dos domicílios brasileiros ainda não tinham acesso à internet, sendo a maioria em áreas rurais e entre as populações de baixa renda. Projetos como esse buscam diminuir essa lacuna e assegurar que todos tenham acesso às oportunidades proporcionadas pelo mundo digital.
Patrimônio de Luta
A Serra da Barriga, localizada no município de União dos Palmares, é um marco histórico da luta negra no Brasil. Foi onde se instalou o Quilombo dos Palmares, o maior e mais duradouro quilombo do período colonial, que abrigou milhares de negros fugidos da escravidão, e em 2017, recebeu o título de Patrimônio Cultural do Mercosul.
"Alagoas é o coração da luta negra no Brasil, tendo a Serra da Barriga como símbolo de resistência e memória. Que saibamos honrar e preservar esse legado", disse Rosa Lúcia, uma das participantes do painel.
Além de um ponto de resistência histórica, a Serra da Barriga é um espaço de memória viva que continua a inspirar movimentos sociais e culturais em todo o País. Eventos como o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, têm suas raízes na história de luta dos quilombos e na busca incessante por igualdade e justiça social.
Educação nos quilombos
"Com essa ação de hoje, em breve poderemos anunciar cursos de capacitação que serão realizados no próprio quilombo", anunciou Hermano Tércius, secretário nacional de Telecomunicações, que procedeu à entrega simbólica dos equipamentos. A medida reflete o compromisso de descentralizar a educação e o acesso ao conhecimento.
A educação é um direito fundamental e uma ferramenta essencial para a emancipação social. No entanto, muitas comunidades quilombolas enfrentam desafios significativos no acesso à educação de qualidade. De acordo com o IBGE, em 2019, a taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais em comunidades quilombolas era de 14,7%, quase o dobro da média nacional. Iniciativas de capacitação local são cruciais para reverter esse cenário.
Políticas transformadoras
"Estamos retomando a Serra como lugar de memória, reflexão e diálogo sobre políticas públicas afirmativas. Voltamos para refletir sobre políticas públicas afirmativas e para carregar nosso legado, o legado desta geração", afirmou Danilo Luiz Marques, reforçando o papel da Serra da Barriga como espaço de memória e ação política.
As políticas públicas afirmativas têm sido fundamentais para promover a inclusão social e combater as desigualdades raciais no Brasil. A Lei 10.639/2003, por exemplo, tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, visando valorizar a contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira. Mas sua ainda enfrenta desafios significativos.
Mulheres negras
"Eu sou uma mulher negra, mas não serei uma mulher completa se não reconhecer as mulheres que abriram caminho para que eu pudesse estar aqui hoje", declarou Marli de Araújo, destacando o protagonismo feminino na construção desse legado.
As mulheres negras têm desempenhado um papel central na luta por direitos e na preservação da cultura afro-brasileira. Figuras como Dandara dos Palmares, Luiza Mahin e Tereza de Benguela são exemplos de liderança e resistência. No entanto, muitas dessas histórias permanecem invisibilizadas.
Cultura Negra
"A cultura sempre foi um motor dessa luta. O reggae, o hip hop e o Ilê Aiyê reafirmaram nossa identidade e nos deram forças para enfrentar adversidades", disse MYK Adrielle, promovendo uma reflexão sobre o papel da cultura na luta negra.
Expressões culturais afro-brasileiras, como o samba, o maracatu, a capoeira e o candomblé, traduzem a riqueza e a diversidade dessa herança. Elas não apenas celebram a identidade negra, como desempenham um papel importante como ferramentas de resistência e afirmação diante dos desafios históricos e sociais.
Legado Vivo
"A luta pelo Dia Nacional da Consciência Negra é uma conquista histórica que precisamos preservar. Abdias Nascimento nos mostrou que a resistência cultural é a base para mudar estruturas", disse Julio Menezes, do IPEAFRO, destacando o papel do movimento negro na conquista do feriado.
Abdias Nascimento foi um dos principais líderes desse movimento no Brasil, atuando como artista, político e ativista. Fundou o Teatro Experimental do Negro e lutou incansavelmente contra o racismo e pela valorização da cultura afro-brasileira. Sua trajetória inspira gerações que buscam igualdade e justiça.
Representatividade
"Precisamos transformar conquistas simbólicas em mudanças práticas. É hora de ocupar espaços de poder e influenciar decisões que afetam nossas comunidades", afirmou Sandra Braga, coordenadora executiva da CONAQ encerrando o painel com um alerta sobre a urgência de ações concretas.
A representatividade negra em espaços de poder ainda é limitada. Segundo o IBGE, em 2019, apenas 4,7% dos cargos gerenciais no Brasil eram ocupados por pessoas negras. A ocupação desses espaços é essencial para promover mudanças estruturais e garantir que as políticas públicas atendam às demandas das comunidades negras.
Territórios quilombolas
Os quilombos, enquanto espaços de resistência e liberdade, são símbolos vivos da luta histórica e contemporânea contra o racismo. Como afirma Kim Butler, “em qualquer lugar onde houve escravidão negra, houve resistência negra. E nem sempre a gente perdeu, porque quilombos estão aqui vivos hoje.”
No Brasil, segundo o Censo de 2022, mais de 1,3 milhão de pessoas se identificam como quilombolas, representando 0,65% da população do país. Essas comunidades estão distribuídas por 1.696 municípios e associadas a 7.666 comunidades quilombolas declaradas. A maioria reside na Região Nordeste, com destaque para os estados da Bahia e do Maranhão, que concentram mais de 50% dessa população.
Essas comunidades, além de preservarem tradições ancestrais, são protagonistas na defesa de direitos como a demarcação de seus territórios, essenciais para a manutenção de suas culturas e modos de vida. No entanto, apenas 12,6% dos quilombolas vivem em territórios oficialmente reconhecidos, evidenciando a urgência da regularização fundiária.
“Não existe quilombo sem cultura e território”, enfatiza Flávia Costa, ressaltando a necessidade de fortalecer a luta pelos direitos quilombolas como um caminho para a igualdade e a justiça social.
Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, os quilombos nos convocam a refletir sobre o legado da resistência africana na diáspora. Para além de espaços físicos, como a Serra da Barriga, os quilombos simbolizam uma luta por liberdade que continua viva.
“O quilombo pode ser qualquer recanto”, diz Kim Butler, inspirando-nos a expandir o conceito para ações e práticas cotidianas que promovam uma realidade menos opressiva. Essa luta, como lembra Flávia Costa, deve garantir que “jovens negros possam andar no carro que quiserem” e que “todas as mulheres negras possam dormir tranquilas.”
A trajetória dos quilombolas é parte intrínseca de uma política de proteção ao patrimônio afro-brasileiro, fundamental para alcançar o sonho de uma sociedade livre do racismo.
Leia também narrativas sobre:
- Mês da Consciência Negra mobiliza o país!
- Quilombo dos Palmares
- Zumbi
- Aqualtune
- Ganga Zumba
- Acotirene e Dandara
- Serra da Barriga: a força da natureza!
- A cultura afro-brasileira sobre a Serra da Barriga!
- Certificações quilombolas avançam!
- Milhares de pessoas subiram o monte sagrado de União dos Palmares!
- Palmares reinsere nomes e amplia lista de negros notáveis!
- Seminário propõe reconstrução da história dos negros
- Ministra da Cultura encerra celebrações pelo 20 de novembro em Alagoas
Ministra da Cultura encerra celebrações pelo 20 de novembro em Alagoas

- Representantes de comunidades quilombolas que receberam certificações
“Essa é uma conquista que vem de muito tempo, fruto da luta de muitas pessoas que vieram antes de nós”. Palavras da ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante as celebrações do feriado do 20 de novembro, encerradas neste sábado (23), no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, em Serra da Barriga (AL).
Para festejar o momento histórico, a Fundação Cultural Palmares e o Ministério da Cultura prepararam uma série de atividades, entre as quais, a instalação de duas placas no parque: uma, alusiva ao feriado nacional; outra, a “Placa da Memória” – esta, parte do projeto de sinalização e reconhecimento de 100 lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil.
SELO. Após o descerramento das placas, a ministra e o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, dirigiram-se ao palco armado no platô da serra, para proceder à entrega de certificações e do Selo Quilombos do Brasil a representantes de comunidades quilombolas.
“Desejo a todos que receberam aqui o selo Quilombos do Brasil muita força, porque esse reconhecimento é fruto da luta das comunidades e dos movimentos sociais”, resumiu a ministra, sendo aplaudida pelas autoridades, lideranças e quilombolas e sociedade civil que participou das comemorações.
O Selo Quilombos do Brasil é uma iniciativa governamental destinada a identificar e valorizar produtos originários de comunidades quilombolas, reconhecendo sua origem étnica e territorial. Integra o Programa Aquilomba Brasil e representa um compromisso com o desenvolvimento sustentável dessas comunidades (ver abaixo lista das agraciadas).
CERTIFICAÇÕES. Passo seguinte, foram entregues certificações a sete comunidades quilombolas, em momento de grande emoção, pelo que o ato representa: é o primeiro passo para a titulação dos territórios dessas populações, o que significa aquisição de passaporte para a cidadania, com a facilitação do acesso a direitos (ver abaixo as comunidades certificadas).
Subiram ao palco das celebrações o superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar de Alagoas, Gilberto Coutinho; o prefeito e União dos Palmares, Areski Freitas Júnior; a representante do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Fernanda Thomaz; Josealdo Tonholo, reitor da Universidade Federal de Alagoas; e Mariana Braga, assessora de Participação Social e Diversidade do MinC.
MARCO. A instituição do feriado nacional do Dia da Consciência Negra marca um avanço significativo na luta contra o racismo e na valorização das contribuições dos negros para a formação do país. E a cerimônia reforçou a importância de preservar a memória de líderes como Zumbi, Dandara, Aqualtune, Acotirene e Ganga Zumba, cujas histórias inspiram a continuidade da busca por justiça e igualdade.
– Temos agora um feriado que fala dos quilombos, de Alagoas, de Zumbi e das mulheres que construíram este espaço. É um feriado do povo brasileiro!
As palavras do presidente da Fundação Palmares, dão ideia da importância histórica do ato, que não apenas celebra conquistas, mas lança luz sobre os desafios na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. E a Serra da Barriga, solo sagrado de resistência, permanece como um farol para todas as gerações que lutam pela dignidade e pelos direitos do povo negro no Brasil.
“O presidente Lula reestruturou o Ministério da Cultura no ano passado, reorganizou a Fundação Cultural Palmares, e o resultado é este: nosso segundo ano aqui, dizendo que Zumbi existiu, que Dandara existiu, que Acotirene existiu, que Aqualtune existiu, comemorou João Jorge Rodrigues
“Que todo dia 20 de novembro seja uma grande festa no Brasil, celebrando não só o sofrimento, mas também as vitórias, a alegria, a dança, o batuque. Vamos fazer soar os tambores, porque isso é nossa marca, nossa resistência, nossa história”, conclamou Margareth Menezes. E encerrou, sob intensos aplausos, o pronunciamento:
– Viva União dos Palmares! Viva a Consciência Negra! Viva o povo quilombola!
Cultura Viva
Fazendo jus à campanha “Cultura Negra Vive”, do MinC, as atividades comemorativas do dia foram permeadas por intensa programação cultural, que incluiu os grupos Afoxé Povo de Exu, Maracatu Yá Dandara, Inaê, Grupo Afro Olóómi Ayéé e Lua de São Jorge. Coroando o dia, a apresentação da renomada artista Lia de Itamaracá, que trouxe ao palco a riqueza da ciranda e da cultura pernambucana, emocionando o público presente.
Comunidades que receberam o selo
- Associação Clube de Jovens Senhor dos Pobres - Quilombo Mumbaça, de Traipu/AL, representada por Manuel Oliveira.
- Quilombo de Vila Santo Antônio, de Palestina/AL, representado por Maria Célia Nogueira dos Santos.
- Quilombo Guaxinin, de Cacimbinhas/AL, representado por José Augusto Malta da Silva.
Comunidades certificadas
- Comunidade Tereza do Matupiri, do Amazonas, representada por Sebastião Douglas dos Santos.
- Comunidade Palheta, do Piauí, representada por Cícero Barbosa.
- Comunidade Buqueirão do Salazar, do Maranhão, representada por Lailson Salazar.
- Comunidade Povoado Forges, de Sergipe, representada por Cláudia Santos.
- Comunidade Povoação do Rio Doce, do Espírito Santo, representada por Selma Souza.
- Comunidade Gunga, de Minas Gerais, representada por Ricardo Coimbra Nery.
- Comunidade Terra do Micuim, de Santa Catarina, representada por Cristiane de Abreu.

- Flash da entrega do Selo Quilombos do Brasil

- No palco armado no platô da serra, autoridades e representantes da sociedade civil participaram das comemorações pelo Dia nacional da Consciência Negra

- A capoeira esteve presente no solo sagrado da Serra da Barriga

- Lia de Itamaracá emocionou a todos com a sua ciranda!
Leia também narrativas sobre:
- Mês da Consciência Negra mobiliza o país!
- Quilombo dos Palmares
- Zumbi
- Aqualtune
- Ganga Zumba
- Acotirene e Dandara
- Serra da Barriga: a força da natureza!
- A cultura afro-brasileira sobre a Serra da Barriga!
- Todos os caminhos levam ao Parque dos Palmares, neste 20 de novembro!
- Certificações quilombolas avançam!
- Milhares de pessoas subiram o monte sagrado de União dos Palmares!
- Palmares reinsere nomes e amplia lista de negros notáveis!
- Seminário propõe reconstrução da história dos negros
- Resistência e tecnologia em Serra da Barriga
NOTA DE PESAR
O Ministério da Cultura e a Fundação Cultural Palmares lamentam profundamente o trágico acidente ocorrido neste domingo, envolvendo um ônibus que chegava à Serra da Barriga, um território de enorme importância histórica e cultural para o povo afro-brasileiro.
Manifestamos nossa solidariedade às vítimas e às suas famílias, reconhecendo o empenho das autoridades locais, como a Prefeitura de União dos Palmares, o SAMU, o Corpo de Bombeiros e o Governo do Estado que estão atuando prontamente no socorro e apoio aos envolvidos.
A Serra da Barriga, símbolo de resistência e luta, segue como um espaço de memória coletiva e espiritualidade. Neste momento de dor, reforçamos nossa admiração e apoio às comunidades que preservam esse legado, confiando no esforço conjunto das instituições locais para enfrentar este momento difícil.
Ministério da Cultura e Fundação Cultural Palmares
Parque Memorial Quilombo dos Palmares ficará fechado por três dias
Em sinal de pesar pelo grave acidente ocorrido em 24 de novembro, em Serra da Barriga (AL), o Ministério da Cultura do Brasil e a Fundação Cultural Palmares decretaram luto por três (03) dias no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que permanecerá fechado nesse período.
A tragédia ocorreu na tarde do domingo, no percurso de ida para o platô da Serra da Barriga, onde as vítimas participariam do evento “Pôr do Sol no Parque”. O ônibus em que viajavam despencou de uma ribanceira, resultando em 18 mortos e 30 feridos.
O Ministério da Cultura e a Fundação Cultural Palmares se solidarizam com os familiares e amigos das vítimas e reiteram o compromisso do Governo Lula, de prestar todo o apoio necessário às autoridades estaduais para a devida apuração das causas do desastre e o enfrentamento de suas consequências.
Ministério da Cultura do Brasil
Fundação Cultural Palmares
Quinto episódio debate apagamento da cultura afro na museologia
O 5º episódio do podcast “Memória Ancestral” recebeu Marijara Souza, coordenadora e professora de museologia na Universidade de Brasília (UnB), para uma conversa sobre a preservação e valorização da cultura afro-brasileira e africana na história.
O episódio aborda como, ao longo dos anos, artefatos, esculturas e obras de origem africana foram descontextualizados, expostos sem narrativas condizentes com a importância cultural dos fragmentos que carregam histórias.
A professora reflete sobre os desafios que a museologia enfrenta ao lidar com o legado do apagamento histórico, debatendo o papel de profissionais negros no trabalho de ressignificação desses objetos para trazer à tona as memórias que foram silenciadas.
A conversa destaca, ainda, a necessidade de se criar espaços de memória que honrem a ancestralidade e reconstituam a conexão das comunidades com suas origens, compondo um conjunto riquíssimo de debates que o podcast proporciona.
Apresentado por Dandara Pantoja, Michael Ironham e Naiara Avelino, Memória Ancestral celebra as histórias, vozes e saberes que atravessam gerações, conectando o passado ao presente e projetando um futuro de orgulho e resistência.
O podcast é uma produção do Centro de Informação e Acervo da Memória (CIAM/FCP), com apoio da Assessoria de Comunicação (ASCOM/FCP).
Não perca!
Presentes, para sempre, em nosso coração!
O solo sagrado de Serra da Barriga cobriu-se de luto.
Símbolo de uma história que nunca deve ser esquecida, tornou-se um altar para honrarmos a memória dos que partiram prematuramente, no grave acidente de 24 de novembro.
O povo negro sempre soube transformar dor em resistência, e este momento chama, uma vez mais, à união e ao cuidado coletivo.
Este chão, que carrega o peso das lutas e o vigor da memória coletiva, agora se transforma em guardião silencioso de 18 almas, acolhidas pelas mãos invisíveis de nossos ancestrais.
Nós, da Fundação Cultural Palmares, reverenciamos cada uma delas, não apenas como nomes, mas como histórias, sonhos e amores que agora ecoam por Serra da Barriga.
Alaide Tereza de Jesus (84 anos)
Presente!
Andrielly Rafaella de Santana da Silva (14 anos)
Presente!
Antoniele Fernanda Américo da Silva (31 anos)
Presente!
Heloíse Ferreira da Silva (21 anos)
Presente!
Ivone Clemente da Silva (37 anos)
Presente!
Jobson Gabriel Lima dos Santos (9 anos)
Presente!
Josefa Marcelino (45 anos)
Presente!
Linelenes Florêncio dos Santos (38 anos)
Presente!
Lourinete Figueiredo Batista (53 anos)
Presente!
Luciano de Queiroz Araújo (47 anos)
Presente!
Maitê Francine Romão da Silva (5 anos)
Presente!
Maria Joselani da Silva Lima Santos (32 anos)
Presente!
Pedro Henrique Américo da Silva Filho (14 anos)
Presente!
Rosimeire Barros da Silva (54 anos)
Presente!
Saulo Hermínio da Silva (24 anos)
Presente!
Sebastião Azevedo Alves (73 anos)
Presente!
Thamires Caroline da Silva (35 anos)
Presente!
Vandilma Floro de Gouveia Melo (57 anos)
Presente!
Para sempre, em nosso coração.
(que suas famílias e seus amigos tenham a força necessária para que continuem suas jornadas).
Sai resultado definitivo da seleção do edital "Manifestações"
A Fundação Cultural Palmares tem o prazer de anunciar, nesta data (27/11/2024), a homologação e divulgação do Resultado Definitivo da Fase de Seleção do Edital nº 01/2024 - Manifestações Político-Culturais, 20 de Novembro – Zumbi e Dandara dos Palmares!
As 5 (cinco) Organizações da Sociedade Civil classificadas em 1º lugar em cada região, estão convocadas a fase de habilitação e celebração do instrumento da parceria, conforme determina todo o item 8 do edital.
A homologação não gera direito para a OSC à celebração da parceria (art. 27, §6º, da Lei nº 13.019/2014).
Os documentos comprobatórios do cumprimento dos requisitos impostos nesta etapa serão apresentados pela OSC classificada, por meio do Transferegov.br. Caso a plataforma esteja indisponível, desde que informado antecipadamente e oficialmente pela Fundação Cultural Palmares, tais documentos deverão ser entregues via e-mail editalmanifestacoesfcp2024@gmail.com, com o título na mensagem: Entrega de Documentação – Nome da OSC.
Fundação Cultural Palmares celebra o Dia Nacional do Samba com Casa de Bamba
O samba, expressão máxima de resistência e identidade do povo negro, transcende o status de gênero musical: é história, é memória, é cultura viva.
No próximo dia 4 de dezembro, a Fundação Cultural Palmares transforma sua sede em um verdadeiro palco de celebração com o evento Casa de Bamba, uma edição especial do projeto Palmares canta, conta e dança.
A tarde começa com uma roda de conversa que promete emocionar e instigar reflexões sobre o papel do samba na construção da cultura brasileira.
O encontro reúne nomes de peso, como Marcelo Café, sambista e pesquisador; Eliane Faria, herdeira de uma das linhagens mais importantes do samba; Nilcemar Nogueira, gestora cultural e neta de Cartola; e Kaxitu Ricardo Campos, referência na preservação da memória afro-brasileira.
A celebração segue em alto astral com a apresentação do grupo 7naRoda, que trará toda a força e a alegria do samba, conectando o público às raízes dessa expressão cultural que pulsa em cada canto do país.
O Casa de Bamba será realizado no Espaço Mário Gusmão, a partir das 16h, oferecendo um ambiente repleto de aprendizado, ancestralidade e, claro, muita música.
O evento vai além de uma simples homenagem: é um convite para mergulhar na trajetória do samba, reconhecer sua relevância histórica e valorizar seu papel como símbolo da resistência afro-brasileira.
Venha fazer parte dessa celebração que reafirma o samba como uma das bases da nossa cultura.
O samba vive, resiste e nos conecta à nossa essência.
Serviço:
Fundação Cultural Palmares – Espaço Mário Gusmão
4 de dezembro de 2024
A partir das 16h
Fundação Cultural Palmares atualiza cronograma do edital Sabores e Saberes
A Fundação Cultural Palmares realizou ajustes no cronograma do 1º Edital Sabores e Saberes: Comida de Terreiro para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana de Terreiro.
As mudanças reorganizam as etapas finais para oferecer mais tempo e clareza nas análises.
A entrega de documentos de habilitação, antes prevista para ocorrer entre 01/11/2024 e 07/11/2024, agora poderá ser feita até o dia 02/12/2024.
O prazo foi ampliado para 14 dias corridos, permitindo aos selecionados mais tempo para reunir a documentação.
A análise desses documentos será feita entre 19/11/2024 e 05/12/2024. O resultado preliminar de habilitação, que antes sairia em 10/11/2024, será divulgado no dia 06/12/2024.
Caso necessário, recursos poderão ser enviados entre 09/12/2024 e 11/12/2024. A análise desses recursos está prevista para os dias 12 e 13/12/2024.
O resultado final de habilitação, anteriormente marcado para 15/11/2024, será publicado em 17/12/2024. Já o pagamento dos prêmios, que seria feito em 19 e 20/11/2024, ocorrerá nos dias 19 e 20/12/2024.
Essas mudanças foram feitas para garantir maior organização e transparência no processo. A Fundação reafirma seu compromisso com a valorização das tradições culturais afro-brasileiras.
Fique atento às atualizações no portal oficial (www.gov.br/palmares) e aos novos prazos.
Um selo, uma história, um chamado à ação
Nesta quarta (4), a Fundação Cultural Palmares e os Correios se unem para lançar um selo institucional em celebração ao feriado nacional do Dia da Consciência Negra.
O selo comemorativo é uma homenagem a ícones da resistência afro-brasileira, como Zumbi, Dandara, Aqualtune e Acotirene. Suas histórias são símbolos eternos de luta por liberdade e igualdade, e agora estarão estampadas em um selo que viajará pelo país, levando sua mensagem a cada canto.
"O lançamento deste selo é um lembrete poderoso de que nossa história é construída por vozes que se ergueram contra a opressão. É uma celebração da nossa identidade e um compromisso contínuo com a justiça", afirma João Jorge Santos Rodrigues, presidente da Fundação Cultural Palmares.
Instituído pela Lei 14.759/2023, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o feriado do Dia da Consciência Negra representa a relevância histórica e cultural da população negra para o Brasil.
O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, também destaca a importância desta iniciativa: “Além de simbolizar a memória e a luta pela equidade, o selo reflete o compromisso da nossa instituição com a diversidade, integrando políticas como a reserva de vagas em concursos e a meta de 30% de pessoas negras nos cargos de gestão até o final deste ano.”
Este evento é um convite aberto a todos que desejam celebrar, aprender e se engajar na construção de uma nova consciência racial. Com apresentações culturais impactantes e discursos inspiradores, esta é uma oportunidade para refletir sobre a história, a cultura afro-brasileira e reafirmar o compromisso com a igualdade racial.
Participe e ajude a dar visibilidade à riqueza da cultura afro-brasileira.
Detalhes do Evento:
Data: 4 de dezembro
Horário: 15hs
Local: Sede da Fundação Cultural Palmares – Brasília, DF
Entrada: Gratuita
Última edição de 2024 do Conta, Canta e Dança celebra o samba na Fundação Cultural Palmares
Nesta quarta-feira (04), o espaço Mário Gusmão, sede da Fundação Cultural Palmares, será palco do último evento do ano do Conta, Canta e Dança. A edição final presta uma homenagem às raízes e à vitalidade do samba, um gênero que representa a resistência, a identidade e a riqueza cultural do Brasil.
Para tornar a homenagem ainda mais significativa, o último tema é Casa de Bamba, uma celebração à grandiosa trajetória de Martinho da Vila, um dos maiores ícones do samba brasileiro.
O título, inspirado em um de seus maiores sucessos, remete à composição criada na década de 1980, que retrata o espaço de vivência e as experiências cotidianas das pessoas na “Casa”. A obra explora as relações sociais de quem ali convive, profundamente entrelaçadas com o universo religioso e cultural que permeia a Casa de Bamba.
A programação inclui música ao vivo e apresentações, reunindo grandes nomes do samba brasileiro e brasiliense, como Marcelo Café, Eliane Faria, Nilcemar Nogueira, Kaxitu Campos e o grupo 7naRoda.
Com esta celebração, a Fundação Cultural Palmares encerra suas atividades de 2024, destacando o papel transformador da arte como instrumento de resistência, educação e exaltação da cultura negra.
O evento reafirma o compromisso da instituição com a preservação e a continuidade do legado do samba, valorizando suas raízes e promovendo sua relevância nas lutas sociais e culturais do Brasil.
Próximos passos
Segundo o diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira, Nelson Mendes, “o Conta, Canta e Dança trará uma abordagem especial com Cinevídeo, rodas de conversa sobre Abdias Nascimento, Palmares em Cena, lançamento de livros, discussões políticas, arte, manifestações e cultura.”
Até lá, o legado do Conta, Canta e Dança seguirá pulsando nas batidas do pandeiro, nos passos ritmados do samba e na memória de todos os que viveram esse dia inesquecível.
Conheça os artistas dessa edição:
Eliane Faria
Com 30 anos de carreira, Eliane Faria é uma das grandes intérpretes do samba. Filha do lendário Paulinho da Viola e neta do renomado violonista César Faria, ela carrega em seu sangue a essência do gênero.
Eliane é também sobrinha de Anescarzinho do Salgueiro e afilhada de Mauro Duarte e Violeta Cavalcante, reforçando sua ligação com alguns dos maiores nomes da música brasileira.
Criada nas rodas de choro e samba de botafogo, ela se destaca como compositora e diretora cultural da Escola de Samba Unidos de Boston, em Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos, promovendo a cultura brasileira internacionalmente.
Kaxitu Campos
Neto e bisneto de fundador da escola de samba Vai Vai, fundada no quintal de seu bisavô, na Rua Rocha, no bairro do Bixiga, em São Paulo. Apesar do forte vínculo com a escola, sua contribuição se torna ainda mais significativa no campo político, atuando como presidente da Fenasamba.
Marcelo Café
Cantor, produtor e compositor, é responsável por sucessos como "Coração de Malandro" e "Meu Exílio". Assina diversas produções, incluindo o festival Tardezinha do Samba, que teve sua origem em Ceilândia.
Marcelo também se destacou na produção de trilhas sonoras para o cinema, como a do documentário “Filhas de Lavadeira”, dirigido por Edileuza de Souza, obra premiada em diversos festivais pelo Brasil.
Nilcemar Nogueira
Nilcemar Nogueira é sambista, gestora cultural brasileira, doutora em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mestra em Bens Culturais e Projetos Sociais pela Fundação Getúlio Vargas. Foi professora da Universidade Estácio de Sá.
7naRoda
O 7naRoda é um grupo de grande relevância no cenário musical de Brasília. Fundado em 2007, o grupo candango completou 13 anos de trajetória em 2020, sempre carregando com orgulho a bandeira do samba.
Uma de suas bases é o respeito à Velha Guarda, que inspira e norteia seu trabalho. Reconhecidos pela excelência musical, os integrantes do 7naRoda consolidaram sua posição como a roda de samba mais tradicional da capital brasileira.
Os vários estilos samba
O samba, criado no Brasil, tem suas raízes nos batuques trazidos pelos negros escravizados, que se misturaram a ritmos europeus como a polca, a valsa, a mazurca e o minueto, entre outros.
No início, as festas de dança realizadas pelos negros escravizados na Bahia eram chamadas de "samba". Estudos indicam o Recôncavo Baiano como o berço dessa manifestação cultural, com destaque para a tradição de dançar, cantar e tocar instrumentos em roda, consolidando o samba como uma expressão de resistência e identidade cultural.
Consolidado como uma das manifestações culturais mais emblemáticas do Brasil, apresenta variações regionais que expressam a diversidade e a riqueza cultural do país.
Entre os estilos mais marcantes estão o samba da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo, cada um com características próprias e profundas conexões com as tradições locais.
Samba Baiano
O samba baiano se destaca pela forte influência de ritmos afro-brasileiros, como o lundu e o maxixe, refletindo a rica herança cultural da Bahia. Com letras simples, ritmo acelerado e uma cadência hipnotizante, esse estilo celebra o balanço e a energia, elementos fundamentais da cultura baiana.
A lambada, por exemplo, tem raízes no maxixe, demonstrando a constante evolução dos gêneros musicais locais. Além disso, o samba baiano mantém um diálogo vivo com outras manifestações culturais, como o axé e a percussão afro, sendo amplamente representado por grupos icônicos como Olodum e Ilê Aiyê.
Essa conexão entre música, dança e tradição faz do samba baiano uma expressão vibrante e única da identidade brasileira.
Samba de Roda
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO desde 2005, o samba de roda é uma expressão tradicional do Recôncavo Baiano que remonta ao século XIX.
Este subgênero do samba integra canto, dança e instrumentos típicos, como pandeiro, berimbau, atabaque e viola, formando um mosaico cultural de grande riqueza.
Nas apresentações, os participantes se dispõem em roda, enquanto dançarinos exibem seus movimentos no centro, criando uma interação dinâmica entre música, corpo e ritmo.
Com profundas raízes na herança africana e nas tradições dos terreiros de candomblé, o samba de roda simboliza um elo essencial entre a musicalidade e a espiritualidade afro-brasileira, perpetuando sua relevância cultural e histórica.
Samba Carioca
No Rio de Janeiro, o samba se firmou como símbolo nacional e uma poderosa expressão das classes populares. O samba carioca mantém uma forte conexão com a vida urbana, especialmente nas favelas, onde traduz tanto os desafios cotidianos quanto a alegria e a resistência do povo.
Das históricas rodas de samba na Pedra do Sal às grandiosas escolas de samba, o estilo carioca é marcado pela combinação de poesia, crítica social e humor, características que lhe conferem singularidade e profundidade cultural.
Ícones como Noel Rosa, Cartola e Paulinho da Viola são referências eternas desse movimento, que continua a inspirar e emocionar gerações.
Samba Paulista
O samba em São Paulo desenvolveu características únicas ao assimilar influências de imigrantes italianos e outras culturas presentes na cidade.
Nos bairros operários, o samba tornou-se um símbolo de resistência e um espaço de celebração da diversidade cultural.
Com letras frequentemente mais elaboradas, o samba paulista reflete as experiências da classe trabalhadora, trazendo um sotaque próprio e um olhar sensível sobre o cotidiano urbano.
Adoniran Barbosa, com clássicos como Trem das Onze, é a maior referência desse estilo, traduzindo em sua obra a alma e a identidade do samba paulistano.
Principais subgêneros
Samba-Enredo
Surgido no Rio de Janeiro na década de 1930, o samba-enredo tornou-se o elemento central dos desfiles das escolas de samba. Cada enredo narra uma história, frequentemente inspirada em temas culturais, históricos ou sociais, servindo como base para a concepção de fantasias, alegorias e coreografias.
Esse subgênero é uma expressão artística que combina música, poesia e espetáculo, consolidando o samba como um veículo de memória e criatividade popular.
Partido Alto
O partido alto, caracterizado pela improvisação e pela valorização da oralidade, destaca-se por sua temática ligada ao cotidiano das comunidades. Marcado por versos rápidos e melódicos, esse estilo mantém viva a tradição do samba de roda, ao mesmo tempo em que dialoga com as realidades urbanas.
Ícones como Zeca Pagodinho e Martinho da Vila são referências nesse subgênero, perpetuando sua importância na cultura popular brasileira.
Pagode
Nascido na década de 1970, o pagode trouxe uma renovação ao samba, incorporando instrumentos como o banjo, o tantã e o repique de mão, além de elementos eletrônicos que modernizaram o estilo.
Com letras predominantemente românticas e dançantes, o pagode conquistou um público amplo, ampliando a visibilidade do samba na música popular brasileira.
Grupos como Fundo de Quintal e Raça Negra são grandes expoentes do gênero, marcando gerações com suas canções e contribuindo para a sua consolidação no cenário musical.
Samba-Canção
Com raízes nos anos 1920, o samba-canção se destaca pelo ritmo mais lento e pelas letras melancólicas e românticas. Clássicos como Ai, Ioiô (1929) deixaram uma marca profunda em sua trajetória, consolidando o gênero como uma das vertentes mais elegantes e emotivas do samba.
Samba de Breque
Com suas pausas dramáticas e comentários humorísticos ou críticos, o samba de breque ganhou destaque como uma vertente única do samba, sendo popularizado pelo icônico Moreira da Silva. Suas interpretações marcantes deram ao gênero um tom irreverente e teatral, que o consagrou como uma expressão original da música brasileira.
Sambalanço
Influenciado pelo jazz, o sambalanço emergiu nos anos 1950 nos bares e clubes das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Artistas como Jorge Ben Jor inovaram ao combinar o samba com outros gêneros musicais, criando uma sonoridade única e cativante que marcou a época e ampliou os horizontes do samba tradicional.
Samba de Gafieira
Originado na década de 1940, o samba de gafieira é um estilo vibrante e dançante, caracterizado por seu forte apelo instrumental e especialmente criado para os salões de dança. Ele combina sofisticação musical com a energia do samba, tornando-se uma expressão artística que celebra o movimento e a interação entre os pares.
Samba-Exaltação
Com letras patrióticas e arranjos orquestrais grandiosos, o samba-exaltação celebra as belezas naturais e culturais do Brasil. Aquarela do Brasil (1939), de Ary Barroso, é o exemplo mais emblemático desse estilo, que marcou uma era de valorização nacionalista na música brasileira.
Samba Carnavalesco
Marcado por letras descontraídas e ritmos vibrantes, esse subgênero do samba é ideal para embalar os animados bailes de carnaval. Clássicos como Abre Alas e Cabeleira do Zezé capturam perfeitamente seu espírito festivo, transformando cada apresentação em uma celebração contagiante.
Correios e Fundação Palmares lançam selo sobre o 20 de novembro

Foi uma tarde de grande simbolismo, muita emoção e discursos fortes na casa da cultura afro-brasileira, com o lançamento, nesta quarta (04), do selo comemorativo do “Dia Nacional da Consciência Negra”, fruto de parceria entre a Empresa Brasileira de Correios e a Fundação Cultural Palmares.
Mais que uma celebração, o selo, como disse o presidente da Palmares, João Jorge Rodrigues, representa “524 anos da história da população negra, da população afro, dos mais pobres, das mulheres, e, principalmente, da população indígena, que nos levou até o Quilombo dos Palmares”.
Visivelmente emocionada, Vilma Reis, assessora especial da Presidência dos Correios, falou sobre a reviravolta da reconstrução dos Correios e da Palmares, “um símbolo do que estamos construindo. Estamos aqui para afirmar que vamos continuar, porque sabemos o significado deste dia”. E referindo-se aos negros em cargos de poder, exultou:
-- Quando olhamos para essa representação aqui temos esperança de que estamos vivendo um momento de mudança!
Na mesma linha de Vilma Reis, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, comparou as duas instituições, que seriam muito semelhantes. “Sabe por quê? Porque também fomos perseguidos pelo governo anterior, que tentou destruir todas as políticas que o povo negro construiu no país, assim como tentaram destruir os nossos Correios”.
Para Fabiano Silva, o selo é “um reconhecimento justo da relevância e contribuição histórica e cultural da população negra para o Brasil. Este é o primeiro feriado nacional negro neste país de maioria negra, fruto de muita luta e resistência do povo negro contra a brutalidade da escravidão”.
Falando sobre a Lei 14.759, de 2023, que instituiu o feriado de 20 de novembro, elogiou o presidente Lula, que “demonstra que apenas um governo plural e democrático é capaz de superar as injustiças sociais do nosso país, exigindo um compromisso coletivo e uma mudança de consciência de toda a sociedade”.
Disse ainda que os Correios estão lançando o selo como forma de demonstrar a crença de que “o Brasil cresce e se fortalece como nação quando a luta por igualdade racial se torna um compromisso de todos nós”, e que “o futuro que queremos, presidente João Jorge, é um Brasil unido pela igualdade racial”.
-- Viva Zumbi! Viva Dandara! Viva Palmares! Viva a Consciência Negra!, exaltou.
Literatura e música!
Ao final do lançamento do selo, o publicitário e escritor Paulo Rogério Nunes falou sobre sua segunda e mais recente obra, “Outro futuro ainda é possível”, em momento de pré-lançamento, em que faz, segundo suas palavras, “uma reflexão sobre o futuro, sobre o que significa pensar o amanhã”.
“Este livro é, acima de tudo, uma contribuição à nossa comunidade, fruto de anos de aprendizado com mentores incríveis, como Vilma Reis e João Jorge. Agradeço à Fundação Palmares pela oportunidade de fazer este pré-lançamento em um momento tão significativo”, encerrando as palavras otimistas:
-- Outro futuro ainda é possível !

“Casa de Bamba” agita tarde na Fundação Palmares!
Como era de se esperar, o samba dominou a casa da cultura afro-brasileira, na tarde desta quarta (04), com a última edição deste ano do projeto “Palmares canta, conta e dança”: o “Casa de Bamba”, com a apresentação de alguns dos maiores expoentes do ritmo-símbolo da identidade nacional.
Eliane Faria, Kaxitu Campos, Marcelo Café, Nilcemar Nogueira e o 7naRoda brindaram os servidores, colaboradores e convidados da Fundação Cultural Palmares com um showzaço, contaminando quem, como diz os versos de “Samba da minha terra” não é “ruim da cabeça, ou doente do pé”!
E era Dia de Iansã, a orixá dos ventos e das tempestades, que guiou o encerramento do ciclo do “Palmares canta, conta e Dança” em grande estilo, proporcionando uma tarde vibrante e de muito axé. Tarde que reafirmou a força e a beleza da cultura afro-brasileira, numa exibição de equilíbrio entre tradição e inovação.
CONEXÕES. Mais que um projeto, o “Palmares canta, conta e dança” vem se firmando como espaço de conexões profundas, unindo vozes da nova geração e da velha guarda, advindas de vários lugares do Brasil.
Com dança, literatura, teatro e samba, a iniciativa da Fundação Cultural Palmares evidencia a potência da cultura do povo negro, do que ele ofereceu, oferece e tem para oferecer, reverberando memórias, histórias e visões constitutivas do passado, do presente e do futuro.
Encerramos 2024, com orgulho, celebrando nossas raízes e renovando nosso compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira. Que 2025 nos traga novos encontros e realizações ainda mais significativas.
Axé!
Resultado final de seleção Palmares de Arte será divulgado amanhã (06)!
A Fundação Cultural Palmares informa que o resultado final de seleção do Edital 04/2024 - IV Edição do Prêmio Palmares de Arte será publicado amanhã, 06 de dezembro de 2024 (sexta-feira).
Agradecemos a todos os inscritos por sua dedicação e compromisso em enriquecer a cultura brasileira. Suas participações evidenciam a força e a diversidade da arte em nosso país.
Os candidatos selecionados para a fase de habilitação serão convocados oficialmente por meio da plataforma Prosas a partir do dia 06/12/2024.
Fiquem atentos ao nosso site oficial para conferir o resultado final de seleção e as próximas etapas do edital.
https://www.gov.br/palmares/
Fundação Cultural Palmares – Cultura que Transforma
Retificação do resultado do edital Sabores e Saberes
A Fundação Cultural Palmares comunica uma importante atualização no resultado final do Edital N.º 05 - 1º Edital Sabores e Saberes: Comida de Terreiro para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana de Terreiro.
Esta iniciativa, desenvolvida em conjunto com o Ministério da Igualdade Racial através do Termo de Execução Descentralizada n.º 16/2024, visa valorizar e preservar o patrimônio cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Povos de Terreiros.
Durante a revisão do processo, identificou-se a necessidade de ajustes nas classificações regionais. Cinco participantes foram realocados para suas devidas regiões, corrigindo informações prestadas no momento da inscrição. Esta medida visa assegurar uma distribuição mais precisa dos recursos.
É importante ressaltar que algumas inscrições não puderam ser aceitas, por não atenderem aos requisitos fundamentais do edital, especialmente:
- A exigência de que as organizações participantes sejam entidades sem fins lucrativos, com pelo menos um ano de existência comprovada.
- A restrição quanto à participação de candidatos já contemplados em editais anteriores da SQPT.
A Fundação Cultural Palmares mantém seu compromisso inabalável com a transparência e a equidade em todos os seus processos seletivos.
Estas alterações refletem o empenho em garantir que os recursos cheguem efetivamente às comunidades que deles necessitam.
A todos os envolvidos, as instituições parceiras agradecem pela colaboração e compreensão, permanecendo à disposição para eventuais esclarecimentos.
Abaixo, segue a lista:
Selecionados para o IV Prêmio Palmares de Arte
Este é um momento especial para celebrarmos a excelência artística brasileira, reconhecendo criadores que contribuem de forma significativa para o enriquecimento do nosso patrimônio cultural.
Em conformidade com o regulamento (itens 14.1 e 14.2), apresentamos os 100 projetos selecionados para a fase de habilitação, escolhidos pela sua notável qualidade e impacto cultural.
As categorias contempladas incluem Artesanato, Artes Cênicas, Fotografia, Literatura, Música e Gastronomia Quilombola, com destaque para as cinco regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Os selecionados receberão comunicação oficial por meio da plataforma Prosas, com orientações detalhadas sobre a apresentação da documentação necessária. O prazo para envio dos documentos será de 06 a 10 de dezembro de 2024, até às 18h.
A Fundação Cultural Palmares agradece profundamente a todos os artistas e criadores que participaram deste edital. Suas contribuições são essenciais para preservar e renovar a identidade cultural do Brasil.
Convidamos todos a acompanhar as próximas etapas por meio do nosso portal oficial.
Abaixo, segue a lista:
- Resultado Final de Seleção - Categoria Artesanato
- Resultado Final de Seleção - Categoria Artes Cênicas
- Resultado Final de Seleção - Categoria Fotografia
- Resultado Final de Seleção - Categoria Literatura
- Resultado Final de Seleção - Categoria Música
- Resultado Final de Seleção - Categoria Gastronomia Quilombola - Região Norte
- Resultado Final de Seleção - Categoria Gastronomia Quilombola - Região Nordeste
- Resultado Final de Seleção - Categoria Gastronomia Quilombola - Região Centro Oeste
- Resultado Final de Seleção - Categoria Gastronomia Quilombola - Região Sudeste
- Resultado Final de Seleção - Categoria Gastronomia Quilombola - Região Sul
Clique aqui para acessar o edital completo.Fundação Cultural Palmares – Cultura que transforma
CIAM interrompe temporariamente as doações de livros
A iniciativa busca alinhar as doações às normas institucionais e à política bibliotecária de desenvolvimento de coleções, otimizando o processo de seleção das obras destinadas à doação.
O processo de reorganização também pretende maximizar o impacto das iniciativas futuras, reafirmando o compromisso da Fundação com a preservação e disseminação do patrimônio cultural afro-brasileiro.
As doações serão retomadas em 20 de março de 2025, quando as mudanças necessárias estiverem finalizadas, permitindo a continuidade desta significativa atividade.
A Fundação Cultural Palmares expressa gratidão pela compreensão e reitera seu compromisso com a valorização da cultura e memória negra no Brasil. Para informações adicionais, utilize nossos canais oficiais de comunicação.
União entre cultura negra e hip-hop destaca identidade e resistência
Durante a visita à FCP, o Comitê Hip-Hop propôs a inclusão de atividades que resgatem as raízes africanas na história do hip-hop brasileiro, por meio de workshops, palestras em escolas e mostras culturais.
“É fundamental que a história do hip-hop no Brasil, e especialmente em Brasília, esteja conectada com a nossa ancestralidade. O rap, o funk, o break e o grafite são formas de expressão que carregam muito da nossa luta, nossa cultura e nossa identidade”, afirmou o rapper GOG, um dos representantes do Comitê.
A expectativa é que a parceria se torne um legado para as futuras gerações, ressaltando a importância da união entre o hip-hop e as raízes afro-brasileiras no fortalecimento da identidade e do empoderamento das comunidades periféricas.
“A Fundação tem um papel essencial na preservação da cultura negra, e seu apoio a projetos que envolvem o hip-hop só reforça a importância dessa união de forças”, ressaltou DJ Jean.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge, também destacou a relevância do movimento. “O hip-hop é uma das mais poderosas ferramentas de transformação social. A Fundação Cultural Palmares reconhece o hip-hop como um agente essencial na construção de uma sociedade mais diversa e inclusiva.”
Com o apoio de ambos os lados, será possível transformar a luta em uma ação cultural, social e educacional, reafirmando o hip-hop como uma das maiores expressões de resistência cultural do Brasil e do mundo.
História e identidade no hip-hop
Surgido nos guetos de Nova York nos anos 1970, o hip-hop sempre foi um reflexo das lutas de jovens negros e periféricos. Com um poder imenso de resistência e transformação social, o movimento conquistou o mundo, criando espaços de empoderamento e identidade para milhões de pessoas, especialmente dentro das comunidades marginalizadas.
O Comitê Hip-Hop, composto por artistas, produtores e ativistas do movimento, tem se dedicado a ampliar as ações que não apenas celebram o hip-hop, mas também fortalecem seu papel como ferramenta de educação, inclusão social e resistência cultural.
A contribuição das civilizações africanas com Boaz Mavoungou
No episódio mais recente do podcast “Memória Ancestral”, tivemos a honra de receber Boaz Mavoungou.
Escritor, educador e membro da Academia de Belas Artes do Sul do Brasil (ABARS), Boaz trouxe uma conversa enriquecedora sobre as contribuições das civilizações africanas para a formação do mundo globalizado.
Com sua perspectiva ampla e holística, Boaz destacou o impacto histórico, cultural e intelectual das sociedades africanas na construção do conhecimento e das artes.
Ele também compartilhou suas vivências como professor, tradutor e intérprete multilíngue, conectando suas raízes africanas ao trabalho de valorização da história e da cultura negro-africana no Brasil e no mundo.
Este episódio é um convite para todos que desejam ampliar suas visões sobre a riqueza e a profundidade das civilizações africanas, bem como sobre a relevância de suas contribuições para a sociedade global.
Apresentado por Dandara Pantoja, Michael Ironham e Naiara Avelino, o “Memória Ancestral” celebra as histórias, vozes e saberes que atravessam gerações, conectando o passado ao presente e projetando um futuro de orgulho e resistência.
O podcast é uma produção do Centro de Informação e Acervo da Memória (CIAM/FCP), com apoio da Coordenação de Comunicação (CCOM/FCP).
Ouça agora e conecte-se com a história!